Coração Selvagem escrita por Pretoria


Capítulo 2
Ato II




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E lá estava ele: Steve Rogers. Estava completamente trajado de uma roupa mais escura, bem diferente da última vez em que o vira. Steve e Cherise geralmente passavam um longo tempo sem dar as caras, mas quando se viam era sempre a mesma coisa: ambos perdiam completamente o ar. Ele era seu único plano que havia dado errado, porque não era para ter terminado daquele jeito, não era para ela ter se envolvido. Mas aconteceu. Seus lados opostos e o fato de que ninguém abria mão de seus ideais faziam com que ambos tivessem um futuro completamente improvável, sem falar no fato de que Rogers tinha um grau de caráter que Cherise com certeza não tinha. O que ele sentia não o impedia de tentar prendê-la, assim como o que ela sentia não a fazia desistir de ganhar a fortuna que ganhava. Era impossível e doloroso, mas não menos excitante.

Cherise ergueu os braços e liberou os ganchos, que a puxaram pelos ares até o topo do prédio do prostíbulo. O grupo não a viu, mas Cherise viu quando Natasha e Stark se moveram para outro lado, enquanto Sam e Steve adentravam no prédio. Mantendo o foco, Cherise direcionou os olhos ao redor do primeiro prédio, onde a mesma encontrava-se no topo. As informações tidas pelas lentes eram claras: os laboratórios ficavam no subsolo, e ela enfrentaria uma certa resistência de inteligência artificial para detê-la. Ok. Ela teria que aumentar o valor de seus honorários para quem quer que conseguisse comprar seu Vibranium.

Procurando adentrar no prédio agora que o havia analisado, Cherise caminhou até a borda e apontou o braço para a parede, lançando um dos ganchos de seu bracelete. Logo, ela pulou enquanto segurava-se no cabo e efetuou uma descida rápida em rapel até ultrapassar a janela sem vidros do que um dia pareceu um escritório. Ao passar pela porta do escritório, pôde ver inúmeras mesas reviradas. Na parte superior do aposento, havia um palco com uma passarela que levava a uma grande barra de pole dance, enquanto o canto esquerdo detinha um bar com uma prateleira em completo caos: o acesso para o laboratório encontrava-se ali, onde jazia um elevador que hoje já não existe mais. Sem querer perder tempo, Cherise correu na direção da prateleira do bar e forçou um de seus suportes envidraçados para baixo no mesmo instante em que Sam e Steve passaram pela porta.

Merda.

A passagem se abriu revelando o poço do elevador mas, de súbito, uma luz avermelhada iluminou a barra de pole dance. As imagens e figuras femininas que adornavam as paredes levantaram-se, liberando um grupo de robôs em ofensiva que encaminhavam-se na direção dos três. Foi inevitável não iniciar uma luta. Um grupo de robôs lançou uma salva de tiros na direção de Cherise, que tomou a uzi presa às costas e correu na direção da barra ao mesmo tempo em que atirava nos robôs, enquanto Sam e Steve procuraram abrigo atrás das mesas emadeiradas atirando nos inimigos quando viam a oportunidade. Assim que chegou a barra, Cherise prendeu a uzi novamente às costas e viu um robô se aproximar. Sua mão esquerda segurou na barra ao mesmo tempo em que um leve sorriso adornou seus lábios.

— Ela não vai fazer o que eu ‘tô pensando, vai? — Sam seguia atirando nos robôs que apareciam, mas não tirava os olhos de Cherise.

— Vai, Sam. Ela vai.

A outra mão da espiã pousou na barra logo após ela impulsionar os pés no chão e efetuar um pulo, levando os pés na placa no peito do robô, o chutando para longe e ao mesmo tempo tomando impulso para girar e chutar o outro que estava à esquerda. Quando pousou os pés no chão caminhou vagarosamente ao redor da barra, ainda com uma de suas mãos a segurando. Com a mão livre, tomou uma das pistolas no coldre das coxas e atirou em um robô que estava pronto para atirar em Steve. Ele retribuiu o favor atirando em um que já começava a apontar a arma para ela e, logo em seguida, Sam e Steve saíram de detrás das mesas, iniciando uma ofensiva corporal. Enquanto Sam lançava pequenas esferas elétricas que sobrecarregariam o maior número de robôs, Steve derrubava-os com a maior quantidade de socos que poderia nas placas em seus peitos. Um robô corre na direção da morena, que rapidamente prende a arma novamente ao coldre e dá um salto, girando o corpo para cima, atingindo a placa no peito do inimigo. Em seguida, ela prendeu as pernas na barra, deixando o corpo reto e em ponta cabeça, curvando seu corpo para frente em seguida. Logo, soltou as pernas da barra agarrando-a com as mãos após o feito.

