O vermelho de Copenhague escrita por Letícia Matias


Capítulo 12
Doze


Notas iniciais do capítulo

Oi oiii gente!!! Tudo bem com vocês?? Espero que sim. Hoje tô até que bem humorada porque vi o crush enfermeiro andando na rua kkkkk ai ai. Eu e meus "amores platônicos". Sou doida mesmo gente. Não liguem.
Ainda bem que chegou nossa segunda - apesar de segundas serem difíceis - mas, dia de postar é sempre bom!! Espero muito que vocês gostem desse!!!!



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A segunda-feira chegou depois de um domingo de dor de cabeça e sonolência. Aparentemente três canecas de cerveja era o meu limite. Acordei na manhã de domingo com minha cabeça latejando em protesto com a quantidade de álcool que eu havia ingerido no sábado à noite.  O fato é que eu não era muito acostumada a beber com frequência, então acho que havia beirado meu limite de álcool.

Na segunda, o despertador soou às seis. Eu tinha dois cobertores jogados por cima do meu corpo e dormia de barriga para baixo, com o rosto amassado contra o travesseiro. Tinha a impressão de que talvez, só talvez, tivesse babado um pouco na fronha.

Levantei-me preguiçosamente da cama e arrastei meus pés até o banheiro para tomar banho. Não consegui despertar muito com a água quente. Eu me sentia anestesiada.

Me agasalhei, pois, ainda que fosse Março, as temperaturas estavam surpreendentemente baixas. No domingo, o jornal local havia noticiado que a nevasca duraria alguns dias e que teríamos alguma trégua durante algumas horas. Porém, não estávamos livres da baixa temperatura ainda.

Vesti uma calça branca, um tênis da mesma cor e uma blusa de manga comprida também imaculadamente branca. Eu parecia uma garrafa de leite ambulante de cabelos vermelhos. Decidi, então, vestir um casaco de lã marrom claro que minha avó tinha feito para mim. Ele era quentinho e me protegeria do frio. Prendi os cabelos ondulados em um rabo de cavalo alto. Peguei uma bolsa com meus pertences e deixei o aconchego do meu pequeno espaço.

Parei no refeitório para ter um rápido café da manhã. Comi uma banana, duas torradas com geleia de morango e um copo de suco de laranja. Estava tudo delicioso e eu desejei ter um pouco mais de tempo para comer mais. Mas eu deveria ir para o ponto de ônibus logo, ou chegaria atrasada na casa dos Zarch no meu primeiro dia.

***

Do lado de fora, olhei bem ao redor para me certificar de que não estava louca. A rua tinha uma camada fina e branca de neve, mas as calçadas pareciam estar mais cheias. Era um "ótimo" dia para estar de tênis. Eu não teria tempo de trocar de calçado, pois o ônibus vinha se aproximando.

Atravessei a rua para ir até o ponto de ônibus. A sra. Irin não estava lá e meio que fiquei decepcionada. Aquela velhinha havia me encantado. Quando entrei no ônibus, sua voz soou novamente em meus ouvidos. Eu deveria descer assim que passasse da pequena ponte de pedras.

***

Ás sete e quarenta eu estava atravessando a rua do bairro de ricos onde a família Zarch morava. Me surpreendi ao ver o riacho totalmente congelado. Estava muito frio. A neve tinha se apoderado dos meus tênis e eu não sentia meus dedos. As árvores perto dali encontravam-se cobertas com o manto branco e gelado.

Parei em frente à porta de madeira e apertei o botão azul do interfone. Respirei fundo e logo a voz enérgica de Betty Berry perguntou quem era - em inglês.

– É a Wendy. - respondi inclinando meu rosto para mais perto do interfone.

A porta se abriu logo em seguida.

– Obrigada, Betty.

Entrei e fechei a porta atrás de mim. Lá estava eu mais uma vez andando sobre o chão de ardósia bege. Eu já sabia por onde entrar, então andei até a porta envernizada da sala de estar. Betty Berry já estava lá, esperando por mim toda sorridente.

– Bom dia, Betty. - a cumprimentei.

– Bom dia Wendy! Ah eu amei esse casaco!

Ela fechou a porta.

– Obrigada! Minha vó fez para mim.

Ela sorriu.

– O sr. Zarch está terminando de tomar café. Venha! Faça companhia para ele. Ele estava ansioso por sua chegada.

A segui até a porta quadriculada e branca de duas folhas. Eu ouvia o som do piano sendo tocado. Me perguntei se seria a sra. Zarch que estaria tocando tão bem. Eu esperava conhecê-la em breve.

Adentramos na maravilhosa sala com aquele tapete exótico e incrível com o desenho dos anjos no céu. Surpresa, vi Jullian sentado no banco estofado em frente ao piano preto reluzente. Era ele quem estava tocando e o fazia com uma concentração invejável. Os cabelos loiros e cacheados nas pontas tinha um leve contraste com o suéter verde escuro que usava. Notei que sua mão esquerda estava enfaixada na área da palma.

– Sr. Zarch, olhe quem está aqui! - Betty anunciou.

Apenas dei-me conta da presença do Sr. Zarch naquele momento. Ele não estava na cadeira de rodas e sim sentado na poltrona qual eu ocupara da última vez que estive ali. Ele sorriu daquele jeitinho torto, a boca repuxada para baixo. Sorri de volta parada ao lado de Betty. Jullian parou de tocar e olhou para mim. Seus olhos azuis pareciam cansados.

