A Rainha do Fogo escrita por gwenhwyfar


Capítulo 8
Oitavo




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Capitulo XVIII

Estou ficando velha demais para essas viagens – pensou Tsunade cavalgando em meio a chuva. O verão havia passado rápido e as primeiras maçãs apareciam verdes, mas em Atlântida ainda os dias eram quentes e úmidos. Apenas três anos depois do casamento de Naruto e o tempo em Atlântida já e diferente do tempo aqui.

Aconchegou a capa grossa junto ao corpo dolorido e o ressentimento surgiu outra vez Hinata é quem deveria ser a Senhora, em Atlântida, depois de mim. Jiraya lhe contou anos atrás que Hinata ficara na corte do Hokage, para servir à Rainha como uma de suas damas de companhia. A Senhora do Lago, servir a uma simples rainha? Como Hinata ousou esquecer seu verdadeiro caminho?

Mandara então uma mensagem para Hinata, pedindo-lhe que voltasse a Atlântida, mas o próprio Naruto lhe respondera dizendo que Hinata saíra da corte havia 2 anos, em direção a Atlântida. No entanto, Hinata não estava em Atlântida, nem na corte de Naruto, nem na de Orochimaru, nem no convento com Kushina, pelo que sabia. Onde andaria sua querida filha do coração? Será que alguma coisa de ruim lhe acontecera nas suas viagens solitárias?

Os rebeldes decidiram invadir o país do Fogo e aquele ultimo ano foi de intensas e sangrentas batalhas. A ultima delas, há cerca de 11 meses, deixou vários mortos e feridos, inclusive Naruto, que pelo que soube, foi ferido gravemente e só não morreu por causa daquela bainha encantada que Hinata fizera para ele.

Sem duvida fora um golpe acertado mandar a moça realizar aquele trabalho, pois além do seu sangue, que também era o de Naruto, ela carregava o sangue do filho deles, uma dupla proteção, magia muito antiga e poderosa.

Depois daquela batalha, que o exército do Hokage venceu, os rebeldes recuaram com enormes perdas. Levaria talvez um ano para que eles se recuperassem. Portanto, naquele inverno ainda restava alguma segurança nas estradas, principalmente para uma jovem mulher, sozinha e de alta linhagem. Ah não – pensou Tsunade – se ela tivesse sofrido alguma desgraça, sem dúvida eu teria visto com a Visão.

Mas não podia ter certeza. A Visão agora era incerta e muitas vezes, quando tentava ver além do presente, apenas um névoa surgia diante dos seus olhos, o véu do desconhecido, da incerteza do futuro que ela não podia penetrar. E a sorte de Hinata estava escondida naquele véu.

Um dos ninjas que a escoltava voltou-se e disse:

- Senhora, posso ver a casa lá embaixo. Dentro de alguns minutos estaremos lá.

Tsunade agradeceu o homem, procurando não deixar transparecer a satisfação que sentia. Não podia demonstrar fraqueza diante de seus ninjas.

Fugaku atravessou o pátio indo ao seu encontro, ajudando-a a desmontar e dizendo:

- Bem vinda Senhora – disse ele – Meu filho Kisame e seu filho estão vindo para cá também. Mandei que voltassem assim que pudessem.

- É tão grave assim meu amigo? – perguntou Tsunade e Fugaku concordou com um aceno de cabeça e continuou:

- Ela dificilmente te reconhecerá. Está muito acabada agora e quando consegue comer e beber alguma coisa, grita como se estivesse sendo queimada viva. Não vai resistir por muito mais tempo, apesar dos remédios que você deixou da outra vez.

- Eu já esperava isso – disse Tsunade com um gesto de cabeça, suspirando – Quando essa doença toma conta, não há mais nada que se possa fazer. Talvez eu ainda consiga diminuir um pouco seu sofrimento.

- Deus te ouça, Senhora. Aqueles remédios que você deixou já não fazem mais efeito agora.

Tsunade suspirou novamente. Há seis meses deixara os remédios mais fortes, desejando que Mikoto morresse logo de uma vez para que não passasse por todo esse sofrimento. Não podia fazer mais nada agora. Fugaku a levou para casa e mandou que a servissem com o jantar, sentando-se confortavelmente perto da lareira.

