Fuga em nome do amor escrita por Denise Reis


Capítulo 28
Capítulo 28




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No momento em que a cabine do elevador parou e o casal Castle saiu no andar que funcionava o 12º Distrito, Kate sentiu seu coração quase parar de tanta emoção ao olhar em volta do grande salão onde por muitos anos trabalhou, se realizou profissionalmente e foi muito feliz. Foi trabalhando para aquela Delegacia que ela conhecera seu marido e com ele conheceu o amor e formaram uma família e hoje tinham um lindo filho. Eles ficaram juntos e por conta daquela mesma delegacia, passaram muitas dificuldades, até beiraram à morte e até separação, mas o amor deles era mais sólido e mais resistente do que rocha.

Como ainda estava muito sensível e com o emocional bastante abalado devido ao que passara, Kate ficou muito emocionada. Contudo, ao lado do marido se sentia forte e saberia encarar aquele primeiro dia de retorno.

Na condição de Escritor e marido apaixonado, Castle captava cada sensação da esposa, mesmo que ela não lhe falasse nada.

O casal olhava ao redor deles. As pessoas ali estavam ocupadas. Umas afobadas ao computador, pesquisando e anotando dados. Outras ao telefone tomando providências, com certeza, importantes e outras caminhavam apressadas pelos corredores. Ninguém deu conta da chegada da Capitã Katherine Beckett Castle.

O trabalho ali não parava. Isso era excitante e Kate sentiu seu coração congelar, pois, ao contrário do que previra, todos os medos e todo o pavor a atingiu em cheio, como um raio.

Ela parou de andar, uma vez que uma dúvida cruel lhe surgiu à mente...

— Será que eu vou conseguir? – Sem perceber, ela pensou alto, mas somente seu marido a ouviu.

Castle escutou o questionamento da esposa e reparou que ela olhava tudo a sua volta e empacara. Ela não conseguia dar um passo adiante e se ele não estivesse ao seu lado, ela teria retornado para casa.

— Hey... – Castle sussurrou para que ninguém mais o ouvisse além da esposa –, vai ficar parada aqui na porta do elevador ou vai tomar posse da "sua" sala na "sua" própria Delegacia, eihm, Capitã? – Amoroso, Castle a estimulou a prosseguir, frisando o pronome "sua".

Kate o olhou meio assustada e deu um sorriso tenso – Ah... Claro! Vamos... – ela sussurrou.

A passos firmes ele a guiou até a sua sala como se ela fosse um carrinho de supermercado e no momento que adentraram, ela olhou lentamente e com atenção para cada detalhe do cômodo. Os móveis eram os mesmos. Nada havia mudado. Ela foi até o fundo da sala, depositou sua bolsa em local próprio, retirou da sua maleta três porta-retratos. Em um estavam seus pais, em outro, uma família feliz e sorridente: Castle, ela e o Flynn e no último estavam seu pai e Martha sentados em um sofá, ladeados por Kate, Rick, Alexis e Flynn, todos demonstrando felicidade.

Castle estava atento a cada gesto da esposa.

Após corrigir as posições das três fotografias ela deu um sorriso, satisfeita com o que viu, e girou o corpo, ficou em pé ao lado da sua poltrona giratória e pôs o seu celular sobre a mesa.

Kate deu um longo suspiro e, buscando ânimo e coragem, ela comentou para o marido – Estou pronta para começar meu dia.  – Olhou por sobre a divisória envidraçada, cuja persiana estava levantada, e constatou que o pessoal continuava envolvido no trabalho – É, eu cheguei tão silenciosa e as pessoas estão tão atarefadas que não me viram. Eu vou lá fora cumprimentar a todos. Vamos! - ela o convidou.

— Mais animada?

— Sim! – Ela apertou a boca, respirou fundo e confessou – Amor, eu estou assustada, não nego, mas com muita vontade de fazer justiça!

— Essa é a minha mulher! Essa é a musa que me inspirou a escrever uma coleção de livros e por quem eu me apaixonei. – Castle demonstrou todo o orgulho e amor que sentia por ela. – Você pode! Você é capaz! Você é grande! Você é intensa! Você é forte! Você é isso! – Ele fez um gesto com a mão direita, indicando todo o perímetro da delegacia e repetiu – Você é isso!

No momento em que saiu da sua sala e pisou novamente no grande salão onde ficavam os detetives e os auxiliares, Kate foi surpreendida, pois todos a aplaudiam de pé e, ao mesmo tempo, diziam coisas como, “Seja bem-vinda, Capitã!” , “Viva Beckett!”, “Feliz retorno, Capitã!” e a policial Velasques se aproximou com um lindo buquê de rosas com cores variadas, desde as brancas até as vermelhas.

