Every Single Stupid Word escrita por Marylin C


Capítulo 4
IV. There's no one quite like you


Notas iniciais do capítulo

Quarta semana: a primeira vez que nos beijamos.

Capítulo dedicado à doida da Milly (/u/626012/) porque é aniversário dela e porque ela pediu. Te amo, poc ♥



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Ela se divertia com o ritmo acelerado e a batida firme que tocava no piano, ouvindo seu amigo tocar o saxofone atrás de si sem realmente vê-lo. Batia o pé esquerdo no ritmo do jazz que ambos compuseram, rindo e balançando de leve a cabeça. Foi desacelerando aos poucos, as escalas fazendo o trabalho de diminuir concretamente a música. Então o último acorde do saxofone soou, e ela alongou uma nota aguda para acabar.

— Dessa vez ficou muito melhor! — Lily se virou para elogiar Severus, que respirava fundo para recuperar o fôlego enquanto se dirigia para a câmera sobre o tripé, parando de gravar o que os dois faziam.

— Ficou mesmo, não foi? — ele sorriu, pondo os cabelos negros levemente oleosos para o outro lado de seu rosto. A ruiva assentiu, batendo uma pequena palma de felicidade antes de ir para perto da câmera também. Pôs o vídeo para reproduzir pelo que pareceu ser a milésima vez naquela tarde, sorrindo ao notar que finalmente acertara todas notas da sequência inicial da música.

— Mas nossa, meu cabelo de costas fica realmente assim? — fez uma careta, fazendo Severus rir.

— Você vai querer gravar de novo porque seu cabelo ficou ruim? — ele indagou, guardando seu saxofone na caixa. Ela negou com a cabeça e um dar de ombros, apertando o botão de desligar a câmera. — Ótimo, porque meus dedos estão me matando.

— Depois te mando os vídeos pra escolhermos o melhor. — Lily desmontou o tripé e guardou a câmera, começando a sair de uma das salas de música da Universidade de Hogwarts com o amigo atrás de si levando o saxofone.

— Onde você arrumou essa câmera mesmo?

— Sirius me emprestou. Ele disse que ela era melhor para tirar fotos, mas… — ela se interrompeu ao notar o súbito olhar de desgosto em seu amigo. — O que foi?

— Não confio nesses seus colegas novos. — Severus respondeu, fazendo a musicista conter um revirar de olhos — Você os conhece tem duas semana e já fala como se eles fossem seus amigos de anos!

— Nós já falamos sobre isso, Sev! Eles são pessoas ótimas e gostam de ajudar, só isso. Não entendo sua implicância com…

— Você os conheceu porque o dono da câmera estava te stalkeando, Lily! Isso não é normal! — o saxofonista a interrompeu bruscamente, fazendo-a ficar com as bochechas vermelhas de raiva.

— Eu já disse que odeio quando você me interrompe, não disse? — comentou em um tom de voz perigosamente baixo, e ia acrescentar algo quando sentiu o celular vibrar em seu bolso. Não pediu licença ao amigo para atender — Remus! Como vai?

Olá, Lily! Está lembrada daquilo que combinamos de manhã?

— Estou sim! Já acabei aqui na faculdade, onde você está?

Vim de metrô pra uma reunião, estou quase chegando aí. Está de moto, não é?

— Sim! Vamos de moto até o hospital, certo?

Pode ser. Mas acho melhor deixarmos a câmera de Sirius no apartamento antes, você sabe como ele tem ciúme dela.

— Ah, então vou dar uma corrida até o meu apartamento e deixar ela lá antes. Te encontro aqui na faculdade em dez minutos?

Combinado!

E Lily desligou, voltando o olhar para a careta emburrada que Severus fazia com um suspiro.

— Onde você vai? — ele indagou, fazendo-a revirar os olhos mais uma vez.

— Eu e Remus vamos visitar o irmão de Sirius no hospital, já que ele ficou preso no trabalho hoje. — replicou, ao que o amigo soltou um muxoxo irritado. — Olha, você não precisa gostar deles. Mas eu espero respeito, certo? Eles são meus amigos tanto quanto você é.

