A viagem de Chihiro 2 escrita por A viajante do tempo


Capítulo 7
Capitulo 7




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     Passou-se algumas horas, Chihiro não conseguia dormir. Os únicos sons eram do roncar baixinho de Bõ, que dormia ao lado de Sem Rosto. Porém, ela não conseguia escutar Haku. Será que ele estava dormindo?

— Haku? –sussurrou ela, virando-se para olhar logo abaixo de sua cama.

— Sim? – Ele abriu os olhos.

— Também não consegue dormir?

— Não. Estava pensando.

     Ela ficou curiosa. Queria continuar conversando com ele, afinal aquela seria a primeira conversa tranqüila que estavam tendo em cinco anos!

 - Haku, o que aconteceu depois daquele dia, quero dizer, quando nos despedimos?

     Ele virou-se de lado, apoiando a cabeça no braço erguido.

— Assim que você virou de costas eu me transformei em dragão e fui embora.

—Eu me lembro que você me pediu para não olhar para trás de maneira alguma. Por quê?

— Porque se você tivesse olhado para trás, naquele momento, tudo que você veria seria o mar. Virando-se para frente novamente haveria apenas água. Você estaria presa entre o seu mundo e o espiritual.

— Ah...ainda bem que eu não olhei...- disse Chihiro, estremecendo com a ideia.

— Ainda bem que você não olhou – sorriu Haku. – Então, quando cheguei aqui, Huang Ho ainda governava...

— Você trabalhava na casa de banhos para treinar com Yubaba. Era para enfrentar Huang Ho?

— Você está certa. Meu objetivo era ficar forte para poder restabelecer o trono de Yangtzé. Feito isso, pediria como agradecimento que restaurasse meu rio. – a voz dele ficou sussurrada, Chihiro quase não conseguiu ouvi-lo.

 - Mesmo com seus caprichos detestáveis, -continuou ele - Yubaba tinha muito poder. Eu desejava aprender o possível e ficar mais e mais poderoso, até que chegou a um ponto em que eu não me lembrava mais do meu nome, nem quem eu era e o que havia ido fazer ali. Só fiquei ali, servindo Yubaba pra sustentar meu vício por poder.

     Chihiro ficou calada, não sabia o que dizer. Só queria escutar mais sobre aquele menino que, de repente percebeu, mal conhecia.

    - Quando você surgiu na minha frente naquela ponte, me recordei um pouco do meu passado, mas ainda não sabia quem eu era. Só descobri quando você disse meu verdadeiro nome. De repente, eu estava livre e lembrei o porquê tinha de voltar. Quando retornei, não consegui derrotar Huang Ho, mesmo depois de tanto treinamento não fui páreo para ele. Então, minha mãe foi presa e obrigada a trabalhar na cozinha e eu fui selado naquela torre e a ultima coisa que pensei foi “ Não vou poder cumprir minha promessa”.

    Ele não olhou nos olhos dela, ao invés disso ficou traçando algum desenho com o dedo no chão. Ainda bem, pensou Chihiro, do contrário ele veria os olhos delas cheios de lágrimas de novo.

   Ambos ficaram em silêncio. Olhando para o teto, Chihiro sussurrou:

— Eu senti sua falta, Haku.

— Eu também senti a sua. – sussurrou ele de volta.

     Ela rapidamente virou-se para encará-lo, queria ver com que expressão ele havia dito isso, mas, nesse momento, Bõ acordou, chamando a atenção dos dois. Bõ ficou olhando de Haku para Chihiro e de Chihiro  para Haku, meio desconfiado.

— Já íamos dormir. –falou Haku, quebrando o silêncio vergonhoso. – Chihiro e eu só estávamos conversando.

    Bõ virou-se de costas lentamente, não sem antes dar uma ultima espiada nos dois, depois pareceu dormir.

Haku virou-se para Chihiro sorrindo.

— Vamos dormir, Chihiro.

— Está bem. – resmungou Chihiro.

    Droga! Ela sentia que perdera um momento único: Haku estava se abrindo pra ela! Quando conseguiria aquilo de novo?

   Com uma ultima espiada para Haku, viu que ele havia virado de costas para ela. Ele não queria mais conversa...

