Coisas Que Odiamos No Zachary Baker escrita por ICherry


Capítulo 2
Dia 2: Você é muito sem noção


Notas iniciais do capítulo

Agora é a vez do Jimmy falar sobre o Zacky :)



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Jimmy

Meu dia não tinha começado nada bem, na hora de tomar café da manhã, queimei as panquecas e elas simplesmente ficaram tão queimadas que deixaram de ser panquecas. Aí eu resolvi fritar uns ovos, mas meu fogão por algum motivo desconhecido, não quis funcionar. Suspirei indignado e fui trocar de roupa pra ir comer algo na casa do Zacky, porque além dele morar perto, era quem mais tinha comida em casa. Mas antes de sair da cozinha, bati com o dedo do pé no armário, gritei sem me conter, e subi as escadas resmungando. Depois que vesti a bermuda, casaco e chinelos, fui até a casa do Zacky. Fui andando mesmo, porque acho que estou precisando emagrecer. Sério.

Quando eu toquei a campanha duas vezes e ele não apareceu, entrei sem permissão mesmo. Com exceção dos dois cachorros dele que correram até mim babando pelo chão e balançando o rabo, não havia mais nenhum sinal de vida naquela sala. Depois de conseguir driblar os cachorros, eu subi as escadas. Eu poderia simplesmente comer e ir embora sem ser notado, mas eu precisava mesmo saber o que o ZV estava aprontando. Passei pelo corredor abaixando a cabeça pra não bater nos lustres que ficavam pendurados de forma desagradável, ele certamente não pensou em mim quando os pendurou ali. Gente, qual a necessidade disso? Desejei arrancas os lustres e pisar em cima, mas me contive porque sabia que o prejuízo sobraria pra mim.

Quando finalmente cheguei ao quarto dele, não bati nem nada, abri. E bom, digamos que eu nem queria ter olhos naquele momento, muito menos ouvidos. Ele estava dançando ao som de Shakira. Com a escova de dentes na boca, ele fazia os mais variados passos, desde requebrar o bumbum, até o famoso moonwalk. Pra piorar ele estava vestido somente com o short de dormir. Eu prendi a respiração segurando minha gargalhada e tirei o celular do bolso, rapidamente, tirei uma foto sem ele perceber. Só quando guardei o celular, liberei a minha gargalhada. Eu ri alto. O Zacky se virou pra mim num pulo, e correu pra desligar o som.

— O que está fazendo aqui? – Falou de forma quase incompreensível com a boca cheia de creme dental.

— Assistindo seu show de camarote. – Falei ainda rindo, eu estava provavelmente vermelho de tanto rir.

— Já ouviu falar em bater na porta antes de entrar? – Questionou em tom de indignação.

— Se não estivesse ouvindo Shakira no último volume, eu até teria tentado bater. – Justifiquei dando de ombros.

Ele me lançou um olhar que ele jurava ser assustador, mas não botava medo em ninguém. Ri mais um pouco e me sentei na cama dele. Ele voltou ao banheiro pra terminar de escovar os dentes, eu acho. Olhei a minha volta. Que porra de quarto imundo era aquele? Tinha tanta teia de aranha na parede que dava pra fazer algodão doce. Sem falar nas meias fedidas jogadas ao lado da cama. E aquele pedaço de pizza jogado em cima de uma chinela? Fiz uma careta. Decidi que iria contratar uma empregada pra ele o quanto antes.

Zacky voltou ao quarto.

— Por favor, não diga a ninguém que eu estava ouvindo Shakira! – Suplicou ele, fazendo biquinho.

— Posso falar pelo menos sobre a parte do moonwalk? – Brinquei, sentindo dó dele, pela foto que eu tinha tirado e com certeza iria para o mural de aniversário.

Zacky revirou os olhos.

— Afinal, o que faz aqui tão cedo?

— Dez horas da manhã não é cedo pra mim. – Expliquei, admirando os peitinhos dele, acho que o Zacky está precisando de um sutiã.