— Tanto quanto eu? Eu sou seu amigo tem quase quatro anos, Lily! Eu…

— Sinceramente, Severus? Não estou com paciência para isso hoje. — ela cortou, e saiu na rua com passos rápidos e tanto a bolsa do tripé quanto a da câmera bem seguras em seus braços. Esperou que o saxofonista de cabelos e roupas pretas a seguisse, mas ele não o fez. Sabia que o tinha magoado com o último comentário, mas não suportava aquela possessividade que Severus tinha. Como se ela fosse proibida de ter mais amigos, francamente!

Deixou a câmera de Sirius bem guardada em seu quarto e voltou a sair do apartamento, tentando se lembrar de onde Petúnia tinha dito que ia com Violet. Era ao parque? Ao médico? Céus, sua memória estava uma bagunça esses dias. Bom, o que interessava era que ela tinha finalmente acabado todos os trabalhos de avaliação do semestre, só faltava editar o vídeo e mandar para o professor. Enquanto andava, Lily refletia em como editaria se não tinha a menor ideia de como fazê-lo, até que chegou à universidade e avistou Remus encostado a uma pilastra mexendo no telefone, uma bolsa pendurada em seu ombro. Ela andou em sua direção e ele ergueu os olhos do aparelho, sorrindo ao vê-la e endireitando sua postura. O rapaz de cabelos claros era de longe o mais alto de seus amigos, pelo menos trinta centímetros maior que a musicista e vinte maior que Sirius. Ele segurava um capacete com uma das mãos, e teve que guardar o celular para poder cumprimentá-la com um curto abraço. Os ingleses não abraçavam muito, mas aquele grupo muito específico de amigos que Lily arrumara era diferente. Eles eram diferentes em muitos aspectos.

— De quem é o capacete? — foi a primeira pergunta que ela fez depois dos cumprimentos típicos. Remus sorriu.

— Meu. Sirius me obrigou a comprar um quando ele arrumou aquela moto dele, já que eu sou quem anda mais junto com ele. — Os dois foram se dirigindo ao estacionamento da faculdade, a musicista ruiva tentando arrumar um bom jeito de perguntar o que queria.

— Você anda mais com ele? — “Parabéns por ser idiota, Lily Evans,” revirou os olhos para si mesma. O rapaz loiro pareceu não perceber a estupidez da pergunta, ou não ligou.

— É. James tem carro, mas quem geralmente usa ele é Peter, e ele trabalha no St. Mungus, que é do outro lado da cidade. Quando eu tenho alguma reunião com clientes, ou Sirius me dá uma carona ou pego o metrô. — ele explicou. Ela se lembrou que ele era um designer freelancer, então, apesar de não ter um horário fixo, tinha que se locomover pela cidade para reuniões e outras coisas do gênero.

— Vocês quatro são muito unidos. Como ficaram amigos, sendo tão diferentes? — Lily já tinha notado que era muito mais fácil arrancar respostas difíceis sobre o passado de Remus que dos outros três, então pensou em preparar o terreno para o que queria saber.

— James e Sirius eram vizinhos desde sempre, então ficaram amigos brincando na rua juntos e foram mandados para a mesma escola de rico. Eu e Peter, por acaso, ganhamos bolsas pra estudar lá também e nos conhecemos quando tivemos que fazer grupos em uma aula. — o loiro respondeu, ainda com aquele sorriso calmo no rosto. — E James e Sirius foram os únicos que não se recusaram a fazer grupo com o negro e o pobre.

— Que absurdo! — Lily exclamou — As crianças todas tinham esse preconceito com vocês?

— É. — ele deu de ombros — É um pouco difícil se livrar de preconceitos em lugares assim, mas foi uma boa experiência estudar lá. Nosso grupinho de amigos compensou a maioria das coisas.

— A maioria?

— Acho que não tem muita coisa que compensaria a coisa horrível que é a família de Sirius. — Remus disse em um tom baixo que a musicista só pôde identificar como a mais pura fúria. Mal podia acreditar que aquele rapaz, doce e calmo e gentil quase o tempo todo, podia ter tamanho ódio por alguém. Mas bom, pelo que sabia da família Black, era mais que justificado.

— Você gosta dele, não é? — Lily indagou com um pequeno sorriso, fazendo-o suspirar mais uma vez antes de abrir um sorriso amarelo.

— É tão óbvio assim? — ela assentiu com a cabeça, ao que Remus deu de ombros. — Bom, não importa muito. Nunca vi Sirius em um relacionamento sério, e não acho que ele vá começar agora.