    Frustrada, ela virou-se também. Agora que iria demorar a dormir...

    Segurando uma bandeja com o café da manhã do rei, Chihiro entrou na fila de criadas, que se formava na entrada do Salão Real. Sentiu Bõ se mover no bolso de sua roupa. Ele tirou a cabeça para fora e espirrou baixinho. Com o dedo, Chihiro empurrou-o de volta.

— Fique quieto aí! –sussurrou ela.

      A criada à sua frente a encarou com uma cara feia, mas Chihiro apenas sorriu para ela. Antes de raiar o dia, ela e os amigos haviam passado horas formulando um plano. Decidiram, então, que Sem Rosto distrairia o rei, enquanto ela servia o café dele, ao mesmo tempo tentaria localizar o selo de Yangtzé. Segundo Haku, um dragão poderoso como Yangtzé só poderia ficar aprisionado em seu próprio selo. Logo, Huang Ho deveria achar que o lugar mais seguro para o selo seria com ele mesmo. E seria isso que Chihiro tentaria confirmar.

    De repente, as portas duplas se abriram e a fila de empregados começou a invadir o salão. Enquanto caminhava, ela percebeu que havia mais guardas que no dia anterior, cada um deles guardava uma porta. Àquela altura, já haviam percebido o sumiço de Haku e estavam a sua procura.

     Huang Ho já estava sentado em seu lugar: à cabeceira da mesa. Quando viu os criados se aproximarem, foi prendendo um guardanapo na gola. Chihiro se aproximou para servir o rei. Enquanto ele não olhava, ela furtivamente analisava suas roupas, seu pescoço...

     De repente, o Dodo Conselheiro se aproximou e sussurrou no ouvido do rei. Ela congelou. Suspeitaram de algo? Mas então o rei disse:

— Mande o entrar.

— Mas, majestade, é um espírito...

— E que ameaça um espírito representa? Vamos, mande o entrar! A tempos que não me divirto com um bobo da corte!

    Dito isso, as portas de entrada se abriram e Sem Rosto aproximou-se. Ele se curvou em reverência e então se transformou no Dodo e começou a imitar seus gestos pomposos, de maneira exagerada. O imitado ficou vermelho de raiva, mas o rei caiu em uma gargalhada, que assustou Chihiro.

     Enquanto Sem Rosto divertia o rei, fazendo imitações de alguns integrantes do castelo, ela permaneceu em pé ao lado da mesa, como os outros criados. Com cuidado para não chamar a atenção, ela continuou a examinar o rei. De repente, enquanto gargalhava, o rei ergueu a cabeça de forma exagerada, nisso Chihiro viu algo prateado envolta de seu pescoço. Era uma corrente. E, se fosse o que ela estava pensando, a pedra de Yangtzé estava debaixo da camisa do rei!

    Ela precisava falar com Haku. Por sorte, uma das criadas estava arrumando uma bandeja com louça suja para levar a cozinha. Chihiro a interceptou:

— Deixa que eu faço. – e pegou a bandeja antes que a outra pudesse protestar.

    Com passos rápidos, mas sem correr, ela se dirigiu para a entrada de onde viera. Enquanto passava pelo corredor, de repente foi puxada com força para um vão escuro. As louças caíram no chão estilhaçando-se. Ela tentou lutar, mas duas mãos apertaram seus ombros.

— Chihiro. – disse uma voz familiar.

— Haku? – então ela reconheceu os olhos que a fitavam. Eram os olhos de Haku, sem dúvida, mas o rosto era de uma garota, os cabelos iam um pouco abaixo do ombro e usava uma roupa de empregada igual à dela  – Por que você é uma garota?

—  É um feitiço básico que estou usando para me esconder. – disse ele sem emoção.- Então, achou alguma coisa?

— Haku, acho que o selo está preso em uma corrente no pescoço do rei.

— Eu já imaginava. – disse ele baixinho, mais falando consigo mesmo.

— O que vamos fazer?- perguntou Chihiro.

    Haku não respondeu. De repente, ela sentiu um beliscão no dedo.

