Peut-être le coucher du soleil? escrita por Ariel F H


Capítulo 7
Eu realmente me preocupei com isso


Notas iniciais do capítulo

estou vivissimo galera

eu AMEI o feedback dos capítulos anteriores. isso aquece o meu coração de um jeito incrível ♡

bem, esse capítulo aqui é, provavelmente, o mais importante da fanfic. ele também é o maior e o único com mais de 1k, eu acho. então é por isso que hoje vai ser só um cap mesmo jrjkekepeos

eu tô muito feliz que ces tão gostando da fanfic e espero que gostem desse capítulo aqui ♡ é um dos meus favoritos

boa leitura ♡



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Fim de ano era sempre uma época meio complicada.

No dia seguinte seria a ceia de Natal, o que significava ir até a casa de seus avós e reunir toda a família. O que significava que Bianca iria pegar um vôo em algum lugar da Itália e Nico finalmente a veria novamente. O que significava que Hades di Angelo estava de férias do trabalho.

Nico gostava do pai. Ele era incrível. Incrível ao ponto de estar usando um moletom do Sex Pistols às sete da noite logo depois de arrastar Nico até a cozinha e fazer com que ele o ajudasse a preparar uma "pizza de verdade".

Nico sentiu que estava precisando de um pouco mais de esforço do que o normal para se arrastar do quarto até a cozinha. Parecia que o buraco dentro de seu peito estava maior que o normal. Hades estava fazendo algumas perguntas sobre a escola que Nico respondia com o mínimo de palavras que pudesse usar.

De repente, sentiu vontade de chorar.

Era complicado.

Antes da mãe de Nico sofrer aquele acidente de carro, eles eram uma família feliz. Todo domingo Maria e Hades faziam panquecas. Panquecas de banana com gotas de chocolate. Lembrava de brigar com Bianca para pegar a panqueca que tinha mais chocolate do que as outras. Depois de Maria morrer, Nico lembrava de ter comido panquecas apenas em restaurantes.

Bianca não suportou ficar. Preferiu arranjar alguma faculdade no outro lado do mundo do que continuar ali onde a presença da mãe era mais forte.

Nico se sentia abandonado pela irmã. É por isso que eles ficaram quase um ano sem conversar direito.

Hades e Nico não. Eles jamais iriam embora. Talvez eles fossem parecidos demais. Bianca diria isso.

E esse era o problema: Nico e Hades simplesmente não conversavam.

Quando Nico saía da cama para ir à escola, Hades já estava no escritório trabalhando. Quando Hades voltava para casa, à noite, geralmente Nico já estava dormindo e o homem estava cansado demais para fazer qualquer coisa. Por isso as vezes eles passavam dias sem ter uma conversa de verdade.

Eles tinham conversas periódicas, apenas. Raramente era algo profundo.

Hades lidou com o luto trabalhando cada vez mais e descobrindo bebidas mais e mais caras.

Nico lidou com o luto comprando o máximo de livros de poesia que conseguia, se trancando no quarto e no banheiro.

Qualquer um que olhasse para eles diriam que eram pai e filho. Até mesmo na forma como eles fingiam brigar quando Hades tentava provar para Nico que punk rock era muito melhor do que grunge ou como Nico ficava bravo quando o pai vinha com aquela ideia maluca dele de que Kurt Cobain era superestimado. Sabia que Hades só dizia aquilo para irritar Nico e rir da cara dele depois. Nico sempre ficava na defensiva quando Nirvana era mencionado, mas nunca admitia.

A relação entre os dois era muito baseada na música. Desde antes de Maria ir embora. O pai nunca foi muito bom com as palavras, assim como Nico.

Toda vez que o garoto tinha um problema grave, era para a mãe que ele corria.

Não é que Hades não fosse um bom pai. Ele era. Até demais.

É que tudo se perdeu no meio do caminho.

Quando a pizza estava no forno, os dois se sentaram na mesa. Hades com uma taça de vinho em uma mão e o celular na outra. Ele estava sempre falando com alguém do trabalho. Nico não conseguia entender muito bem como alguém igual seu pai acabou com um emprego tão convencional.

Nico recusou o vinho, então cruzou os braços em cima da mesa e apoiou o rosto ali.

Os dois tiveram uma pequena discussão sobre qual música colocar. Nico queria Nirvana, como sempre. Hades queria Ramones. Acabaram ficando com Amy Winehouse, sabe-se lá porquê.

Então, enquanto tocava You know I’m not good, Nico pensou em Will.

Há semanas que eles estavam conversando. Nico havia emprestado dois de seus livros para ele nesse tempo, mesmo que suas conversas estivessem variando mais de assunto ultimamente. O problema é que, de alguma forma, isso o fazia se sentir mais vazio ainda. Will nunca havia mencionado as cicatrizes. Antes, Nico estava agradecendo por isso. Agora, queria chorar e perguntar porque ele não se importava.

