Coisas Que Odiamos No Zachary Baker escrita por ICherry


Capítulo 3
Dia 3: Gordo bipolar, péssimo senso de moda




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Shadows

Eu sempre me dei muito bem com o Zacky, o jeito meio idiota dele sempre me cativou, amigavelmente falando, é claro. Porque ele é meio que, como eu posso dizer? Ah, excêntrico. Você não acha um Zacky V em qualquer esquina. Tem alguns fatores em particular que fazem dele um cara tão diferente, eu vou citar dois que muito me chamam atenção, o péssimo senso de moda, e a bipolaridade excessiva.

Certo dia eu estava varrendo a frente da minha casa. Sim porque, Valary me obriga a fazer isso todos os dias. Quando repentinamente um carro que aparentemente vinha desgovernado freia perto de mim. De inicio me assustei dei um pulo, até deixei a vassoura cair. Mas aí eu notei que era o Zacky, peguei a vassoura e esperei o infeliz vir até mim enquanto me recuperava do susto. Ele nem se deu ao trabalho de estacionar o carro direito, deixou o veículo torto de qualquer jeito, e se aproximou. Meus olhos sangraram (metaforicamente falando) quando notei que ele estava usando o famoso roupão de oncinha. Nos pés pantufas da peppa pig. E não para por aí. Estava com uma touca térmica no cabelo e o cigarro aceso na boca.

— A Val está aí? – Perguntou, tranquilamente.

— Primeiramente bom dia. – Ironizei, vendo ele rir. – Que porra é essa no seu cabelo?

— Ah, pintei de roxo e dei uma hidratação. – Falou ele quase que se gabando.

— Não sério? Ah cara o que eu já te falei sobre esse cabelo soar gay demais? – Reclamei, indignado.

— O cabelo é meu se eu quiser pintar ele de purpurina eu pinto! – Falou levantando as mãozinhas gordas.

Revirei os olhos, estava rindo por dentro com a coisa da purpurina.

— Afinal o que quer com a Valary? – Eu não sentia ciúmes dele, até porque ele meio que não representava um risco pra mim, a Valary nunca trocaria um homem másculo, macho e bem dotado como eu, pelo Zacky Purpurina. Mas eu admito que minha curiosidade não me permitiu ficar calado.

— Vim pedir uns conselhos amorosos, eu e a Gena brigamos. – Ele suspirou triste.

— Veio pedir conselhos amorosos às seis e meia da manhã? – Eu nunca conseguiria me acostumar com a folga do Zacky.

— Por favor, eu estou precisando tanto de um ombro amigo. – Umas lágrimas brotaram nos olhos dele. Meu coração apertou. Me aproximei e o puxei pra um abraço. Eu, ele e a vassoura, eu não largava a bendita da vassoura.  

— Fica assim não gordo, tem milhares de fãs que dariam tudo pra tocar nas suas gordurinhas. – Falei, numa tentativa falha de consolá-lo.

— Mas eu amo a Gena! – Ele chorou alto como uma criança, continuei abraçado a ele, que molhava minha camisa. Olhei a minha volta me certificando de não passar vergonha por causa dele.

— Vamos entrar, acho que a Val pode te ajudar. – Falei e entramos juntos, enquanto ele assoava no nariz no roupão.

Quando chegamos à sala, Val estava dormindo no sofá, ela sempre gostava de acordar cedo e ir pro sofá dormir lá. Não é só o Zacky que tem manias estranhas por aqui. Ela estava inclusive, babando o edredom. Muito sedutora essa minha mulher.

— Tem certeza que vai querer acordar ela essa hora? – Perguntei, sabendo que isso a deixaria estressada.

— Claro. – Disse ele e a cutucou. Algumas vezes, e mais algumas vezes até ela finalmente abrir os olhos.

Ela olhou pra ele e depois pra mim, e se espreguiçou.

— O que você quer Zacky? – Perguntou com a voz rouca quase inaudível. – Espero que seja importante, porque porra custava me deixar dormir até as oito? Eu nunca durmo até as oito. Não tenho sossego, vocês não me deixam em paz, quando não é um me enchendo o saco, é outro... Sempre tem alguma coisa, um dia quando eu morrer vocês vão se lamentar...

