Apesar da esquentada personalidade que ambos possuíam, o silêncio se instalou no cubículo após as palavras debochadas de James Potter, com toda a sua elegância e malandragem adolescência encostado na porta. O sorriso do rapaz apenas aumentou com a falta de expressão da Wood, que continuava a lhe encarar com os olhos estreitos, ele podia apenas inferir que havia interrompido algum momento melodramático, deixar outras pessoas sem reação com seus pequenos atos era extremamente prazeroso, ele teria que admitir.

E nem foi algo deliberado, cruzar caminhos com Olivia Wood não estava em nenhum de seus planos para uma viagem no expresso, o rapaz havia apenas tomado a súbita decisão de caminhar para esticar as pernas, sem rumo, mas interagindo com os conhecidos que encontrava nos corredores. Havia acabado no mesmo compartimento que Albus e seus amigos sonserinos e eles o entediavam mais que uma aula de História da Magia, mas era necessário suportá-los por alguns minutos com um sorriso amarelo, Albus tinha algo que lhe pertencia e não entregaria às vistas de seu pai, o trem era a oportunidade perfeita para recuperá-lo de volta; afinal, ele não merecia o Mapa do Maroto.

Quando o mais novo finalmente concordou em entregar o pergaminho enfeitiçado, James arrumou a primeira desculpa que conseguiu pensar - sair em busca de doces nunca falha - e abandonou, seu malão e pertences ficaram dentro apenas por proteção, sabia que Albus não tentaria violá-lo. Ele podia ter escolhido acompanhar Fred junto com o resto dos Weasley, eles sempre eram uma aposta certa em diversão e algumas risadas, mas por algum motivo, ele não estava tão inclinado em procurar seus parentes, os veria em Hogwarts afinal de contas. Sorriu e acenou para algumas dúzias de alunos com quem interagia, os de seu ano ou seus colegas de Quadribol.

Encontrá-la sozinha também foi uma surpresa. Há muito o Expresso de Hogwarts não é dividido de uma forma não oficial entre casas, mas ele estava rondando uma área um tanto quanto mais afastada para encontrar a garota, que normalmente estava cercada de amigos nos vagões iniciais. Mas ele também estava agindo fora da curva, então não podia julgar. Segundos se passaram e a única resposta que ele obteve foi um estreitar de olhos, que faziam as orbes claras da menina praticamente sumir, uma vez que ela não tinha olhos grandes para começo de história; eles viravam duas fendas quando ela fazia esse movimento, era desconcertante. James abaixou-se e pegou a carta que caíra no chão, a foto que ela usou como arma.

Era uma imagem simples, uma fotografia de família, muito similar com aquelas que o próprio James era forçado a tirar com seus pais, e às vezes até mesmo com todos os Weasley - porém estas se apresentavam muito menos organizadas, dificilmente os mais de trinta Weasley saíam todos sorrindo bonitinhos sem nenhum careta ou alguém implicando com alguém -. Ele podia reconhecer alguns dos presentes nas fotos, Oliver Wood era uma figura extremamente reconhecível, especialmente quando usava o mesmo sorriso que estampava nas campanhas de quadribol, os dois garotos eram irmãos de Olivia pelo que via nos corredores, mas ele nunca tinha visto a garotinha, e podia apenas inferir que era outra Wood.

— Foi expulsa da reunião de família, Wood? — Voltou a direcionar seu olhar à Wood, o tom de voz completamente provocativo. Não era preciso um trabalho de gênio adivinhar o que estava incomodando tanto a garota e não seria James Potter se não usasse isso a seu favor, implicando como usual.

— Isso não é bem da sua conta, é Potter? Por que não volta a perambular pelo trem a procura de alguma pobre alma que consiga te suportar? — Wood saiu do seu estupor momentâneo, rebatendo o jovem. Mas apesar da tentativa de parecer durona, ela se denunciou ao levantar-se e tentar avançar contra o papel nas mãos de James.

— Não, não, não é assim tão fácil. — Graças aos reflexos de uma vida no Quadribol, ele conseguiu antecipar o movimento e protegeu a foto com o seu corpo, desvencilhando dela quando Wood tentou pegar novamente. Por James, eles continuariam nessa dança objetiva pelo tempo que ela desejasse, ele tinha a vantagem da altura e do porte físico; a frustração na face dela também era um ótimo combustível. Ele não conseguia impedir as gargalhadas de escaparem, era absolutamente cômico.

