Imagine - SUPERNATURAL escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 12
Castiel


Notas iniciais do capítulo

Mai errado do que isso só Fifth Shades of Padre Fábio de Melo



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Novo México

Já deviam ser cerca de sete da noite quando você entrou naquele bar de estrada e olhou ao seu redor. Nada. Quando é que você iria aprender que pontualidade e Winchester não combinavam na mesma frase? Havia ligado para eles na noite anterior, solicitando ajuda em um caso. Não seria grande coisa para qualquer caçador, mas para você sim. Desde dois anos antes você não suportava colocar um pé dentro de uma Igreja novamente e bem, se quisesse resolver esse em questão precisaria de apoio dos irmãos.

Apoio moral e de fogo.

Vocês se conheceram quando os rapazes se disfarçaram de padres e foram até o seu convento, em busca de um Poltergeist. O caso tomou proporções tão épicas que um simples fantasma se tornou uma grande dor de cabeça, ateando fogo a pelo menos metade da construção. Você não queria ficar sem fazer nada, agora que já sabia da existência de todas as criaturas e monstros existem mundo afora. Com um pouco de instrução, Sam e Dean se tornaram seus mentores na caça – o que de certa forma era um grande divertimento para o mais velho: poder se gabar que ele havia desvirtuado uma freira.

Você podia ter abandonado o Hábito, mas continuava com sua crença de serem todos vigiados por Deus. Você rezou quando Sam enterrou o corpo de Dean no ano anterior, havia confortado e enxugado as lágrimas do grandão com suas palavras e citações bíblicas. Todas as noites pedia por piedade e misericórdia a Dean, até o dia em que recebeu uma ligação dele. Ali, você teve sua certeza que nunca esteve errada. Podia não ser mais uma freira, podia agora manter uma relação intima com uma arma, mas também não concordava com sua nova vida.

Mesmo passando a maior parte do tempo em bares de estrada, você nunca colocara uma gota de álcool na boca. Sexo casual? Nem pensar. No máximo uma partida de dardos. Era exatamente isso o que estava fazendo quando sentiu o ambiente pesar e o resto dos caçadores prenderem a respiração atrás de você.

—S/n?

Quando você se virou, encontrou Dean a poucos passos de você, com seus braços abertos esperando um abraço.

—DEAN! -   Você não teve dúvidas antes de correr em sua direção e pular em seu pescoço, o abraçando com toda sua força – sendo retribuída do mesmo jeito.

—Eu sabia, Dean. Ele iria ouvir e te tirar de lá. – Sua emoção falou um pouco mais alto. Sabia que ele não gostava muito desse assunto, mas que se danasse. Ele finalmente estava de volta do inferno.

—Acho que... acho que dessa vez não vou discordar de você, S/n.

—Como assim você não que refutar? Você realmente veio inteiro de lá? – Embora divertida você logo percebeu a besteira que havia falado ao notar a falta do brilho no olhar do mais velho – Me desculpe, eu....

—Você disse que precisava da nossa ajuda, não é?

—É, isso... vamos nos sentar? Talvez seja melhor.

Andaram algumas mesas a frene e se sentaram junto de Sam. Você sequer notou a outra figura sentada roboticamente ao lado do moreno, completamente alheio a sua presença.

—Ô meu consagrado, traz umas três cervejinhas, fazendo favor? – Dean sinalizou para o garçom que não parecia ter mais do que dezesseis anos.

—E você? – O garoto inclinou a cabeça em sua direção, sabendo que três cervejas não dividiriam para quatro pessoas.

—Uma limonada, por favor.

—Ainda sem beber álcool, S/n? – Dean tinha um sorriso divertido nos lábios.

—Ainda profanando o corpo que Deus te deu, Dean? – Você retrucou arrancando uma risada de Sam, e um pouco da atenção do homem misterioso

—Para que chamou a gente aqui, Imaculada Conceição?

—Eu já disse que não sou mais uma delas, Dean... – Você respirou fundo, querendo fuzilar o homem a sua frente que tirava sarro com sua antiga ordem religiosa, fazendo um trocadilho.

—Ah, mas você é sim. Parece que não consegui te desvirtuar o suficiente, já que o Hábito saiu de você, mas você não larga ele.