- A senhora viajou muito na chuva – disse Fugaku – descanse o quanto quiser. As vezes minha mulher consegue dormir um pouco a essa hora do dia.

- Se ela consegue dormir, mesmo que um pouco, isso já é uma grande benção e não a perturbarei – comentou Tsunade, estendendo os pés para que pudessem se aquecer mais, despreocupada e confortável, esquecendo sua triste missão ali. Depois, ouviu-se um grito agudo, vindo de um dos aposentos interiores, e a criada teve um sobressalto, dizendo:

- É a senhora, coitada. Deve ter acordado. Tinha esperanças de que ela dormisse até que tivéssemos servido todo o jantar. Preciso ir vê-la.

- Eu também vou – disse Tsunade acompanhando a mulher até o aposento interior.

Fugaku ficou sentado junto ao fogo, tendo no rosto uma expressão de medo, enquanto o grito agudo ia desaparecendo.

Desde que Mikoto ficara doente, quando a visitava, Tsunade ainda podia ver nela os traços de grande beleza da jovem que criara seu filho Itachi. Agora, o rosto, os lábios e os cabelos sem brilho, tinham quase todos o mesmo tom acinzentado, até mesmo os olhos negros pareciam desbotados, como se a doença tivesse lhe sugado a cor. Como sempre acontecia, os remédios de Tsunade proporcionavam-lhe alguma melhora. Agora era tarde demais para qualquer ajuda.

Por um momento os olhos sem brilho da doente percorreram o quarto sem se fixar, os lábios movendo-se de leve. Viu então Tsunade, pestanejou e disse num fio de voz:

- É você Tsunade?

A Senhora da Magia colocou-se junto dela e pegou-lhe com cuidado a mão emaciada:

- Como se sente, minha amiga?

Os lábios sem cor e rachados contraíram-se numa careta que Tsunade, por um instante, achou ser uma contração de dor, até compreender que era só um sorriso.

- Não podia estar pior – murmurou a enferma. – Acho que Deus se esqueceu de mim. Mas estou contente em te ver outra vez, e espero estar viva para rever ainda uma vez os meus queridos filhos, e abençoa-los...

- Vou tentar reconforta-la um pouco – prometeu Tsunade e pegando seu kit de poções, lavou a boca de Mikoto com uma loção refrescante, limpou os ferimentos resultantes do longo tempo na cama. Sentou-se depois ao lado dela, sem perturba-la com conversas.

Já havia escurecido quando ouviu-se um barulho no pátio e Mikoto, acordando novamente com os olhos febris, exclamou:

- São os meus filhos!

E realmente, pouco depois, Itachi e seu irmão de criação, Kisame, entraram no quarto inclinando-se com o teto baixo.

- Mãe – disse Itachi, inclinando-se para Mikoto e depois para Tsunade – Senhora.

Tsunade estendeu o braço e tocou o rosto de seu filho mais velho. Não era tão bonito quanto Sasuke, mas tinha a mesma elegância e os olhos escuros como os dela, ou como os do irmão.

- Minha pobre mãe – murmurou Kisame aproximando-se de Mikoto – Agora a senhora Tsunade veio ajudar você e daqui a pouco estará melhor, não é? Mas você está tão magra mãe, tem de se alimentar melhor pra ficar curada...

- Não – murmurou ela – Não voltarei a ficar forte enquanto não estiver com Jesus no céu...

- Ah, não mãe, você não deve falar assim... – exclamou Kisame e Itachi, encontrando o olhar de Tsunade, suspirou e murmurou, de modo que nem Mikoto e Kisame o ouvissem:

- Ele não entende que ela está morrendo, senhora... mãe. Sempre insistiu que ela ficaria boa. Eu realmente esperava que ela fosse no outono, quando todos nos ficamos com febre, mas ela sempre foi tão forte...

Sua voz se quebrou e Itachi sacudiu a cabeça, a garganta congestionada. Tsunade afagou-lhe os cabelos escuros, sem saber o que dizer diante daquela dor. Pouco depois, Tsunade disse que todos deviam sair e deixar a doente descansar.

- Diga adeus aos seus filhos, Mikoto.