— Tem certeza que isso não é só uma desculpa? — a ruiva ergueu uma sobrancelha — Pra você se negar a pensar na possibilidade, porque tem medo de estragar tudo?

— O mundo está perdendo uma ótima psicóloga. — Remus riu. — Você conversou com James sobre isso, não foi?

— Talvez. — Os dois finalmente chegaram ao lugar onde estava estacionada a moto de Lily, e Remus sugeriu antes de subir atrás dela e por o capacete:

— Vocês deveriam nos trancar em uma sala e ver no que dá.

A ruiva riu, mas pensou que aquela podia ser uma ideia interessante. Deveria se lembrar de falar com James sobre isso depois.

***

— O que você acha disso? — James perguntou, começando a tocar uma sequência no violão e a cantar — You've got a hold of me... Don't even know your power… I stand a hundred feet, but I fall when I'm around you… Show me an open door, then you go and slam it on me… I can't take anymore… I'm saying baby…

— Bem legal. Você precisa do refrão agora, não é? — Sirius disse, de costas para ele enquanto digitava freneticamente no computador de sua sala. O rapaz de óculos se sentava no chão, o violão em seu colo e vários papéis e lápis espalhados ao seu redor.

— É. Mas eu não sei o que fazer com ele! — James gemeu. — Eu travei!

— Hm, o que você pediria pra Lily? — o gerente indagou, fazendo o músico franzir as sobrancelhas.

— Como assim?

— O que você pediria? Essa música parece um pedido, não parece? Você está descrevendo a relação de vocês e agora podia, sei lá, pedir algo pra ela no refrão.

— Isso é muito doido. Gostei. — ele respondeu, largando cuidadosamente o violão ao seu lado para voltar aos papéis e escrever freneticamente. Sirius sorriu levemente, acostumado como estava com as loucuras de seu melhor amigo, e voltou a tentar consertar o bug que tinha aparecido no sistema das fábricas da empresa. Tinha passado o dia inteiro naquela coisa, e sabia que era muito importante para ser deixado de lado por causa da quantidade de dinheiro envolvida. Por isso tinha ligado mais cedo para Moony e o pedido para ir até o St. Mungus no lugar dele, já que ninguém o deixaria em paz se não terminasse aquilo hoje. James tinha vindo fazer-lhe companhia na tarefa, já que precisava de ajuda com a música e Sirius precisava de algo para desestressá-lo. — Vê se esse refrão está bom: Please have mercy on me! Take it easy on my heart… Even though you don't mean to hurt me, you keep tearing me apart…

— Você claramente acabou de compor seu próximo single. — o Black mais velho riu — Que tal por algo com “would you please” depois disso?

— Oh, boa ideia. Please have mercy on me! Take it easy on my heart… Even though you don't mean to hurt me, you keep tearing me apart… Would you please have… mercy… mercy… — repetiu, incerto de como continuar. Foi Sirius quem completou, cantarolando:

On my heart?

— Boa! — James anotou o que ambos tinham pensado, voltando a tocar o trecho que tinha antes de ser rudemente interrompido pelo celular do amigo.

— Atende pra mim, Prongs? Estou num momento crucial aqui. — ele pediu, fazendo o músico dizer que sim e por o violão de lado para pegar o celular de cima da mesa.

— Telefone de Sirius Black, quem fala? — atendeu com sua melhor voz de profissional, mesmo sabendo que quem ligava era Remus.

Prongs, o Sirius não pode falar agora?

— Ele está meio ocupado, Moony. O que foi?

Diz pra ele vir aqui pro St. Mungus o mais rápido que conseguir.

— O que aconteceu?

Regulus acordou. Estão transferindo ele pro quarto agora.

— Isso é bom, certo? — James arregalou os olhos, abrindo um sorriso hesitante.

É ótimo! Lily está falando com Marlene agora, ela deve chegar daqui a pouco também. Mary está bem positiva.

— Beleza. Chegamos aí o mais rápido que der. — e com isso, desligou. — Pads, você vai demorar muito aí?

— Não, estou quase acabando. Finalmente! Por quê? — Sirius respondeu, ainda sem se virar para ele.

— Seu irmão acordou.

O Black subitamente parou de digitar, ficando estático olhando para o computador. Lentamente virou a cadeira giratória até James surgir em seu campo de visão, de pé com o telefone na mão e um sorriso enorme. Ele correspondeu ao sorriso, sem saber o que dizer.