— Steve, diz pra sua namorada que ela tá me desconcentrando.

— Não acho que ela vá me ouvir. E ela não é minha namorada.

Do poço do elevador, sai um trio que se estabeleceu atrás do balcão do bar, enquanto Cherise subia agilmente na barra entre giros. Quando esta chegou ao ponto mais alto, o trio apontou as armas para a espiã. O coração de Steve deu um salto.

E eles começaram a atirar.

Cherise encolheu o corpo, com uma das mãos ainda segurando na barra. Girando, ela deslizou pela barra, se aproximando cada vez mais do chão e conseguindo desviar dos tiros. Aproveitando a oportunidade, Steve agiu: Correu na direção do trio de robôs e, assim que aproximou-se do bar, apoiou uma de suas mãos na superfície, atingindo um deles em cheio no peito com seus pés. Quando um dos dois restantes virou-se em sua direção, um soco na placa de seu peito tratou de fazê-lo cair no chão. Em seguida, Steve agarrou a placa do inimigo restante com a mão e a arrancou, e assim o último do trio cai no chão. Cherise já estava com os pés firmes no chão quando, finalmente, seus olhares se encontraram. Ela sorriu.

— Estão enfrentando problemas aí também?

Aquela era a voz de Natasha no comunicador no ouvido de Sam e Steve. Pelo visto eles não eram os únicos enfrentando a resistência local. Sam tratou de responder Natasha logo após rolar para trás de uma mesa.

— Encontramos um problema também. Um problema bem desconcertante.

— Cherise?

— Bingo.

A voz de Steve inundou os ouvidos de Sam.

— Se ela não for tão esperta desta vez, conseguimos pegar o Vibranium e prendê-la. Conseguiram chegar na sala de segurança?

Foi a vez de Tony responder.

— Ainda não. Tentei hackear os sistemas fora de lá mas não consegui. Parece que não tem outro jeito.

Um robô correu na direção de Cherise. Ela, rápida,  apoiou ambas as mãos no chão, curvando o corpo para trás e erguendo as pernas, atingindo o queixo do inimigo com a ponta do pé. Esta permaneceu reta, enquanto a outra prendeu-se à barra com a parte traseira do joelho. Sam resmungou.

— Como você não se desconcentra?

Rogers deu uma risada curta. Ele também se desconcentrava.

Cherise tornou a ficar de pé, segurando com ambas as mãos na barra. Com um salto, prendeu-se à barra juntamente ao o auxílio das pernas e tratou de subir. Do alto, ela não conseguia ver mais nenhuma ameaça. A única ameaça que conseguia ver, agora, era Steve e Sam, que caminhavam ambos em sua direção. A espiã sorriu e soltou as mãos da barra, prendendo-se a ela apenas com as pernas e ficando de ponta cabeça. A morena tomou o par de pistolas do coldre quando viu a dupla apontar suas armas para ela, que também apontou as suas para eles.

— Ora, francamente Rogers! Abaixe a arma. Ambos sabemos que você não vai atirar em mim.

— Você também não vai.

Os dois sorriram. Sam olhava de um para outro, abaixando a arma em seguida com uma careta.

— Ah pessoal, qual é?

Do poço do elevador, Cherise viu um grupo de robôs surgirem. Rogers e Sam não os viram.

— Acho melhor vocês se abaixarem.

Steve e Sam se olharam antes de notar que um novo grupo surgia atrás de si, e rolaram para o lado rapidamente. Deslizando pela barra ainda de ponta cabeça, Cherise atirou nos robôs que vinham a todo o vapor. Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Estavam todos no chão agora.

Ela desceu da barra e guardou as pistolas no coldre. Pulou do palco e caminhou na direção do poço do elevador. Steve e Sam se aproximaram e, assim que os notou, ela parou. No entanto a espiã recuou, indicando que eles não deveriam se aproximar muito. A voz de Steve foi a primeira que ouviu.

— Se entrega, Cherise. Cedo ou tarde alguém vai te prender.

