Prometidos escrita por Carolina Muniz


Capítulo 24
Capítulo XVIII


Notas iniciais do capítulo



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A aula de Literatura Moderna era a última do dia, e Ana já queria comer seus colegas de classe por causa da fome que sentia. Ela não havia almoçado, não sentiu a mínima vontade, mas faltando vinte minutos para terminar a aula, ali estava ela, quase comendo os colegas de classe. O sinal tocou e a garota se atrapalhou com o material, e quando viu já quase não tinha mais pessoas na sala.

Por que quando estamos com fome parece que fazemos as coisas com mais lerdeza?

A morena desceu as arquibancadas, e logo foi chamada pelo professor Hyde. Ela queria muito gritar para o mundo que estava com fome então não, não podia conversar por alguns minutinhos. Mas ela era educada demais, então a garota se despediu de Kate e foi até a mesa principal enquanto os últimos dois alunos saíam da sala, bufando mentalmente, mas com seu rosto pleno.

— Sim, professor? - questionou.

— Ah, Ana, Ana - ele sorriu, se levantando da cadeira.

A garra lhe sorriu também, sendo simpática mesmo que seu estômago já estivesse reclamando de fome.

— Eu li seu trabalho sobre a escrita moderna e a antiga - ele comentou enquanto mexia em sua pasta, passando por vários papeis. - Eu realmente adorei a sua dissertação sobre as mulheres escritoras da Idade Média e as de hoje, ainda colocando diversos pontos sobre os costumes de outros países - ele finalmente encontrou o queria, o trabalho de Ana, e se sentou na mesa, de frente para a garota. - Eu li umas trezentas vezes esse texto e estou muito animado com ele.

— Obrigada, Sr. Hyde.

— Pode me chamar de Jack, acredito que já temos uma intimidade para isso - falou ele, sorrindo para a menina.

Ana franziu o cenho, o próprio sorriso fraquejando.

— Eu acho que não seria ético chamado pelo primeiro nome, professor - disse a garota, apertando a alça da bolsa. - Desculpe, é que eu tenho que ir...

— Espera! - ele se levantou, segurando sua mão de repente, impedindo-a de sair. - Vai haver uma convenção em Seattle, geralmente eu seleciono um ou dois alunos, os melhores é claro, para me acompanhar.

Ah.

— E eu queria muito que você fosse comigo. Seria algo incrível para fazer, duram somente dois dias, ficaríamos num hotel...

— Me desculpe, Sr. Hyde, mas eu acho que meu marido não iria gostar disso.

— Ana, que isso? Você tem dezoito anos, não tem que o obedecê-lo, você tem que viver, e essa é uma grande oportunidade para você. Nenhum aluno do primeiro período já foi levado nessas convenções e seria realmente ótimo para os eu currículo uma coisa dessas. Pense melhor, vamos.

Ela não tinha o que pensar. Não seria nem um pouco bem visto uma mulher casado indo para hotéis com outro homem. Sem contar que ela realmente não queria ficar sozinha com Jack Hyde. Ele não lhe passava confiança. Mesmo ali, às 15h de uma tarde de quinta feira, com pessoas por toda a universidade e sabendo que seu segurança estava lá embaixo a esperando, ela não estava nem um pouco confiante com Hyde naquela sala.

Dizem que mulher tem sexto sentido, quem sabe isso é verdade? Ana, de alguma forma, mesmo tão inocente para tantas coisas, sabia quando alguém não era do bem.

Foi assim com um amigo de seu pai há muito tempo - ele tentou dar em cima dela e recebeu um grito tão alto da garota, que não demorou nem mesmo segundos para os seus pais o expulsarem de sua casa; também fora assim com Elena, a mulher nem precisou dizer a primeira palavra para que a morena decretasse guerra; e estava sendo assim ali com Hyde. A garota podia sentir seu corpo arrepiado pela desconfiança e aquele sorriso estranho do mesmo.

— Eu tinha a sua idade quando fui a minha primeira convenção e foi lá que eu conheci pessoas muito importantes na minha carreira - explicou o outro, desconfortavelmente ainda segurando sua mão.

A menina a puxou discretamente para passar a mão no cabelo, e mudou o peso do corpo para um lado.

— Eu entendo, mas eu não vou poder mesmo, Christian não iria gostar disso.

O outro bufou.

— Christian, Christian. Ana, você é tão inteligente, porque precisa de uma homem para ser bem sucedida?

A garota deu um passo para trás, completamente ofendida.

— Eu não preciso de um homem para isso - defendeu-se.

— Bom, é o que parece com o jeito que faz tudo o que ele quer. Me diz: você já tomou alguma decisão sem ter de pedir a permissão dele primeiro?

Ela engoliu em seco e desviou o olhar.

Bem, era daquele jeito que tinha que ser, não era algo ruim.

Ou era?

— Foi o que pensei - dedilhou o outro. - Você não precisa dele para ser alguém. Você é livre. Mas, bom, se você precisa de um homem para tu ajudar, com certeza não deveria ser um empresário arrogante que apenas te deixa em casa sem fazer nada.

— Ele não me deixa em casa sem fazer nada! Eu estudo. Olha aonde eu estou, isso não é estar em casa sem fazer nada.

Seu rosto ficou vermelho de raiva, e Hyde não se sentiu nem um pouco intimidado como ela queria. Ele apenas se aproximou mais, tocando seu queixo de leve.