O garoto voltou, dispondo as bebidas na frente de cada um. Você observou Dean abrir a cerveja dele com fervor – como se nunca mais tivesse colocado uma em sua boca, Sam um pouco relutante com a bebida e o homem ignorar o vidro a sua frente. Porque alguém viria a um bar e sequer bebia alguma coisa?

—Como? – Você escutou uma melodiosa voz perguntar, sem ter entendido nada.

Você finalmente se permitiu observá-lo melhor, percebendo o quão bonito aquele homem de sobretudo era. Ele não deveria ser um pouco mais velho do que Dean, e com certeza não era nada parecido com ele, já que além de estampar uma feição dura, não havia sequer olhado para sua garrafa de cerveja, tendo ainda um letreiro com a palavra INOCÊNCIA cravado em sua testa. Ele sequer dava atenção para você, preferindo olhar ao redor e para o loiro.

—Ela é uma ex-freira. – Sam explicou ao homem.

—Pode até ser uma ex-freira, mais ainda é o pecado em pessoa. – Dean completou com uma piscadela, se divertindo com sua irritação.

—DEAN!

—Pecado?

—Algumas pessoas têm.... Um certo fetiche.... Em freiras. – Sam continuou traduzindo.

—Sexualmente falando?

—É.

—Mas isso é completamente errado! – O homem ficou confuso e sério.

—Justamente por isso, todo esse proibido...

—Dean, você sabia que foi justamente pelo fruto proibido que vocês estão, aqui, agora? – Ele continuou, ainda te ignorando.

Mas aquilo fora estranho, por que ele usou o vocês ao invés de nós?

—Dean? Quem é seu amigo que tanto me compreende? – Você tinha certo interesse na voz.

—Ah, é o Castiel.

—Castiel? Como o anjo?

—Como não...  O anjo, S/n.... – Sam sussurrou.

—O quê? – Você não havia escutado direito.

—Meu nome é Castiel, e sou um Anjo do Senhor. – O moreno finalmente se dirigiu a você, deixando rapidamente um brilho azulado passar por diante de seus olhos. Você, que segurava o copo de sua limonada, perdeu a força na mão, deixando cair no chão. Seus batimentos também não estavam normais – não por ele ser extremamente bonito e estar falando com você, mas por ser um anjo de verdade!

—Eu s-sabia que era verdade!

Ele não respondeu nada, apenas permaneceu em silêncio, te analisando.

—O caso, S/n. – Sam te lembrou.

—Ah, sim. Pode parecer ridículo para vocês, mas.... Eu não consigo colocar os pés lá sozinha, não de novo.

Não tem muito tempo que conseguiram arrecadar dinheiro o suficiente para reconstruírem o convento e bem.... As aparições voltaram. A irmã Clary conseguiu com muito sufoco entrar em contato comigo, pedindo por ajuda. Ela era a única que acreditava em mim, mas nunca teve coragem o suficiente para enfrentar os monstros. Ela achava que estaria mais segura lá dentro. Alguma coisa está acontecendo lá dentro de novo, e provavelmente um pouco pior. As irmãs, por vezes ficam esquisitas, não falam coisa com coisa. Vultos, barulhos que só pioram cada dia mais, até impedem as orações diárias. ”

—Pra essa coisa invadir uma Igreja e impedir as orações é porque ela não vai muito com a cara de Deus não, hein rapaz. – Dean comentou.

—Convento, Dean. – Você e Castiel o corrigiram, juntos.

—Enfim, eu não consigo voltar lá sozinha, por isso pedi a ajuda de vocês. Sei que já foram padres antes, podem muito bem ser de novo. – Seus olhos brilhavam, tentando convencê-los.

—Não dirigíamos até aqui à toa, não é?

—Eu sabia que podia contar com vocês. – Seu sorriso era tão radiante que até mesmo Castiel não conseguiu não prestar atenção nele.

***

Vocês voltaram a se encontrar horas mais tarde em frente ao convento, com os garotos já completamente vestidos, e você...

—Você não jogou isso fora, S/n? Pensei que não quisesse ser mais lembrada que era uma freira. – Dean esfregou na sua cara ao te ver com seu antigo Hábito.

—Eu preciso de disfarces, não?