— Não posso, tenho um trabalho a fazer.

Sam ergueu as mãos em frente ao peito, como um sinal de paz.

— Você roubou e fez inúmeros trabalhos de espionagem, a sua pena não vai ser curta. Se você se entregar, podemos te ajudar a reduzir ela e buscar uma forma alternativa de cumprimento de pena. Pode trabalhar com a gente, tenho certeza que o governo vai reconhecer que você tem talento pra coisa. Vai ser um desperdício te deixar presa em uma cela.

Cherise mordeu o lábio inferior, em uma expressão pensativa. Será que se ela se entregasse, ela e Steve poderiam finalmente construir algo sólido?

— Cherise… — Rogers deu um vagaroso passo à frente. — Se entrega. Não torne as coisas mais complicadas.

Mas não era tão fácil. Ela sorriu e correu na direção do poço do elevador, e Steve e Sam não hesitaram em correr atrás da morena que se jogou no poço do elevador. Em queda livre, Cherise apontou ambos os braços para a parede, liberando os ganchos que se fincaram na parede. Quando viu a porta da entrada do laboratório Cherise fez com o corpo um movimento pendular, movimento este que a lançou para dentro do laboratório. Seus ganchos desprenderam-se das paredes e retornaram à segurança de seus braceletes quando ela olhou ao seu redor. Era uma espécie de hall de entrada branco, e as portas de vidro azulado que pareciam abrir para cima jaziam fechadas. Cherise não teve mais muito tempo para observar o local, pois ouviu um barulho vindo do poço do elevador. Primeiro, ela testemunhou a chegada de Sam, com as asas metálicas abertas. Em seguida, viu Steve pousar no poço com as pernas flexionadas, recuperando-se do pulo. Ela recuou de ambos. Sabia que eles não a deixariam escapar facilmente.

De modo ágil, Cherise retirou do bracelete o que parecia ser uma pequena placa de vidro e lançou-a na porta à esquerda. Neste meio tempo, Sam a segurou por trás, mantendo seus braços presos. Quando Steve aproximou-se da dupla, Cherise deu um pulo, atingindo o Capitão no peito e o fazendo cambalear para trás. Quando pousou os pés no chão, a espiã curvou-se para frente, usando o peso de Sam para lançá-lo para frente, bem em cima do capitão, fazendo a dupla cair no chão. Um pequeno pulso elétrico da placa lançada por Cherise tratou de abrir a porta em um movimento diagonal, e esta, livre, correu em sua direção antes que ela se fechasse. Steve afastou-se de Sam rapidamente e correu na direção da porta a qual Cherise havia passado com sucesso. O Capitão conseguira, mas assim que Sam levantou-se do chão, a porta se fechou. Com a mão no ouvido, tratou de comunicar-se com Natasha.

— Já estão na sala de segurança?

— Ainda não. — Profere a russa. — Mas estamos quase.

— Ótimo, porque temos um problema: Cherise conseguiu abrir uma das portas e Steve foi atrás dela, mas não consegui acompanhar ele. Estamos separados.

— Como ela conseguiu abrir a porta? — Aquela era a voz de Tony.

— Eu não sei, é uma plaquinha de vidro. Parece ter dado algum tipo de impulso elétrico.

— Ela sobrecarregou a porta e a fez abrir momentaneamente. Vai conseguir fazê-lo se ver a luz acima da porta acesa. Ela está acesa?

Sam fez uma careta.

— Não.

— Então sinto muito, vai ter que aguardar eu e a Nat chegarmos na sala de segurança.

— Vou buscar uma rota alternativa.

Steve corria a toda velocidade pelo corredor. Logo à frente, Cherise lutava para conseguir escapar do capitão. Novamente, a espiã lançou uma de suas pequenas placas de vidro na direção da porta, que atraiu a placa impossibilitando-a de cair no chão. Apontando o braço para cima, Cherise lança um de seus ganchos no teto e dá um salto, balançando-se para frente na direção da porta aberta. Ao trespassar a porta, o gancho se solta do teto, e a espiã rola pelo chão com o objetivo de amortecer a queda. Atrás de si, Steve ainda corria quando viu a porta já se fechando. Tratou de correr o mais rápido que podia e, assim que aproximou-se da porta, jogou-se no chão e deslizou o corpo sobre ele, conseguindo passar pela porta que já se fechara atrás de si.


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