Hunt escrita por Ivy Harper


Capítulo 1
The new normal




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O estampido ecoou pelo galpão vazio e a fumaça preta se desfez após a munição com sal em seu interior atravessar o espectro. O lugar onde o corpo havia sido enterrado era certo, o espírito estava nervoso, então aquilo só poderia significar que seus restos mortais estavam ali. Algumas madeiras quebradas foram removidas do canto do galpão até que os destroços revelaram um cobertor esverdeado, provavelmente fora branco há muito tempo. O fantasma reapareceu, dessa vez ao lado do rapaz, empurrando-o para longe dali e, literalmente, voando para cima dele após o feito. Numa fração de segundos, o rapaz ao chão sacou sua arma, mas a mesma estava sem munição, e o espírito já se encontrava próximo dele. Ele cobriu os olhos com o antebraço e apenas sentiu o vulto do espírito desaparecer, juntamente com um grito de raiva, lembrava um grasnado. Assim que ele tirou o braço do rosto, viu a loira que outrora tremia ao ver o fantasma pela primeira vez na sua frente, segurando uma barra de ferro, a qual usou para acertar o espectro. O rapaz não demorou e levantou-se, foi na direção do cadáver e o salgou, usando álcool para molhar os ossos e finalmente acender os fósforos que havia pegado do hotel que se hospedara para finalmente queimar os restos mortais que ali estavam. Só se ouviu um grito no ambiente, a figura do fantasma sumiu em meio a faíscas que cobriam seu “corpo”.

— Ele... Isso está morto? – Perguntou a garota ainda trêmula e segurando a barra de ferro nas mãos.

— Isso já estava morto, mas não havia se dado conta ainda, então eu precisei avisá-lo. – O rapaz riu enquanto passava a mão nas suas vestes para remover a poeira.

— Obrigada! – A garota soltou a barra de ferro no chão e abraçou o rapaz com força. – Eu estava apavorada, que bom que apareceu. – Agradeceu já o soltando.

— Esse é o meu trabalho, Angie. Você também fez muito bem com aquela barra de ferro. – Ele assentiu com a cabeça e deixou um sorriso escapar entre seus lábios enquanto se afastava da garota.

— Ei! – Angie gritou, fazendo o rapaz parar e virar na sua direção. – Você salvou minha vida e eu sequer sei seu nome. – A garota continuou fitando o rapaz de longe.

Ele sorriu mais uma vez. – Stiles. – Respondeu já dando as costas mais uma vez para ela.

•••

De volta ao hotel, Stiles retirou sua camisa e largou no chão do quarto antes de se jogar na cama. O garoto estava exausto, tinha sido mais um dia daqueles, cheio de pesquisas para descobrir quem havia morrido na cidade, o que era que estava atormentando o galpão, assustando e até matando quem visitava o local, usando suas habilidades para salvar as pessoas e no final não receber nada além de um agradecimento e algumas vezes hematomas, mas ele já estava acostumado com aquela vida.

Stiles descobriu a vida de caçador após sua casa ser invadida por lobisomens e seus pais serem mortos pelos mesmos. Ele ainda era um bebê e teve sorte para fugir do local, pois sua tia Alex, que era uma bruxa, conseguiu resgatá-lo antes que fosse devorado também, e usou algum dos seus feitiços para cobrir seus rastros e os lobos não a seguirem. Ela criou o garoto e ensinou tudo que ele precisava saber a respeito das criaturas sobrenaturais, inclusive sua própria cultura e rituais. O ocorrido completara quase vinte anos e Stiles ainda não havia encontrado o bando dos lobisomens ou algum sinal desses seres nas cidades que já tinha ido. Após todo o incentivo de sua tia, o garoto decidiu seguir na vida de caçador, escondido dos amigos, pois vez ou outra surgia uma criatura sobrenatural ou um caso misterioso nas cidades ao redor.

O sol nasceu e Stiles se viu obrigado a acordar, já que não havia fechado a cortina e a luz bateu direto em seus olhos. Ele levantou e tirou o resto da roupa que vestia para então seguir até o banheiro e começar um demorado banho quente.

Ao terminar sua higiene matinal, Stiles voltou para o quarto enrolado em uma toalha e viu a tela do seu celular piscar, algumas chamadas perdidas do seu amigo, Scott. Ele decidiu então ligar de volta.

— Ei, Stiles. Onde você está? – Perguntou o garoto do outro lado da linha.

— Debaixo da sua cama. – Stiles gargalhou. – Precisei fazer uma viagem esse final de semana, tive um problema familiar, mas já estou voltando para casa. – Respondeu enquanto jogava o celular na cama após ativar o autofalante.

— Achei estranho esse sumiço, fiquei preocupado. Sua tia também não me falou onde tinha ido. – Contestou Scott.

Stiles adiantou sua troca de roupa e agora já vestia uma calça jeans. – Está tudo bem, você já deveria estar acostumado com isso, não é a primeira vez. -

— Eu sei, mas você é meu amigo, eu me preocupo com você. – completou.

Stiles sorriu. – Eu também me preocupo com você, por isso preciso fazer isso. – Ele nem se deu conta do que havia falado.

— Como assim? Não entendi. Fazer isso o que? – Scott estava confuso.

O garoto gaguejou algumas vezes antes de formular uma boa resposta em sua cabeça. – Fazer isso, me afastar, entende? Para que você sinta saudades de mim. – Ele deu uma breve risada ainda sem jeito. – Já não basta a semana inteira na escola, ainda quer estar comigo nos finais de semana? Scott, eu estou achando que você se apaixonou por mim. – Ele conseguiu contornar a história antes de tudo ficar estranho demais.

O outro riu do outro lado da linha. – Imbecil. Vou desligar, já está muito cheio de si. – finalizou.

— Tudo bem, a gente se vê amanhã na aula então. Se cuida, até mais. – Stiles desligou o telefone e terminou de vestir-se.

Enquanto arrumava sua mala, Stiles ficou a pensar por quanto tempo mais ele iria esconder esse segredo dos seus amigos. Não seria nada fácil contar para eles de repente que seres sobrenaturais existem, que os monstros dos filmes e contos realmente andam em terra, e ele combate a todos.

Ninguém, exceto sua tia, sabia da vida secreta do garoto, e tampouco entenderiam ou acreditariam caso ele acabasse contando algo, por isso ele preferia deixar em segredo, e vez ou outra precisava de uma criatividade e imaginação acima do normal para acabar explicando a eles o motivo do sumiço antes da aula acabar, ou faltar à escola, ou até mesmo um machucado diferente todos os dias da semana.

O garoto saiu do quarto e seguiu até o estacionamento do hotel para guardar sua bagagem no porta-malas de seu jeep antes de finalmente ir entregar a chave do quarto na recepção do local e seguir a viagem de volta para sua cidade. A vida dele havia se transformado desde que entrou para o mundo da caça, ele sabia dos riscos, mas ainda assim jurou vingança contra aqueles que mataram seus pais, e agora que ele sabia tudo o que precisava para derrota-los, não iria parar até conseguir tal feito.


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