– Que bom ver voxê de novo, Wendy. - ouvi o sr. Zarch dizendo.

– Digo o mesmo, Frederick.

Lembrei-me de como ele gostaria de ser chamado. Seus olhos eram tão brilhantes! Jullian me olhava, talvez esperando que eu o cumprimentasse. Engoli em seco e disse:

– Oi Jullian, como está?

– Ótimo. 

O modo como ele pronunciou aquela palavra mostrava exatamente o contrário. Ele com certeza estava mau humorado e raivoso por algum motivo. Observei-o tampar as teclas do piano e se levantar do banco estofado no qual estava sentado. Eu não era muito baixa, mas Jullian com certeza era mais alto do que eu. Com meus um metro e sessenta e sete, eu ficava muito baixa perto dele.

– Wendy, querida, seu tênis parece molhado.

Olhei para o rosto de Betty. Ela estava olhando para meu par de tênis branco e, quando me viu olhando para ela, forçou um sorriso exagerado. 

– Ah é. A neve meio que... penetrou na sola. Estou com os pés molhados. Mas está tudo bem...

– Ora, pegue meias secas para ela, Betty. - o sr. Zarch disse. - Não poderá ficar com os dedos congelados.

Sorri para ele. O óculos retangular de armação preta estava um pouco torta em seu rosto. Fiz menção para me aproximar dele.

– Posso arrumar seu óculos? Eles parecem um pouco tortos.

Lá estava aquele sorriso simpático. 

– Obrigada, querida.

Ajustei a armação do óculos do sr. Zarch e logo endireitei minha postura. No mesmo instante ouvi uma voz feminina adentrando no cômodo. Eu não entendia uma palavra sequer que ela estava pronunciando. Vi o rosto de Jullian ficar sério. Seu maxilar travou e seus olhos azuis fixavam alguém atrás de mim. Segui o seu olhar, assim como todos fizeram e vi duas mulheres paradas lado a lado. Uma delas eu reconheci. Tinha cabelos ondulados e pretos. Era a mulher do clube - a maluca que havia jogado uma garrafa de vidro em Jullian. Ela tinha a pele clara e olhos verdes. Os cílios eram exageradamente grandes e seus traços eram delicados. Seus olhos pareciam inchados.

A mulher ao seu lado era uma mulher mais velha. Apesar de ter um pouco de maquiagem no rosto, tinha rugas visíveis. O cabelo era de um loiro pastel cortado até os ombros levemente ondulado. Os olhos eram de um azul profundo. Vi uma semelhança entre Jullian e ela. Talvez aquela seria a sra. Zarch.

Betty Berry disse algo em dinamarquês para a mulher e saiu do meu lado, aproximando-se de ambas. A loira foi cortês, mas logo voltou a atenção para Jullian. Tinha um olhar desafiador no rosto. A morena e mais nova apenas olhava para o mesmo alvo.

– Wendy, querida, esta aqui é a sra. Zarch. 

Olhei para Betty, miudinha e magra ao lado da mulher que emanava uma aura poderosa. Esta me olhou e não foi nem um pouco escrupulosa ao medir-me de cima a baixo.

– Você deve ser a enfermeira. - ela estendeu uma das mãos.

Dei uns passos para frente e peguei em sua mão, cumprimentando. Forcei um sorriso.

– Sim, eu mesma.

– Esta é... - Betty começou a dizer.

– Anelise, o que está fazendo aqui? 

A voz de Jullian era cortante. Não olhei para trás e desviei o olhar do rosto da garota. Me afastei de ambas as mulheres, pois não gostaria de ficar no meio daquela tensão. Parecia que os três lançavam lasers vermelhos um nos outros apenas com o olhar.

Então aquela era a Anelise de quem eu havia ouvido falar no sábado quando estava indo embora. Desconfiava de que ela era namorada de Jullian. Ela disse algo - não no meu idioma. Acho que eu deveria me acostumar àquilo.

– Betty, minha querida, pode por favor providenciar um chá para todos nós e levar Wendy para conhecer Nigel?

– É claro, sr. Zarch.

O sorriso de Betty era forçado. Ela olhou para mim e eu entendi que deveria segui-la e deixar as quatro pessoas a sós. Obviamente tinham algo a resolver. Segui Betty para a cozinha e fechei a porta quadriculada e branca atrás de mim. A cortina me impedia de ver a sala atrás de nós. Betty começou a colocar uma grande quantidade de água em um bule. Olhou para mim enquanto fazia e sussurrou:

– Parece que hoje teremos briga, Wendy. Vai ser emocionante.

Franzi o cenho e ela deu risada balançando a cabeça.

– Desculpe, isso não foi engraçado. Foi só uma piada para quebra o gelo.

Dei uma risadinha nada sincera. Meus pés estavam congelados. Eu esperava que ela se lembrasse de me emprestar algumas meias secas e quentinhas. 


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Notas finais do capítulo

*suspiros* e então, o que vocês acharam?? Eu tô bem ansiosa a postar os próximos viu. Eu sempre falo isso, eu sei kkkkkk.
Espero que tenham gostado e estejam preparados pra uma treta boaaaaaa. *rindo maleficamente* (Não sei se maleficamente é uma palavra correta na língua portuguesa, mas acho que vcs entenderam) hauahshau
Ai ai, beijos pessoal!!! Até quarta com mais um capítulo ♡♡♡
Obrigada pelos seus comentários incríveis. Eu super me derreto e sempre vou dormir feliz lendo eles.



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