— Ai! – disse ela para Bõ. –Por que me mordeu? – de dentro do bolso dela, ele a encarou com impaciência. Então, ela entendeu. – Ah não, é muito perigoso!

— Pode ser que dê certo... – disse Haku, ele também havia entendido a idéia de Bõ.

— Não! É muito perigoso!Se Huang Ho perceber, você estará entre as garras dele num pisar de olhos... Ai! Se me morder de novo te jogo no chão! – disse ela para Bõ.

— Chihiro, me escute. –disse Haku, pegando em seus ombros. – Talvez essa seja nossa única chance. Eu vou ficar por perto e prometo que vou interromper se algo der errado.

— Mas ai você também estaria em perigo! – Ela ia chorar de novo? Não, não ia, não ia...

— Só confie em mim. – disse Haku de modo firme. - Eu tenho um plano.

    Em silêncio, ela encarou-o. Mesmo na forma de uma garota, ela reconhecia aqueles olhos.

    E, como das outras vezes, sabia que devia confiar neles.

    Ela assentiu com a cabeça. Virou-se e checou para ver se não havia ninguém no corredor. Ninguém. Deu, então, uma última olhada para Haku. Seus olhos prenderam-se nos dela. Foi tudo o que ela precisou. Virou-se e saiu, mas antes tinha de passar na cozinha e pegar mais comida e outras louças.

     Quando ela entrou novamente no salão, Sem Rosto ainda se apresentava, mas ele logo ia se ficar sem idéias, por isso ela precisava ser rápida! Ela pegou um bule de chá e ficou ao lado da cadeira do rei.

— Mais chá, senhor? –disse ela com uma voz tranqüila.

    Sem olhar para ela, o rei estendeu a xícara. Enquanto ela tentava pôr chá, com dificuldade, pois o rei se mexia enquanto ria, Bõ saiu do bolso dela e começou a subir pelo encosto da cadeira. Rapidamente, ele ficou de pé no topo do encosto. Engolindo em seco, ele aproximou devagar as mãozinhas em direção à gola da camisa. O rei estava rindo, então talvez ele não percebesse. Ela torcia para que fosse assim. Chihiro evitava fixar o olhar, mas estava tão tensa que quando desviava o olhar, parecia que ele voltava a vagar até fixar-se em Bõ. Este já havia encontrado a corrente e agora a puxava lentamente...

“O que eles estavam pensando...”, pensou ela, num segundo. No outro, ela viu o sorriso do rei parar.

 “...Aquilo nunca ia dar certo!” 

     Então ela se jogou, numa tentativa de pegar Bõ antes do rei, mas, quando viu, Bõ já estava sendo apertado entre as grandes garras.

— O que... – sibilou o rei, mas antes que pudesse terminar sua frase, algo se chocou contra ele, arremessando-o para o outro lado do salão, fazendo-o chocar-se contra uma das pilastras.

     Ela viu Bõ voar das mãos do rei e cair no chão. Imediatamente, ela começou a correr para perto dele. Atrás dela, escutou um uníssono de “Oh”, mas não se virou para olhar.

    Quando alcançou Bõ constatou com alívio que ele só estava meio atordoado e enjoado. Sem se importar, ela o agarrou e o colocou no bolso. Então, olhou para onde Huang Ho havia caído.

   E sentiu o coração saltar no peito.

      Haku, em forma de dragão, tinha os dentes cravados no pescoço de Huang Ho. Suas garras rasgavam o casaco do rei, enquanto este tentava desesperadamente diminuir o aperto em seu pescoço.

    Chihiro não conseguiu se mexer, nem desviar os olhos. Grandes talhões estavam sendo feitos no peito de Huang Ho, mas em Haku também. O sangue escorria pela cabeça e pelo pescoço, tingindo de vermelho a pelagem branca, porque o outro dragão cravava as garras em sua cabeça a fim de afastá-la.

     De repente, algo verde esmeralda luziu na frente dela, parando a poucos metros de onde estava. Ela desviou o olhar da cena para aquela coisa brilhante. “O que era aquilo?”, surgiu distante em sua mente. Parecia que seus pensamentos estavam congelados.

      Então, ela sentiu algo esquentar sua pele, embaixo da blusa. Ela olhou para ver o que era. Era o selo de Shelãn-sé: o selo da mãe de Haku...

