Melissa

Grandioso. Essa era a melhor palavra para descrever a base de Dallas, creio que isso se deve ao fato do Texas ter uma forte tradição militar, acho que quando os meninos crescem e percebem que não dá para serem cowboys, automaticamente pensam em ser militares, como se fosse o mais próximo do sonho infância.                                     

— Bom dia, viemos para a segunda fase do alistamento na parte médica, para onde temos que ir?

Pergunto a senhora no stand de informações.

— Bom dia meninas, fico feliz em saber que irão se juntar a família. Bom aqui está o roteiro que vocês terão de seguir.

Nossa esperava que ia ser demorado, mas não esperava que fosse tanto, pelo que eu vejo no papel parece ser coisa de uma semana não de apenas um dia.

— Desculpe, mas teremos de passar por tudo isso hoje?

Eu pergunto enquanto Abby olha vidrada para a folha que nos foi entregue.

— Como vocês sabem no exército temos várias áreas de atuação. Na área médica não é diferente. Primeiro vocês passaram por uma avaliação de saúde se comprovado que estão saudáveis irão para a segunda etapa onde realizaram a prova de conhecimentos médicos se atingirem uma boa pontuação irão para a terceira etapa onde conversarão individualmente com o comandante.

— O que conversaremos com ele?

— Cada como conversa é única, mas basicamente será sobre o porquê querem entrar para o exército.

— E depois dessa conversa o que acontece?

— Bom, se o comandante deixar que continuem ele irá mostrar qual a melhor área para vocês.

— Ok, obrigada!

A senhora sorri para nós com um olhar afetuoso.

— Boa sorte meninas e espero que encontrem o que procuram.

Eu e Abby sorrimos para ela enquanto nos afastamos do balcão e seguimos para a área de avaliação que estava indicada no folheto.

— Abby você está bem?

— Por que está perguntando isso?

— Você está muito quieta.

Uma das maiores características de Abby é ser tagarela, ela simplesmente não consegue ficar quieta, sempre tenta puxar assunto, não importa com quem seja.

— Sei lá tudo isso parece um pouco assustador.

Ela aponta para todas as pessoas que estão sentadas esperando para realizar os exames.

— Nós vamos ficar bem ou pelo mesmo eu acho.

— Por favor se apresente Abby Dawson.

A enfermeira grita.

— Nossa já? Então seja o que Deus quiser.

Sento na última ao fileira ao lado de uma garota que não parava de mexer as pernas e roer as unhas. Era obvio que ela estava nervosa, todos que ali estavam. Eu não ia dizer nada, mas quando ela começou a bater os pés no chão começou a me irritar.

— É isso você pode parar com isso?

— Me desculpe quando eu fico ansiosa ou nervosa eu sou muito inquieta.

 - Eu percebi, eu sou Melissa Parker, pode me chamar de Mel.

— Eu sou Grace Adams.

Observei Grace ela devia ter mais ou menos minha idade, tinha cabelo quase preto de tão escuro e vividos olhos azuis.

— Porque está entrando no exército Grace? É por questão familiar?

— Bom pode-se dizer que sim, meu irmão tem três medalhas de honra ao mérito, ele era um herói.

Posso ver seus olhos emocionados ao falar do irmão.

— Ele morreu em serviço?

— Não, quer dizer mais ou menos, ele morreu trabalhando, mas já não era mais militar, era um bombeiro, faleceu em um incêndio.

— Eu sinto muito, eu sei o que é perder um ente querido.

Minhas memorias voam até meu pai, como sinto a falta dele.

— Quem você perdeu Mel?

— Meu pai, eu tinha só oito anos, ele morreu protegendo o pelotão dele, é por isso que isso que eu estou aqui, quero dar orgulho a ele.

— Eu também quero dar orgulho a meu irmão, eu não tenho muito talento para ser um soldado com armas e tudo mais, mas eu sou uma boa médica, pelo menos eu acho que sou.

Nos duas rimos com aquilo, sabe eu acabei de conhecer Grace mas sinto como se fossemos amigas a tempos, ela parece ser alguém muito amável e engraçada.

— Oi, tudo bem aí?

— Abby nem vi você chegando, como foi?

— Meio esquisito, aquela enfermeira me deu arrepios, parece a dos filmes de hospitais macabros.