Nico queria falar com alguém, só não havia quem.

Várias vezes ele tentou mencionar o assunto com Will.

Talvez um "eu já desisti de me cortar três vezes desde que a gente começou a conversar, mas eu continuo a fazer isso porque o amor que eu sinto por você e por outras pessoas ou coisas não cobre o ódio que eu sinto por mim mesmo".

Foi por isso que, quando Hades se levantou para trocar de música, Nico escondeu o rosto entre os braços. Talvez ele devesse se levantar e sair dali. Sentia seus olhos arderem. Precisava chorar. A última vez que chorou na frente do pai foi quando sua mãe morreu, quatro anos atrás.

Porém, antes que Nico pudesse se levantar, sentiu uma mão fazer carinho em suas costas.

— O que aconteceu? — Hades perguntou. Foi quando Nico percebeu que não estava apenas chorando, mas soluçando.

Nico levantou o rosto, tentando controlar a respiração e secar as lágrimas em suas bochechas.

Hades girou a cadeira giratória em que Nico estava sentado, o fazendo ficar de frente para si. Ele esperou Nico se acalmar um pouco antes de repetir a pergunta.

Nico olhou para o pai. Ali, de pé, o homem estava mais alto que o normal. Nico precisou olhar para cima para dizer:

— Preciso te contar uma coisa.

— O que? Alguém te machucou?

Nico negou com a cabeça. Não conseguia ver o rosto do pai, porque as lágrimas estavam no meio do caminho.

Quando Nico falou, as palavras saíram de forma estranha de sua garganta, como se fosse outra pessoa dizendo.

— Eu sou gay.

Ele esperou uma reação. Talvez gritos ou... Qualquer coisa.

Hades levantou uma das sobrancelhas.

— O que você quer contar? — ele perguntou.

— ‎Você não me ouviu? — Nico se sentia confuso. Ele tinha falado, não tinha?

Hades levou uma das mãos até o queixo de Nico e levantou seu rosto. Os dois se encararam.

— Nicolas. — Hades disse. Nico não conseguiu compreender o tom em sua voz. — Não me diga que você está chorando por isso.

Nico ficou em silêncio. Não estava mais chorando, mas seu gosto estava molhado. Ele piscou quando o pai secou sua bochecha com a própria mão.

— Você já sabia?

Dessa vez Hades levantou as duas sobrancelhas.

— Se eu já sabia? Você já me falou isso. Não lembra?

— ‎O que? Eu falei?

Hades olhou para ele, como se não acreditasse.

— ‎Você tinha uns oito anos, acho. Eu fiz algum comentário sobre você ter uma namorada. Foi brincadeira, claro, mas você levou muito a sério e disse que nunca namoraria uma garota. Eu fiz outra piada dizendo que ou você seria padre ou gay. Sua mãe riu e disse que eu te expulsaria de casa se você virasse padre. Porque sou ateu. Você não sabia o que gay significava. Quando eu te expliquei, você disse que não sabia que tinha um nome pra isso e depois gritou que era gay.

Nico piscou.

— O que você disse? — quis saber. — Quando eu falei isso.

Hades soltou o rosto de Nico.

— Primeiro, tentei dizer que você era novo demais pra saber disso. Sua mãe disse pra eu parar de ser chato, porque eu não diria isso se você estivesse falando que era hétero. Então respondi que qualquer coisa seria melhor do que um padre na família.

Nico continuou a encarar o pai. Hades ficou parado em sua frente.

Não é que Nico esperava uma reação ruim, é que ele tinha medo de uma reação ruim.

Nico piscou, então começou a chorar mais ainda.

Quando sentiu os braços do pai em volta de si, Nico teve aquela maravilhosa sensação de conforto que não tinha há anos.

— Nicolas. — Hades disse, enquanto o abraçava. Era um tipo de apelido carinhoso para Nico. O nome dele era apenas Nico, mas as pessoas costumavam pensar que era diminutivo para Nicolas, então o pai começou a chama-lo daquela forma em algum momento. — Você realmente se preocupou com isso?

Com a voz esganiçada e abafada no ombro do pai, Nico disse:

— Eu não queria te decepcionar.

— ‎Você nunca vai me decepcionar.

Então, sem planejar, Nico disse:

— Pai, eu tô doente.

— ‎O quê? Não.

Hades se afastou, então segurou o rosto de Nico com as duas mãos.

— Você não está doente, Nicolas. Homossexualidade não é doença. Preconceito é.

— ‎Não. Não é isso.

Não tinha como falar, então ele mostrou.


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