Yoonay escrita por stanoflove


Capítulo 4
Liens familieux.


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente ♥ Pois bem, estava eu editando um capítulo e pensei, "ah, vou postar um agora" e postei, para alegria daqueles que estão acompanhando e daqueles que chegarão kkkkkkkkk.

Boa leitura, bebês! ♥



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[continuação.]

─ Ai Noah, sai dessas paranoias, calma! ─ Lena exigiu, assentando-se na cadeira de rodas que Noah havia pedido assim que chegaram.

Logo após Lena passar por uma avaliação e ter checado alguns de seus estados físicos importantes, ela estava sendo guiada para a sala de ultrassonografia, com a finalidade de ver a posição de Leon e avaliar o avanço das contrações de dona Lena.

─ Paranoias? A senhora está grávida e tendo contrações, cuidado nunca é demais, senhora Ray. ─ ele ralhou, enquanto observava a enfermeira a fim de uma concordância com a sua fala.

─ Ele está certo, Lena. Esse momento não é um momento para a senhora sair fazendo estripulias. ─ ela pactuou, virando um corredor que tinha somente três portas, todas de correr.

─ Mas gente, que complô é esse? ─ Lena requestou indignada, vendo a enfermeira parar a cadeira, empurrar a porta para o lado e entrar na sala de iluminação lúgubre.

─ Mãe, para de tentar achar argumento. ─ ele respondeu por último, com um sorriso atravessado em seu lábios e passando seus irmãos para dentro.

─ Meu Deus, que animação é essa? ─ a médica responsável pela ultrassom se pronunciou, assentando em sua cadeira.

─ Meu irmão vai nascer! ─ Malu respondeu, atrevida, e deixou um sorrisinho escapar, observando Laila, a enfermeira que acompanhava a família, ajudar Lena a deitar-se na cama.

Logo após o procedimento iniciou.

A médica desfez o nó da camisola hospitalar e depois de aplicar o gel, passou o transdutor sobre toda a extensão da barriga de dona Lena. Checou os batimentos cardíacos do bebê, que estavam ótimos, e, também a posição, estava atravessado, com os pezinhos nas costelas da direita.

─ O bebê está ótimo, somente a posição que é duvidável. ─ a médica se pronunciou enquanto passava um papel descartável para a retirada do gel condutor. ─ Você ficará sendo avaliada toda essa tarde e caso seu filho encaixe e a bolsa rompa, nos veremos mais novamente daqui a pouco.

Depois de agradecer e amarrar a camisola, Lena e seus filhos foram conduzidos a uma sala de preparo, onde nas horas seguintes passou sendo avaliada.

Por estar ansiosa, ela não parava de conversar com Noah, que vez ou outra a oferecia alguns chocolates para aliviar o nervosismo. Mas o nervosismo também se dava por estar enfrentando aquela situação sem o seu melhor amigo ao lado, o seu Abraham.

Noah viu mais uma vez a porta ser aberta e Laila entrou na saleta com uma prancheta em mão, enquanto a outra estava enterrada no bolso de seu jaleco rosa.

Ela caminhou até dona Lena e logo perguntou: ─ Como a senhora está se sentindo? As contrações estão mais fortes?

─ Estou bem, mas as contrações continuam constantes, a intensidade ainda é a mesma. ─ Laila somente assentiu diante da resposta e olhou a bolsa de soro, regulando o fluxo para o lento.

Depois de checar os batimentos cardíacos e pressão arterial de Lena, Laila deixou o quarto, voltando algumas horas depois somente para realizar alguns outros exames e um toque.

Mas para o aborrecimento de dona Lena, isso seguiu-se até as sete horas da noite, onde ela já se encontrava absurdamente exausta física, psicológica e mentalmente.

─ Ai, chega, eu quero ir embora Noah! ─ ela choramingou nervosa, enquanto a enfermeira retirava outra bolsa de soro. ─ É sério, eu quero ir embora.

─ Tem certeza? ─ Noah perguntou, segurando-lhe a mão.

─ Não quer aguardar mais um pouco? ─ a enfermeira perguntou, acariciando as bochechas de Lena.

