Killin' it escrita por Littlefox


Capítulo 2
Quando tudo começou a dar errado.


Notas iniciais do capítulo

Oiiin.
Então eu esqueci de esclarecer algumas coisas no outro capítulo por causa da pressa de postar e tudo mais...( Disgurpa, gente!)
A fic se passa em um universo alternativo ( Ah vá, Izadora!) e a personalidade dos personagens foi modificada. A fic vai ser narrada em primeira pessoa e os pensamentos estão em itálico. ( Basicamente foi isso que eu esqueci de mencionar.)
Como é minha primeira fic na categoria eu ia adorar um feedback de vocês para ver se está bom ou o que eu preciso modificar para que minha escrita possa evoluir. Vou parar de encher vcs agr, boa leitura!! ♥



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2 meses antes

 

Encarei a figura parada em minha  frente em um misto de irritação e incredulidade. Ino estava parada tagarelando animadamente sobre algo que eu ainda não conseguia compreender enquanto gesticulava apontando para casa ao lado.

Ela chegara em minha porta às exatas oito e quarenta e cinco naquela manhã de domingo, justamente no dia de minha unica folga da semana, quase botando a porta abaixo para dizer que o caminhão de mudanças havia chegado e o “mais novo sugar daddy do bairro” estava descarregando suas caixas de papelão e, ao ver que ainda estava de pijamas, com o cabelo por pentear e provavelmente com a cara inchada de sono, olhou me com uma expressão de puro horror.

— Não acredito que ainda estava dormindo! – exclamou passando por mim e adentrando em minha casa sem nenhuma cerimônia. Era isso que anos de convivência nos rendiam, não é?

Fechei a porta sem muita vontade, praticamente rastejando para seu lado e sentando em uma das banquetas próximas ao balcão da cozinha observando-a colocar um pouco de água para ferver, provavelmente iria fazer café. Ela reclamava sobre algo que eu ainda não conseguia assimilar por ainda estar acordando. Quem em sã consciência para na casa das outras pessoas numa manhã de domingo?

— Sakura, você ao menos está prestando atenção? – perguntou irritada voltando-se para mim e tudo que pude fazer foi dar um meio sorriso e acenar positivamente. – Você não ouviu nada, não é? – perguntou com um suspiro cansado.

— Não é minha culpa se você caiu da cama de madrugada. – murmurei descontente andando até o armário e lhe entregando o pó de café, recebendo um sorriso da mesma. – O que você estava dizendo que é tão importante assim? – perguntei, mesmo sabendo da possibilidade de me arrepender logo depois.

— Que agora, suas chances de desencalhar estão muito altas! – E ali estava, o doce e quente arrependimento pela pergunta. – Ele é tão lindo, você não deveria perder a chance, eu não perderia.– completou rapidamente vendo meu rosto se contrair em descaso. Claro que não perderia.

— Talvez eu esteja bem sozinha, Ino. Já parou para pensar nisso? – disse observando-a despejar o liquido quente em uma xícara e oferecê-la à mim. Aceitei de bom grado dando um gole generoso. Não existe nada melhor do que café fresco.

— E até quando vai durar? – perguntou com uma sobrancelha arqueada. – Você sabe muito bem que o tempo passa voando, quando perceber vai ser uma daquelas solteironas rodeadas por gatos com a casa cheirando a xixi e a mofo. – fez uma careta de desgosto provavelmente imaginado o futuro hipotético que criara para mim.

— Caso isso aconteça, eu faço questão de manter a minha casa bem limpa, agradeço a preocupação.

— Eu também quero sobrinhos! – disse exasperada, jogando os braços para o alto, como se me suplicasse algo. – Quero afilhados, quero que meus filhos tenham com quem brincar. Quero um futuro onde podemos sentar na varanda a tardezinha olhando as crianças no jardim e reclamando sobre nossos maridos! Não é pedir muito. – disse com tristeza em seus belos olhos azuis.

Por um minuto tive pena, até ela desviar os olhos para janela e correr apressada para lá observando nosso novo vizinho carregar suas caixas para dentro de sua casa. Revirei os olhos a acompanhando. O “ sugar daddy” não parecia em nada com um velho rico, o que me fez estranhar o por quê do apelido.

