Após uma discussão acalorada e emocionada sobre o futuro da relação deles, Kate e Castle tiveram uma noite de romance, paixão e muito amor.

O sábado chegou. Ainda ensonado e com os olhos pesados, Castle despertou, mas, sem se levantar, espreguiçou-se e deu um longo bocejo.

O quarto ainda estava escuro por conta da cortina com blackout nas janelas, contudo, ao consultar seu relógio no seu criado mudo, viu que já passava das nove horas da manhã.

Olhou para o outro lado da cama e deu por falta da esposa, contudo não se preocupou, pois, sabia que ela devia estar no banheiro ou na cozinha preparando o dejejum.

Esticou novamente os braços e o corpo. Um novo bocejo se formava. sonolência matinal.

— Ah, como é bom espreguiçar depois de uma noite bem dormida ao lado do amor da minha vida. – Ele pensou alto, feliz da vida.

Sentou-se na cama, passou os dedos pelo cabelo, bagunçando-os mais do que ajeitando, vestiu seu robe preto e foi procurar Kate. O banheiro estava vazio, então, aproveitou e fez sua higiene matinal e logo em seguida foi à sala e à cozinha e também não a encontrou.

Rapidamente a discussão da noite anterior lhe voltou à mente e sentiu um aperto no peito e, à passos largos, retornou ao quarto e foi direto ao closet e logo deu por falta de uma maleta de viagem.

Olhou o armário dos sapatos da esposa e também havia espaços vazios. Não era necessário ser um expert ou um personal organizer para identificar que na parte dos sapatos, faltava uma bota de cano longo, uma botina de couro e havia outros espaços vazios. Na parte de casacos, também sentiu falta de alguns.

Abriu gavetas, mas logo parou de procurar peças de roupas da esposa, pois já estava óbvio que Kate havia partido.

— DROGA! DROGA! DROGA! – Castle gritou, praguejou e esmurrou a porta do banheiro, machucando um pouco a mão. – DEUS! O que é que Kate tem na cabeça? DROGA! Ela não escutou nada do que eu falei na noite passada!

Ele correu até o quarto e pegou seu celular e antes mesmo de tentar ligar para ela, Castle viu que tinha mensagem de voz dela para ele, pelo WhatsApp.

— Rick, eu te amo. Saiba que estou sofrendo muito. Sofrendo muito mesmo. Saiba também que não saberei viver sem você, mas seria muito mais difícil, talvez impossível, conviver com a certeza de que minha presença ao seu lado significaria colocar a sua vida em perigo. Quem ama cuida. Sim, eu sei que era isso que você queria fazer comigo. Você queria cuidar de mim, mas eu também preciso cuidar de você e a melhor forma de eu fazer isso é desaparecer da sua vida. Não pense que eu não te escutei, Rick. Sim. Eu ouvi cada palavra que você me falou à noite passada, mas peço que você também entenda o meu ponto de vista. Ainda não sei como, mas tentarei viver em outro lugar e terei uma outra identidade. Oh, meu Deus, eu não sei como farei isso, mas adotarei outro nome. Precisarei fazer parte de um grupo. Precisarei arranjar trabalho e conhecer pessoas dignas e corretas com quem eu possa contar. Com certeza nenhuma destas pessoas chegará aos seus pés. Tenha certeza que mesmo que eu crie um novo núcleo de amigos ou até família, não será possível tirar você da minha alma e da minha vida. Eu prometi te amar até o fim da minha vida e tenha certeza que cumprirei esta promessa... – Castle a ouviu fungando como se a esposa estivesse chorando, depois ouviu uma tosse curta seca, para tentar parar de chorar e logo em seguida a voz da esposa estava embargada e ela fez uma pausa e cortou a gravação.

