Segredos de Auradon escrita por Alessa Beckett Castle


Capítulo 6
O Passado Me Descreve


Notas iniciais do capítulo

Fico feliz de ver que vocês estão gostando da história. Se alguém tiver alguma curiosidade ou achar que algo poderia ser adicionado, podem dizer nos comentários. :D

Até as notas finais!



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      Heather levantou da cama, após outra noite de insônia. Não, desta vez não fui à cozinha. Ela ficara refletindo sobre o que Herkie dissera a ela na tarde de ontem. O primeiro pensamento dela foi encontrar Hadie. Ele estava no jardim da frente, na entrada da escola.

      - Aproveitando o dia sem aula? – Perguntou ela para ele.

      - Bom dia Heath. O que posso fazer por você? – Cumprimentou Hadie.

      - Pode começar contendo o seu “espírito bondoso”. – Murmurou ela.

      - Awn, como é ranzinza. – Brincou ele, a puxando para o chão.

      - Hadie! – Exclamou ela, bufando. – Enfim, você já viu alguém pela cidade que “não deveria estar mais aqui”?

      - O que você quer dizer? – Indagou ele.

      - Eu digo, pessoas que já deviam ter partido. – Ela explicou. - Sabe...

      - Falecido? Nunca entendi seu desconforto em falar isso.  – Ele observou. - Mas, não. Por quê?

      - Porque, talvez eu possa ter ouvido algo sobre e visto também. – Ela relatou. - Sabe o que isto significa?

      - Eu deveria? – Ele arqueou a sobrancelha.

      - Sim. Significa que a ordem natural da vida está desequilibrada em Auradon. E isso não é bom. – Comentou ela, com um sorrisinho.

      - Caramba, papai deve estar furioso. – Hadie comentou, preocupado. - E ele não pode fazer nada...

      - Não. Por isso que nós temos que fazer.  – Ela ressaltou o “nós”. - Sabe-se lá há quanto tempo isto acontece.

      - Mas não pode esperar? Eu digo... Sei que temos compromisso com nossos pais... Só que também merecemos curtir um pouco. Eu sempre quis causar uma guerra de comida. Imagina toda essa galera “principesca” sujos de molho de tomate? Deve ser o máximo! – Vibrou ele, contente.

      - Creio que curtir por um tempinho não vai afetar em nada nossos planos. – Concordou ela. – Eles esperaram por tanto tempo... Podem esperar mais um pouco.

      - Isso! Sabia que ia convencer você. Vamos ao refeitório. Pretendo ver aquela guerra ainda hoje. – Ele determinou, a puxando pela mão.

      ----- // -----

      Heather e Hadie estavam sentados junto de “seu grupo”.  Não lembro quando passei a considera-los como meu grupo. Estavam todos conversando e rindo. Heather se retira para descartar seu lixo, pensando em como aquilo tudo vai parar na Ilha. E pensar que eu poderia comer esta maçã daqui a três dias, se estivesse lá. Perdida em seus pensamentos, ela esbarra em um garoto loiro com a jaqueta do time de Torneio de Auradon. Ele olha para ela com uma expressão “superior” no rosto, antes de comentar algo extremamente desnecessário.

      - Droga. Agora vou ter que levar esta jaqueta para a lavanderia. – Ele reclamou, enojado.

      - Pelo menos a jaqueta é lavável. Já você, nem nascendo de novo resolveria. – Devolveu Heather, enquanto o garoto caminhava até a saída.

      Ela não esperava que o refeitório fosse ficar em silêncio. Ou que ele fosse parar no meio do caminho e virar para respondê-la.

      - O que foi que você disse? – Questionou ele, claramente furioso.

      - Além de tudo, é surdo. – Retrucou, revirando os olhos.

      - E eu achando que os VKs antigos eram petulantes. – Resmungou o loiro.

      - Todo mundo tem um mestre. – Disse Heather, com um sorriso no rosto. – Vendo que a arrogância de seus companheiros é fraca, percebo quem é o professor.

      - Ora sua... – O garoto levantou a mão para bater no rosto de Heather, quando uma mão segurou o braço dele.

      - Movimento errado, Chad. – Heather olhou para o lado, e se surpreendeu ao ver Mal segurando o braço dele.

      - Se atacar um de nós, ataca todos nós. – Completou Jay. Ela pôde ver que todos os VKs estavam perto dela, junto de Ben, Jane, Lonnie, Doug e Herkie.

      - Até você, Herkie? – Indagou Chad.

      - Eu troco a sua companhia arrogante e preconceituosa pela deles, sem pestanejar Chad. – Respondeu Herkie.

      - Acha que agora é a hora? – Sussurrou Hadie para Heather.

      Heather somente deu um olhar significativo para ele, um olhar que qualquer VK entenderia. Os seis, com um sorriso divertido no rosto, gritaram juntos o que todos pensavam.