— Ele é bonito e parece ter uma boa condição, por isso sugar daddy. – explicou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo quando lhe perguntei. – E não falei sério sobre isso, ele é muito novo para ser um sugar daddy sério. De qualquer forma, há alguns meses atrás eu não me importaria de ser bancada por ele. – deu um sorriso sacana levando a xícara de café em direção aos lábios. Nem parece que casou a menos de um mês.

— De vez em quando você me enoja, sabe? – disse com a expressão mais séria que consegui, arrancando uma gargalhada alta da mesma.

— Você sabe que não vive sem mim! – deu-me um abraço rápido voltando sua atenção para janela. – Sabe... – começou com um sorriso travesso surgindo em seus lábios. – Ele mora, literalmente, na casa do lado e pelo que eu sei, você foi a única que ainda não lhe deu as boas vindas.
 

— Eu sei onde você quer chegar e a resposta é não! – Cortei-a antes que tivesse a oportunidade de terminar seus pensamentos. Nada iria me tirar daquela casa naquela manhã. Assim que Ino desistisse daquela ideia, eu voltaria para meu quarto, me jogaria entre meus confortáveis cobertores e ficaria ali pelo resto do dia, apenas aproveitando meu domingo.

— Ah, qual é? Não seja uma vaca! Não estou falando para você se jogar nos braços dele ou algo do tipo. Apenas política da boa vizinhança, você sabe.

— Não, Ino. – suspirei levando a xícara de café até a pia. Havia me esquecido de como ela podia ser tão insistente.

E por meio segundo, enquanto ensaboava a louça suja ouvindo-a falar o quão mal educada eu estava sendo, peguei-me observando a casa ao lado, onde seu novo morador despejava a última caixa de papelão no chão de madeira da sala. Mesmo de costas, ele realmente parecia ser bonito. Muito bonito. Por Deus, pare de encara-lo desse jeito, sua esquisita! a voz em minha cabeça praticamente gritara, fazendo-me desviar o olhar o mais rápido que consegui.

— Só dessa vez, Sakura! Ainda não fui lá também... – confidenciou em voz baixa. – E eu não quero ir sozinha.

— Sai está viajando de novo?

— Sim, mais uma semana só para mim! – disse em uma animação forçada. 

Algumas pessoas poderiam não notar, mas eu conseguia ver o quanto ela estava sentida por ter de ficar sozinha novamente.

Os dois se casaram às pressas em um dia qualquer da semana, simplesmente porque quiseram. Não fizeram festa nem nada parecido, apenas foram ao cartório e pronto, estava feito. Não posso falar que não me surpreendeu, mas não é como se eu não esperasse algo do tipo dos dois. Arrancaram-me de meu turno na cafeteria naquele dia, obviamente eu tinha que ser e uma das testemunhas, o que me deixou muito feliz. Eles eram impulsivos, mas se amavam acima de tudo e isso era uma coisa que eu invejava nos dois.

— Tudo bem. – suspirei derrotada e seu rosto logo se iluminou. – Não vamos ficar muito tempo, ok? Ele deve estar ocupado e é meu dia de folga também.

— Sem problemas. Agora vá se aprontar. – disse em um tom autoritário.

— Só você mesmo para me tirar de casa às nove da manhã de um domingo. – murmurei sem esconder o desânimo, indo em direção às escadas.

— Sakura?

— Sim? – parei no meio do caminho, voltando-me para encara-la

— Sei que é difícil para você, mas tente parecer apresentável. – disse com falsa doçura em sua voz.

— Vá a merda, Ino. – fulminei-a subindo as escadas pisando duro e mesmo do andar de cima consegui ouvir as gargalhadas da loira.

Confesso ter delongado mais do que deveria para apenas trocar de roupa. Vestir um short jeans e uma regata o que geralmente demora menos de cinco minutos, renderam, no mínimo, vinte. 

