Jess 

Após sair da sala deixando minhas irmãs boquiabertas e irritadas pela fuga repentina, segui para a biblioteca onde consegui me esconder lendo um dos milhares de romances de minha mãe, até a mesma aparecer desesperada ao ouvir nosso velho sino tocar. 

— Jess querida, para a sala agora, seu primo chegou. 

E seu pequeno corpo eletrizado saiu toda sorridente da biblioteca. Respirei profundamente e caminhei até onde todos encaravam meus pais e meu irritante primo, que só mantinha olhos para Olívia. 

— Bom, o jantar já está servido? – tentei amenizar o clima tenso e parece que deu certo, rapidamente olhei novamente ao redor da sala e percebi um pequeno olhar de posse vindo de Thomas, acompanhei o destino de seus olhos e vi que encarava minha doce irmã caçula. 

— Meninas vocês já sabem onde sentar, Damon você também, venha rapazes. 

Mamãe falou mostrando o caminho para a sala de jantar, senti Liv ficar mais tensa ao perceber que Damon sentaria a frente se si, seria um longo e tedioso jantar.

•Blue Sea•

O jantar corria de forma mais tediosa o possível, até Jace falar o que não devia. 

— Quando me casar, quero que minha esposa aprecia minha beleza todo dia! 

Eu nem ao menos sei como o assunto chegou a esse ponto, como dizia mamãe, eu estava no mundo da lua. 

— Da mesma forma na qual o filho do joalheiro da cidade fazia comigo quando tínhamos doze anos? 

Todos pararam de comer e encararam minha irmã Tess, recordo-me de como ela ficou abalada com o repentino afastamento de Henry. 

— O que a senhorita está supondo? – O cretino tem mesmo coragem de perguntar? Nunca me dei bem com os BlackMont e comemorei sua partida para a Austrália. 

— Que a única pessoa que poderia destruir um casamento bem assim, tão rapidamente, é o senhor. 

— E por qual motivo eu faria isso, senhorita? 

— Ah, me poupe Jace, você destruiu um casamento, eu gostava dele, e ele de mim e no outro dia após você descobrir, ele foi embora e voltou três anos depois noivo. 

Irritada, Tess largou os talheres e o olhou no fundo dos olhos, vermelha feito um pimentão. 

— Tudo bem, fui eu mesmo, ele era um mini canalha, tudo o que dizia para ti, dizia para outras garotas inocentes, a senhorita deveria me agradecer. 

— Nem morta! – É obvio que ela havia se magoado com as palavras escolhidas pelo babaca, entretanto não assumiria seu partido coração assim. 

— Mas ele lhe salvou de uma vida infeliz ao lado de alguém que nunca iria lhe amar, como as mulheres dessa família são más agradecidas. 

Olhei abismada para Sebastian. Como assim? Tess estava completamente certa em não querer agradecer, ele magoou ela. 

— Sr. BlackMont discordo em partes, a senhorita Olívia não é má agradecida, muito pelo contrário. –  Retrucou Damon. 

— Eu acho que a senhorita sabe se defender sozinha, ela não precisa de um advogado. – Thomas se pronunciou, era a primeira vez que sua voz doce e baixa fluia. 

— Se ele quiser me defender é crime? 

Liv olhou desafiadoramente para Thomas, mantinha-me quieta, olhei para papai que tinha os olhos fechados e pressionava a ponte do nariz com o polegar e o indicador. Mamãe olhava preocupada, tenho certeza que ela pensava: ‘’A minha chance de ver minhas filhas casadas com homens honrosos está se esvaindo!’’ 

— Só quero deixar claro que se a senhorita sentiu-se ofendida poderia pronunciar-se, ele não precisava tomar suas dores. 

— Problemas com o simples fato dele sentir algo a mais pela minha irmãzinha? –Tessa se pronunciou fazendo-me rir levemente e Thomas olha-la com a fúria de mil sois. 

— Não sinto nada por ela, não tenho problemas... - Antes de completar a fala, Liv saiu da mesa como um furacão. 

— Licença. 

Pedi retirando-me da sala de jantar e indo para fora de casa, um trovão soou clareando o céu, senti alguém atrás de mim e era Tessa acompanhada por Damon. 

— Caro primo, tenho minhas dúvidas de que Liv vá precisar de seu apoio agora. 

— Mas Senhorita eu preciso saber se ela está realmente bem, aquele senhor não deveria ter sido tão insensível com uma dama igual à sua irmã. 

— Da mesma forma que o senhor é? – Ele ficou pasmo o que fez a vontade de rir apenas aumentar, Tessa sabia como deixar alguém sem falas. – Não nos importamos com o que o senhor deixa de achar! 

— Pois deveriam, eu vim aqui como última solução para as senhoritas, se não conseguirem casar-se em um tempo de três meses, eu terei que me casar com uma de vocês, e meu principal objetivo é faze-la me amar para que eu posso casar-me... 

— Eu não vou me casar com o senhor! – a voz decidida e doce de Olivia fez todos olharem para a floresta, ela tinha os olhos vermelhos e estava suja de terra na bainha do vestido. – Não me casarei sem amor, pois não o amo e não há como mudar o que sinto! 

— Você irá me amar, assim que conhecer-me melhor minha flor. 

— Eu amo outro! 

Outro? Olivia ao menos tinha um pretendente em mente como assim amava outro? Isso não era verdade, não havia como ser possível.  

— Como assim? – seu semblante mudou completamente, de preocupado passou para irritado. 

— Eu amo outro homem! 

Repetiu Liv, eu sabia que a qualquer instante ele voaria em cima dela, e como se também soubesse, Thomas apareceu na mesma porta na qual saímos. 

— Vim saber que a senhorita está bem e esclarecer o mal-entendido que houve a alguns instantes atrás. 

— Senhor BlackMont não é uma boa hora, estamos resolvendo algo de família e algo que envolve o futuro das garotas. 

Damon tentou controlar-se ao falar, entretanto sua voz o entregava. 

— Eu estou falando com ela, e não com o senhor Lockwood. – Damon só ficou ainda mais nervoso, seu rosto estava vermelho, mas do que a instantes atrás. – Senhorita Olívia, eu realmente gostaria de esclarecer tudo. 

— Claro senhor, poderíamos dar uma volta pelo bosque, mas parece que irá chover então acho melhor eu e minhas irmãs entrarmos e depois nos falamos. 

Ela sorriu docemente e puxou tanto a mim quanto a Tessa para dentro deixando os dois homens lá. 

Eu iria arrancar essas novas informações de minha irmã caçula hoje ainda ou eu não me chamo Jessica Gray.