Itachi a olhou perturbado, mas Kisame não entendeu nada. Os olhos de Mikoto brilharam um pouco:

- Preferiria mesmo que fosse um adeus – murmurou e Tsunade inclinou-se para ela, dizendo carinhosamente:

- Se deseja isso minha amiga, posso te garantir que você não sofrerá mais aqui.

- Por favor – pediu Mikoto.

- Então, vou deixa-la com seus filhos minha amiga, apesar de você só ter dado a luz a um deles.

Dirigiu-se para a sala onde encontrou Fugaku.

- Ela está tranqüila agora, mas não posso fazer mais nada, exceto acabar logo com seu sofrimento. É isso que ela quer.

- Não há esperança então? Nenhuma?

- Não. Para ela não haverá outra coisa senão sofrimento antes do fim.

- Ela disse várias vezes... que queria ter a coragem de se atirar no rio enquanto podia andar até lá...

- Chegou o momento dela ir em paz – disse Tsunade suavemente – Mas quero que saiba que tudo que eu fizer está de acordo com a vontade dela.

- Tsunade – respondeu Fugaku – sempre a amamos e confiamos em você. Se seus sofrimentos terminarem aqui, sei que ela a abençoará.

O rosto dele estava marcado pela dor enquanto acompanhava Tsunade de volta ao quarto. Mikoto conversava tranquilamente com os filhos e Kisame dirigiu-se ao pai, chorando. Mikoto estendeu a mão para Itachi e disse, numa voz frágil:

- Você foi um filho maravilhoso, cuidando sempre do seu irmão de criação. Reze pela minha alma, Itachi.

- Rezarei, mãe – prometeu Itachi, segurando e apertando a mão descarnada da enferma, tremendo, tentando conter sua dor.

- Já tenho o remédio para você, Mikoto – disse Tsunade – Diga boa noite e durma.

- Estou tão cansada – murmurou a agonizante – Ficarei muito feliz em poder dormir...

Tsunade levantou a cabeça de Mikoto, para que ela pudesse engolir.

- Tenho medo de engolir... é amargo e sempre que tomo alguma coisa, sinto dor...

- Juro onee-chan, que quando tiver tomado isto, não sentirá mais dores – prometeu Tsunade, levando o copo aos lábios dela. Mikoto engoliu e levantou a mão esquelética para tocar-lhe o rosto.

- Me dê um beijo de despedida irmã do coração.

Tsunade inclinou-se e pressionou os lábios contra a testa dela, que mais parecia um crânio descarnado. Sentiu então o olhar perturbado de Itachi e disse:

- Venha, vamos deixa-la descansar.

Passaram para o outro aposento. Fugaku ficou para trás, segurando a mão da esposa. Era bom, pensou Tsunade, que ele fique junto com ela.

As criadas tinham servido o jantar e Tsunade se sentou, comeu e bebeu com vontade, pois sentia-se cansada da longa viagem.

- Vocês vieram de Konoha até aqui em um dia, rapazes? – perguntou, sorrindo em seguida: os “rapazes” já eram homens!

- Sim, desde Konoha – respondeu Itachi – e teríamos chegado antes se não fosse esse frio e chuva. – sentou-se e se serviu de peixe e molho. Depois, estendeu o prato a Kisame – Você não está comendo, irmão.

Kisame estremeceu e disse:

- Não tenho animo de comer quando nossa mãe está tão doente. Mas graças a Deus a Senhora veio e ela vai melhorar de novo, não é mesmo?

Tsunade olhou para ele: seria possível que ele não compreendesse? Disse com tranqüilidade:

- O melhor fim para ela será ir agora ao encontro de Deus, Kisame.

Ele a olhou perturbado.

- Não! Ela não pode morrer! – exclamou – Senhora, diga que vai ajudar ela, diga que não vai deixar ela morrer...

- Não sou Deus, a vida e a morte não dependem de mim – explicou Tsunade seriamente – Você realmente quer que ela continue nesse sofrimento, Kisame?

- Mas a Senhora conhece todas as artes da magia! – protestou ele com raiva – Porque veio aqui então se não pode curá-la?

- Chega Kisame – disse Itachi, colocando a mão no ombro do irmão – Você quer que ela continue sofrendo?

Mas Kisame ergueu-se violentamente e olhou para Tsunade.

