Atena escrita por Darlan
Sasha estava em casa. Havia se alimentado bastante e dormiu por várias horas do dia, havia se esforçado bastante na ilha.
— Então, o que há de diferente na minha armadura?
— Simplesmente que ela não é abençoada por uma constelação. Sendo assim, ela servirá apenas como proteção. Para lutar, dependerá só do quanto você queima seu cosmo.
— Isso não será um problema. Até agora, só tenho lutado sem armadura, confio no meu cosmo.
— Pode ser, mas não subestime os cavaleiros de ouro. Não é à toa que eles são os protetores diretos de Atena.
— Manterei isso em mente Mu, obrigada.
— Bem, voltarei para Jamiel por hora. Cuide-se.
E ele se foi.
Dali a algumas horas ouviu um estrondo no quintal. Três cavaleiros de prata haviam chegado.
— Apareça! — um deles gritou.
Sasha não se fez de rogada e pulou da janela para o chão.
— Quem são vocês?
— Algethi de Hércules.
— Misty de Lagarto.
— Algol de Perseu. Então, é você que tenta usurpar o nome e o trono da deusa.
— Por favor, não precisam fazer isso. Apenas pensem: o Mestre não está agindo estranho? Nesses vinte anos, por acaso algum cavaleiro sequer viu Atena de fato?
— Atena está sempre presente quando nos reunimos. Nós a vemos em tais ocasiões. — Misty rebateu.
— É uma ilusão. Vocês têm que ver isso...
— O mestre não cria ilusões desse nível.
— Shion de fato não tinha esse poder. Mas, será que ainda é ele quem está lá?
— Já chega. — Algethi disse pisando forte no chão e causando um pequeno tremor — Vamos eliminar a falsa Atena.
Ele avançou com um soco potente. Sasha saltou sobre ele, enquanto esticou o braço esquerdo, com seu cosmo energizado em direção ao quarto. As peças da armadura vieram e equiparam o corpo dela. A armadura era bastante similar no design básico à armadura de um hoplita espartano, porém com formato adequado para um corpo feminino e alguns detalhes no torso.
— O que espera conseguir com uma armadura tão mundana? — disse Misty ao ver que na armadura não havia nenhum dos vincos pelos quais fluía o cosmo do usuário.
— Não dependo de uma armadura.
— Vou baixar sua crista agora mesmo moça. Furacão das Trevas!
Um avassalador turbilhão de ar arrastou Sasha pelo chão, terminando por jogá-la sobre a mansão, atravessando-a quase inteira.
Sasha mal havia se estabilizado, Algethi apareceu atrás dela e segurou seu braço.
— Kornephoros!
Ele arremessou Sasha a vários metros de altura. Ela caiu arrebentando os galhos das árvores na frente da mansão. Ergueu-se com alguma dificuldade, o corpo doía pela queda. Ao levantar o rosto, viu o escudo da medusa de Algol.
— Agora morra falsa deusa.
Mas, para surpresa dele, nada aconteceu com Sasha. Ela o afastou com um soco no centro do torso. Os outros dois vieram ajudar.
— Como? — Algol questionou, tossindo pela pancada no diafragma — Como ela pôde ter resistido ao escudo da medusa?
Os três ficaram perplexos.
— Entendem agora? Eu sou Atena. Por isso o poder do escudo não funcionou em mim.