— O que tem nessa foto que deixou você tão… — Com a mão livre, ele gesticulou para o rosto de Wood. Ela havia se recuperado e agora apresentava até mesmo um rubor devido à raiva por sua presença, mas ela sabia que ele havia visto o quão abalada ela ficou por causa da foto, e que só se dispusera a expressar quando estava sozinha na cabine. E se isso não foi o suficiente, o desespero em recuperá-la era um delator suficiente para ele. — Ei, ei, isso é uma lágrima? —

Ela hesitou um pouco, levando uma mão à face para enxugar o que não estava ali e ao se dar conta disso, Wood paralisou e ele podia ver que ela estava recuperando e canalizando toda a raiva em uma resposta. James quase aumentou o sorriso que estampava, com certeza usaria esse exemplo como uma explicação do porque implicava tanto com ela mesmo que a odiasse, vê-la transitar entre emoções diferentes era simplesmente hilário.

— Não enche, Potter. — Soltou, o rosto não diminuindo nem um pouco o tom avermelhado, ao menos, ela não fez nenhum movimento para tentar pegar a foto. Mas não seria Wood se ela não continuasse. — Pensei que seria otimista pensar que você iria crescer um pouco durante as férias. —

Ele levantou uma sobrancelha com esse comentário, cético. James sabia que não era nem necessário apontar a hipocrisia dessa acusação, pois ambos sabiam que era devido ao ódio - e imaturidade - mútua que a relação dos dois continuava sendo tudo menos amistosa. James podia citar diversas mudanças que ocorreram a ele durante essas férias, talvez nem todas verdadeiras ou significantes, como o fato dele ter treinado verdadeiramente Quadribol esse ano, não apenas nos amistosos com seus primos, mas treinar árdua e sistematicamente; tudo por uma capitania. Entretanto, ver Wood com inveja quando ele demonstrasse as novas habilidades era muito mais satisfatório. James resolveu apenas replicar.

— Muito admirador vindo de você, muito nobre. — Balançou a cabeça solenemente, zombando implicitamente da garota.

— Certo, agora devolve a minha foto ou eu juro por Merlin que eu vou te jogar uma azaração que não vai sair até o natal. —

— E diga-me, qual seria, você tem uma vasta gama de feitiços, não é mesmo? Não é por isso que te chamam de Olivia Um Feitiço Só? — O sorriso debochado voltou aos lábios do Potter quase como se nunca tivesse se esvaído. Essa era uma piada recorrente entre ele e seus amigos e que nunca falhava em deixar a Wood ainda mais possessa. Em sua defesa, não era culpa dele se a garota realmente tinha um fraco por apenas uma azaração e se tornava repetitiva; seu único crime havia sido ter notado esse padrão.

— Ninguém além de você me chama assim. — Ela apoiou as mãos na cintura como se isso fosse ter algum efeito no quanto James já estava se divertindo.

— Um dia… — Começou, colocando uma das mãos no peito, como se para declarar algo importante. — Um dia esse apelido irá pegar. Eu sou apenas um gênio incompreendido. —

— Sonhe mais. — Foi a resposta seca dela.

Estranhamente, depois dessa interação eles permaneceram em silêncio por alguns minutos, intercalados entre James e Wood se encarando mortalmente ou olhando para qualquer outro lugar do cubículo. James ainda tinha a foto em suas mãos, ele não voltou a olhar, mas mexia nos seus cantos, desconfortável por estar em pé ainda na parte da cabine, mas por algum motivo, o garoto nem cogitou sair. Um grupo de cinco primeiranistas surgiu correndo pelo corredor, com risadas altas e, para escapar de trombar com eles, James entrou por completo na cabine, fechando-a por fim.

— Sai daqui, Potter. Sinceramente…— Pela segunda vez, Wood avançou nele, agora, ao invés de querer recuperar a carta, ela tentava empurrá-lo para a saída.