- Então a Senhora usou a sua feitiçaria para cura-la quando interessava a sua Deusa maligna! – gritou – e agora, quando já não pode fazer mais nada, quer deixa-la morrer...

- Cale-se homem – ordenou Itachi, e sua voz era rouca e tensa – Não viu que a nossa mãe a abençoou e deu um beijo de despedida, era isso que ela queria...

Mas Kisame continuou olhando ferozmente para Tsunade e levantou a mão, como se fosse golpeá-la:

- JUDAS! – berrou – A Senhora também traiu com um beijo...

Voltou-se e correu para o quarto da mãe – O que você fez? ASSASSINA! MALDITA ASSASSINA! PAI, PAI! É um crime...

Fugaku, com o rosto branco, surgiu na porta do quarto e fez um gesto de silêncio, mas Kisame o ignorou e entrou correndo no quarto. Tsunade o seguiu e viu que Fugaku fechara os olhos da morta. Kisame também percebeu e voltou-se para ela, gritando de maneira incoerente:

- ASSASSINATO! TRAIÇÃO, BRUXARIA! BRUXA ASSASSINA!

Fugaku segurou o filho:

- Você não pode falar assim com alguém que sua mãe amava, e sobre o corpo dela!

Mas Kisame agitava-se e gritava, tentando alcançar Tsunade. Ela tentou acalma-lo, mas ele não a ouviu. Por fim, foi para a sala e sentou-se junto a lareira. Itachi se aproximou e segurou suas mãos.

- Sinto muito que tenha que passar por isso Senhora. Ele está em choque e não sabe o que diz, mas quando se acalmar ficará tão agradecido quanto eu. Pobre mãezinha, sofreu tanto... – baixou a cabeça para Tsunade não ver as lágrimas.

- Eu sei, meu filho, eu sei – murmurou Tsunade afagando-lhe a cabeça, como se fosse o menino comprido e magro de há mais de 20 anos – Você deve chorar por sua mãe adotiva, e seria um insensível se não o fizesse.

Itachi estremeceu e ficou abaixado, com a cabeça escondida no colo de Tsunade. Kisame apareceu e disse, com o rosto deformado pela fúria:

- Você sabe que ela matou nossa mãe Itachi, e ainda vem se consolar com ela.

Itachi levantou a cabeça e disse, rouco:

- Ela fez a vontade de nossa mãe, será que você não compreende? Mesmo se ela tomasse os remédios, não teria sobrevivido mais 15 dias, e você não queria que esse sofrimento acabasse?

Mas Kisame continuava a gritar, desolado.

- Minha mãe! Minha mãezinha, minha mãe está morta!

- Cale a boca, ela era minha mãe também! – gritou Itachi com raiva, mas em seguida seu rosto se descontraiu – Ah meu irmão, porque vamos brigar? Eu também estou sofrendo, vamos, venha descansar um pouco...

- Não! – gritou Kisame – Não vou descansar no mesmo teto dessa bruxa imunda que matou minha mãe!

Fugaku entrou, pálido e com raiva, e deu um tapa na boca de Kisame, ao mesmo tempo que exclamava:

- A Senhora da Magia é nossa hóspede e nossa amiga! Você não vai sujar a hospitalidade dessa casa com suas besteiras! Sente-se, meu filho, e coma para não dizer tolices.

Kisame, porém, olhava à sua volta como um animal selvagem.

- Não vou descansar aqui enquanto essa casa abrigar aquela... aquela mulher.

- Você ousa insultar a minha mãe? – perguntou Itachi se levantando.

- VOCÊS TODOS ESTÃO CONTRA MIM! – gritou Kisame, e voltando-lhes a costa, saiu correndo da casa. Tsunade afundou numa cadeira, enquanto Itachi a amparava e Fugaku lhe oferecia um pouco de saquê.

- Beba Senhora e perdoe meu filho. Está fora de si; daqui a pouco voltará ao normal.

- Posso ir atrás dele, pai? – perguntou Itachi, mas Fugaku balançou a cabeça.

- Não filho, fique aqui com sua mãe. Deixe seu irmão esfriar a cabeça, pois agora está cego e surdo.