Misty avançou desferindo um soco. Sasha se abaixou contratacando com um soco na barriga dele. Algol avançou enquanto Misty recuperava o fôlego, desferiu socos só para mantê-la afastada, e começou a desferir chutes seguidos e rápidos. Sasha bloqueou os que miraram sua cabeça, mas não foi ágil o bastante para defender os chutes na sua perna e ela se agachou com o impacto. Nesse instante ela conseguiu defender e segurar a perna de Algol, levantou e o jogou para o lado. Algethi pulou, Sasha rolou para a lateral enquanto o cavaleiro de Hércules destruiu o chão com um soco. Sasha avançou com rapidez enquanto ele tirava a mão do chão e deu um chute frontal, que trincou o elmo dele. Abaixou-se do soco que ele desferiu, deu um chute rápido no flanco esquerdo dele e seguiu com um chute esquerdo alto no rosto. Ele cambaleou, mas não muito. Sasha tentou mais um, mas ele segurou sua perna, jogou-a de cara no chão e depois para longe. Misty pulou pisando nas costas de Algethi e saltou de uma só vez até onde a moça caiu. Vendo Misty, Sasha rolou para frente enquanto o cavaleiro destruía mais um pedaço do chão. Ela chutou suas costas, ele desferiu um cruzado de esquerda o qual ela conseguiu segurar, mas Misty logo desferiu mais um cruzado com a mão restante e ela soltou uma das mãos que segurava a mão esquerda dele para segurar a direita.
— Furacão das Trevas!
Novamente a forte torrente de ar. Sasha começou a ser arrastada, mas já compreendia a força dos ventos do golpe e cravou sua mão na terra com um soco. Deixou um longo rastro, mas conseguiu evitar que fosse jogada para longe novamente.
— Górgona Demoníaca!
Sasha se virou apenas para ver Algol atingir seu torso com um potente chute, que a derrubou.
Os três se uniram. Sasha se levantou.
— Não queria... Mas, não tenho mais escolha. Usarei mais do meu poder.
Ela começou a queimar seu cosmo. Os três se espantaram ante o grande poder que ela agora emanava. Os olhos de Sasha brilharam enquanto ela apontou as mãos abertas para eles. Entre as suas mãos, a energia concentrava-se mais e mais, se tornando muito densa.
— Helius!
Uma grande esfera de luz foi formada pela explosão da energia lançada por Sasha. Os três cavaleiros foram atingidos juntos e tiveram as armaduras destruídas. Quando a energia cessou, estavam todos no chão, desacordados, mas ainda vivos. Se ela tivesse usado um pouco mais de cosmo, poderia tê-los desintegrado.
Sasha mal havia respirado fundo e pareceu que um meteoro havia caído no quintal, pela explosão de luz atrás dela. No centro da relativamente pequena cratera, ergueu-se um homem alto trajando uma armadura dourada que cobria quase a totalidade do corpo, deixando apenas uma pequena parte das coxas e braços sem armadura. Seu elmo imitava a juba de um leão. Havia barba crescendo na parte inferior do rosto.
A presença do cavaleiro era opressora. Ele esbanjava poder, o azul dos seus olhos brilhava indicando o cosmo fluindo constante, sua armadura dourada se iluminava com seu espírito de combate, sua postura era firme e seu olhar era como o de um leão prestes a abater um rival, um predador observando sua presa. Até mesmo ela estava espantada, nunca havia visto um cavaleiro de ouro demonstrando seu poder total.
— Um cavaleiro de ouro?
— Isso mesmo. Sou Aiolia de Leão. Estou aqui para eliminá-la, por cometer o ultraje de se fazer passar por Atena!
— Deus do céu...
Ela teve a impressão de ver a imagem de Aiolia piscar.
— O que está procurando?
A voz dele veio de trás. No instante em que ela se virou, ele estava de costas, mas virou-se a socando com o dorso da mão direita. Sasha foi jogada contra a parede da mansão novamente, onde bateu e depois caiu em cima de alguns carros.
— Gh... Que força...
Ela saiu rápido ao ver Aiolia caindo sobre ela. Ele destruiu os carros com a forte pisada ao cair.
— Aiolia, pare com isso. Não percebe?
— Perceber o que?
— Que fui eu quem seu irmão salvou. Eu sou Atena.
— Não fale do meu irmão! — cerrou o punho.
— É a verdade. Aiolos morreu para me proteger. A armadura dele ainda está aqui, ela confirma a história. Deixe-me trazê-la...
— Ainda que a armadura de meu irmão esteja aqui, não é prova. Shura não viu nenhum bebê com Aiolos. Já chega. Meu irmão já foi desonrado o bastante, não é preciso que uma usurpadora o faça ainda mais.