— Calma, Wood. Por que você quer a cabine só para você? — James nem tentava lutar contra as tentativas de Wood, força física era um dos melhores atributos da garota, mas novamente, não era comparável à dele. O máximo que ela conseguiu foi empurrá-lo contra a porta fechada da cabine. — Cadê seus amigos para você importunar? —

— Cadê os seus? — Ela foi rápida em responder, empurrando-o uma última vez com elevada força, parecendo perceber que era inútil insistir enquanto ele continuava apoiado ou focado em pará-la. Entretanto, esse último golpe foi o suficiente para pressioná-lo de forma desconfortável contra a maçaneta, mas James procurou não demonstrar que doeu. Não era necessário elevar o ego da outra à sua custa.

— Touché. — O garoto apenas deu de ombros. Se Wood pensava que essa pergunta iria incomodá-lo, ela não o conhecia tão bem quanto pensava.

Antes que qualquer um dos dois pudesse soltar mais alguma farpa, uma explosão ecoou pelos corredores, alarmando tanto James quanto Wood. Alguns gritos sucederam o som da explosão, mas logo foi o som de risadas que permaneceu e os dois jovens relaxaram um pouco. Para James, a situação logo ficou clara e muito familiar, alguém havia pregado uma peça em alguém, uma bastante barulhenta pelo visto. E enviou a ela um de seus sorrisos característicos, apenas para irritá-la ao máximo.

— Parece que vamos ter a resposta para uma dessas perguntas. — Ele pronunciou, já abrindo a porta da cabine para ver o que estava acontecendo. Muitos outros alunos fizeram o mesmo, alguns já desconfiados que podia ser apenas alguém tentando ser engraçado, outros claramente irritados, particularmente uma dupla de irmãos que James conhecia muito bem.

Wood, acompanhou-o no lado de fora, provavelmente curiosa para saber o que havia ocorrido também.

— Você primeiro. — Ele apontou para o corredor, em um típico gesto de cavalheirismo, mas que claramente não significava isso.

— Jamais eu vou dar as costas a você, Potter. —

— Ah, um ataque ao meu cavalheirismo. — Ele colocou a mão sobre o coração, fingindo decepção.

— Não, uma preocupação com suas tendências sonserinas. — Wood cruzou os braços, mas não moveu sequer um centímetro para encará-lo.

— Que ofensa, Wood, você está confundindo os Potters. Nossa cobra de estimação é Albus. E, ocasionalmente, Lily. — Com uma piscadela, ele incorporou sua casa Grifinória e tomou a frente.

Eles acabaram andando lado a lado, parando e desafiando um ao outro à tomar a frente sempre que surgia um obstáculo, ou algum outro aluno.

( ... )

Não demorou muito para eles chegarem ao lugar em que a confusão havia ocorrido, mas eles precisaram enfrentar a considerável quantidade de alunos que já se acumulavam no pequeno corredor, rindo do que quer que aconteceu por ali. Ao conseguir visualizar, James antes de Wood por causa de sua estatura, ele encontrou dois de seus amigos, as sardas da figura escura e alta diferenciava Fred Weasley e, ao seu lado, loiro e bem mais baixo, era William Puckett. Eles eram aqueles que mais riam da situação, Fred até mesmo batia na mão de alguns alunos em comemoração, enquanto Will curvava-se tanto em sua risada que era capaz de cair.

O grupo de lufanos, as vitimas dessa pegadinha, não estavam achando tanta graça assim. Eram uns 6 alunos, do mesmo ano que eles e eles estavam todos cobertos com um pó violeta, enquanto pequenos pompons, semelhantes aos utilizados pelas líderes de torcida no mundo trouxa, comemoravam cantando o hino de Hogwarts, pequenas bocas saindo de seus fiapos. James se arrependeu de ter ficado tanto tempo implicando com Wood, quando poderia ter participado ou, no mínimo, assistido o que parecia algo hilário. O corredor inteiro estava roxo! Vibrante! E os lufanos estavam todos demonstrando a mesma parcela de fúria, vergonha e vontade de assassiná-los, o que ele pensava que era impossível. Ele perdeu um momento histórico.

