Final da Primavera – Aproximadamente 15 Anos Atrás

James não era o garoto mais esperto da sala e não via problemas nisso.

Na verdade ele gostava de não ser o mais inteligente, já tinha um monte de responsabilidades para ainda ter que arcar com as dos amigos que eram inteligentes.

Então estava aproveitando o dia para descansar um pouco depois do treino com o pai quando viu o homem de cabelos negros com mechas grisalhas se materializar com duas crianças ao seu lado no jardim.

James lembrava vagamente de ter visto o homem, Stephen Strange, conversando com sua mãe de criação, Emma, a alguns anos, mas nunca havia visto as crianças.

O garoto se aproximou dos recém chegados enquanto os demais alunos tomavam o máximo de distância possível.

—Posso ajudar Doutor Estranho?

O mais velho encarou James e então sorriu.

—Se possível, posso pedir que fique de olho nos meus filhos enquanto falo com a Emma?

James encarou o garoto magro de cabelos negros e olhos verdes, depois a menina de cabelos castanhos e olhos cinza.

—Posso.

—Obrigado James.

—A Emma está...

—No escritório dela, eu sei.

James observou o homem sumir pela porta e se voltou para as duas crianças.

—Eu sou James Howlett e tenho sete anos, vocês querem entrar ou preferem dar uma volta no jardim?

O menino parecia tímido, mas estendeu a mão para James.

—Sou Maximillian, mas os adultos me chamam de Max.

—Adultos? –James se sentiu confuso.

—Não temos muito contato com outras crianças. –James concordou, dizendo que entendia, o que meio que era verdade. –Posso ficar perto daquela árvore grande?

—Sim, fique à vontade.

O garoto correu na direção da árvore e sentou apoiando das costas no tronco, então James olhou novamente a menina e reparou nos longos cabelos dela, eles iam até a cintura em ondas e pela primeira vez na vida ele pensou que uma garota era realmente bonita.

A garota desviou o olhar do irmão para James e deu um leve sorriso.

—Sou Helena, mas às vezes me chamam de Lena. Eu e meu irmão temos cinco anos.

—São gêmeos? –Ele parecia encantado com a ideia.

—Sim.

—Legal! Eu não tenho irmãos de sangue, só a Christine que é minha irmã de criação, ela é filha da Emma.

Helena sorriu para James e ele sentiu o rosto esquentar.

Ele tinha certeza que havia sentido isso com algumas amigas de Emma por quem teve uma queda (como Mary Jane e Natasha Romanoff ou mesmo a mãe do Andrew, Daisy), mas nunca uma garota quase da idade dele fez James se sentir daquela forma.

—Você está bem? –Helena parecia preocupada.

—Hã? Ah, sim, estou. Só me distrai um pouco. –Ele desviou um pouco o olhar dela tentando não parecer idiota. –Quer beber alguma coisa ou comer? Tem biscoitos na cozinha.

Helena deu um sorriso suave e o rosto de James voltou a queimar.

—Não, mas obrigada mesmo assim.

—Vocês vão estudar aqui?

A garota pareceu surpresa com a pergunta.

—Não, viemos apenas acompanhando o papai, estudamos em casa e o Wong ajuda com os nossos poderes já que eles tem alguma qualidade mágica.

—Ah, entendo. –Aquilo havia desanimado James mais do que ele esperava. –Acho que não nos veremos muito no final.

—Não sei, papai parece querer que a gente converse mais com pessoas da nossa idade, então talvez a gente apareça aqui algumas vezes.

Um sorriso brilhante e cheio de esperanças surgiu no rosto de James quando ele ouviu isso, um sorriso inteiramente dedicado a Helena e naquele momento foi ela que sentiu o rosto queimar.

—É mesmo? Que bom. Fico feliz de saber que vou poder me encontrar com você novamente.

Helena abaixou a cabeça envergonhada.

—Mu-muito obrigada.

—Hum...

—Ah, nada. O que você estuda aqui? –Ela tentou desesperadamente mudar o foco da conversa.

—De tudo um pouco, incluindo lutas.

—E não machuca?

—Às vezes um pouco, mas meu poder mutante é fator de cura, então não demora muito para o machucado sumir.

Helena segurou a mão direita de James e começou a fazer movimentos circulares nas costas da mão dele, aquilo deixou o garoto ainda mais envergonhado e curioso do que antes.

—Mesmo assim, espero que não se machuque muito ou gravemente.

O garoto sentiu seu peito se encher de uma estranha sensação, mas antes que pudesse falar algo Helena soltou sua mãe, Max voltou correndo da árvore e Stephen voltou de dentro do Instituto.

—Obrigado por cuidar deles James. Temos que ir agora.

E em seguida, após os três acenarem um adeus, eles desapareceram.

James ainda ficou ali parado observando tudo por cinco minutos antes de um garoto de cabelo castanho claro, mais ou menos da idade dele, passar pela porta e o olhar curioso.

—Tudo bem?

Mas tudo que James fez foi dar um sorriso animado.

—Tudo bem Nate.

—E o que houve aqui para você estar parado feito uma estátua?

James parou para pensar por alguns instantes e depois comentou distraído.

—Acho que me apaixonei.

—Por qual professora? –Havia uma pontada de diversão na voz de Nate.

—Nenhuma.

Nathan olhou para o amigo na dúvida do que poderia ter acontecido.

—É uma aluna? –James negou. –Fiquei curioso.

—Helena. Helena Strange.

Nathan não falou nada, mas torceu para a garota ser mais fácil de aproximar do que Alexis estava sendo.

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Continua...