      - GUERRA DE COMIDA! – Hadie pegou um prato de macarrão e jogou na cara de Chad.

      O restante dos alunos, apreciando a ideia, começou a arremessar diversos tipos de comidas uns nos outros. O grupo de onze pessoas se abaixou e saiu ileso da batalha alimentícia, às gargalhadas.

      - Caramba, fazia um ano que eu não me divertia assim. – Comentou Mal.

      - Parece que Auradon precisa de mais entretenimento do gênero. – Respondeu Heather.

      - Finalmente! Esta noite eu durmo feliz. – Comemorou Hadie.

      Todos começaram a rir de Hadie. E começaram a conversar, enquanto caminhavam para o pátio da Escola. Heather caminhou um pouco mais atrás, andando ao mesmo ritmo de Mal.

      - Hey, obrigada por me apoiar lá dentro. – Agradeceu Heather.

      - Huh...  Quem diria que existe “obrigada” no vocabulário da Rainha da Crueldade. – Respondeu Mal, dando um sorriso fraco.

      - Ah, qual é. Eu consigo agradecer, quando eu quero. – Comentou Heather, convencida.

      - Claro... Eu queria te perguntar uma coisa. – Começou Mal.

      - Provavelmente não seja isso, mas como eu disse à Evie, Hadie e metade desta escola, eu e Herkie somos AMIGOS. Não aconteceu NADA. – Ela esclareceu pela enésima vez.

      Para a surpresa de Heather, Mal começou a rir da atitude dela.

      - Está bem, mas não era isso que eu ia perguntar.  – Mal suspirou. - Eu queria saber... Como foi na Ilha?

      - Este último ano? Bom... Creio que normal. – Heath respondeu, dando de ombros. - Roubando alimentos, colocando o povo na linha, tomando o castelo da sua mãe...

      - Na verdade, eu... Espera, você fez o quê? – Indagou ela, espantada.

      Heather riu da reação dela. Que droga, este lugar já está mexendo comigo.

      - Para comandar um lugar com punho de ferro, você precisa de uma casa que emane poder. – Explicou Heather, simplesmente.

      - Bom ponto. Mas eu quis dizer, como foi na Ilha durante os últimos anos? – Reformulou a pergunta, olhando para ela nos olhos... Ou tentando, já que tinham os óculos no meio.

      - Honestamente? – Questionou a morena.

      - Sim. Lembrando que aqui, mentiras são facilmente detectadas. – Mal a relembrou.

      - Certo, e você sempre leu a todos muito bem. Mesmo que inconscientemente.  – Heath recordou, antes de respirar fundo. - Foi particularmente ruim. A solidão... No início era difícil de lidar, depois, eu me habituei. Até que Hadie voltou a me fazer companhia.

      - Você e Hadie não... – Mal hesitou na pergunta.

      - Não. Eca. Nem pensar.  –Ela respondeu, com uma expressão de nojo, o que fez Mal rir. - Ele sempre foi um irmão para mim.

      - Está bem. – Mal assentiu, erguendo as mãos em rendição. - Eu estive pensando... E sei que Evie já falou com você...

      - Você está propondo começarmos do zero. – Adivinhou Heather. – Novo lugar, novo pensamento. Isso?

      - Isso. Caramba, por que é tão difícil? – Ela murmurou para si, no entanto, Heather ouviu.

      - Você ainda está se adaptando a esse jeito de ser. – Heath explicou tranquilamente. - Totalmente normal.

      - E você está bondosa.  – Mal observou. - O que mudou depois que nos afastamos?

      - Você não faz ideia. – Respondeu ela, seguindo Mal para o jardim.

      ----- // -----

      Á noite, Heather estava sentada na frente da entrada dos dormitórios, olhando as estrelas. Ela sempre as achara incríveis, e sempre tivera um significado diferente do que as outras pessoas pensavam. Ela sentira alguém se aproximando dela, e conhecia somente uma pessoa doida e corajosa o suficiente para fazer isso.

      - Sem sono de novo? Vamos acabar extremamente encrencados desse jeito. – Comentou Heather.

      - Eu sou particularmente curioso. Conversando com as estrelas? – Questionou Herkie.

      - Apenas apreciando a paz delas. Não conseguia vê-las da Ilha. E você é curioso assim desde quando? – Heath arqueou a sobrancelha para ele.

      - Desde um pequeno incidente nos armários. Achei que já havia dito isso. – Ele ponderou, sorrindo de canto.

      - Como é possível que uma pessoa mude tanto sua vida? – Indagou ela, olhando para as estrelas.

      - Alguém na Ilha mudou sua vida? – Perguntou ele. Ela assentiu. – Como ele era?

      - Quem disse que era ele?  - Ela inquiriu, arqueando a sobrancelha. - E por que você quer saber?