─ Aguardar mais um pouco? ─ ela rezingou, respirando fundo para não se exaltar. ─ Leon não vai vim hoje, eu sinto. Já são sete horas, a bolsa não rompeu e minha dilatação não sai dos três centímetros desde que cheguei aqui.

─ Então está bem, nós vamos embora. ─ ele concordou, escutando um suspiro aliviado de sua mãe.

─ Ok, só vou passar para o médico e venho te liberar, está bem? ─ Laila indagou, recebendo um aceno positivo em seguida e deixando a saleta.

Depois, percebendo o abatimento não somente pelo dia estressante, mas por um outro fator, Noah aproximou-se de sua mãe, sentou-se ao seu lado na cama e disse: ─ Eu sei que você o queria aqui fisicamente mãe, para segurar a sua mão e fazer aquelas palhaçadas que ele sempre fazia. Eu sei que o queria aqui para dizer aquelas poesias que somente ele conseguia elaborar numa espontaneidade incrível, eu sei, mas sei também que apesar de não termos fisicamente, ele está aqui dentro, cravado em nossas almas por toda uma eternidade.

Suas palavras acabaram por envolver Lena como um abraço apertado e eterno. Apesar de saber que elas não eram e nunca seriam o suficiente, Noah havia tentado, conseguindo êxito até certo ponto.

E logo depois de soltar um suspiro pesado, Lena limpou rapidamente uma lágrima que escorreu de seu olho direito, e respirando fundo, não pela primeira vez, ela disse: ─ Ai meu filhote, eu realmente não sei o que seria da minha vida, principalmente agora, sem você. Obrigada por ser tão parecido com ele, ter essa essência idêntica a dele. Eu te amo Noah, eu te amo muito. Você é o meu maior exemplo!

Noah, totalmente surpreso, arqueou as sobrancelhas para logo tentar contestar, mas antes que a pudesse contrariar, seu tronco foi envolvido pelos braços fortes da matriarca, que ao se encaixar melhor no abraço, deixou um fungado forte no peitoral esguio.

─ Eu te amo também, minha linda. ─ ele disse por fim, ainda surpreso, fazendo-lhe um carinho nos cabelos ondulados.

Depois desse momento, não demorou muito a enfermeira voltar e liberar dona Lena. Nesse meio tempo os gêmeos acabaram por dormir, então Noah os tomou no colo, Malu teve sua mão enlaçada a da sua mãe e assim eles deixaram a maternidade.

Após uns quarenta minutos eles chegaram em casa. Noah deu um banho nos gêmeos e os colocou em suas camas, deixando cada um com sua pelúcia de dormir.

Em contrapartida, Malu estava disparada a falar tagarelando a veras com sua mãe, que somente sorria e balançava a cabeça, quase não entendendo o que era locucionado.

─ Ah, eu queria tanto que você nascesse hoje, eu iria te apertar tanto. ─ Malu disse baixinho, próximo ao barrigão.

─ Malu, malu... você tem mesmo somente seis aninhos? ─ Lena comentou risonha, andando até a cozinha, sendo seguida pela baixinha. ─ É tanta energia que as vezes eu duvido.

─ Ah mamãe, eu não sei né, mas é o que todo mundo diz. ─ ela disse com um sorrisinho sapeca. ─ Mãe, eu sei que a senhora está cansada, mas o que você acha de fazer um “chocolatinho”, huh?

─ Eu acho uma boa. ─ concordou, abrindo um dos armários sobre a pia. ─ Vai lá chamar o Noah enquanto eu preparo.

E ela assim o fez, saindo em disparada pelo corredor dos dormitórios, encontrando o mais velho apoiado a soleira da janela de seu quarto.

Gritando um “boo”, ela imediatamente fez Noah dar um pulo de susto, vendo-o virar em seguida na sua direção, com a destra sobre o peito esquerdo.

─ Mamãe vai fazer um “chocolatinho” bem quentinho para nós, você vai querer Nonô? ─ ela indagou sapeca, soltando um risinho ao ver o semblante, ainda espantado, de seu semelhante.

─ Você ‘tá doida, garota? ─ ele indagou risonho, caminhando rapidamente até ela e a pegando no colo.

Quando chegaram a cozinha, com Malu explodindo em uma risada alta enquanto sentia os dedos de Noah encherem-na de cócegas, Lena virou-se com as sobrancelhas arqueadas em exaltação.