Uma breve olhada ao seu lado e ele pôde ver que Wood também não havia achado aquilo engraçado, curioso, porque ela não era um poço de moral quando o assunto era pegadinhas e era autora de algumas; nenhuma que superasse as suas, claro, mas ainda assim, competentes. Ela estava olhando furiosamente para Fred e Will, ficando novamente com a face vermelha e os olhos semicerrados, pela primeira vez em muito tempo, essa fúria não era direcionada ele. James não entendeu o porquê dessa súbita raiva ou fibra moral, até olhar novamente para quem eram aqueles lufanos que foram atacados. Mesmo cobertos com o pó púrpura, ele podia reconhecer uma das figuras que sempre andavam com Olivia Wood, um alto e magro garoto chamado Daniel Masen, que o cabelo espetado estava completamente agarrado com o pó.

Independentemente disso, do lugar onde estava, James aplaudiu ruidosamente. Acenando para os amigos quando estes o reconheceu junto aos outros alunos.

— James? Desculpa por fazermos sem você, mas não podíamos esperar vossa majestade achar o caminho para a nossa cabine. — Fred abriu os braços, rindo alto novamente, orgulhoso do seu feito.

— O que deu em vocês? — Gritou Wood, contra todas as risadas que ainda ecoavam pelo corredor. Entretanto, ela não foi a única a reagir, uma das lufanas, Moira O’Connell, outra das amigas de Wood, cujo cabelo alaranjado não foi coberto por completo pelo pó pegajoso, lançou-se contra Fred, atacando-o pelo lado. O rapaz, não esperando o ataque e por ainda estar olhando para James, foi ao chão. Uma nova confusão se instalou no corredor, com O’Connell esmurrando Fred com seus pequenos punhos, mas que não pareciam delicados.

James então se via entre duas opções, podia não fazer nada e apenas rir de Fred, essa opção soava prazerosa e ao seu ver, não era possível que O’Connell fosse ter a vantagem por muito tempo ou causar algum dano permanente em seu primo; além do seu ego, obviamente. Entretanto, ele precisava intervir. O Potter, então, afastou todos aqueles em seu caminho, para se aproximar dos dois jovens no chão. James prontamente ergueu O’Connell pelos braços, evitando sequer tocar na cintura da garota para que toda a fúria não se voltasse contra ele. Ela continuou se mexendo e gritando um “Potter” em uma voz estridente e com seu sotaque escocês, tentando se desvencilhar dele. James fez um sinal e Fred saiu rapidamente de perto.

— Potter, coloque-me no chão! — A ordem foi ecoada por Wood também. que se aproximou dos dois, olhando furiosamente para ele. Ela olhou rapidamente para O’Connell, apenas lembrando agora que a amiga ainda estava no ar, para certifica-se que ela estava bem.

— Só se você parar de tentar assassinar Fred. Nós ainda precisamos dele vivo para as reuniões de família. Cadê seu espírito lufano, O’Connell? — Ele soltou as palavras tão rápido que quase não conseguiu desviar do punho que via em sua direção, vindo da mesma garota.

— Isso, Potter. Você poderia fazer o favor de colocar O’Connell no chão? — A voz de Artemis Rowan conseguiu fazer com que todos desviassem sua atenção em sua direção e não apenas por causa do brilhante símbolo que carregava no peito por ser a monitora do sexto ano por sua casa, Sonserina. Rowan carregava toda uma aura, que James não chamaria exatamente de poder mesmo que alguns assim a classificassem, que simplesmente impunha sua presença por onde quer que se intrometesse; e ela possuía uma tendência de assim o fazer, sempre com a desculpa de fazer seus serviços como monitora. O coração de James palpitou violentamente como sempre na presença da garota, para a sua infelicidade, sua pequena paixonite com Rowan nunca foi tão detestada quanto agora. Seu irmão gêmeo, Apollo, que compartilhava tantos traços, do cabelo ruivo ao rosto anguloso, estava prontamente em seu encalço.

— E alguém poderia me explicar que pandemônio foi esse? Não conseguiram nem esperar chegarmos em Hogwarts para começarem suas peripécias, típico. — Seus olhos límpidos encravaram em cada um dos protagonistas, mesmo que ninguém tenha dedurado, não era difícil que Rowan soubesse exatamente quem acusar. James não conseguiu não desviar o olhar quando foi a sua vez de ser o receptor do olhar e pelo ácido movimentar dos seus lábios, era isso que a garota queria.