— Sirius, você precisa terminar essa coisa aí pra gente poder ir pro hospital de uma vez! — o músico apontou para o aviso piscando no computador do amigo, que xingou em voz baixa para voltar a digitar, agora mais freneticamente que nunca. O rapaz de óculos começou a juntar suas partituras e anotações, guardando-as numa pasta que enfiou no case do violão. Sirius se manteve digitando sem cessar pelos cinco minutos seguintes, xingando a cada vez que um aviso piscante que James nem fazia esforço para tentar entender aparecia na tela. Ele tinha a chave do carro em mãos e o violão guardado pendurado em seu ombro, e esperava pacientemente pelo amigo. Finalmente, o rapaz de cabelos longos suspirou aliviado ao desligar o computador e se levantar em um pulo.

— Vamos! — exclamou com um sorriso animado, saindo pela porta de vidro quase como um furacão. James seguiu atrás dele, sem apressar o passo por ser muito mais alto. Dois passos de Sirius correspondiam a apenas um dele, então não precisou correr até o elevador como o amigo fazia. Os dois chegaram ao carro do músico em tempo recorde, e enquanto ele dirigia para fora do estacionamento, o amigo atendeu mais um telefonema.

— Fleamont? Consegui resolver o problema! — ele disse animadamente, tirando os cabelos dos olhos com a mão livre — Não, não testei. Meu irmão acordou, estou indo no hospital ficar com ele e ver se está tudo bem. — o sorriso dele desapareceu ao ouvir a resposta — Não, sinto muito. Não vou voltar hoje. Passei o dia inteiro no escritório hoje, você me deve três horas extras. Amanhã eu testo, está bem?

E desligou, revirando os olhos.

— O que meu pai queria? — James indagou, franzindo as sobrancelhas.

— Que eu virasse escravo dele oficialmente. — Sirius replicou com uma risada. — E Prongs, acabo de ter uma ideia pra essa música sua.

— Que ideia?

— No piano deve ficar muito mais dramática. — ele sugeriu, com um sorriso de lado. — Você podia pedir pra Lily fazer um arranjo de piano pra ela quando ficar pronta.

O músico corou, pensando na falta que coragem que tivera de sequer mostrar a primeira música que tinha escrito sobre ela para Lily, quanto mais pedi-la para tocar piano com a sua letra. Sirius notou o constrangimento do amigo enquanto encontrava a playlist com seu nome para tocar no celular do amigo, já conectado ao bluetooth do carro, e riu com uma sobrancelha erguida em desafio. James suspirou antes de revirar os olhos e replicar, derrotado:

— Tudo bem. Eu vou tentar falar com ela.

— Ótimo. — ele sorriu e começou a cantarolar a música que tinha escolhido, sacudindo a cabeça no ritmo dela. — I modeun geon uyeoni anya… Geunyang geunyang naui neukkimeuro… On sesangi eojewan dalla… Geunyang geunyang neoui gippeumeuro… (Tudo isso não é uma coincidência… Apenas, apenas eu pude sentir isso… O mundo inteiro está diferente do que era ontem… Apenas, apenas com sua alegria...)

— Você sabe que seu gosto musical estraga completamente seu aesthetics, né? — James comentou, batucando os dedos no volante no ritmo da música. Sirius riu.

— Faz parte de ser Sirius Black, meu caro Prongs. — ele replicou, e continuou cantando em um coreano absurdamente preciso enquanto o amigo dirigia. O músico riu quando a próxima música da playlist começou a tocar. — Guess now it's official... Can't back out, can't back out, no…

Getting ready for the night of nights… The night of nights, alright! — James continuou cantando, pensando que também tinha acabado de arruinar seu aesthetics e que tudo bem. — Don't panic...

Panic! — Sirius riu, e os dois prosseguiram naquele dueto de High School Musical até ele acabar. — Lily sabe que você gosta de High School Musical, Prongs?

— Se ela não gostar também e eu não puder fazer dueto com Can I Have This Dance, ela não é minha alma gêmea. — James apenas deu de ombros, fazendo o amigo gargalhar. Os dois continuaram ouvindo a playlist de Sirius até chegarem ao hospital, estacionando e então se apressando até a recepção. A mesma enfermeira que James esquecera completamente o nome estava lá, e ao ver os dois rapazes se aproximarem apenas disse:

— Quarto 703. A dra. Macdonald ainda deve está lá.