Castiel te olhava intensamente, analisando todo o seu ser. Aquela garota do bar não era muito diferente da freira de agora, mas com certeza aquele Hábito acabava ressaltando toda a sua pureza e bondade - coisas que por mais que ele fosse um guerreiro, apreciava numa mulher. Aquilo era completamente estranho, ele estava ali para auxiliar Dean, não reparar em como você servia ao Senhor. Aquilo era completamente errado, você estava de Hábito! E ele, bem, ele era um anjo. E anjos não deveriam manter esse tipo de relacionamento com humanos ou com qualquer criatura que fosse. Eles deveriam somente servir ao Senhor, Criador de todas as coisas.

Por mais que ele estivesse desaparecido do Céu a semanas.

—Você está tremendo. – Ele observou.

—Jurei que nunca mais colocaria os pés numa Igreja novamente. – Você retribuía o olhar intenso que ele lançava para você.

—Convento, S/n. Convento... – Dean te corrigiu.

—Tanto faz. Só.... Podem entrar primeiro?

Em pouco tempo os três homens já faziam o seu papel, enrolando a Madre Superiora enquanto você procurava por Clary. Aquele lugar era totalmente assustador. Mesmo após a reconstrução, o Convento continuava com a mesma aura sombria de antes. Os arcos da construção gótica, todos aqueles vitrais.... Por mais que toda a arquitetura fosse clara, o que transmitia definitivamente não era. O ar estava pesado, frio, mas você não acreditava ser obra de mais uma assombração. Não, da última vez os irmãos haviam queimado o quadro amaldiçoado. Você parou subitamente após ouvir um estalo numa porta próxima, e armada com um castiçal de ferro – por mais que você tivesse uma arma, elas não eram permitas em local sagrado – se aproximou relutantemente, abrindo a porta com força, se deparando com Clary.

—Mas o que...?

—Me perdoe, eu só deixei.... S/n!

—Irmã Clary! – Você se apoiou no batente da porta após Clary ter pulado em cima de você.

—Nunca pensei que fosse te ver usando isso de novo.

—Situações desesperadas exigem medidas drásticas. Como você está?

—Sinceramente? Com tudo isso acontecendo por aqui não me sinto nada segura. As vezes chego a pensar se não teria sido melhor ter ido com você.

—Você nunca aguentaria, Clary...

—Nunca se sabe....

“Nunca se sabe”? Clary nunca falaria uma coisa dessas ela era medrosa demais para isso. Com certeza não, quando ela te ligou, sua voz estava quase esganiçada de pavor. Receosa de estar a sós com o inimigo, você tentou leva-la até onde os rapazes estariam, pensando que seria o suficiente para que eles pegassem o que quer que fosse.

—Eu acho que ouvi alguma coisa ali, Clary.

—Onde?

— Próximo ao Altar.

—Acha que ele teria coragem de ficar próximo ao altar?

—Eu não duvido de mais nada, Clary. Faço das palavras de Dean as minhas – Você andava um pouco mais rápido, tentando alcançar os rapazes o mais rápido o possível – Essa coisa deve realmente odiar Deus para ousar entrar em território sagrado para profana-lo. – Assim que terminou de falar, seu olhar se cruzou com o de Sam, que a princípio não notou nada de diferente.

—Esses Winchesters sempre tem alguma coisa para falar, não é mesmo?

—Espere, eu nunca falei deles para você, Clary. Como sabe o nome dele?

—Ops... – A risada maléfica que a irmã soltou foi o suficiente para atrair a atenção dos irmãos, que correram em sua direção.

Vocês duas estavam no meio do cruzeiro -   A parte onde os bancos ficam dispostos em um Igreja Gótica – quando Clary voou em cima de você, te imobilizando.

—Mais um passo e eu acabo com a amiguinha de vocês! – Ela gritou enquanto segurava seu pescoço com força.

—O quê... É..... Você? – Você conseguiu perguntar com certa dificuldade, devido à recente falta de ar.

—Me surpreende uma discípula dos Winchester não conhecer um demônio. – Clary disse que escárnio.

—Por... Que?

—Eu não preciso de motivos para isso. Tédio, talvez. Este lugar estava em melhor estado quando era uma ruína, e é assim que deve voltar.

Com todo o clima naquele salão ninguém percebeu que em momento algum Castiel se fez a vista, preferindo permanecer escondido até a hora em que pudesse atacar.

