Neighbors escrita por Miss Johnerfield


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

Tive a ideia dessa fic enquanto editava a capa (sim, comecei pela capa rs). Espero que gostem e aproveitem a leitura!



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“Por que eu ainda estou aqui, ou onde eu poderia ir?
Você é o único amor que eu conheci
Mas eu te odeio” 

(P!nk feat. Lily Allen – True Love)

Conheço o Noah desde que me entendo por gente. Os Puckerman sempre foram nossos vizinhos e nós frequentávamos a mesma sinagoga e brincávamos juntos. Fomos ao bar mitzvah um do outro; na época do Hanukkah, nossa família se reunia para celebrarmos, e eu achava tudo aquilo o máximo. Mas isso foi há muito tempo. Agora Noah costuma jogar slushies no meu rosto quando me encontra nos corredores do colégio, aparentemente sem motivo algum – talvez só para mostrar quem é que manda, aplicar a lei do mais forte sobre mais fraco. Não sei o que aconteceu conosco, talvez seja só o curso natural da vida dos adolescentes no ensino médio. E, enquanto me perco em pensamentos nostálgicos, ele está neste momento passando pelo corredor, desfilando com sua gangue de gorilas – mais conhecidos como os Titans, o time de futebol da escola (do qual, é claro, ele é o quarterback).

Geralmente eles seguem um ritual: passam por nós e nos encaram com olhares intimidadores – como se eles fossem a Medusa ou algo assim, tentando nos transformar em pedras – e esperam que nós desviemos o olhar ou que saiamos de perto deles só para terem algum motivo para nos empurrar contra os armários, derrubar nossos livros ou jogar slushies em nossos rostos. Não sei o que aconteceu com Noah ao certo, mas ele se tornou uma pessoa totalmente oposta aquele menino divertido e atencioso com quem eu costumava passar várias e várias tardes conversando e brincando. Como eu disse, talvez tenha sido o curso natural de nossas vidas no ensino médio; ou talvez tenha a ver com o fato do pai dele ter ido embora de casa. Bom, de qualquer maneira não tenho mais tempo para pensar nisso agora, pois minha aula de Espanhol com o Sr. Schuester está prestes a começar – e eu odeio chegar atrasada, ainda mais porque ele nos faz se dirigir a ele apenas em espanhol e minha cota de vergonha alheia já passou do limite.

Começo a andar apressadamente rumo à sala de aula quando esbarro em alguém e caio de costas no chão. Rapidamente recolho meus livros e balbucio um “me desculpe” praticamente inaudível, levantando-me em seguida. Não reparei quem era, mas parecia ser um garoto. Andei o mais rápido que pude, nem olhei para trás. Se tem uma coisa com a qual eu me acostumei nessa escola é passar despercebida, praticamente invisível. É um ótimo jeito de evitar confusão com alguém.

Entrei na sala e me sentei no meu lugar de costume, ao lado dos meus amigos Kurt e Mercedes. Cumprimentei os dois rapidamente para não interrompê-los – ambos discutiam calorosamente sobre uma das maiores rivalidades do pop: Madonna versus Cindy Lauper. Comecei a organizar meu material em cima da mesa quando percebo que estou sem meu estojo. Olhei embaixo da mesa para ver se estava caído ali mas não o encontrei.

“Algum problema, Rachel?”, perguntou Kurt.

“Meu estojo sumiu. Eu tinha certeza que havia trazido junto com os livros”, reclamei.

“Vai ver você esqueceu no armário”, disse Mercedes.

“Não sei, talvez”, balbuciei. De repente, me lembrei do encontrão que dei com o menino no corredor. Droga! Devo ter deixá-lo cair junto com os livros. Pensei em voltar lá para ver se o encontrava, mas o professor entrou na sala no mesmo instante.

¡Hola, clase!”, cumprimentou o Sr. Schue. Pedi uma caneta emprestada ao Kurt e seguimos prestando atenção à aula.

~*~*~*~*~

“O que você vai usar no Halloween, Rachel?”, perguntou-me Kurt enquanto íamos em direção ao refeitório.

“Mas o Halloween é só daqui a um mês”, lembrou Mercedes.

“Eu não sei ainda”, comecei a dizer quando Santana se materializou na minha frente junto com seu squad de cheerleaders magrelas.

“Acho que uma fantasia de hobbit cairia muito bem em você. Aliás, não precisa se esforçar muito, não é?”, revirei os olhos enquanto suas amigas riam.

“O que você quer Santana?”, indagou Kurt se colocando entre ela e eu.