Nos três damos risada com aquilo, é um bom momento de descontração que é cortado bruscamente.

— Por favor apresente-se Melissa Parker.

— Boa sorte Mel.

— Se for a mesma enfermeira que eu passei você vai precisar.

Caminho até a enfermeira lentamente, é Abby está certa a mulher é assustadora, deve ter por volta dos seus cinquenta anos, o cabelo está preso em um coque bem apertado e suas roupas estão muito brancas. Pela sua fisionomia penso que do nada ela vai retirar uma faca da roupa e me matar, que mulher bizarra.

— Bom dia senhorita Parker, eu sou a enfermeira chefe Brigdet Hayes, me chamara de Sra. Hayes entendeu?

— Sim senhora.

— Meu trabalho é garantir que nenhum drogado ou doente entre no exército, não precisamos de pesos mortos, queremos bom soldados compreende?

— Sim senhora.

Acho que essa conversa vai ter muito " sim senhora" e " não senhora"

— Aqui será bem simples senhorita Parker, eu simplesmente tirarei uma amostra do seu sangue e medirei seu peso, e depois farei algumas perguntas certo?

— Sim senhora.

Eu já tirei sangue várias vezes, mas nunca tinha doído tanto.

— O seu exame de sangue sai em 2 horas que é o tempo que a senhorita levara para realizar a prova sobre seus conhecimentos médicos. Eu devo te alertar se eu encontrar algo no seu exame não adiantar ter ido bem na prova será eliminada entendeu?

— Sim senhora.

— Quero que seja muito sincera nas perguntas, já fraturou algum osso?

— Não senhora.

— Já utilizou drogas?

— Não senhora.

— Vamos ver o que os exames mostram.

Essa frase veio com um tom muito assustador, essa mulher me assusta demais.

— Pratica atividades físicas? Quero o histórico completo!

—  Eu já lutei Jiu jitsu e pratiquei natação quando era mais nova, hoje em dia eu luto boxe.

— Gosta de luta senhorita Parker?

— Não gosto de pancadaria, quis praticar luta para poder me defender.

— É fumante?

— Não senhora, nunca fumei.

— Já teve alguma doença grave?

— Não senhora.

—  Então como nunca fraturou nada e nem teve alguma doença grave devo acreditar que jamais utilizou medicamentos controlados, estou certa?

— Sim, senhora.

— Sua família tem histórico de doenças hereditárias?

— Não senhora.

— Bom, terminamos por aqui e senhorita tem 30 minutos até o início da prova.

Quando saio da sala enfermeira tomo um susto ao ver a sala de espera que antes estava lotada agora se encontra praticamente vazia. Me direciono até Abby que me esperava na cadeira que antes eu ocupava.

— Nossa porque está tão vazio aqui?

— Chegou um cara aqui, acho que deve ter uma alta patente porque ele gritou com uma das enfermeiras dizendo que estava muito cheio aqui e isso não deveria acontecer, não deu 5 minutos e chegou mais 6 enfermeiras para agilizar.

— Nossa...

— A Grace acabou de ser chamada, sabe eu gostei dela.

— Eu também, ela pareceu ser legal, vamos achar a sala da prova esse lugar parece imenso. 

Era realmente gigantesca a base, as paredes eram todas cobertas por quadros de generais e comandantes, as molduras eram de ouro. Pode-se dizer que o lugar era magnifico, sou tirada dos meus pensamentos quando bato em algo duro.

— Ei você não olha por onde anda? Vai trombando nas pessoas?

Levanto a cabeça para olhar a pessoa que fala comigo com um tom irritado. Devo admitir que ele é bem bonito com cabelos castanhos com leve tom de dourado e olhos marcantes que eu não consigo diferenciar se são azuis ou verdes.

— Qual é Jon deixa de ser chato, ela estava distraída.

Olho para o lado e vejo outro homem esse com cabelos totalmente pretos e olhos escuros e com um grande sorriso no rosto diferente do cara que eu trombei que estava com uma carranca no rosto.

— É cara deixa de ser chato.

Abby já se prontifica em me defender. Eu ainda estava viajando só que agora naqueles olhos azuis esverdeados daquele cara que apesar de ser tão grosso era tão bonito e não sei o que aconteceu comigo.

— Não vai falar nada garota ?

O bruto me pergunta me tirando do transe.