─ Ei... ─ ela chamou-lhes a atenção, mexendo, com o auxílio de uma colher de pau, a substância que já começava a encorpar dentro da panela. ─ Silêncio, Nico e Maya ainda estão dormindo se não se lembram!

─ Desculpa mamãe. ─ Malu pediu, dando um tapa na mão de Noah que já ia cutucá-la na axila, novamente.

─ Não precisa pedir desculpas, meu amor, só faça menos barulho.

Ela assentiu em resposta, então depois eles ficaram ali, aproveitando suas companhias e escutando vez ou outra Malu soltar uma pérola, como por exemplo, quando a baixinha dissera ter sido magoada por uma coleguinha de sala, segundo ela, a menina não gostou de seu jeito eufórico e acabou brigando consigo, o que a deixou bem triste.

─ Mas sabe o que fiz? Eu deixei ela de lado e fui brincar com meus outros amiguinhos, que me tratam com muito amor e carinho. ─ suspirou fechando os olhinhos azuis e sorriu sem mostrar os dentinhos.

─ Aiai Malu, você é muito doidinha. ─ Noah disse risonho, vendo dona Lena servir em duas canecas coloridas uma boa quantidade de chocolate quente, em seguida ela mornou a parte de Malu e colocou toda a bebida numa mamadeira dos Backyardigans, entregando-a a mocinha faminta que possuía em seus orbes amendoados um brilho engraçado.

Os três caminharam até a sala, onde sentaram-se no sofá, e Malu repousou sua cabeça no colo de dona Lena, deixando os pezinhos nas coxas de seu irmão, para logo em seguida pedir: ─ Coloca Masha e o Urso, por favorzinho?

Noah não conseguia lhe negar muitas coisas, então assim o fez, arrancando dela um gritinho animado e palminhas.

─ Mãe, acho melhor a senhora ir tomar um banho para descansar, depois você terminar a bebida. ─ Noah sugeriu, escutando um suspiro cansado escapar dos lábios de sua mãe que logo após deixar um beijo na testa do dois, levantou-se e caminhou para seu quarto, com a caneca em mãos.

Malu, que segurava a risada enquanto prendia a mamadeira entre os dentinhos separados, vez ou outra fazia Noah rir consigo. A destra de ambos encontravam-se entrelaçadas fortemente, já que a baixinha vinha sentindo grande saudade do irmão, decorrente da nova rotina de trabalho, e a mesma até alegava que estava sendo “horrível não ter ninguém para implicar todo minuto”.

─ Amanhã você me leva na creche, Nonô? ─ ela pediu aleatória.

─ Espera eu completar uma semana no meu novo serviço que eu te levo. Não posso decepcionar o meu chefe logo nos primeiros dias. Certo? ─ a baixinha, apesar de chateada e com um biquinho manhoso nos lábios, assentiu em concordância.

─ Eu quero conhecer o lugar onde você trabalha. Mamãe disse que é um lugar cheio de pinturas legais, é verdade?

─ Sim, tem umas pinturas e esculturas bem maneiras, apesar de serem em grande parte meio que assustadoras.

─ Você pode levar eu, a Maya e o Nico, lá?

─ É, sim. Mais pra frente os levarei sim, quem disse que não? ─ ela sorriu angelicalmente, remexendo-se no sofá.

─ Ah, papai me falou uma vez que o assustador pode ser bonito também. ─ a baixinha divagou, levando sua mente há quase dois anos, enquanto enrolava seus fiozinhos castanhos aos dedos gordinhos. ─ Eu acho a mesma coisa que ele, sabe por quê? Porque até nas coisas que eu tenho medo, eu passei a ver coisas bonitas, legal né? ─ ela continuou dizendo e Noah por pouco não a apertou num abraço, não tinha como aquela garotinha de tão pouca idade ser tão ela. ─ Ah, e o seu chefe, como ele é?

─ Ele é legal. ─ ele respondeu-a, totalmente simplista, não querendo prolongar muito o papo sobre o seu chefe.

No entanto, a baixinha, felizmente, não contentou-se com a resposta e com o semblante fechado, ela logo refutou, dizendo: ─ Mas é o que? Credo, só isso?