“Eu estou falando com o Hobbit, Lady Hummel. Isso não diz respeito a você”.

Kurt ficou vermelho – não sei se de vergonha ou de raiva, talvez um pouco dos dois.

“O que foi?”, indaguei impaciente. Santana se colocou entre mim e Kurt, apontou um dedo para mim e disse:

“Fique longe do meu homem!”

“Em primeiro lugar, eu não sei de quem você está falando”, retruquei. “Em segundo lugar, você sai com tantos que eu não sei ao certo a quem você está se referindo”.

Santana olhou para mim cheia de raiva; não me bateu por um milagre, mas percebi que faltou pouco.

“Escuta aqui Berry, a minha vida amorosa não te diz respeito algum!”

“Se isso é verdade, por que está me pedindo para ficar longe do ‘seu homem’?”

“Não se faça de sonsa, você sabe muito bem do que estou falando”.

“Não, eu realmente não faço a mínima ideia.”

“Se você não se lembrar, posso muito bem te mostrar como refrescamos a memória dos outros em Lima Heights Adjacent”.

“Você está falando do Puckerman?”, indagou Mercedes. Tinha até esquecido que ela estava ali.

“É claro que estou falando dele!”, rebateu Santana. Sério, eu não fazia ideia do que aquela louca estava falando.

“O que foi que eu fiz desta vez? Eu nem converso com ele!”

“Ah, é? Então o que ele estava fazendo com o seu estojo hoje, mais cedo?”

“Meu... estojo?”

Demorei a assimilar os fatos. De repente, me lembrei do encontrão que dei no corredor antes da aula de Espanhol. Estranho. Não percebi que era ele, e talvez ele também não tenha reparado que era eu naquela hora. Mas se ele me odeia tanto a ponto de me humilhar na frente dos outros sempre que tem a chance, por que não o fez desta vez? Ou simplesmente jogou meu estojo fora? – isso é bem típico dele. E como ela sabe que aquele estojo é meu?

“Como... como você sabe que o estojo é meu?”

“Não seja idiota, Berry. Eu vi Puck com ele nas mãos, dizendo que iria devolvê-lo a você. Eu tentei pegar, claro, mas ele não deixou. Enfim, o recado está dado. Não se meta em meu caminho, Hobbit, ou vai se arrepender disso”.

E assim, ela saiu desfilando pelo refeitório com seus clones atrás de si. Revirei os olhos e saí andando com Kurt e Mercedes ao meu lado.

“O que foi isso?”, perguntou Kurt, perplexo.

“Eu sei lá! Achei que tinha deixado o estojo no meu armário, ou que simplesmente tivesse caído por aí”.

“Rachel, essa menina é encrenca”, alertou Mercedes.

“Não é ela quem me preocupa”, eu disse. “Eu não entendi o porquê do Noah fazer questão de guardar meu estojo e me devolver”.

“Vai ver ele ainda tem um pouco de humanidade naquele coração de pedra”, sugeriu Kurt.

“Ou, vai ver ele quer se redimir por todos esses anos sendo um babaca com você e não sabe por onde começar”, riu Mercedes. Cutuquei seu braço de brincadeira e rimos juntos. Eu não acreditava naquela possibilidade, mas quem sabe não era um começo?

~*~*~*~*~

Depois das aulas, Kurt nos deu uma carona até em casa. Cantamos Spice Girls o caminho todo e rimos de nossas próprias performances. Eu amava estar com meus amigos, eles faziam com que a rotina no McKinley fosse mais divertida e alegre.

Além disso, sempre dávamos um jeito de nos vermos aos fim de semana, seja marcando uma festa do pijama na casa do outro, indo ao shopping ou ao nosso café favorito, o Lima Beans.

“Tchau, gente! A gente se vê amanhã”, gritei enquanto Kurt e Mercedes acenavam de volta.

“Cuidado com o Pucksauro!”, exclamou Kurt enquanto Mercedes fazia um gesto com as mãos, imitando um tiranossauro. Dei risada e acenei enquanto eles iam embora.

Estava virando a chave da porta de casa quando vi pelo canto do olho que alguém se aproximava.

“Acho que isso é seu”, disse a pessoa estendendo um objeto rosa na minha direção.

“Noah?!”, indaguei e exclamei ao mesmo tempo, surpresa. Aquela era a primeira vez em quatro anos que ele dirigia a palavra a mim sem me atirar um slushie.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de comentar e deixar suas opiniões, é muito importante pra mim.



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