Parece que batemos mais um recorde, não? , pensei enquanto terminava de escovar os dentes, o que também gastou um bom tempo. Mas eu tinha uma desculpa desta vez, afinal, saúde bucal é muito importante. Chequei-me no espelho novamente, tentando esconder meu desânimo. Eu deveria estar dormindo agora.

Ino já tamborilava os dedos impacientemente no balcão da cozinha quando desci. E, quando virou-se parar encarar-me descer os últimos degraus da escada, não escondeu a careta de desgosto.

— Era para você ter se arrumado direito. – murmurou passando por mim, balançando a cabeça em desaprovação.

— Eu estou arrumada. Não para um baile de gala ou um jantar importante, claro. Mas estou arrumada.

— Como espera que ele se interesse em você vestida dessa forma?

— Acho que ele vai ter que se contentar com a minha personalidade formidável. – sorri sarcasticamente fechando a porta atrás de mim.

— Pobre coitado! – fingiu pesar e saiu andando antes que eu pudesse responder, deixando-me plantada na frente de casa com uma expressão indignada.

Pensei em voltar para a casa, deixando-a sozinha como vingança, mas não tive coragem. Ino era a coisa mais próxima de família que eu tinha ali, mesmo não sendo muito normal. Nos conhecíamos desde pequenas, quando ela se mudara para casa da frente. Nossa relação sempre foi uma linha tênue entre amor e ódio, mas eu não tinha culpa se a primeira impressão que ela me passou não foi das melhores. E mesmo assim, ela se transformou em minha melhor amiga.

— Anda logo, testuda! – Retiro o que disse.

Eu ainda posso desistir. Estávamos paradas em frente a porta da casa recém-ocupada e antes que eu pudesse dar um passo para trás e preparar-me para uma possível fuga, Ino agarrara meu braço em um aperto firme. Eu não ia a lugar nenhum. Droga.

Ficamos paradas ali por mais instantes já nenhuma das duas tinha a coragem de bater na porta, até que em um momento de bravura, eu bati. Sim, senhoras e senhores, a pessoa que nem queria estar ali tomou a iniciativa. Ouvi passos apressados dentro da casa, ficando cada vez mais altos e naquele momento eu notei que prendia minha respiração. É, isso realmente vai acontecer. Então a porta abriu e, minha nossa, que visão.

O tempo começou a correr em câmera lenta, ele parando em nossa frente, levando a mão até a cabeça e bagunçando os cabelos com uma expressão confusa no rosto. Que homem! 

Ele era tudo que Ino tinha falado e mais um pouco, era difícil não encarar. Com no máximo, seus trinta e cinco anos e uma boa forma de dar inveja eu podia afirmar, com certeza, que ele poderia ser o pai dos meus filhos se quisesse. Brincadeira.

Seu cabelo estava bagunçado pelo movimento de poucos segundos atrás, fazendo com que alguns fios negros caíssem em direção aos seus olhos. Vestido com uma camisa preta e calças de moletom, parecia ter acabado de acordar, o que não era o caso já que ele estava carregando caixas para dentro da casa há menos de dez minutos atrás. Ino não pareceu ter se incomodado com isso, muito pelo contrário. Se eu saísse de casa desse jeito ela me internava em um hospício.

E foi então que notei que ambos encaravam-me esperando alguma resposta, provavelmente uma pergunta que eu não ouvi por estar muito “distraída”. Limitei-me a sorrir e encarar Ino em um pedido discreto de socorro, o que ela prontamente atendeu. Aquela era uma das coisas que eu mais amava nela, ela conseguia entender qualquer sinal, mesmo que sutil.

— Como eu dizia, – começou com um sorriso amarelo – sou Ino e esta é Sakura, sua vizinha do lado. – houve uma pequena alteração em seu tom, como se estivesse sinalizando o que eu tinha perdido. – Queríamos dar as boas-vindas à vizinhança. – sorriu amigavelmente dando-me uma discreta, e um pouco mais forte do que deveria, cotovelada nas costelas.

Forcei um sorriso e acenei discretamente. Isso não estaria acontecendo se eu estivesse dormindo! Cantarolei internamente esperando que meu rosto não estivesse tão vermelho quanto eu achava que estava.