Sirius agradeceu e ambos subiram no elevador, chegando ao sétimo andar e encontrando uma Mary sorridente saindo do quarto. O sorriso dela aumentou ao ver os amigos, e ela ajeitou o jaleco antes de falar:

— Ele vai ficar bem, Sirius. Vai precisar de fisioterapia, mas há uma chance em que ele eventualmente consiga recuperar o movimento das pernas.

— Ele está acordado? — ele indagou rapidamente.

— Sim. Lily, Remus e Marlene estão com ele. Está falando, apesar de levemente enrolado, e o relógio da alma gêmea dele voltou a correr normalmente. Vou pedir a uma enfermeira para trazer jantar pra ele. — ela respondeu e Sirius assentiu com um sorriso. Depois se virou para James, como se tivesse se lembrado de algo:

— Prongs, você pode ir entrando? Tenho que perguntar uma coisa a Mary.

— Posso. — o músico franziu as sobrancelhas, mas entrou no quarto mesmo assim. Detectou que, apesar deles serem melhores amigos desde sempre e de James ter testemunhado a maior parte dos momento de fraqueza de Sirius, ainda tinha um assunto que ele queria manter para si mesmo. Bom, ele o contaria quando estivesse preparado.

Ele quase ouviu o próprio relógio da alma gêmea apitar ao voltar ao zero, já que a primeira coisa que viu ao entrar no quarto foi que uma Lily Evans de cabelos trançados ria. Já devia estar acostumado à beleza da pequena ruiva, fazendo duas semanas que a conhecia e tudo mais, mas James não conseguia não embasbacar-se por alguns segundos cada vez que a via.

— James, vem cá! — a voz de Remus o tirou de seu estupor, e ele se virou para ver o amigo encolhido em um sofá com um notebook no colo. O músico cumprimentou as moças presentes e, antes de sentar-se ao lado do loiro, dirigiu um sorriso para Regulus ao falar:

— Fico muito feliz que você esteja acordado, Regulus.

— Obrigado, James. — o rapaz sorriu de volta, de mãos dadas com Marlene e os olhos azuis tão cansados quanto contentes.

— O que você está fazendo aí, Moony? — James perguntou, olhando para a planilha colorida na tela do amigo loiro.

— Organizando um horário para todos nós fazermos companhia para Regulus enquanto ele está aqui. — Remus respondeu. — Olhe aqui e veja se está de acordo com seus horários. Sua cor é vermelho.

— Ah, que boa ideia! — o músico elogiou, movendo o notebook para poder ver direito os nomes — Hm, vamos ver. Manhã de quarta, tarde de sexta e tarde de domingo? Acho que está ótimo. Quem é laranja?

— Lily. Azul sou eu, Sirius é verde, Marlene é roxo e Peter é amarelo. A princípio eu tentei não colocá-lo aqui, já que ele já passa tanto tempo no hospital, mas ele insistiu. — o designer explicou.

— Lily, você vai mesmo acordar cedo no domingo de manhã? — James voltou-se para a ruiva, que deu de ombros.

— Sem problemas. Vai ser pior pro Sirius, que vai ficar aqui a noite de sábado inteira. — ela replicou, voltando a dar atenção para o Black mais novo.

— Ela se enturma rápido, hein? — Remus comentou. — Logo que chegamos, já foi perguntando da vida dele e sendo a simpatia em pessoa.

— Ela é ótima. — James sorriu. Naquele momento Sirius entrou no quarto, uma expressão pensativa no rosto enquanto ajeitava a manga do lado esquerdo de sua camisa. Regulus parou subitamente de comentar algo com Marlene, olhando para o irmão com um sorriso lento e levemente culpado.

— Hey, Sirius. — ele chamou, fazendo o mais velho cruzar os braços e erguer uma sobrancelha.

— Só não te dou um cascudo porque deve ter pontos aí na sua cabeça, Regulus Arturo Black. — disse, sério. — Quem você acha que é pra me deixar preocupado assim?

— Seu irmãozinho. — Regulus deu de ombros, ainda com o sorriso amarelo no rosto. Sirius sorriu de volta, se aproximando da cama e dando um peteleco no nariz do irmão.

— Que bom que você está bem, pirralho.

