O tempo passou tão rápido que Stiles sequer se deu conta de que o sinal já havia soado, mas ele ainda se encontrava ali, sentado na escada com Samantha, conversando sobre o que havia acabado de descobrir.

— Então quer dizer que você é uma harpia? – o garoto ainda estava intrigado, ele nunca havia ouvido falar daquela criatura.

— Sim, o que você viu ontem foi como fico quando me transformo. – respondeu Samantha massageando o braço quebrado.

Durante o ocorrido no banheiro, Stiles conseguiu se acalmar depois de ouvir o que Samantha tinha a dizer e ela então contou toda a história da sua vida sobrenatural.

— E além de harpia, você também é caçadora? – perguntou ainda tentando assimilar as informações.

— Exatamente, assim como você. – ela sussurrou, pois ninguém sabia daquele segredo.

A família da Samantha havia sofrido uma maldição há séculos. De cada cinco crianças que nascessem, uma seria algum tipo de criatura sobrenatural, e Alex tirou a sorte grande, mas ela não fazia mal a ninguém, pelo contrário, combatia o mal que um dia caiu sobre ela.

— Você lembra tudo o que faz? Sua mente não fica confusa? – era a primeira vez que Stiles parava para conversar com uma criatura sobrenatural, aquilo era interessante de certa forma.

— Está tudo claro pra mim, nada muda, só minha aparência e minhas habilidades. Eu fico mais forte e mais rápida, mas continuo a mesma pessoa. Podemos conversar normalmente tanto em minha forma de harpia como minha forma humana. – Samantha percebia que Stiles não oferecia mais perigo, ele estava mais como um aliado do que como rival.

— Isso é estranho, mas ao mesmo tempo é interessante. – Stiles viu o corredor começar a ficar movimentado, não poderia mais correr o risco de alguém ouvir os dois. – Podemos nos ver depois da aula? Quero conversar com você sobre o que aconteceu ontem. – ele olhou para o braço da garota. – E eu sinto muito pelo braço, agi por impulso. – ele sorriu sem jeito.

Samantha retribuiu o sorriso. – Está tudo bem, eu no seu lugar teria feito o mesmo. – ela levantou. – Onde podemos nos encontrar? – perguntou.

— Tem uma casa abandonada na floresta, lá seria um bom lugar pra conversar em interrupções. – sugeriu o garoto.

— Ótimo! Nos vemos lá então. – ela subiu o lance de escadas, se distanciando de Stiles.

— O que aconteceu com você? Porque não foi para a aula? – Lydia se aproximou de Stiles curiosa.

— Estava conversando com Samantha e não vi a hora passar, mas acho que não fiz muita falta. – ele respirou fundo.

— É claro que fez! Scott sente muito pelo que falou. – ela disse com pesar na voz.

— Não, ele está certo. Eu preciso de vocês, nós temos que estar juntos, isso é o que me mantêm normal. – ele sorriu.

— Normal? – Lydia sorriu também, sem entender o uso da palavra.

— É... que não me faz enlouquecer, entende? – ele mudou o rumo da conversa da forma que só ele sabia fazer, e aquilo até teve sentido.

— Vamos falar com o Scott, sabe que ele não é o mesmo sem você por perto. – Lydia segurou o braço de Stiles e o puxou pelo corredor até o refeitório, onde Scott estava.

— Desculpa. – Stiles chegou na mesa onde Scott estava sozinho sem deixar que ele falasse algo. – Eu sei que estou errado, você está certo, eu não posso abandonar vocês e nunca vou abandonar. – ele sentou ao lado do amigo e apalpou seu ombro. – Eu amo vocês. – completou.

— E nós te amamos. – Scott sussurrou ainda emburrado.

— Repete, por favor. – Stiles aproximou o ouvido do amigo, que sorriu.

— E nós te amamos, seu idiota! – ele puxou a cabeça do amigo e prendeu o pescoço dele com seu braço, fazendo um cafuné em seu cabelo e tirando gargalhadas de todos.

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Ao final da aula, Stiles se despediu devidamente de seus amigos, até deu uma carona à Lydia para sua casa e depois seguiu para a floresta até onde o jeep podia entrar, o resto do caminho seguiu a pé. Conhecia aquela floresta do começo ao fim, já havia entrado ali com sua tia inúmeras vezes em busca de ingredientes para suas poções e criaturas que eventualmente apareciam.

Ele chegou ao ponto de encontro e sentou-se em um tronco que havia ali, não demorou muito para Samantha também chegar e sentar-se ao seu lado.

— Sei que está cheio de dúvidas, então me pergunte e eu responderei o que puder. – disse Samantha.

— O que fez você ir atrás daquele lobisomem? – perguntou sem pestanejar.

— Acredito que o mesmo que você, é o que fazemos, não é? – Samantha era caçadora assim como Stiles, ela buscava criaturas que ameaçavam as pessoas.

— Eu fui em busca de vingança, aquele lobisomem matou minha família e eu fui criado com minha tia, que é bruxa. Toda minha vida fui treinado para ser um caçador e tudo que sei foi por causa da minha tia. Quando soube que esses lobisomens estariam aqui, não pensei duas vezes. – respondeu o garoto.

Samantha não sabia da história, e agora se sentia culpada por ter feito o lobisomem escapar. – Me desculpe, eu não sabia desse detalhe. – ela respirou fundo.

— Tudo bem, como falou, você não sabia e acredito que até tenha me ajudado, não sei se conseguiria sobreviver naquela batalha de ontem. – Stiles começou a mexer dentro da sua mochila. – Como forma de agradecimento. – ele tirou um pequeno saco roxo e entregou a Samantha. – Esse é um dos sacos de bruxa da minha tia. Algumas folhas moídas que vão fazer seu braço melhorar em questão de minutos. Tenho sorte por ter isso, não lembro quantas vezes quebrei alguma parte do corpo. – ele sorriu.

— Obrigada! – Samantha guardou o saco no bolso da calça. – Preciso dos meus movimentos caso algo me ataque. – ela também sorriu.

— Você não é daqui, nunca te vi. O que te trouxe a Beacon Hills? – o garoto ainda tinha curiosidade a respeito de Samantha.

— Como sabe, sou uma criatura sobrenatural, e há algum tempo venho sentindo uma vibração diferente, como se fosse um chamado que me trazia aqui. Ainda não identifiquei exatamente de onde vem, parece que quando estou perto, ele simplesmente some. Isso provavelmente atraiu os lobisomens pra cá, e não serão os únicos a vir, muitas criaturas ainda serão atraídas, ou seja, muito trabalho para nós. – definitivamente Stiles era um aliado.

— Você não tem medo de andar com um caçador criado por uma bruxa? – perguntou Stiles.

— Você não tem medo de andar com uma harpia? – Samantha perguntou com um sorriso no rosto.

Stiles retribuiu o sorriso. – Não sei se trabalharia bem em conjunto, mas podemos tentar. – comentou.

— Isso é um convite para uma caçada, Stiles? – Samantha parecia empolgada.

— Talvez. – ele deu de ombros e percebeu a empolgação na face da garota, o que fez com que também ficasse empolgado.