— Relâmpago de Plasma!
Sasha viu brevemente os múltiplos socos, tão rápidos que se assemelhavam a raios de luz. Ela sabia que esse golpe seria perigoso e conjurou o báculo.
— O quê? Isso é... — Aiolia se surpreendeu.
Concentrando seu cosmo, o báculo gerou um campo de força ao redor de Sasha. Os socos do cavaleiro acabaram vencendo a barreira, mas ela conteve o suficiente para que Sasha evitasse os golpes em cheio.
Ela fez com que o báculo sumisse. Aiolia desferiu socos, dos quais ela esquivou e bateu na barriga dele, apesar de ele mal ter sentido pela proteção da armadura, e depois no seu rosto, que o afetou um pouco mais. Desta vez, Sasha passou à ofensiva e atacou com diversos socos. Aiolia fechou a guarda e defendeu tudo que foi para seu rosto, mas levou socos no tronco, os quais desta vez foram mais fortes, já que Sasha queimava mais seu cosmo.
— Chega! — Aiolia explodiu o cosmo, afastando-a. — Cápsula do Poder!
Sasha conjurou o báculo novamente e deteve o grande disparo de cosmo. A Cápsula do Poder, porém, era mais poderosa e continuava tentando perfurar o campo de força. Ela penetrou alguns centímetros, quando repentinamente o campo se fortaleceu. Sasha queimou mais o seu cosmo, e o seu campo de força ficou tão poderoso que absorveu a energia do golpe do cavaleiro.
— Aiolia...
— Essa voz? Não pode ser... — Aiolia se ajoelhou.
— Meu irmão...
Ele olhou para cima. A grama se dividiu, as folhas das árvores balançaram com força quando seu irmão, Aiolos surgiu ali, de pé em frente a ele. O semblante leonino de Aiolia se desfez. Ele começou a chorar.
— Aiolia, ela diz a verdade. É a menina que eu tirei do Santuário há vinte anos. Eu a escondi, quando tentei argumentar com Shura e usei minhas últimas forças para levar Atena para longe do Santuário.
— Ah meu irmão... Então isso significa que os cavaleiros estão sendo enganados.
— Sim.
— Mas, como? Por que o Mestre... Espere... Já havia se passado alguns dias desde que Saga havia desaparecido do Santuário. E justamente depois de você ser escolhido como sucessor do Grande Mestre. — Aiolia pôs as mãos na cabeça — Como não percebi logo que Saga... Mas, ainda assim eu vi o Mestre agindo de boa fé com as pessoas, com os cavaleiros várias vezes... Algo não está se encaixando.
— A Maldição de Gêmeos meu irmão. Enfim, não posso permanecer muito tempo aqui. Até mais Aiolia, meu irmão. Continue sempre sendo um guerreiro honrado, me orgulho de você.
— Meu irmão... Você nunca foi um traidor e mesmo morto ainda nos protege... Perdoe-me por ter pensado o contrário.
— Não se culpe Aiolia. Saga foi muito astuto.
Então, Aiolos desapareceu. Aiolia se recompôs e caminhou até Sasha, e se ajoelhou.
— Perdoe-me por tudo, senhorita Atena. Devia ter percebido quando vi o poder do seu cosmo derrotar os cavaleiros de prata...
— Não se preocupe. — tocou no ombro dele — Nenhum dos cavaleiros tem culpa.
— Se me permite, voltarei ao Santuário. O... Mestre vai ter que me responder algumas coisas.
Ele se levantou e começou a andar.
— Tome cuidado.
— Não se preocupe.
Ele se agachou, carregou os cavaleiros de prata, seu cosmo explodiu e ele saiu voando.
Sasha respirou fundo e olhou para o horizonte. Depois de tantos anos enviando alguns cavaleiros de bronze ou prata em certos intervalos de tempo, agora foram mandados vários em um curto período, incluindo três juntos. O ápice foi o cavaleiro de ouro.
Ela sabia que não tinha mais tempo.
Era o momento de atacar.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!