—Se eu fosse você, aprenderia a não me desentediar na Casa do Senhor. – Castiel disse segundos antes de puxar sua faca dos anjos e cravá-la na cintura de Clary. O grito que o demônio soltou foi tão agudo que te fez tampar os ouvidos assim que ela largou seu pescoço, virando a tempo de ver o clarão proporcionado pelo altar e pela morte do demônio demarcar na parede as asas de Castiel. Todo aquele esplendor te tirou o fôlego por alguns segundos, até se lembrar de...

—CLARY! Você a matou!

—Ela já estava morta. – Castiel fora rude por não saber como se comportar ao certo.

—S/n.... – Dean tentou se aproximar.

—Ela está.... Está...

—S/n, é melhor sairmos logo daqui. – Sam se agachou ao seu lado, tentando te puxar para fora. – Anda, Dean e Castiel cuidam dela.

—Eu pensei que anjos fossem bons, Sammy. – Você colocou para fora, quando estavam próximos ao Impala, apenas esperando os outros.

—E eles são, de certa forma. Castiel foi quem puxou Dean do Inferno.

—E se ela não estivesse morta?

—S/n, há pelo menos uma semana que aquele demônio estava vivendo dentro de um lugar sagrado. Era quase certo que um exorcismo não funcionaria, era o único jeito.

—Castiel... Ele vai ficar com vocês?

—Ao que tudo indica, sim.

***

Demorou certo tempo, mas você perdoou a grosseria que o anjo havia feito ao te explicar sobre a situação da irmã Clary. Quase um ano mais tarde e algumas várias caçadas juntos já estava mais do que claro para os irmãos o seu interesse no anjo. Interesse não, penhasco. Ele poderia não ser um anjo caído, mas você com certeza era caidinha por ele, mal conseguindo disfarçar quando ele chegava perto ou melhorava suas habilidades sociais.

—E pensar que era eu quem havia desvirtuado a noviça rebelde. – Dean sussurrou ao seu ouvido ao te pegar em flagrante observando Castiel ler um livro ao longe.

Você arregalou os olhos, em choque com tal absurdo!

—Mas é claro que foi você, Dean!

—Esse olhar não me engana, S/n. Quem diria hein? Você sai da Igreja, mas a Igreja não sai de você.

—Idiota. – Você revirou os olhos, saindo de perto.

—Ei! O palavreado!

—Rapaz, vou te contar viu, a cada dia que passa parece que essa aí só piora ainda mais.

—Eu queria te perguntar.... Uma coisa, Dean. – Castiel se posicionou após o loiro puxar uma cadeira e se sentar à sua frente, ainda rindo da sua conversa anterior.

—Pode mandar, Cas.

—O que vocês fazem exatamente quando.... Quando saem com uma garota? – Ele perguntou olhando fixamente na direção por onde você havia ido.

Dean caiu da cadeira – no estilo Michael Kyle, se preferirem – pensando se realmente havia escutado direito.

—Como é, rapaz?

—Chamar uma garota para sair... O que se faz?

—Você.... Você....

—Você leva ela para algum lugar legal, conversam, e se der tudo certo você a beija no final. – Sam se intrometeu, estrando no ambiente no momento em que Dean travou.

—Só beija?

—Ai meu Deus do céu.

—Em alguns casos não, mas eu recomendaria não avançar para a segunda base com S/n logo assim no primeiro encontro. – Sam matou a charada enquanto Dean se segurava para não ter um ataque de risos.

No segundo seguinte Castiel já havia desaparecido sob seus olhos, agradecendo a ajuda. Sam olhou para Dean, este que tinha seus olhos arregalados e um sorriso enorme no rosto.

—Você tem noção do quão pornográfico é isso, Sam?

—Parece que não são só humanos que tem fetiches por freiras.- Sam completou com uma risada, concordando com o irmão.

Porque realmente, apenas em situações em que eles se metiam que poderiam ver perante aos seus olhos, um anjo se apaixonar por uma freira.

Aquilo era errado, ainda mais se levassem em conta que ela era casada com Deus até três anos antes e agora iniciava um relacionamento carnal com um de seus filhos.

Realmente, no final das contas não havia sido Dean Winchester a desvirtuar a pequena freira, mas sim Castiel, um Anjo do Senhor.


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