— Ah sim. – ele respondeu com a voz um pouco rouca, provavelmente de desuso. – Obrigado! – sorriu, mas não era preciso ser o Sherlock Holmes ou algo parecido para saber que aquilo estava bem longe de ser um sorriso verdadeiro. Você não está enganando ninguém, querido.

— Trouxemos café. – ela sorria a cada palavra logo apontando para a garrafa térmica roxa em sua mão que ela provavelmente havia surrupiado de minha cozinha. Bom, talvez a ela.— Imaginamos que com toda a mudança não teve tempo de comer ou algo parecido. Espero que não se importe.

Por um minuto, ele pareceu extremamente incomodado, mas aquilo logo deu lugar à mais um sorriso nada verdadeiro. O que ele tinha de bonito, ele tinha de falso. E ele era muito bonito.

— Claro que não. – disse dando passagem para que entrássemos na casa. – Por favor, não reparem na bagunça. – disse sem emoção, o que me deixou um pouco incomodada.

Assim que ele fechou a porta, seguiu em direção à cozinha, guiando-nos até a mesma. Puxei Ino pelo braço discretamente, para que ela entrasse em um ritmo mais devagar do que estava, nos distanciando do novo morador.

— Ele não disse como se chamava. – sussurrei o mais baixo que consegui. – Que tipo de pessoa não diz o próprio nome?

— Ele disse o próprio nome, Sakura. Se você não estivesse muito ocupada secando-o descaradamente, teria ouvido. Por um momento pensei que ia ter que secar a poça de baba que você estava deixando, sua mongol.

— Eu não estava secando ele. – tentei me defender mas não tive muito sucesso. – E qual é o nome dele, afinal?

— Sasuke. Sasuke Uchiha

A conversa morreu ali, já que ela estava mais preocupada em ficar em cima do tal Sasuke e saber sobre sua vida fantástica! Yay!

Pude perceber a escassez de caixas tanto na cozinha quanto na sala, talvez o resto estivesse no andar de cima? Ele não parecia o tipo de cara que tinha muita coisa, de qualquer forma. Duas caixas no balcão de mármore da cozinha, quatro ou cinco na sala. Olhava o cômodo com certa curiosidade, as casas da vizinhança não costumavam ser iguais, então eu me divertia notando os detalhes e diferenças de umas para outras sempre que tinha a oportunidade. Um de meus estranhos prazeres.

Nossas cozinhas não eram tão diferentes quanto eu tinha imaginado, a dele era um pouco maior e mesmo que ambas tivessem sido pintadas de amarelo, eram tonalidades diferentes. Os armários eram de uma madeira um pouco mais escura e a pia ficava posicionada do lado oposto da minha, sem contar que sua bancada era consideravelmente maior. Fora a isso, nada de novo.

Só parei de devanear sobre isso quando ele estendeu-me uma xícara, já servida de café. Voltei a prestar atenção na conversa e percebi que estavam falando sobre a vizinhança.

Bom, Ino falava, ele apenas balançava a cabeça positivamente e quando vocalizava algo, eram curtas respostas sem muita emoção ou interesse. Aquilo estava me irritando profundamente, ele ao menos podia fingir algum interesse, já tinha fingido simpatia de qualquer forma. Por Deus, nós tínhamos levado café para ele!

Mais alguns minutos ali e eu definitivamente estava tendo algumas dificuldades em esconder minha cara de poucos amigos naquele momento, mesmo Ino implorando-me por seu olhar para que eu parecesse um pouco mais amigável, não é necessário dizer que eu a ignorei totalmente.

— Mas e sua mobília? – perguntou interessada. – Não pude deixar de notar que não descarregaram hoje de manhã. – Boa, Ino! Ele nem vai achar que você é uma stalker.

— Eu achei melhor comprar móveis novos. – deu de ombros.

— A maioria das pessoas se muda depois de comprar os móveis, sabe, recebê-los no mesmo dia da mudança e não ter que dormir no chão. – E aquela foi a primeira vez que me manifestei naquele dia, com o tom um pouco mais ácido do que deveria. Eu não me arrependia nem um pouco, aquela atitude desinteressada estava me dando nos nervos.