— Capitã, seja bem-vinda! A senhora fez muita falta aqui no Distrito! – A policial Velasques estava emocionada e entregou o buquê de rosas à Kate e todos aplaudiram novamente, sinal que todos concordavam com as palavras da moça.

— Capitã – o Detetive Esposito se aproximou e sorriu – Em nome de todos os policiais deste Distrito, eu também quero dizer que estamos muito felizes com a sua volta.

— Estamos muito felizes porque voltaremos a trabalhar sob a sua direção. – O Detetive Ryan acrescentou.

Novos aplausos.

Alguns policiais tinham nas mãos lançadores de confetes e serpentinas, típicos de aniversário de criança, e todos estouraram quase ao mesmo tempo, em comemoração ao seu retorno e isso a deixou muito feliz e emocionada.

As pessoas iam se aproximando e a cumprimentavam com apertos de mãos ou abraços sinceros e isso a animou e a encorajou a seguir em frente e não desistir.

Lanie se aproximou, abraçou e beijou a amiga – Querida, estamos todos muito emocionados e felizes com a sua volta. Esta Delegacia é sua e amamos trabalhar com você. Ah, e isto é para você pôr na sua mesa – A médica tinha nas mãos a placa indicativa da sua função e ao ler, Kate ficou surpresa, pois ali constava exatamente o nome sugerido pelo marido, ou seja, “Capitã Katherine Beckett-Castle”.

Em tom teatral de repreensão, Kate olhou para o marido, torceu a boca de forma divertida e logo percebeu o sorriso maroto dele – Richard Castle! Esta placa consta exatamente o nome que eu disse que iria mandar fazer, ou seja, “Capitã Katherine Beckett-Castle”.

— Uaauuwww!! Quanta coincidência, eihm? – Castle até tentou disfarçar ao perceber que seu plano fora descoberto pela esposa, mas não conseguiu.

— Castle, você quer me confessar algo?

— Eu? – Ele se fez de inocente e todos riam.

— Então, quer dizer que toda aquela história de você não querer vim comigo se tratou de um teatrinho, foi?

— Amorzinho... Foi para o seu bem... – ele usava seu charme para tentar seduzi-la a fim de evitar que ela brigasse com ele – Digamos que eu te instiguei a decidir fazer o que você queria, mas estava temerosa por tudo o que passou nos últimos anos.

Na frente de todos ela se aproximou do marido, se declarou e deu um rápido selinho nele – Eu te amo!

Todos aplaudiram efusivamente e a comemoração seguia animada.

Outros policiais também fizeram pequenos discursos de boas-vindas e ao final, uma Kate sorridente, agradeceu a recepção calorosa – Olá! Mais uma vez bom dia a todos! Eu quero dizer que apesar de nos últimos anos eu ter passado por muitos problemas que prefiro não enumerar agora, quero dizer que estou muito contente por conseguir retornar ao 12º Distrito que, como eu sempre disse, é a minha casa. Este retorno, apesar de muito difícil, não nego, só está sendo mais leve conta desta maravilhosa acolhida de vocês, pessoas incríveis em quem posso confiar. Devo isso também ao imenso amor, compreensão e ajuda do meu marido que, com certeza, vocês todos o conhecem há muitos anos. Estou vendo pessoas novas – ela olhava ao redor e viu novos policiais – Bem, para quem não o conhece, o nome dele é Richard Castle. Ele é um colaborador civil que, desde 2009, com a autorização do Prefeito, do Comissário de Polícia e, claro, com o meu consentimento, presta um serviço formidável à sociedade, sem qualquer custo aos cofres públicos e, se Deus quiser, sempre que possível ele vai comparecer aqui para continuar nos ajudando nas soluções dos casos de homicídio, pois com o olhar observador de Escritor, ele capta situações por um prisma que nós, como policiais, não enxergamos, assim, ele sabe ligar as peças do quebra-cabeça durante os casos de homicídio. Podem acreditar, ele é realmente bom em analisar todas as provas que nós temos e sempre nos ajuda a achar a peça faltante do quebra-cabeça. – A turma aplaudiu – Bem, pessoal, percebi que vocês estão cheios de atividades e no meio de investigações, então, obrigada pela acolhida e vamos voltar ao trabalho porque o que mais gostamos de fazer é levar justiça às famílias das vítimas... E lembrem-se: eu voltei e estou aqui para o que precisarem.

O pessoal aplaudiu e se dispersou.