      - Ah, chutei. – Ele esclareceu, dando de ombros. - E, às vezes, é bom botar para fora aquilo que passa pela sua mente.

      - Certo. Sim, era ele. E ele era um menino extraordinário. Infelizmente, era muito novo para partir. E pensar que foi por causa de um maldito prato de comida podre... – Ela murmurou esta última parte.

      - Heath, se você não quiser falar sobre... – Começou Herkie.

      - Tudo bem. Você transmite essa confiança. Eu acharia injusto não falar sobre isso. Nunca falei para ninguém... O nome dele era Ethan. Era filho de um capanga. Eu o encontrei deitado, abraçando o corpo do pai. Ele não tinha mais do que sete anos. Ele olhou para mim, com aqueles olhos meigos e pediu para eu dar um enterro apropriado ao pai. Meu ponto fraco desde então são crianças. Eu o ajudei com o enterro. E fui embora. Cinco minutos depois, ele estava atrás de mim. Eu o mandei ir para casa. Ele me disse que não tinha uma. A casa dele era onde o pai estava, e agora o pai estava em um túmulo. Eu o deixei ficar comigo por duas noites. Que virou um ano. – Herkie riu um pouco nesta parte, fazendo Heather rir também. – Durante aquele tempo, eu passei a me apegar a ele. Em toda aquela Ilha, ele foi o primeiro ser que me mostrou como era amar. E eu gostei. Então, a última vez que eu vi ele, não foi nada agradável. Eu e ele tínhamos ido buscar comida. Ele achara um prato com restos de algo que parecia macarrão. E viera me encontrar. Foi quando a filha de Úrsula, Uma, apareceu e tentou pegar o alimento dele. Não contente em arrancar a comida dele, ela tentou mata-lo, e conseguiu. – Heather respirou fundo nesta parte, e deu continuidade a história. – E tudo o que eu pude fazer foi mata-la lenta e dolorosamente. Aí está junto a história de como eu matei pela primeira vez.

      - E você matou outras vezes... – Ele começou a ligar os pontos.

      - Para proteger crianças indefesas. – Ela completou. - Isto eu contei a Hadie. E a história que você ouviu aquele dia...

      - Foi de uma vez que você salvou uma garotinha de ser morta por um vilão. – Completou Herkie.

      - Até hoje eu escuto as últimas palavras dele para mim. – Sussurrou ela, as lágrimas começando a sair de seus olhos. Ela percebeu e ia secá-las, quando Herkie a impediu.

      - Se você precisa, chore. Não há nada de errado nisto. – E ele a abraçou. Heather não conseguiu conter as lágrimas depois disso. – Quanto tempo faz?

      - Hoje completa dois anos. – Suspirou ela, chorando. – Se isso sair daqui...

      - Você fará de mim um homem morto. – Ele assentiu. - Acertei? Fique tranquila. Ficará entre nós.

      - Obrigada. – Ela relaxou no abraço reconfortante, lembrando-se das últimas palavras ditas por Ethan há dois anos.

      Flashback On

      Heather segurou Ethan, que olhava para o céu, tentando respirar, em vão.

      - Ethan, olha pra mim. Você vai ficar bem. – Sussurrou Heather, tentando tranquilizar o menino.

      - Eu sei – Respondeu ele. – Vejo alguém vindo me buscar. É lindo. Tem asas brancas e brilha.

      - Você quer dizer, um anjo? – Adivinhou ela, sentindo seus olhos arderem.

      - Ele diz que sim. Posso dizer uma coisa? – Pediu ele, fracamente.

      - O que você quiser. – Ela assentiu, sorrindo de canto.

      - Proteja as crianças da Ilha. – Ele pediu serenamente. - O que você fez por mim neste último ano, faça por todas as crianças durante todo o tempo que você puder.

      - Eu prometo. – Ela concordou, segurando as lágrimas. - Todas as crianças da Ilha ficarão sob minha proteção.

      - Tem uma última coisa. Obrigado. Nesse último ano, você foi para mim o que ninguém mais foi. Você foi minha família. E eu sou muito grato. Eu te amo, mamãe. – E as últimas forças dele se esgotaram. Heather o abraçou forte, deixando as lágrimas escorrerem, antes de murmurar sua resposta.

      - Eu te amo, filho.

      Flashback Off

 

      Herkie olhou para Heather, para ver que a garota havia dormido em seus braços.

      - Bom, melhor levar você para o dormitório, antes que a Fada Madrinha decida nos dar outra detenção. – Disse ele, para si mesmo. A erguendo no colo, ele caminhou para o prédio dos dormitórios.


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Notas finais do capítulo

Huh. A "Rainha da Crueldade" parece ser bem mais sensível do que as histórias contam. O que vocês acham?

Até o próximo capítulo.



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