Tremula, Tsunade tomou a bebida forte de uma vez só. Ela também estava triste com a morte de Mikoto, e se lembrava da época em que elas eram jovens, cada uma com seu filho nos braços... Mikoto fora tão bonita e alegre, haviam rido e brincado juntas com seus filhos, e agora ela estava morta, depois de uma doença devastadora e fora Tsunade quem lhe dera a taça da morte. O fato de que lhe fez a vontade apenas deixava sua consciência livre, mas não diminuía a dor.

Passamos nossa juventude juntas e agora ela está morta e eu estou velha, velha como a própria imagem da morte... E daqueles meninos encantadores que brincavam aos nossos pés, um já é o ninja mais experiente de Naruto, e o outro me mataria se pudesse...

Parecia que os ossos de Tsunade tremiam com uma dor gelada, e apesar de estar perto do fogo, ainda sim não conseguia se aquecer.

- Não se preocupe com o que Kisame disse, logo ele vai recobrar a razão e ver que foi uma bondade para a nossa mãe...

- Não, você está certo – respondeu Tsunade, afagando a mão endurecida de seu filho, que muito antes havia sido tão macia e pequena que ela poderia cobri-la com a sua própria – A Deusa sabe que ela foi mais mãe para você do que eu.

- Ah, eu sabia que a Senhora entenderia – disse Itachi – Hinata me disse a mesma coisa quando a vi pela ultima vez em Konoha.

- Hinata? – foi como se um chicote estralasse dentro de si – Ela está na corte de Naruto agora, meu filho? Ela estava lá quando você saiu?

Itachi fez um aceno negativo com a cabeça, explicando:

- Não. Eu a vi pela ultima vez... há anos, Senhora. Ela deixou a corte de Naruto deixe-me ver... foi antes de Naruto sofrer aquele ferimento mortal.. sim, nesse verão vai fazer três anos que ela partiu. Pensei que ela estivesse com a Senhora, em Atlântida.

Tsunade fez que não.

- Não vejo Hinata desde a coroação de Naruto – mas não deveria preocupar Itachi, por isso mudou rapidamente de assunto – e o seu irmão, Sasuke? Está com Naruto ou voltou para o país do Oceano?

- Não... Ele não deixará Konoha enquanto Naruto for vivo – informou Itachi – Apesar de que ultimamente ele têm se ausentado com freqüência...

Tsunade, com um fragmento da Visão, pôde ler a mente de Itachi e as palavras que ele não queria dizer: “Quando Sasuke está no castelo, os homens percebem como ele nunca tira os olhos da Rainha Sakura, e rejeitou todos os casamentos que lhe foram propostos...

Itachi, no entanto, emendou rapidamente:

- É que ele disse que vai colocar o reino de Naruto em ordem, e por isso está sempre indo de um lugar para o outro, e já matou mais bandidos do que qualquer ninja ou samurai de Naruto. Dizem também que vive tão castamente quanto um monge – e Itachi sorriu irônicamente – Não sabe que ele se tornou cristão, Senhora?

Tsunade sacudiu a cabeça:

- Não me surpreende. O seu irmão sempre teve medo do que não pode compreender, e a fé cristã é perfeita para escravos que se consideram humildes... – Fez uma pausa, percebendo o leve desprezo em sua voz, e continuou – Desculpe meu filho, não pretendia menosprezar, sei que é a sua crença também.

Itachi pestanejou e sorriu:

- Realmente, acaba de acontecer um milagre! A Senhora pedindo desculpas por alguma coisa!

Tsunade mordeu os lábios:

- É assim realmente que me vê, filho?

Ele fez que sim com a cabeça:

- Ah, você sempre me pareceu a mais orgulhosa das mulheres, Senhora.

Tsunade procurou alguma outra coisa sobre a qual falar.

- Você disse que Sasuke anda recusando os casamentos que Naruto lhe arranja, o que ele está esperando? Será que está mais interessado num dote maior do que o oferecido por qualquer outra moça?

E mais uma vez pode ouvir com clareza os pensamentos de Itachi Ele não pode ter a mulher que ele quer, pois ela já está casada com o Hokage... Mas Itachi disse:

- Eu não disse que Sasuke anda recusando casamentos Senhora, embora a leitura de mentes não seja um método de persuasão muito agradável, você sabe.