— Foi o que você fez? – respondeu-me no mesmo tom, com uma de suas sobrancelhas arqueadas.

Olhei para Ino e tudo que conseguia ler de sua expressão era: Fodeu. Ela sabia que eu não levava desaforo para casa, nem o mais singelo deles. Ela sabia que o risco de eu sair rolando com ele no chão era muito grande, e nem era do tipo bom. Mas ao contrário de suas expectativas, eu apenas sorri e tomei mais um gole de café antes de responder.

— Eu nunca precisei me mudar, mas eu imagino que é o que as pessoas inteligentes fazem. Ou pelo menos, as que presam as próprias colunas de uma noite mal dormida. –Aquilo era uma mentira, mas ele não precisava saber. Sorri maldosa em minha mente mantendo um semblante angelical.

Depois disso, eu não esperava uma resposta, afinal, eu o tinha chamado de burro. Ele apenas riu. Sim, ele riu! Uma risada discreta, por assim dizer, que o deixava ainda mais atraente. Maldito.

— Não tenho medo de dormir no chão.

— Nunca achei que tinha.

— Oh, eu acabei me esquecendo! – Ino resolvera se manifestar com um sorriso forçado. – Precisamos ir, prometemos visitar a senhora Chiyo hoje, não é Sakura?

Não, nós não tínhamos prometido nada a ninguém, aquele era o jeito dela de sutilmente dizer: Vamos embora antes que você pule no pescoço dele.

— É verdade! Ela já deve estar nos esperando. – concordei. – Foi um prazer conhecê-lo, espero que goste da vizinhança! – sorri amigavelmente ganhando um aceno do mesmo, acompanhado de um sorriso. Eu deveria ganhar um Oscar.

Ino despediu-se alegremente, relembrando mais uma vez as boas-vindas ao bairro e desejando ao mesmo uma boa manhã. Ele nos acompanhou até a porta e despediu-se educadamente, sem muito humor.

— O que diabos deu em você? – perguntou em um tom controlado enquanto nos afastavamos da casa de Sasuke. Dei de ombros, pronta para ouvir sermão que ela havia preparado. – Que droga, Sakura!
Parei por um minuto esperando que ela continuasse a falar, mas milagrosamente nada veio. Eu estava tão surpresa com a falta de sermão que demorei para formular uma resposta.

— Não gostei dele.

— Jura? Nem deu para perceber isso! – não poupou sarcasmo em sua resposta. Ela estava bem puta, tão puta que eu nem precisei chegar meu rosto próximo ao dela para ver a veia em sua testa pulsando descontroladamente.

— Qual é?! Ele foi super antipático! Ele nem ao menos estava conseguindo fingir que não nos queria ali.

— Você está maluca, isso sim!

— Não é possível você não ter notado!

— Vou te falar o que eu notei, – disse parando em frente a porta de minha casa, impedindo minha passagem. – Eu notei um cara que estava cansado de carregar caixas para lá e para cá a manhã toda, que mesmo cansado, tentou ser simpático. E que se esforçou para manter um diálogo sendo uma pessoa reservada, que quase foi agredido na própria casa pela maluca da casa ao lado! – praticamente gritou a última parte, fazendo-me encara-la assustada por alguns momentos.

— Não acredito que você vai ficar do lado dele. – acusei, passando por ela com indignação. Se você não estivesse tão ocupada babando o ovo dele você teria notado!

— Você vai se desculpar depois. E eu estou falando sério.

Revirei os olhos para seu tom autoritário. Nos seus sonhos, talvez.

— Tanto faz, Ino. – Aquilo pareceu ser suficiente para diminuir a pulsação da veia drasticamente. Ela me encarou por algum tempo antes de responder, como se quisesse descobrir a veracidade de minhas palavras. No fundo, ela sabia que eu não iria me desculpar nem que fosse amarrada.

— Preciso ir. – suspirou cansada. – Te vejo depois?

— Não vai mais bajular o vizinho novo hoje? – disse com a voz arrastada, zombando de seu comportamento mais cedo.