    O selo!!

    Rapidamente ela se pôs de pé e começou a correr em direção à pedra verde. Mas antes que pudesse alcançá-la uma asa branca a pegou.

 - Então você também estava metida nisso, criada! – disse o Dodo, encarando-a com escárnio. – Vou pôr você no seu lugar... – mas, antes que ele terminasse a frase, foi engolido por uma massa preta. O selo que caíra das mãos dele deslizou pelo chão, parando nos pés de Chihiro. Sem Rosto a encarou, seu corpo tinha ganhado com um enorme caroço na base.

— Obrigada. –disse Chihiro.

 Ela pegou o medalhão.

   De repente, rajada amarela passou a centímetros de onde estava, quebrando o piso e empurrando-a para trás. Ela olhou em direção à Haku. O dragão grande e gordo que era Huang Ho havia dado lugar a um enorme dragão chinês. Os olhos de Huang Ho, que ela sempre vira cheio de orgulho e arrogância, agora pareciam selvagens ao encará-la. Mesmo com Haku  ainda preso ao seu pescoço, ele chicoteava a cauda em direção á Chihiro e agora a encarava.

    Ela achou melhor correr. Viu a porta principal à sua frente e concentrou-se em alcançá-la. Escutou um estrondo atrás de si que fez sua mente se apertar. O que estava acontecendo? Será que alguém havia se ferido?

    Ela virou-se sem pensar, mas tudo que conseguiu ver foi um enorme lagarto aproximando-se rápido dela. Não tinha tempo de ver o que havia acontecido, agora precisa correr! Quando saiu do castelo, uma luz cinza e opaca tomou seu campo de visão: era uma névoa densa havia baixado durante a noite e agora  cobria tudo ao redor.

     “Mas que manhã horrível!”, pensou com a parte irracional da mente. Se ao menos estivesse sol, talvez ela se sentisse mais corajosa. Se perguntou o que Sapana estava fazendo, porque não aparecia!

    Desceu os degraus pulando, escorregou no ultimo e caiu de bunda no chão. Mas não sentiu dor, não tinha tempo para isso, pois sabia que Huang Ho estava logo átras. Ela correu névoa adentro no que achava ser a direção da vila. Se conseguisse alcançá-la, ficaria mais fácil se esconder. Era tudo que podia fazer agora: correr e rezar para que os amigos estivessem bem. Talvez, agora que Huang Ho estava atrás dela, eles ficassem à salvo.

     De repente, surgiu em sua frente não a ponte que levava para a vila, mas o rio, que agora parecia sombrio com a névoa sobre ele, como se algo fosse emergir a qualquer instante. Ela parou e olhou rapidamente ao redor. Nada. A névoa fria cobria tudo como uma cortina opaca.

    Então, sentiu um resfolegar quente em suas costas e o cheiro de sangue. Ela paralisou, sem coragem de se virar, apertando com tanta força o medalhão em sua mão fria, que chegava a doer as juntas dos dedos. Se virasse agora, o que aconteceria? Seria como nos filmes de terror do papai: a heroína se vira e tem uma última visão da morte? Não, ela não tinha coragem de fazer aquilo.

    O cheiro de sangue a fez lembrar-se de Haku. Ele estaria vivo? E Sem Rosto? E, meu Deus, Bõ estava em seu bolso! Se Huang Ho abocanhasse-a agora, ele iria junto! Então, num movimento rápido, ela enfiou a mão com o medalhão no bolso, agarrou a coisa fofa lá dentro e a arremessou por cima da cabeça, em direção ao lago. Ela não levaria aquela criança pra morte com ela!

     Ela esperou a dor que viria quando os dentes rasgassem sua pele, no entanto sentiu o hálito quente sumir de suas costas e algo a empurrar para  lado com força. Abriu os olhos, no momento em que um corpanzil passava como um raio ao seu lado. Huang Ho mergulhara atrás do medalhão, parecendo desesperado. Porém, antes que ele alcançasse a água, algo já havia rompido a superfície do lago fazendo um “plop”.