─ Está bem, invocadinha. ─ ele resmungou, dando-se por vencido. ─ Pois bem, Yoon Seung é o seu nome, parece estranho, mas é só porque ele veio de um lugar totalmente diferente do nosso, ele veio da Coreia do Sul. ─ Malu positivou com a cabeça, fazendo uma careta ao escutar o nome diferente, e o pediu para continuar. ─ Como eu disse, ele é legal e simpático, pelo menos foi essa a impressão que tive no primeiro dia. Espero que no futuro eu não seja feito de capacho.

─ E o que é ser feito de capacho?

─ Espero que ele não venha pisar em mim. ─ e a baixinha levou as mãos até a boca, soltando um “oh!” assustado, fazendo seu irmão rir e rolar o olhos ─ Não no sentido literal, sua doidinha. Quero dizer que espero que ele não venha me fazer de trouxa, me usar só para subir na vida e depois me descartar. Entende?

─ Ah, mais ou menos. ─ e Malu fez aquela mesma careta do dia anterior, quando Noah explicava o termo “Relógio Biológico” para ela. ─ Eu só estou com sono, mas vai, diz ai, ele é bonito?

E aquela fora a gota d’água.

Noah somente riu, retirou os pezinhos dela de seu colo para que pudesse se levantar e caminhou até a cozinha, escutando-a gargalhar por suas costas.

Na volta, o mais velho deixou um beijinho na testa de sua irmã e sussurrou um “boa noite, sua pestinha”, caminhando em seguida até o quarto de sua mãe, onde encontrou a mesma sentada na cama e penteando os cabelos curtinhos.

─ Ela dormiu? ─ dona Lena indagou, sua voz soando cansada fez o coração de Noah doer.

─ Não, estava só tagarelando.

─ Eu a escutei perguntar sobre o seu chefe. ─ ela confessou com um riso preso, e Noah em dois tempos sentiu suas mãos suarem, ficando um tantinho nervoso. ─ Ele é bonito?

─ Ah não, a senhora também? ─ ralhou indignado e caminhou até a janela do quarto, que dava para o quintal da frente, onde havia várias lantejoulas espalhadas.

─ Mas me diga, acabamos por ter um dia um tanto agitado e nem pensei nisso, como foi o seu primeiro dia?

─ Ah, foi realmente bom. ─ ele considerou, meio pensativo. ─ A galeria tem um astral legal, tudo muito calmo e eu realmente gostei disso. As minhas tarefas não são tão difíceis, apesar de serem chatas. ─ dona Lena acabou gargalhando, deitando-se na cama em seguida.

No entanto, depois de alguns minutos papeando descontraidamente, Lena deu outro rumo a conversa, dizendo: ─ Filho, eu estava pensando e vou optar por realizar o parto em casa, assim como foi o seu e o da Malu.

Noah ponderou antes de responder, sobretudo sabendo que sua mãe ficaria imensuravelmente mais confortável nessa situação.

─ É, essa é uma opção melhor, de certa forma. E se é o que deseja, amanhã eu faço uma pesquisa por equipes aptas a esses procedimentos, pode ser? ─ ela somente assentiu e o viu caminhar em sua direção para logo depois deixar um beijo na testa.

─ Boa noite. ─ ambos disseram uníssono, e logo depois Noah caminhou até a sala, onde Malu já dormia no sofá, desligou a tv, e cobriu a pequena com uma manta.

Depois de tomar um banho quente, secou-se e vestiu somente uma boxer seguida duma calça de moletom. Pegou o celular sobre a cômoda e jogou-se na cama em seguida, logo que acendeu o visor viu as várias notificações de mensagens, mas a única que lhe chamou a tenção foi de um número desconhecido, e foi a que ele primeiro abriu.

Desconhecido 

Boa tarde, Ray. Como a sua mãe está? O bebê nasceu?

Me dê notícias quando puder.

Yoon Seung.

[09/05 às 17h00]

Noah

Hey, Sr. Yoon.

Ela tá bem, cansada demais na verdade, mas bem.

Na verdade o Leon não nasceu, ele não tava muito a fim.