— Eu faria você ter ótimas oportunidades, Ana. Eu faria ser uma mulher muito bem sucedida, pelos seus próprios méritos, e não pelo meu dinheiro, como ele faz com você. Você não seria apenas uma pessoa oca transitando de festa em festa em minha vida, apenas uma esposa troféu. Eu não faria isso com uma cabecinha tão inteligente.

Christian não fazia aquilo com ela, ela não transitava de festa em com ele. Tudo bem que ele não se importava muito com a faculdade dela ou se ela tirava um A+, ou se fazia o melhor trabalho da turma. Mas aquilo não queria dizer que ela era uma pessoa oca para ele.

— Eu te faria brilhar - sussurrou o outro, de repente perto demais, com os lábios quase tocando o da garota.

Só então ela percebeu o quão perto estavam, e tentou dar um passo para trás, porém, o outro a segurou pela cintura, tocando o corpo no dela.

— O que você está fazendo? Para com isso! - ela tentou desvencilhar dele.

Aquilo era tão errado.

— Ana, eu gosto de você. Gosto mesmo. Você é diferente das outras garotas, você é centrada, inocente no ponto certo, inteligente, linda...

— Me solta, por favor - pediu ela calmamente.

Não era certo ter outro homem dizendo que gostava dela daquele jeito. Deus, ela era casada.

— Ai, esse jeito de pedir por favor - ele quase rosnou, tentando beijá-la em seguida.

— Não, para! Eu não quero.

— O que foi, Ana? Eu posso te dar tudo muito melhor - ele disse enquanto beijava seu rosto.

Ana achou grosseira a forma com que os lábios dele tocavam seu rosto. Não era delicado e muito menos prazeroso.

Christian não gostava dela daquele jeito, mas nunca a beijava daquela maneira asquerosa.

Christian.

Christian!

Ele iria pedir o divórcio se soubesse o que ela estava fazendo.

A garota ficou dispersa, pensando no que aconteceria a sua vida quando Christian descobrisse, que apenas percebeu que Jack a prensava na mesa quando sentiu a mão dele apertando sua bunda, os lábios em seu pescoço a machucando e a outra mão segurando as suas duas pelo pulso.

Doía.

Ficaria marcado.

A garota subiu a perna e lheu uma joelhada no meio das pernas, tendo o mesmo afrouxando no aperto das mãos, e logo lhe deu uma chave de braço, fazendo o ir com a cara na mesa com o braço virado para as costas.

Antes que pudesse fazer algo mais, a porta da sala se abriu, e Sawyer entrou exasperado por ela.

— Sra. Grey - gritou ele, já próximo a menina depois de recuperar o choque.
Ana soltou Hyde, logo vendo-o ir para o chão, levando as mãos ao meio das pernas, gemendo de dor.

— Ai, meu Deus, a senhora está bem? - Sawyer perguntou, tomando liberdade no desespero de tocar a garota nos braços, na cintura e no rosto para se certificar.

— Sim, eu estou - respondeu a garota, como se não tivesse praticamente nocauteado um homem bem mais alto que ela há alguns segundos.

— Eu... Sra. Grey, eu sinto muito. O que houve? Precisa ir ao médico? Está machucada - ele pegou sua mão, examinando seus pulsos agora vermelhos, onde ficariam marcas horrivelmente roxas logo logo.

— Não, não preciso, juro que estou bem.

— Venha comigo, Sra. Grey, espere do lado de fora da sala - ele a conduziu para fora.

O corredor estava completamente vazio, as próximas aulas só começavam às 17h, e tinham poucas pessoas na universidade, e as mesmas se encontravam no campus ou na biblioteca.

Sawyer deixou Ana encostada na parede e ouviu e entrou na sala novamente. Ela ouviu algo como um chute e Jack gemendo de dor, ouviu Sawyer falando calmamente, e logo o mesmo saiu no mesmo momento em que o diretor da escola entrava no corredor apressado, com um segurança do campus atrás de si.

— Sra. Grey - o diretor saudou aliviado, pegando as mãos da menina e em seguida tocando seu cabelo numa forma de dizer "está tudo bem agora". - Eu sinto muito por tudo isso, eu não sei nem o que dizer. A senhora está bem? Precisa de um médico, de uma enfermeira?

— Diretor Filth, eu tenho ordens para levar a Sra. Grey para casa. Não se preocupe, tudo o que ela precisar, terá em casa - Sawyer se intrometeu. - Por favor, o Sr. Grey já está a caminho e pediu para que Jack Hyde não seja retirado de onde está.

Sawyer foi firme, o tom claramente ameaçador e não era o diretor que iria contrariar.

— Claro, claro - concordou Filth.

Sawyer se virou para a morena, a face totalmente amena e gentil. 

— Sra. Grey - chamou, num sinal para que a garota o seguisse.

A menina foi prontamente, e permaneceu em silêncio até Sawyer abrir a porta do carro e ajudá-la a entrar no mesmo.

— Sawyer, o Christian está vindo para cá? - ela perguntou assim que o segurança se sentou ao seu lado no banco do motorista.

— Sim, senhora. Não se preocupe com mais nada.

— Sawyer, eu juro, eu não fiz nada, eu juro - suplicou ela, a faze já tomada pelas lágrimas.

— Sra. Grey, está tudo bem agora, logo o sr. Grey estará com a senhora em casa - Sawyer disse, desesperado de repente.

— Por favor, você precisa dizer para ele que eu não fiz nada, que não foi culpa minha, não foi - ela pediu.

Sawyer a olhou com carinho, pegou o cinto e colocou nela com toda a gentileza.

— Eu prometo que vou dizer, Sra. Grey - prometeu e logo arrancou com o carro.

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Notas finais do capítulo

Ipi



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