— Para de olhar pros meus peitos! – Gritou ele, tampando os mesmos com as mãos.

Soltei mais uma risada.

— Eu vim tomar café com você. E depois vamos para o ensaio juntos.

— Claro, eu tinha me esquecido do ensaio. – Ele bateu na própria testa. – Temos que nos apressar!

Eu o acompanhei em direção a porta, mas parei quando algo na mesa de cabeceira dele me chamou atenção. Fui até lá e peguei pra ver de perto.

— Não acredito que você tem a playboy da Lindsay Lohan! – Gritei.

Zacky veio até mim e pegou a revista da minha mão, a jogando habilidosamente debaixo da cama.

— Qual o problema? Ela é uma ótima atriz. – Falou ele, cruzando os braços.

— O que a Gena acha disso? – Questionei, arqueando a sobrancelha.

Zacky me lançou um olhar de desdém.

— Até ela tem a playboy da Lindsay Lohan.

Nem tão surpreso assim com a resposta do Zacky, eu o puxei escada a baixo, já não estava mais aguentando a fome. Tomamos café juntos, eu comi pra caramba, enquanto ele contava um filme que tinha assistindo, contou o filme todo, eu não via a hora de terminar o café pra sair da mesa e não ter mais que ouvir ele falando da velha de duas vaginas. Que tipo de filme era esse? O tipo que o Zacky gosta.

Após alguns minutos estávamos indo juntos para o estúdio ensaiar. O som do carro tocava um rap no último volume, enquanto fazíamos movimentos típicos com a cabeça e as mãos e até rolou um beat box pra incrementar.  O lado ruim era que o Zacky estava dirigindo, e cara, ele deve ter comprado a carteira de habilitação. Porque eu nunca na minha vida vi alguém dirigir tão mal. Quando finalmente chegamos ao estúdio e eu desci do carro, agradeci a santa dos passageiros por ter me protegido. Entrei no estúdio com dificuldade, já que por algum motivo Zacky começou a esfregar o órgão reprodutor dele em mim.

— Acho que a Gena precisa te dar um trato bem dado. – Falei, quando finalmente entramos na sala onde os outros já estavam.

— Desculpem pelo atraso. – Se desculpa Zacky, pegando sua guitarra rapidamente e a beijando. – Senti sua falta Julieta.

— E quando é que você não atrasa? – Reclamou Shadows, que estava deitado no sofá lixando as unhas da mão.

— Ainda não me conformo que sua guitarra se chame Julieta. – Debochou Brian.

Eu sentei na minha bateria e girei minha baqueta na mão enquanto comentava o assunto.

— Pior você que nomeou sua escova de dentes, e usa ela há um ano! – Falei, sem querer defender o Zacky, mas já defendendo.

— E ela se chama Vilma! – Completou Johnny, rindo.

Brian fingiu uma risada de deboche e depois voltou a ficar sério.

— Que nojo! – Shadows fez uma careta.

— Eu parei de usar ela, está guardada agora. – Justificou. Brian odiava se sentir zoado e eu sabia bem disso.

Bati num dos pratos da bateria interrompendo a conversa.

— Podemos ensaiar agora? – Perguntei vendo todos concordarem e se posicionarem. Começamos a ensaiar logo em seguida.

Três horas depois, quando o ensaio foi concluído, saímos juntos pra lanchar num restaurante que ficava perto da praia. Sentamos numa das mesas de fora, como de costume, porque preferíamos o ar livre. Eu estava animado porque ia finalmente depois de um mês, matar minha vontade de comer camarão. Todos escolheram o que iriam comer, mas pra variar o Zacky ficou por último. O garçom veio anotar nossos pedidos e o Zacky lá, segurando o cardápio, com as pernas cruzadas parecendo uma socialite feia e gorda, roendo as unhas de uma das mãos.

— Zacky! – Chamei de forma discreta, já que o garçom estava por perto e eu não quis ser mal educado.

— O que é? – Perguntou ele, despreocupado.

— Só falta você escolher o que quer comer. – Expliquei pigarreando em seguida.