— Primeiro eu não sou nenhuma garota, eu sou Melissa Parker e me desculpe eu realmente não prestei atenção no caminho mas você não precisa ser um grosso e sem educação, aprenda a ter bons modos todos.

Falei irritado fazendo todos me encararem assustados, o rapaz ao lado então fala quebrando aquele clima tenso

— Ei gente vamos acalmar os nervos,  todos estão passando por um dia estressante eu sou Michael Cooper pode me chamar de Mike e esse idiota aqui é meu amigo do Jonathan Saunders e as e as moças são?

— Eu sou Melissa Parker e esta é minha prima é Abby, eu já me descupei e me voce não vai fazer o mesmo senhor Saunders?

Abby sorri com a minha fala, eu nunca fui de levar desaforo para casa.

— Tudo bem confesso que exagerei me desculpe

— Desculpas aceita senhor Saunders agora nos de licença que vamos ficar atrasadas para a prova.

Rapaz do lado que agora conheço como Mike arregala os olhos.

— Quee pergunta prova? Jon você não me disse que teria prova?

 - Essa a prova é só para a parte médica, vamos testar nossos conhecimentos na área da saúde eu creio que vocês não serão médicos do exército ou estou enganada?

— Não você está certa nós seremos soldado.

Mike responde com um sorriso no rosto, enquanto o bruto que agora conheço por Jon não para de me encarar o que estava sendo bem esquisito.

— Até mais tarde cavalheiros.

Me despeço de maneira totalmente fria, eu não sei porque fiquei tão incomodada com esse tal Jon. Mas sem distrações eu estou aqui por um motivo.

Tanto eu quanto Abby concluímos com louvor nosso teste, acho que os anos em Columbia servirão para algo. Também passamos na avaliação da enfermeira do terror e por esse motivo agora estamos sentadas esperando o comando Harrison, ele conversara com cada um de nós e se ele não gostar seremos rejeitadas.

— Mel o que você achou daqueles dois soldados?

— Esse tal Michael Cooper pareceu ser o engraçadinho que faz piadinha com tudo.

— Eu achei ele fofo.

Vejo Abby suspirar.

— Ei Abby foco.

— Aí tudo bem não precisa ser chata, mas o Jon o que você achou dele?

Para falar a verdade eu não sabia direito, sei lá algo nele me chamou a atenção, eu realmente não sei.

— Melissa Parker o comandante solicita sua presença.

— Salva pelo gongo em Mel.

Abby diz rindo.

— Boa sorte prima.

A sala do comandante Harrison ele todo marrom sem ostentar nada, tinha apenas alguns troféus ao fundo.

— Melissa Parker?

— Sim senhor.

— Por favor sente-se.

O comandante Harrison devia ter seus 60 anos, o cabelo já estava totalmente branco, mas seus olhos continuavam um azul vívido.

— Porque quer entrar no exército senhorita Parker?

Uau direto.

— Meu pai foi do exército senhor, ele morreu servindo o país, eu não tenho talento para ser soldado entretendo sou médica e sei que posso ajudar.

— O que sua família acha disso?

— Minha mãe odeia, ela acha que está me perdendo, mas é minha decisão e eu vou dar orgulho ao meu pai.

— A senhora Hayes falou que você pratica luta, é uma pessoa violenta senhorita Parker?

— Não senhor, eu sou pessoa que gosta de se defender, não sou a donzela em perigo.

O comandante ri com aquilo.

— O que se vê fazendo daqui a um tempo?

— Bom se senhor permitir, quero estar em um campo de batalha ajudando os soldados.

— Poderia ir para alguma cidade pelo o exército também em missão de paz.

— Senhor não me entenda mal, mas eu quero ir para o campo de batalha, pois a tempos atrás era o meu pai que estava lá.

O comandante Harrison me avalia por alguns segundos antes e de retomar a conversa.

— Para ir para a campo precisa-se de preparo, algo que não acontece em um dia, creio a senhorita recebeu uma cartilha que ia ter várias atividades hoje, estou certo?

— Sim senhor, até prova de tiro.

— E realmente terá, mas fiz algumas alterações, hoje apenas os soldados treinaram, vocês médicos terão treinamento no centro de preparação que  acontecera durante todo o mês até o embarque provalmente para o Afesnistção, entendio?

— Sim senhor.

— Então bem vinda ao exército Melissa Parker.