O mais novo fez uma careta, erguendo uma mão para afagar o nariz, mas tinha um brilho divertido no olhar azul. Os dois entabularam numa conversa de quem não se via há anos, mas que se gostavam do mesmo jeito, e Lily olhou de Remus para Sirius discretamente antes de ter uma ideia. Sentou no sofá, ao lado de James, e sussurrou-lhe:

— Eu tenho um plano.

— Pra quê? — o músico indagou, franzindo a testa.

— Fazer aqueles dois se resolverem.

— Oh. — ele sorriu de lado, tentando ignorar que a voz sussurrada da musicista o fazia arrepiar-se. — Conte o plano.

— Você não precisa saber dele todo. Mas… — ela fez um leve suspense — Quando sairmos daqui, nos chame pra comer algo.

— Certo.

Ela então começou a digitar no próprio celular, mandando uma mensagem antes de guardá-lo e voltar a se inserir na conversa com os irmãos Black. James voltou a analisar a planilha de Remus, que então recebeu uma mensagem no telefone e ficou muito vermelho muito rápido. O músico imaginou que aquilo tinha a ver com o plano da ruiva, e não pressionou muito o amigo sobre aquilo.

— Marley, acho que você vai querer ficar aqui nessa primeira noite, certo? — Lily indagou para a advogada morena, que assentiu e depois olhou para Sirius:

— Se você não se importar, é claro.

— Não me importo nem um pouco. Até porque acho que o Reggie deve ficar muito mais contente com a sua adorável companhia que com a minha, huh? — ele piscou para o irmão, que riu antes de dar de ombros.

— É óbvio que a Marley é uma companhia melhor que a sua, Sirius. — Regulus replicou, fazendo Sirius fingir ter sido atingido no coração antes de dizer, dramaticamente:

— Não era pra concordar comigo, pirralho! O que eu vou fazer agora? Ninguém me ama, ninguém me quer!

— Vamos embora daqui logo, Padfoot. — James empurrou o amigo para fora, tendo Lily e Remus logo atrás deles dando adeus para o casal que permanecia. Os quatro desceram juntos de elevador, o músico começando a ficar nervoso. Engoliu em seco e então comentou, quase casualmente demais:

— Vocês estão com fome? Porque eu estou. Vamos comer algo?

— Eu podia comer três hambúrgueres inteiros, não como desde as duas da tarde. — Lily acrescentou. — Vamos sim!

Sirius e Remus também concordaram. O rapaz loiro então pareceu ter recebido outra mensagem, fazendo uma careta ao guardar o telefone.

— Que foi, Remus? — a ruiva perguntou, os olhos verdes tão inocentes que o mais alto dos quatro quase riu.

— Um cliente. Quer que eu resolva algo bem agora. — revirou os olhos — Preciso ir pra casa editar as coisas que ele pediu.

— Que merda. — Sirius também fez uma careta.

— Vocês podem ir pro apartamento enquanto eu e Lily passamos no Caldeirão Furado e compramos comida pra todos. — James sugeriu, finalmente entendendo o plano. — Vocês levam meu carro e nós vamos de moto.

— Pode ser. Aí eu posso ir trabalhando na internet lá enquanto vocês não chegam. — Remus concordou. Sirius assentiu, pegando a chave que o amigo músico oferecia e começando a se dirigir para o estacionamento, com os outros atrás. Na metade do caminho, o rapaz de cabelos longos seguiu para o lado oposto ao de Lily, se despedindo dos amigos e seguindo para o carro de James com Remus em seu encalço. Como estava à frente, não viu o rosto completamente corado do rapaz loiro até entrar no carro. Abriu um pequeno sorriso e jogou seu celular para ele antes de dar partida no carro.

— Conecta meu bluetooth no carro e depois abre minha playlist, Moony? — pediu, começando a sair do estacionamento. O designer muito alto assentiu, pondo o cinto de segurança e cuidadosamente colocando a bolsa aos seus pés antes de mexer no telefone de Sirius. A música que começou a tocar fez Remus rir enquanto Sirius dava um gritinho animado antes de cantar — You can't stop an avalanche as it races down the hill… You can try to stop the seasons, girl… But you know you never will…

Ele balançava a cabeça e batucava os dedos no volante, cantando animado enquanto dirigia. O rapaz loiro tinha um sorriso admirado no rosto, que foi desfeito quando Sirius freiou bruscamente em um sinal vermelho por ter fechado os olhos ao dançar e abri-los muito em cima da hora.