— Vá se foder, Sakura. – riu encostando-se no batente da porta antes de continuar. – Passe lá em casa mais tarde. Hinata deve ir para lá também.

— Hinata voltou de viagem? – perguntei surpresa.

Hinata era uma de nossas vizinhas, também amiga de infância. Éramos como em Desesparate Housewives, só que sem o drama e os assassinatos. Costumávamos nos juntar sempre que podíamos, para afogar as mágoas em álcool, chocolate, comédias românticas e fofocar sobre qualquer coisa que nos viesse a mente. Éramos a válvula de escape uma das outras e isso era lindo.

Hinata trabalhava em um dos escritórios de advocacia de um dos advogados mais poderosos da cidade e havia saído em uma viagem de negócios com o mesmo há uma semana atrás, eu mal podia esperar para saber o que tinha acontecido, já que ela tinha uma queda pelo patrão. E quem não teria?

Kiba era simplesmente perfeito, não tinha definição melhor para aquele homem. Moreno, sensível, carismático, alto, incrivelmente bonito, muito sexy. Ele era o pacote completo e de brinde ainda vinha o cachorro mais fofo do universo. Quem em sã consciência resiste a cachorros?

Enfim, depois de muito tempo apaixonada em segredo, Hinata decidira confessar seus sentimentos e a viagem viera a calhar. Agora esperávamos ansiosas pelo resultado.

— Volta hoje e disse que tem notícias bombásticas.

— Aposto que conseguiu algo com Kiba. – dei um sorriso sugestivo. Aquela safada!

— De qualquer forma, preciso ir. Tenta não morrer de saudades. – piscou desencostando do batente da porta e virando-se para sair.

Mal fechei a porta e corri para o andar de cima, despindo-me no caminho. Agora somos só nós, sorri encarando a cama desarrumada em minha frente. Não tivera tempo de arrumar antes de ser arrastada para fora dela mais cedo, mas isso acabou sendo conveniente já que não teria perder tempo desarrumando-a.

Pulei entre os cobertores, enrolando-me neles em seguida em um casulo confortável e fofinho. O ar-condicionado tinha deixado o quarto na temperatura perfeita para aquilo, mesmo que lá fora estivesse um calor dos infernos, meu quarto estava tão frio quanto o polo norte. Dormi tanto quanto pude, acordando a noite com uma mensagem de Ino, cancelando nosso encontro. Aparentemente o voo de Hinata atrasou ou algo do tipo.

Levantei da cama ainda me sentindo cansada. Tomei um bom e demorado banho, descendo para preparar meu almoço logo em seguida.

Sim, eu ia almoçar às oito e meia da noite. Preparei a lasanha de microondas soltando um pequeno muxoxo por ser a única coisa que estava em minha geladeira e enquanto esperava que a mesma ficasse pronta percebi que olhava para a casa ao lado. Apagada, como se a placa de vende-se ainda estivesse presa em seu gramado e seu interior ainda estivesse vazio. 

Era estranho ver alguém morando ali depois de quase dois anos, e alguém tão diferente dos antiga dona.
 

Sasuke era o completo oposto de Tsunade. Primeiro porque ele não era uma senhora de sessenta anos, segundo, porque ela uma pessoa amável, forte e comunicativa.
 

Bom, até ela adoecer. As luzes vermelhas da ambulância me acordaram naquele dia e eu desci, unicamente para vê-la sendo carregada em uma maca desacordada, com uma máscara de oxigênio em seu rosto. No dia seguinte, Ino me contou que ela teve um ataque cardíaco. Seus filhos acharam melhor que ela se mudasse para perto da família e assim que ela teve alta do hospital, a mudança aconteceu.

A lasanha finalmente ficou pronta, fazendo-me voltar ao presente. Me servi e caminhei até a sala, ligando a televisão em um canal aleatório, onde passava um suspense policial. Apesar de ter gostado muito do filme, estava tão cansada que não aguentei ver ao final. Mas já era previsível, como em todo filme, o assassino seria preso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e até o próximo capítulo!! ♥



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