[09/05 às 22h15]

Noah largou o celular de canto para fazer sua breve oração a Deus, e ainda que não fosse religioso, ele gostava de conversar com o Criador e tinha isso como um hábito, que o acalmava e sempre o animava aos inícios e fins dos dias.

Um tempo depois seu celular tornou a vibrar, anunciando o recibo de uma mensagem, ele não pestanejou e logo abriu.

Seung

Ah, que chato.

[09/05 às 22h35]

Caso tenha que faltar para ficar com a sua mãe,

não há problema.

Entendo bem essa questão da maternidade.

[09/05 às 22h35]

Noah 

Eu não faltarei, somente em último caso mesmo. 

Meu segundo dia, tenho que causar uma boa impressão.

[09/05 às 22h35]

Seung

Está bem, mas saiba que sua impressão comigo

já é uma das melhores, garoto.

[09/05 às 22h36]

E a propósito, peguei seu número pelo

currículo que deixou na mesa.

[09/05 às 22h36]

Noah

Ah sim, sem problemas.

[09/05 às 22h36]

Seung

Ok, então até amanhã. Boa noite, Ray.

[09/05 às 22h37]

Noah

Até amanhã, chefe. Boa noite.

[09/05 às 22h37]

No fim, ambos deixaram seus celulares de lado.

Noah virou-se para a parede da cama e cobriu-se dos pés à cabeça com o cobertor, sentindo-se estranho com algo que até então desconhecia.

Já Seung, que há poucas horas havia chegado em casa, encontrava-se cansado, soltando lufadas pesadas à medida que terminava seu jantar, bebericando também do vinho tinto.

O moreno estava passando por um complicado e demorado processo de divórcio, e por conta desse fator, seus neurônios estavam sendo consumidos aos poucos, deixando-o quase enlouquecido na mesma medida.

Um pigarro próximo a si despertou-lhe os sentidos, e ele rapidamente encarou a senhora ao seu lado, que fazia questão de todos os dias preparar-lhe o jantar, por mais que essa não fosse a sua obrigação e muito menos paga para isso.

 ─ Senhor, vai querer mais alguma coisa ou posso começar a retirar a mesa? ─ Noora, uma senhorinha simpática e ajudante dentro daquela casa, perguntou calmamente, vendo-o soltar um suspiro pesado e massagear as pálpebras.

─ Está tudo bem noona, pode retirar sim. ─ ele confirmou levantando-se lesto da cadeira e encaminhando-se para a cozinha, onde lavou seu prato e os talheres. ─ E eu já disse Noora, não é necessário me tratar formalmente, eu não gosto e você é uma segunda mãe para mim. É sério, pode parar com essas coisas de “senhor”.

E quando ela realmente sentiu a seriedade no tom de voz alheio, se assustou, não por medo dele, mas sim por nunca vê-lo daquela forma, e então logo disse: ─ Oh, me desculpa.

O moreno sorriu, caminhou até ela e deixou no alto de sua cabeça um beijinho suave, afirmando em seguida: ─ Gente, você é muito fofinha.

E dando um bocejo, seguido duma gargalhada gostosa, resultada após receber um tapa no braço, ele saiu caminhando até a escada que dava para o segundo andar, onde ficavam os quartos e uma sala estilo cinema, bem escurinha e confortável.

Mas antes de continuar seu caminho, ele perguntou: ─ Uh, e a minha pequena Alice? Ela teve um dia calmo? Como passou a manhã na creche?

─ Ela está lá no quarto, acabou dormindo antes que você chegasse. ─ ele assentiu, afrouxando um pouco a gravata e continuou escutando.  ─ Ela estava aérea hoje, parecia chateada com algo, quase não conversou comigo. Perguntei a ela e também aos professores se algo havia acontecido, mas disseram que não.

Seung estalou a língua no céu da boca, num trejeito chateado, e suspirou pesado, para logo falar: ─ Ah, ela deve estar sentindo o processo de separação. Alice não está entendendo do porquê de não ver mais a Dakota aqui e do porquê de que ela não vai mais morar com a gente.

─ É verdade, por todo um dia eu me esqueci dessa questão. ─ confessou totalmente envergonhada, como se tivesse culpa de algo. ─ Caso eu tivesse me lembrado, provavelmente saberia lidar com o abatimento da Alice.

