Embora estivesse totalmente preso, aquela não era a primeira vez que Stiles se encontrava daquela forma, muito menos seria a última, mas a cada vez que ele tentava um novo movimento para se livrar das raízes que lhe seguravam, as mesmas pareciam crescer e se fortalecer ainda mais, impedindo-o de realizar o mesmo movimento mais uma vez.

— O que você fez com Samantha? – ele tentou distrair a criatura, talvez daquela forma seu poder sobre a natureza não fosse tão forte e ele conseguisse se livrar.

— Sua amiga harpia? Ela é um perigo para nós, não posso deixar que se aproxime do Nemeton. – a criatura parecia dançar ao redor de Stiles a cada passo que dava. As folhas acompanhavam seu movimento como se o vento estivesse as levando, embora não houvesse vento nenhum.

— Então você simplesmente a matou? – o garoto não parava de se mexer, e continuava inútil.

— Matar? – a criatura se assustou. – Essa palavra está longe do meu vocabulário. – ela parou na frente de Stiles. – Harpias podem ser espantadas com o sopro do espírito, então eu só precisei respirar e a natureza se encarregou de leva-la para longe. – ela sorriu.

— Então você é um espírito? – ao mesmo tempo que tentava escapar, ele também tentava descobrir que criatura era aquela e como derrota-la.

— Talvez. – ela parou para pensar.

— O que é você? – Stiles já estava sem paciência, aquela situação estava ficando longe do seu controle.

A criatura se aproximou do garoto e lhe tocou o rosto, as mãos eram ásperas, como o tronco de uma árvore, sua face também tinha a mesma textura, e seus olhos eram de um verde igual aos seus “cabelos”, definitivamente não era um ser humano.

— Viu como é divertido? – ela riu. – Eu sou a natureza, eu sou a fauna, eu sou a flora, eu sou tudo isso que lhe prende, e que ao mesmo tempo te dá liberdade. Sou quem te mantém vivo, sou o oxigênio, sou o seu alimento. – ela se afastou do garoto e se aproximou de uma árvore. – Vocês humanos são tão engraçados. – ela continuou a caminhar como fazia antes. – Querem resposta para tudo, querem soluções imediatas, enquanto a pobre natureza sofre com os seus atos, sem uma resposta, sem uma simples explicação do porquê. – ela parou atrás de Stiles.

O garoto sentiu seus pulsos serem apertados com mais força pelas raízes, o mesmo acontecia com seus pés, a criatura parecia enfurecida, e estava descontando tudo nele.

— Eu não sei quem é você, mas se continuar fazendo isso, você vai descobrir quem eu sou. – ele puxou o punho, mas as raízes trataram de segurar com mais força.

— E o que você vai fazer preso, queridinho? – ela falou próxima do ouvido de Stiles.

As raízes continuavam apertando forte, o garoto já não conseguia sentir o sangue circular em suas mãos e pés, mas havia mais alguma coisa ali, ele ouviu um barulho de galhos se quebrando, e quando se deu conta, o som que tomou seus ouvidos foi o grito da criatura e o som de uma árvore caindo ao chão. Junto aos barulhos atrás de si, ele conseguiu ouvir também um rosnado, e aquele barulho era familiar, era o mesmo barulho que o lobisomem havia feito na casa de Bobby, Stiles não tinha dúvidas de que era a mesma criatura ali.

As raízes afrouxaram e voltaram à terra, Stiles estava livre, e imediatamente virou na direção da criatura atrás de si. A única imagem que conseguiu ver foi um par de olhos brilhando num azul claro intenso, o suficiente para o garoto sentir seu corpo ser tomado pela adrenalina e empunhar a pistola carregada com balas de prata.

— Não foi exatamente como eu planejei, mas vai ser tão divertido quanto. – o garoto sorriu de canto e apertou o gatilho da arma, que acertou o lobisomem no ombro, o fazendo cair ao chão e gritar como um cachorro que havia se machucado.

— Por favor, não faça isso. – implorou a criatura ao chão com a mão no ombro atingido.

Stiles se aproximou para visualizar melhor, embora ele já desconfiasse, ainda ficou surpreso ao ver que a criatura por trás dos olhos azuis brilhantes era seu professor substituto, Derek.

— Eu sabia! Depois de ver aquele símbolo nas suas costas, eu sabia que você era um lobisomem. – Stiles mirava a arma na cabeça de Derek.

— Eu estou aqui para ajudar, eu não fiz nenhum mal a você. – Derek olhava para Stiles com medo, sabia que o garoto não queria ouvir nada.

— Fazer um mal a mim? Somente aquele que matou minha família saberia sobre isso. Como sabe disso então? – Stiles queria tirar resposta de Derek antes de depositar uma bala em sua cabeça.

— Eu não matei sua família, mas sei quem foi. – Derek estava ofegante, toda a situação era perigosa.

Por um momento, Stiles parou para racionar. Na noite em que foi com sua tia até a casa de Bobby, ela havia lhe falado do lobisomem com olhos azuis que viu, e como ele não parecia ter vontade de ataca-la, talvez aquele fosse Derek, somente talvez estivesse caçando também o lobisomem de olhos vermelhos, o qual enfrentou cara a cara naquela noite.

— Quem foi? – o garoto perguntou após uma pausa.

A criatura que outrora fora derrubada por Derek agora começava a se mexer no chão, o lobisomem havia a atingido com uma estaca encharcada com sangue de um animal morto, mas não era o suficiente para matá-la.

— Ela vai levantar e vai estar mais forte do que nunca. – Derek estendeu a mão, pedindo a ajuda de Stiles para levantar. – Por favor... – seus olhos agora haviam voltado ao normal, ele tinha perdido suas forças devido a bala de prata que o atingiu.

Stiles novamente parou para pensar, Derek poderia ter as respostas que ele precisava para finalmente ter sua vingança, tal como ele poderia usar o rapaz para chegar até o lobisomem, mas aquilo estava saindo do controle, sua cabeça estava a mil, ele não sabia o que pensar ou fazer.

— Merda! – ele guardou a arma na cintura e segurou a mão de Derek, ajudando-o a levantar e em seguida a caminhar para longe daquele local.

— Vamos para longe da floresta, ela não vai nos encontrar fora dos seus domínios. – proferiu Derek ainda com a voz cansada.

— Eu sei onde podemos ir. – Stiles continuou caminhando apressado ainda segurando Derek para que o mesmo não caísse.