Tsunade o encarou surpresa e ele continuou tranquilamente:

- Ele diz que não está pensando em se casar tão cedo e fala que gosta mais do seu cavalo do que de qualquer outra mulher que não pode acompanha-lo nas batalhas.

- Bem, então você deve se orgulhar do seu irmão – concluiu Tsunade e a conversa se desviou para amenidades. Pouco depois, ela se levantou para ajudar a preparar a morta e foi convidada a ocupar o melhor quarto de hóspedes, onde pôde finalmente dormir. Mas tudo que conversara com Itachi parecia vir à mente, em seus sonhos, e por um momento viu Hinata em meio a névoa cinzenta, correndo por uma floresta de arvores estranhas, coroada de flores que Tsunade nunca viu na vida. Ao acordar, repetiu consigo Não posso perder mais tempo! Preciso ver Hinata com a Visão.

Pela manhã foi o enterro de Mikoto. Kisame voltou e ficou chorando junto da sepultura. Tsunade tentou consola-lo, disposta a esquecer todas as ofensas sofridas, mas o rosto de Kisame permaneceu frio e fechado; ele voltou-lhe as costas e se afastou.

Fugaku convidou-a a ficar por mais um dia, mas Tsunade tinha negócios urgentes para resolver em Atlântida. Itachi também se aproximou e perguntou:

- Quer que eu te acompanhe até Atlântida, Senhora? Costuma haver muitos assaltantes pela estrada até lá.

- Não, meu filho, você deve ficar com seu pai e seu irmão – disse Tsunade, na ponta dos pés para abraça-lo, com um sorriso – eles precisam mais de você do que eu. Não se preocupe comigo, não sou nenhuma virgenzinha indefesa. E faça as pazes com seu irmão, não brigue com ele por minha causa, Itachi.

Teve um estremecimento, como se sentisse frio e pareceu, por um breve momento, ouvir o tinir de espadas e ver Itachi sangrando, com uma grande ferida...

- O que foi, Senhora?

- Nada, meu filho. Prometa-me apenas que não vai brigar com seu irmão Kisame.

Itachi pareceu espantado e inclinou-se para beijar a mão de Tsunade.

- Não vou brigar com ele, não se preocupe.

Tsunade dizia a si mesma, enquanto viajava para Atlântida, que a Visão que teve ao se despedir de Itachi era conseqüência do cansaço e do medo. E de qualquer modo ele era um dos guerreiros mais requisitados de Naruto, algum machucado era inevitável. Porém, a imagem persistia em sua memória, e ela tinha a sensação de que ele e o irmão adotivo acabariam brigando por sua causa.

Também estava preocupada com Sasuke. Ele já passara da idade de se casar, mas também talvez ele fosse um daqueles homens que não se preocupavam muito com as mulheres, e se ele era muito dedicado à Rainha, sem dúvida era para que seus soldados subordinados não pensassem que ele era homossexual.

Mas acabou afastando os filhos do pensamento: nenhum deles ocupava o lugar de Hinata em seu coração, e Hinata... onde ela estava? Preocupada, Tsunade prometeu logo que chegasse mandaria uma mensagem ao reino Hyuuga, onde Kushina vivia, e ao norte, para a corte de Orochimaru, onde Hinata poderia ter ido visitar o filho. Tsunade tinha visto o pequeno Gwydion uma ou duas vezes, em seu espelho, mas não lhe dera muita atenção já que ele parecia bem. Hanabi era bondosa com todas as crianças pequenas, já que teve quatro filhos, além do que – pensava Tsunade – ainda tinha tempo para pensar em Gwydion, quando ele tivesse idade suficiente para ir para Atlântida....

Chegara o momento, e até Tsunade admitia, de abrir mão do governo de Atlântida, para que uma mulher mais jovem se tornasse Senhora da Magia, e ela apenas uma das mulheres sábias do Conselho das Anciãs. Pensara que poderia agüentar até que a amargura de Hinata passasse e ela voltasse a Atlântida, mas se aconteceu alguma coisa a Hinata... Onde estava Hinata?



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Notas finais do capítulo

N/A: demorou mas saiu enfim... HUAUHAH só queria dizer que não abandonei a fic não, só estou meio sem tempo e tive um lapso na minha criatividade que foi tenso... mas o prox cap já está sendo escrito ^^ Obrigada a quem acompanha e até o proximo ^^



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