─ Ah não, não se preocupe. De verdade! ─ Seung a assegurou, e a viu assentir.

─ Mas e você, como se sente? Está com algumas olheiras hein.

─ Ah... me sinto exausto na verdade. ─ ele confessou, já que possuía intimidade o suficiente com Noora. ─ Esse processo está sendo insuportável. Dakota não desiste de jeito nenhum, mas fora isso estou bem. Minha semana na galeria começou bem também, a contratação de um novo funcionário foi realmente bom. É um jovem promissor. ─ comentou com gosto ao lembra-se de Noah.

─ Isso é ótimo Seung, de verdade. ─ ela disse com um sorrisinho, enquanto voltava para a cozinha com duas travessas em mãos. ─ Agora você precisa de um descanso. Boa noite filho.

─ Boa noite, noona. ─ e depois ele terminou de subir os degraus e caminhou até o quarto da Alice, onde a mesma ressonava como um ursinho sob seu cobertor florido.

Bem, a Noora era uma grande amiga dos pais de Seung.

Seu ex-marido, Absalon, quando mais novos, sempre fora um marido e pai incrível, criou Sean, o unigênito, com muito amor e carinho. No entanto, as coisas começaram a desandar quando Absalon envolveu-se com aquilo que ela mais abominava: drogas.

Ele não só usava, mas também traficava e, por consequência, sua patente nesse mundo começou a subir, deixando aquela família em caquinhos.

Noora era absurdamente apaixonada por Absalon quando isso se iniciou, estava no auge de sua juventude, seus vinte e cinco anos, casada, formada e com a família que tanto sonhara.

E ela, achando que não tinha como as coisas ficarem piores, desmoronou quando piorou. E não vendo outra alternativa, Noora divorciou-se de Absalon, dando um fim doloroso e definitivo aos gostosos e saudosos sete anos de matrimonio.

Seu esposo, apesar de todas as coisas, sempre fora um homem que acima de tudo respeitou e entendeu suas escolhas, então logo quando recebeu a notícia e, também, por não querer vê-la ainda mais afetada com toda aquela situação, deixou-a livre para que partisse junto com Sean.

Embora no início, afastar-se de seu melhor amigo e esposo fora a coisa mais dolorosa que já fizera, agora ela se encontrava conformada, tinha uma cicatriz em sua alma, mas estava plena, sabia que fora a sua melhor escolha. E seu coração ainda queimava de amor pelo ex-marido, ainda que nos seus bons sessenta anos.

E agora, Seung encontrava-se agachado ao lado da cama de sua filha, que soltava assovios baixinhos enquanto dormia.

Os traços coreanos eram tão semelhantes aos seus, assim como o nariz afilado e a boca cheinha, diferindo somente os cabelinhos cor de mel, que eram idênticos aos de Dakota.

Alice era a bebê de quatro anos mais linda desse universo.

─ A-appa? ─ coçando os olhinhos, ela sussurrou, encarando-o de forma breve, pois no instante seguinte suas pálpebras pesaram.

─ Ei, meu anjinho. ─ todo encantado, Seung a respondeu, tocando suavemente suas costas, fazendo-a tornar-se sonolenta.

 ─ Eu te amo, appa. ─ daquele jeito que fazia o coração de Seung derreter, Alice soltou, escutando o mais velho iniciar o solfejo duma canção de ninar que ela amava.

─ E eu amo você, meu tesourinho. ─ cansado e um caco total, Seung repousou ali mesmo, na cama quentinha e com cheirinho de morango, como a baixinha afirmava.


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Notas finais do capítulo

e aiiii. opa, não foi hoje que o baby Leon veio ao mundo, mas será logo hein! e o que acharam desse finalzinho, huh? o Seung é papai kkkk, vocês imaginavam? contem para mim nos comentários, vamos interagir! ♥

e eu sei, eu sei que ficou um pouco corridinho esse capítulo, mas se fosse colocado tudo o que eu tinha em mente, iria tornar-se ainda mais cansativo do que está e, me desculpem por isso, eu prometo que o próximo será melhor.

espero que relevem esse capítulo cocô e não me abandonem. os vejo em breve, bonitos. até logo ♥



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