— Sirius, pare de cantar e presta atenção na rua, pelo amor de Deus! — reclamou, os olhos cor de âmbar arregalados. O motorista riu, mas tentou dançar menos ao falar:

— Sua vez de cantar, Moony! O solo!

You can't stop my happiness, cause I like the way I am… — Remus cantou, tentando não rir —  And you just can't stop my knife and fork when I see a Christmas Ham! And if you don't like the way I look, well, I just dont give a damn!

‘Cause the world keeps spinning round and round and my heart’s keepin’ time to the speed of sound! — Sirius continuou, os dois cantando juntos dessa vez — I was lost 'til Iheard the drums, then I found my way, ‘cause you cant stop the beat!

— Não tem como não aprender sua playlist inteira sendo seu amigo, Sirius. — Remus reclamou com uma risada quando a música acabou. — Menos os seus k-pops, coreano é demais pra mim.

— Eu tenho um gosto musical excelente, é por isso que você todos aprendem minhas músicas.

— Será que não é porque você nos obriga a por sua playlist toda vez que queremos ouvir música? — ele ergueu uma sobrancelha, com o rapaz de cabelos negros olhando-o com o canto do olho. Começou outra música e Remus arregalou os olhos, perguntando com um sorriso incrédulo — Você colocou Defying Gravity aqui?!

— Claro que sim! Você achou que eu não ia por as músicas do seu musical favorito na minha playlist? — Sirius sorriu de volta, tirando uma mão do volante para tentativamente pousá-la na coxa de Remus. — Canta pra mim, Moony?

Something has changed within me, something is not the same… I'm through with playing by the rules of someone else's game… — o loiro começou, se recostando no banco com os olhos fechados. Sentia a mão do Black mais velho sobre si, e não fazia ideia do que fazer com aquela sensação. Sirius sempre tinha brincado de deixá-lo constrangido, mas aquele toque deliberado era diferente. Íntimo. Sério. Como se…

Mordeu o lábio inferior ao pensar naquela possibilidade, pondo a própria mão sobre a dele e entrelaçando seus dedos antes que se arrependesse. Lily tinha arrumado aquele momento para ele, então deveria aproveitá-lo e se resolver de uma vez com Sirius Black. Certo?

Too long I've been afraid of losing love I guess I've lost… — ouviu-o cantarolar, apertando sua mão. Sentiu-o acariciar-lhe as costas da mão com o polegar, e abriu um pequeno sorriso. — Well, if that's love… It comes at much too high a cost!

Então abriu os olhos subitamente ao ter a sensação do carro ter parado, constatando que Sirius tinha encostado o veículo em uma rua paralela à avenida principal e que o encarava com aqueles olhos azuis-acinzentados que o derretiam completamente. A música seguia tocando, e Remus precisou respirar fundo para conseguir falar algo:

— Sirius, eu… — se amaldiçoou por gaguejar levemente — Eu preciso que você seja sincero comigo.

— O que quer saber? — ele perguntou. O designer abaixou os olhos para as mãos deles e soltou a de Sirius, voltando a encará-lo decidido. Viu a dor passando pelo olhar azul dele, mas não se arrependeu do que tinha feito.

— O que você sente por mim? — indagou de uma vez só, engolindo em seco logo depois para continuar — Porque desde que ambos nos assumimos, você brinca de me deixar constrangido e sai por aí quase todos os dias com pessoas diferentes, como se não soubesse que o meu constrangimento tem uma base muito sólida de…

— Desejo? — o Black sugeriu, em um sussurro que arrepiou até a alma de Remus. Ele soltou o próprio cinto, virando-se completamente para o loiro com um olhar sério. — Eu sou péssimo, não sou? — disse, para a surpresa do outro. — Brinco com os seus sentimentos e finjo que não tem nada acontecendo, certo? Que é tudo uma grande piada?

— Você faz isso, mas não acho que você seja péssimo. — Remus tocou-lhe o rosto. — É uma situação difícil pra mim, é claro, mas você não é péssimo. Te falta… Responsabilidade emocional.

— Eu sei. — Sirius olhou para baixo, com um riso amargo. — Já me disseram isso. Me desculpe por brincar com você, Remus. Eu… — voltou a olhá-lo, os olhos azuis expressando a confusão que ele sentia. — Não sei lidar direito com o que eu sinto por você. Acho que é esse o problema. Achei que… Que se eu fosse sincero, ia estragar tudo.