— Você não tem como nos colocar em detenção ou tirar pontos de qualquer casa, Rowan, então nem enche. — Falou William, se aproximando dos dois gêmeos. Ele rapidamente se empertigou, ficando sério como quase nunca em sua vida. Will nunca fora com a cara dos gêmeos e todo o ego que eles dividiam e, ao contrário de muitos - de certa forma, até James incluía-se nessa fraqueza - não fazia questão de esconder.

— Mas até onde eu sei, preservar a ordem é a nossa função. Tenha certeza, Puckett, que se dependesse de nós, esse não seria um dos empecilhos para puni-lo devidamente. Mas até onde sei, nem McGonnagall gostaria dessa bagunça. — Falou Apollo, com sua voz grave e aveludada, nenhuma expressão além de puro contentamento em sua face. Em uma sincronia perfeita que James jamais conseguiria compreender, Artemis prosseguiu.

— Vou perguntar novamente, alguém gostaria de oferecer uma explicação? Antes que os professores sejam chamados? — Seu olhar penetrante recaiu diretamente sobre o grupo de alunos lufanos, como se soubesse que um deles seria o mais suscetível a quebrar. E assim o fez, um dos mais jovens, talvez nem fosse do ano deles, provavelmente quarto ou terceiro, tremendo visivelmente quando olhou para ela, para Fred, e novamente para Rowan.

— Nós estávamos apenas passando, procurando o carrinho de doces… ou pelo menos eu estava, quando, do nada, nós não sabíamos que eles estavam aqui, eles explodiram esse pó roxo e os pompons começaram a cantar. Depois O’Connell foi tirar satisfações com Weasley e Potter interveio… — Ele olhava nervosamente para todos no corredor, como se esperasse que alguém fosse atacá-lo. James apenas rolou os olhos, irritação por ambos os motivos, pela covardia de acatar a ordem de Rowan e por sugerir que James, Will ou Fred iria se vingar por isso. Eles não eram valentões inescrupulosos, pelas barbas de Merlin, e eles já deviam ter aprendido isso nos cinco anos que eles já estavam nesse castelo. Era quase ofensivo.

— Pó e pompons, que criatividade. — Comentou Apollo com desdém, abaixando-se e pegando um pompom largado, depois que o encantamento se foi ele parecia ordinário, e examinou antes de largá-lo novamente, resquícios do pó ficando em suas mãos.

— Veja só, Rowan 1 e Rowan 2 isso é apenas o começo. — Ameaçou Fred, o brilho maroto em seus olhos mesmo enquanto os três se encaravam mortalmente. Com essa cena, James queria soltar algo engraçadinho, mas manteve-se calado. Wood, O’Connel e o amigo delas estavam parados ao seu lado, em silêncio. Incrível como era necessário apenas que os Rowan se envolvessem para que eles deixassem suas desavenças de lado.

— Enfim, essa é uma atitude irresponsável. — Artemis proclamou, em um discurso monótono, exibindo sua primorosa capacidade de mentir usando as palavras, porque não havia universo em que Rowan os liberaria se não houvesse nenhuma outra alternativa de incriminá-los. — Vamos liberar o corredor para que possamos organizar tudo. Weasley, Puckett, Potter, estarei de olho em vocês. —

Acompanhando o fluxo, James virou-se para acompanhar Will e Fred, onde quer que eles estivessem deixado suas coisas, quando uma mão enrolou-se no colarinho de sua camisa, puxando-o para ficar frente a frente com Artemis. Tão próximos que ele podia ver as variações de azul na cor dos olhos largos dela, que o encaravam ameaçadores.

— Potter, esse ano eu não vou tolerar essas gracinhas que você e seus amigos sempre aprontam. Então controle-se, controle seus amigos, ou eu irei atrás de vocês. — As unhas escarlates dela entraram na pele do seu pescoço uma única vez e largou, indo embora com seu irmão assim que deixou sua última mensagem.

Apenas Artemis conseguia ter o efeito de deixá-lo sem palavras, ela simplesmente tinha algo tão errado no modo como agia. Mas ao ver a figura dela desaparecer pelo corredor, ele recuperou sua coragem. Não deixaria que Artemis Rowan e seu irmão fossem empecilhos em seu ano, um ano de colocar planos em ação.