Ainda no corredor da grande sala dos detetives, Kate ouviu o toque do celular do Ryan. Assim que o Detetive desligou a chamada, olhou para o seu parceiro – Vamos, Espo, temos um homicídio para resolver. Um casal foi encontrado morto. Uma mulher negra e um homem de aparência asiática... Ao que tudo indica, um assalto que não deu errado.

— Vamos! – Esposito ficou em alerta – Qual o endereço?

— Cruzamento entre a Lexington e a Rua 42.

— O dever nos chama, Capitã. – Ryan sorriu e os dois Detetives enviaram olhares animados para a Beckett e seguiram apressados em direção ao elevador, mas antes de entrar na cabine, o irlandês voltou a atenção novamente ao casal ainda parado à porta da sala – Quer vim com a gente, Castle? O que sei até o momento é que as vítimas foram encontradas com indumentárias e penteados do Século XVII. Algo também muito bizarro... Foi encontrado dentro da bolsa dela... Um pergaminho dobrado em várias partes, com escritas em latim. O pergaminho tem um lacre com o formato de um brasão também do Século XVII. E cada uma das vítimas possui este mesmo brasão tatuado nas costas. Este caso é a sua cara, Castle.

— Juro que estou terrivelmente tentado a ir com vocês, rapazes – Castle deu um sorriso traquinas –, mas vou declinar deste convite fascinante porque já estou de saída. Vou ficar mais um pouco aqui com a Kate... Só um pouco... Mas logo eu vou embora porque tenho um livro para começar a escrever. Muitas ideias estão pipocando... A conversa que tivemos em casa hoje pela manhã, seguida por esta recepção calorosa que vocês preparam me deu uma inspiração que não posso deixar de aproveitar. E, logicamente, este caso bizarro não vou deixar de mencionar... Depois vocês me passam mais informações sobre ele, ok?

Achando quase inacreditável a recusa do Castle, os rapazes acenaram em despedida, entraram no elevador e partiram.

— Vou te preparar o melhor café da sua vida. – Castle avisou assim que a esposa se sentou na sua poltrona giratória atrás da sua mesa de Capitã.

Antes de sair da sala para ir preparar o seu famoso café, ele ainda ouviu o comentário da sua mulher – Uaaauuwww!!! Transmissão de pensamento, amor. Eu já ia te pedir isso mesmo. Nada como o seu maravilhoso e inigualável café para começar bem o meu dia aqui no Distrito.

Deixando Kate na sua própria sala, Castle seguiu na direção da sala de descanso a fim de preparar o café para ambos.

.... .... .... .... ....

— Castle, você teve mesmo uma inspiração para começar o novo livro ou foi somente uma desculpa para você ficar comigo aqui, eihm? – Kate questionou o marido enquanto ambos saboreavam o café cremoso.

— Ah, Kate, você bem sabe que eu nunca deixo de aproveitar todos os momentos da investigação, principalmente quando o caso é bizarro... Ainda que eu esteja com lampejos de inspiração... E você também sabe que eu registro no celular todas as ideias quando elas brotam e somente quando estou em casa, tranquilo é que eu as desenvolvo e escrevo até cansar...

— Então... – ela deu uma piscadinha marota para o marido.

— Então, amor da minha vida, eu não fui com os meninos porque, como eu já te disse, queria ficar com você e preparar o seu primeiro café após o retorno – levantou a caneca dele na direção da dela e fez um brinde simbólico –, mas daqui a pouco vou embora. Você está perfeita! É nítido que você está completamente à vontade e segura como sempre esteve. – Castle olhou em volta de um jeito despreocupado – O ar daqui te faz um bem enorme, Kate, e eu sei que você sabe disso.

Kate deu um longo suspiro em sinal que concordava com o que o marido tinha acabado de comentar e sorriu segura e feliz.

Depois de dar um longo gole de café, Castle complementou seu reciocínio – Daqui a pouco vão chegar assuntos de grande importância para você resolver e, obviamente, não vou ficar aqui como um mero observador... Eu vou telefonar para Hayley para saber se temos algum caso novo. Vou dar uma passada lá no escritório de investigação mesmo se não tiver nada e logo depois vou para casa e aí, sim, vou  me jogar no novo livro até a hora de pegar o Flynn na creche.

— Ok!

— Mas... – ele fez uma pausa exageradamente cênica que a fez rir – ... se chegar um caso mais do que interessante que você tenha necessidade e vontade de investigar na rua, eu te juro que vou te agradecer se você me chamar... Porque, como eu já te disse milhões de vezes, casos excêntricos equivalem a “senhas” para interrupção do Escritor aqui.

— Só você mesmo, Castle, para falar que casos de homicídios são mesmo que “senhas”...