     Num segundo, um par de chifres retorcidos rompeu a água, seguido de dois olhos verdes escuros, que imediatamente fixaram-se selvagens na figura de Huang Ho. O longo corpo escamoso de Yangtzé ergueu-se na água.

    Com um relance, Chihiro viu Bõ sobre a cabeça de Yangtzé, aliviada, porque que ele estava acordado. Então, Yangtzé pegou o suavemente com uma das patas e, sem tirar os olhos de Huang Ho, o jogou para Chihiro. O coração dela quase saiu pela boca, mas conseguiu pegá-lo, meio sem jeito. Ao ver que ele estava bem, carinhosamente o apertou contra o peito.

     De repente, um som gutural saiu da boca de Huang Ho. Um segundo depois, ele saltou contra o pescoço de Yangtzé. Yangtzé o desviou com uma patada, que causou um talho no rosto do outro. Huang Ho, porém, lutava de modo feroz e brutal, assim, mesmo com a força da patada, ele virou o rosto e cravou os dentes nas escamas de Yangtzé.

    Agoniada, Chihiro desviou o rosto. Precisava sair dali e saber como estava Haku e Sem Rosto. Carregando Bõ, ela levantou-se e começou a correr em direção a entrada do castelo, antes, porém deu uma olhada para trás. Os dois dragões estavam de pé, esquivando-se e avançando, cautelosos um com o outro. Eram surpreendentemente enormes, apesar de Huang Ho ser um pouco menor que Yangtzé, mas não perdia para força.

     Ela nada podia fazer agora. Virou-se e continuou a correr para o castelo.

     Assim que entrou, alguns guardas armados com lanças avistaram-na e começaram a vir em sua direção. Ela correu em direção à pilastra, agora destruída, onde Haku e Huang Ho colidiram. Haku não estava mais ali. Nem mesmo conseguia encontrar Sem Rosto. Será que tinham sido pegos pelos guardas?

    Então, algo prendeu em sua blusa e a ergueu do chão. Desesperada, ela tentou ver o que estava acontecendo e vislumbrou uma cauda branca. Sentiu o aperto no coração relaxar um pouco.

    Assim que pousaram no patamar aberto, acima do hall de entrada, ela virou-se para Haku. Ele ainda estava na forma de dragão. Quando ela se aproximou, ele se transformou e se encostou na parede.

      O sangue escorria do couro cabeludo para o pescoço. O quimono branco estava com rasgos enormes e manchado de sangue. Um dos olhos estava baixado, com um talho que ía das sobrancelhas até embaixo.

     Ela sentiu os olhos apertarem, mas trincou os dentes. Não era hora de chorar, ele precisava de ajuda! Com cuidado, ela colocou Bõ no chão, este ficou de pé, meio cambaleante, e se aproximou de Haku, pondo as patinhas na mão do amigo. Chihiro rasgou as mangas da blusa e com elas limpou a ferida na testa de Haku. Primeiro, precisava analisa os ferimentos, caso fossem profundos, deveria colocar pressão ou fazer um torniquete, mesmo nunca tendo feito um! Deus, porque não tinha assistido mais os programas de médico da mamãe!

     Felizmente, o pior ferimento pareceu ser o da cabeça, então ela pôs pressão para estancar o sangramento. Parecia que nesse quesito os dragões não eram tão diferentes dos humanos, eles sangravam e morriam também. E os espíritos? Espera...

— Cadê o Sem Rosto? – perguntou Chihiro.

   Haku apontou para baixo. Chihiro pediu para ele segurar o pano fortemente contra a cabeça e aproximou-se dos balaústres para olhar. Lá embaixo, Sem Rosto havia aumentado dez vezes o seu tamanho, engolindo cada guarda que alcançava. Os guardas corriam desesperados pelo salão. Chihiro achou que entre aquele espírito guloso e a briga de gigantes do lado de fora, eles preferiam o espírito.

    - Ele parece estar se divertindo...

    De repente, um forte estrondo ecoou pelo salão, pedras caíram e uma nuvem de poeira subiu. Logo depois, o corpo de Huang Ho caiu sobre os destroços.

     Houve um silêncio mortal. Então, o castelo inteiro pareceu explodir em comemoração.

    Yangtzé havia voltado.


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