— Eu também achei. Mas tem algumas semanas que eu não consigo ficar no mesmo ambiente que você sem querer morrer cada vez que você sorria ou mexia no cabelo ou respirava, então… — o loiro falou, tão estupidamente sincero que fez o outro rir.

— Somos muito idiotas, não somos? — Sirius perguntou, e o jeito que ele pôs os cabelos negros para o lado fez Remus desistir de conversar. Não soube quando tinha soltado o próprio cinto de segurança, mas o caso era que tinha puxado o Black mais velho para beijá-lo. Ele fez um som rouco com a garganta, aprofundando o beijo ao sentar-se no colo de Remus e levar as mãos aos cabelos claros dele. O mais alto gemeu ao senti-lo morder-lhe o lábio, instintivamente erguendo o quadril e prensando-o contra o dele, uma mão apertando-lhe a coxa e a outra perdendo-se no emaranhado de fios negros. Enquanto Sirius beijava e mordia seu pescoço, todo e qualquer pensamento sumiu de sua mente. Por que mesmo nunca tinha feito aquilo antes?

***

Lily e James chegaram ao apartamento com a comida só para encontrá-lo vazio. Os dois riram ao jogarem-se juntos no sofá, brindando ao sucesso de sua missão com seus hambúrgueres e refrigerantes de 500ml. Naquele momento debatiam qual seria o melhor nome para o casal com certeza formado enquanto espalhavam ketchup nas batatas fritas, tentando esquecer a viagem muito esquisita onde o músico tinha sido obrigado a segurar-se na cintura da moça para não cair da moto.

— Simus? Não, parece nome de macaco. Sirem?  — James dizia, quando Lily teve a ideia do século:

— Wolfstar! Que tal? — o rapaz de óculos franziu a testa, sem entender, e ela explicou:

— Wolf de lobo, por o sobrenome de Remus é Lupin, e star de estrela porque Sirius é nome da estrela mais brilhante do céu.

— Gostei. Você tem estilo, ruiva. — ele sorriu, e ela correspondeu-lhe para então perguntar, em um surto de coragem que geralmente não a pertencia:

— E nós?

— Nós o quê?

— Nosso nome de casal. Qual seria?

— Somos um casal? — James ergueu uma sobrancelha, abrindo um sorriso de lado apesar de estar tremendo por dentro.

— Poderíamos ser. — ela deu de ombros, e se aproximou para dar-lhe um selinho rápido. Não sabia de onde estava vindo aquela ousadia toda, mas uma coisa que tinha percebido naquela tarde no Hospital St. Mungus era que queria, sim, ser a alma gêmea de James Potter. Mesmo que não fosse, mesmo que eventualmente fosse se machucar.

— Hm, o que acha de Jily? — o músico sugeriu lentamente. Ainda estava processando aquele último acontecimento, e Lily riu.

— Acho ótimo. — então aproximou-se mais uma vez de James, dessa vez lentamente, como quem não tem pressa de nada. O músico acabou com a distância que os separava, juntando seus lábios e quase instantaneamente aprofundando o beijo ao puxá-la pela cintura para terminar de aproximar-se.

— Ótimo então. — sorriu, quase deitado no sofá com a moça sobre si. Ela sorriu de volta, voltando a sentar-se para comer mais batata fritas. — Você acabou de me trocar por comida, Lily Evans?

— Claro que sim. — ela piscou, dando uma mordida no próprio hambúrguer. — Esse hambúrguer é a coisa mais maravilhosa que eu já comi.

— Bom, não posso discordar. — James riu, também voltando a comer. — Quer assistir um filme? Acho que eles vão demorar pra chegar.

— Pode por um dos musicais de Sirius se quiser. E eles têm muita tensão sexual guardada pra chegarem aqui muito rápido. — Lily disse, rindo. Era absurda a quantidade de vezes que se pegava rindo de nada na companhia de James.

— Posso por High School Musical?

— Claro! O dois, por favor. É o meu favorito. — ela respondeu, fazendo o músico bater palmas.

— Você é oficialmente minha pessoa favorita, Lily Evans.


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Notas finais do capítulo

Músicas: 1. Mercy - Shawn Mendes
2. Serendipity - BTS
3. The Night Of Nights - High School Musical
4. You Can't Stop The Beat - Hairspray
5. Defying Gravity - WICKED



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