Castle acessou o segundo arquivo de voz gravado três minutos após o primeiro, já com a voz mais firme – Eu estava te falando, amor, que será impossível tirar você da minha mente e do meu coração. Eu prometi te amar e te respeitar até o fim dos meus dias e tenha certeza que cumprirei esta promessa. Cumprirei não por se tratar de uma promessa, mas simplesmente porque será impossível te esquecer. Não quero com isso pedir para você me esperar. Nossa Senhora! Por mais que me doa pensar em você com outra mulher, eu não estou em posição de te pedir para ficar celibatário. – A voz voltou a ficar embargada, mas ela não interrompeu a gravação e, mesmo chorando, ela continuou a falar – Tente refazer sua vida, Rick - ela soluçava –...,  até porque eu não sei o que vai ser de mim... Não sei de nada. Não tenho forças... Oh! Que Deus me ajude! Não vou saber viver sem você, mas vou fazer o possível e o impossível para tentar. Neste momento terrível, a única coisa que eu posso afirmar, Rick, é que hoje, eu te amo mais do que ontem e amanhã eu te amarei mais do que hoje. – Kate chorava muito a mensagem foi interrompida.

Quando Kate o abandonou na primeira vez ela saiu às pressas do loft após se declarar seu eterno amor para o marido e dizer que não podia explicar muita coisa. Ao passar pela porta ela não conseguiu nem mesmo dar mais alguns passos e não segurou a emoção. Ela chorou no hall do prédio, bem próximo à prota de sua casa, todavia, longe das vistas do marido. Castle soube disso somente porque consultou os vídeos de segurança instalados no rol do seu prédio.

Contudo, neste atual momento, ela não conseguiu segurar a emoção e chorou muito enquanto falava.

Com Castle a situação não era diferente. Suas lágrimas embaçavam a leitura e a todo o momento ele passava a mão para enxuga-las, mas elas eram persistentes e não desapareciam. Logo abaixo havia uma terceira mensagem de voz e ele clicou para ouvir e a voz dela ainda estava emocionada.

— Ninguém sabe para onde eu vou, Rick... Aliás, nem eu mesma sei. Eu não falei nada para ninguém, nem para meu pai ou para Lanie, que, aliás, como você, eles dois vão sofrer a minha ausência. Sei que é um pedido inusitado, mas tentem não me condenar. Também não falei nada para o Esposito, o Ryan e muito menos para o Vikram. Sei que você nunca gostou dele, mas ele não tem culpa de nada, portanto, não o interpele. Nunca se esqueça que eu te amo! Sim, Rick, só estou desaparecendo porque te amo. Se não te amasse, ficaria. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Assim que ouviu a última mensagem, Castle imediatamente telefonou para ela, e, para sua surpresa, ouviu o toque do celular dela soar ali mesmo no quarto. Levantou as vistas e, infelizmente, o encontrou no criado mudo do outro lado da cama. Desanimado, deixou tocar até que caiu na caixa postal. Desligou o seu próprio aparelho e por pouco, não o jogou contra a parede. Estava com muita raiva. Não sentia raiva de sua esposa. Sentia raiva da vida e muita raiva de LokSat.

Castle se sentou na cama e chorou. Chorou como há muito tempo não fazia. Era um sofrimento sem igual.

Ele já sofrera por Kate em outras ocasiões, a exemplo de quando ela levara o tiro no peito, ou nas vezes em que ela fora sequestrada e torturada e tantas outras vezes que nem mesmo conseguia lembrar naquele momento, contudo agora era diferente, pois sentia que não podia fazer nada. Ele sentia no peito a falta dela e isso doía. Era uma dor física. As lágrimas desciam.

A única coisa boa naquele dia é que tanto sua mãe quanto Alexis não estavam em casa. Sua mãe viajara com seus alunos de teatro e sua filha passaria o final de semana com o namorado, ou seja, não haveria ninguém em casa para ouvir seus gritos e impropérios ou mesmo prestar atenção na sua cara inchada de tanto chorar. Na verdade, ele não estava se reconhecendo, pois não era de se entregar. Era mais de lutar e correr atrás do que queria, no caso, ele queria Kate, mas estava com sua alma destruída e não podia agir assim, sem planejamento. Não iria brincar de gato e rato naquele dia. Iria descansar, se refazer e botar a cabeça em ordem porque no momento em fosse fazer planos para procura-la, deveria estar com a cabeça no lugar para não cometer o erro de trocar os pés pelas mãos.