Depois do discurso “mãe do grupo” ela se calou e se sentou. Eu já sabia que ela ia falar tudo aquilo, e que ia ficar estressada. Ela ficava tão linda estressada. Com exceção do cabelo meio bagunçado, olhando assim parecia com a vassoura que estava nas minhas mãos, mas porque diabos eu ainda não tinha soltado aquela vassoura? A larguei num canto e sentei ao lado do Zacky no outro sofá, fiquei mexendo no celular, eu queria mais era escutar a conversa.

— Desculpa Val, mas você sabe que te amo e que...

— Sem me babar, fala logo. – Cortou ela.

— Linda, sempre tão gentil. – Brinquei, vendo ela me lançar o dedo do meio.

Então o Zacky começou a desabafar, contou tudo pra Val como se fosse sua mais secreta confidente. Ela escutou tudo com aquela cara de chata de sempre, que eu adorava, ai como eu amava aquela mulher, enfim. Depois que ele se calou, eu e Val nos entreolhamos. No íntimo do coração dela, ela queria mandar ele ir à merda, mas a mamãe do grupo soube como agir sem magoá-lo e disse palavras reconfortantes. Zacky chorou mais um pouco e por fim ele mudou de assunto e começou a falar sobre outras coisas, a nova tatuagem, uma bebida estranha que ele tinha criado, quando me dei conta Val e ele já estavam olhando revista de moda juntos. Aí eu me retirei, porque né.

Outro dia, estávamos no hotel. O nosso show começaria ás onze da noite, e ainda eram sete. Eu estava comendo sopa numa tigela sentado na cama, assistindo Johnny e Brian jogar vídeo game. Enquanto isso Zacky jogava baseball dentro do quarto. Sim, ele sempre fazia isso, em qualquer canto. A gente na praia e o Zacky, com o taco na mão. “arremessa pra mim, por favor” pedia ele. A gente na casa dos avós do Johnny, e ele com o taco na mão. A gente no backstage dos shows e ele com a bola na mão. Enfim. Você já entendeu.

Jimmy resolveu fazer a caridade de jogar com ele, o Zacky geralmente não conseguia rebater as bolas do Jimmy. Aí ficava estressado xingando tudo, até o nome do pai do Brian entrava no meio. E quando ele conseguia rebater, a bola ia parar nos lugares mais inusitados. Primeiro ela caiu dentro da camisa do Johnny, nem me pergunte como. Depois, acertou a testa do Brian, e é claro que o mesmo deu três murros nas costas do gordo, coitado. Eu só estava rindo, até a bola cair dentro da minha sopa. Gritei com ele, mais do que devia, ele começou a chorar. Jimmy como sempre, o defendeu, disse que “o coitado só queria brincar de baseball” fala sério cara, minha sopa? Logo na minha sopa? Fiquei com dó dele, e pedi desculpas. E o Zacky voltou a brincar de baseball, depois ele quebrou a janela do quarto.

Perto do horário do inicio do show quando todos já estavam saindo pro carro que nos levaria, aproveitei um pequeno momento de tempo que tive sozinho, e fui escrever meu bilhete pro mural do gordo.

Você é muito bipolar, mal termina de chorar as mágoas e já vai olhar revista de moda com a mulher dos outros. Adora fazer piadinhas, mas se fizermos com você, você chora mais um pouco. E se reclamarmos porque você quebra os vidros dos hotéis, você... Chora mais um pouco. E depois que te perdoamos, você volta a rir e nos irritar. Minha paciência se esgota a cada dia mais. E cara, meus olhos sangram sempre que você aparece com um dos seus looks ousados no estilo “idosa dos anos 80”. Amigo, pare que tá feio.

Guardei o papel na minha mala e corri, eles já estavam me esperando lá em baixo. Naquela mesma noite, flagrei ele limpando o nariz na cortina do backstage. E é claro, fotografei pra colocar no mural.


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Notas finais do capítulo

Curtiram? Espero que sim! Até o próximo :B



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