— Só um momento. – Disse ele, e voltou a olhar o cardápio.

Só longos minutos depois ele se pronunciou.

— Tem lagosta? – Questionou encarando o garçom, que impaciente, tentou manter a simpatia.

— Tem sim senhor. – Respondeu o homem.

— Hum. – Ele voltou a olhar o cardápio. – Vocês a fazem ao molho? – Perguntou novamente, vendo o garçom concordar deu mais uma olhada no cardápio. – Tem batata doce?

— Batata doce? – Falamos eu e Brian ao mesmo tempo, não disfarçando nossa irritação com a demora do Zacky.

— Não temos isso aqui. – O garçom suspirou.

— Acho que vou querer uma batata frita. – Decidiu depois de longos minutos. O garçom anotou o pedido e saiu rapidamente.

— Tudo isso pra pedir uma batata frita? – Shadows estava indignado.

— Como consegue ser tão irritante? – Perguntou Johnny.

— Qual é galera, eu tenho o direito de escolher com calma. – Falou ele.

— Existe uma diferença entre escolher com calma e explorar os garçons. – Falei, desacreditando na cara de pau do ZV.

Ele continuou roendo as unhas até a comida chegar, e quando chegou nos servimos e começamos a comer e conversar. Do nada lá estava Zacky enfiando batatas fritas no nariz, o pior era que quando ele começava com as palhaçadas era como se contagiasse os demais, não que eu seja muito normal e maduro pra falar, mas você sabe, o Zacky é algo surreal. Brian pegou um camarão e começou a fazer ele de fantoche, o intitulou de Valary e deu vida ao pobre fruto do mar, numa encenação criativa e hilária, Shadows começou a rir, cuspiu acidentalmente a cerveja no ouvido do Johnny. Fazer o que se ele estava logo ao lado, e passou despercebido. Eu só conseguia rir, pensando no quanto aqueles caras me faziam passar vergonha. Fala sério, todas as pessoas nas mesas próximas estavam nos observando. E assim foi o resto da nossa tarde. Ainda eram seis horas da noite quando eu botei o Zacky bêbado dentro do carro e levei ele pra casa.

— Você conhece a piada do pintinho? – Perguntou, enquanto eu abria a porta da casa dele e o conduzia pra dentro.

— Não. – Menti. É que ele já havia contado essa piada umas cem vezes sempre quando bebia, mas ele ficava magoado quando desprezávamos as piadas dele, então eu sempre escutava essa piada como se fosse à primeira vez.

— O pintinho tinha uma perna só, aí ele foi sentar e caiu! – Disse e começou a rir, se jogou no chão. Parecia até ataque epilético, era na verdade uma hiena tendo um ataque epilético.

Eu ri da reação dele, porque a piada não tinha mais graça pra mim. Depois o levei pro quarto, tirei os chinelos e a camisa dele, e o joguei na cama. Ele caiu e instantaneamente adormeceu. Antes de sair fechei a janela do quarto.

Quando cheguei em casa, ainda era cedo, então fui terminar umas composições enquanto bebia um café quente pra já ir cortando os efeitos de uma possível ressaca no dia seguinte.

Enquanto remexia no meu emaranhado de papéis, com letras e partituras, lembrei que hoje era meu dia de escrever pro mural do gordo. E como o tema era “coisas que odiamos” repensei meu dia e tinha coisa de sobra pra falar, mas fui direto.

Você é desorganizado demais, e precisa urgentemente de um sutiã. Tem um péssimo gosto musical. Que tipo de guitarrista macho rebola ao som de Shakira? Talvez seja hora de assumir sua verdadeira opção sexual. E até quando eu terei que ouvir a piada do pintinho? Te carregar bêbado eu até carrego, mas a piada do pintinho é demais pra mim. Na boa, você não é normal. Mas gosto de você mesmo assim. Embora as vezes eu planeje te deportar pro Oceano, sabe como é, lugar de baleia...

Assinei meu nome e voltei a me concentrar nas composições. 


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Notas finais do capítulo

Não sejam fantasmas :(



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