— Por falar em senha, minha curiosidade está me matando... – ele a olhava ansioso – Aquela história do Ryan de que na bolsa da vítima foi encontrado um pergaminho com escritas em latim, com um lacre com o formado de um brasão do Século XVII... E que as vítimas usavam indumentárias também do Século XVII... E ainda as tatuagens... É mesmo verdade ou os meninos estavam de zoação comigo?

— Deixe-me ver... – Kate acessou as mensagens do seu celular – ainda não tem nada aqui... – ouviu-se um som de mensagem chegando e ela voltou a abrir as mensagens – Aqui está, Castle... – ela fez uma expressão de surpresa – Uaaauww!! – Kate viu todas as fotos e passou o celular para o marido. Ali tinha foto das vítimas e da bolsa da mulher e o seu conteúdo, que era exatamente o que o Ryan havia falado.

Castle analisava as fotos e, assim como a esposa, ele ficara boquiaberto com o modo como a mulher fora morta e também com as roupas das vítimas e o conteúdo da bolsa.

Kate acessou o computador na página oficial dos casos daquele dia e as mesmas fotos estavam lá – Aqui as fotos estão mais nítidas e tem mais informações, pois a todo momento, eles vão alimentando com novos dados.

Os dois examinaram as fotos e leram os comentários, mas logo Castle perdeu o interesse, pois, se lembrou de comentar algo muito importante – Ah, Kate, sei que não preciso falar, mas quero apenas reforçar que tudo o que eu te falei hoje cedo lá em casa é a mais pura verdade. Por mais que eu e o pessoal daqui tenhamos preparado esta surpresa para você, inclusive esta nova placa – ele deu um leve sorriso ao tocar a placa com o cargo e o nome de casada dela –, eu não inventei, não aumentei ou menti em nada. Fiz tudo para te animar porque eu valorizo muito o seu trabalho e a pessoa extraordinário que você é. Você é como eu escrevi na dedicatória do primeiro livro sobre a Niky Heat, você se lembra?

“À extraordinária K.B...”, ela recitou a parte específica... Como é que eu poderia esquecer, eihm, Castle! – Ela sorriu – Oh, amor! Eu te amo e obrigada por tudo.

— Isso mesmo, Kate, você é “extraordinária!” e nunca se esqueça disso. – Castle ratificou – Eu também te amo.

Naquele momento a policial Velasques deu três batidinhas na porta aberta da sala de Kate e, como não precisava receber autorização, entrou segurando algumas pastas e as depositou na mesa de Kate – Capitã, com licença... A sua agenda hoje está cheia... A senhora tem uma reunião com o Comissário da NYPD às treze horas. Será em um almoço neste restaurante aqui – a policial apontou o nome que estava escrito no documento – e quem também vai estar presente será a nossa ex-Capitã Victória Gates, que agora é a Chefe da Corregedoria. – A policial abriu uma pasta e mostrou um relatório – Os Detetives Yves e Tompson estão precisando com urgência de um Mandado de Arrombamento para capturar um suspeito e aqui está o relatório que eles fizeram para fundamentar a necessidade do mandado. – Abriu outra pasta e mostrou outro documento – O Prefeito está cobrando a solução de um caso que começou ontem... Descobrimos que a vítima era um político que vivia metido com traficantes...

(...)

Enquanto a policial Velasques listava os compromissos profissionais da Beckett, Castle analisava a expressão de sua esposa. Ela mergulhou completamente com muita facilidade na função de Capitã. Era evidente que Kate estava onde nunca deveria ter saído, pois aquilo tudo era a vida dela. Se como Detetive ela já se jogava nos casos, agora, então, voltando a ser Capitã, nada a seguraria, pois, a luta dela era para continuar levando justiça aos lares das vítimas. Os olhos dela brilhavam de contentamento e Castle pode perceber também que as palavras “medo” e “desistir”, com certeza, não faziam mais parte do vocabulário dela e ela voltaria a ser a melhor.

Feliz com esta análise tão óbvia, Castle arrastou sua poltrona e se levantou – Kate, eu já vou e nos vemos à noite. – Ele a saudou com uma leve piscada de olho e, sem que a policial Velasques percebesse, ele sussurrou – Eu te amo – e jogou um beijo no ar.

Esses gestos a deixaram feliz.

— Tchau, Castle!

— Bom trabalho para vocês! – Ele cumprimentou a esposa e a policial Velasques.

— Você também, Castle. – Kate devolveu o cumprimento.

— Obrigada, Castle! – A policial Velasques retribuiu a saudação.

 

Continua...


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