— Eu não te vi na escola. Fiquei preocupado. — Will disse.

Os dois estavam sentados na cama de Nico, incrivelmente próximos. Muito próximos.

— ‎Como você sabia onde eu moro?

— ‎Jason me contou.

— ‎Você poderia ter me mandado uma mensagem.

— ‎Eu queria te ver.

Aquilo pegou Nico desprevenido. Ele desviou o olhar.

Não sabia muito como agir perto de Will. Eles estavam relativamente próximos agora, com todas aquelas mensagens e aquelas conversas rápidas na escola.

— Você fez isso na sua boca?

Nico não respondeu, o que era uma resposta.

Ouviu Will suspirar.

— Meu pai vai me mandar pra um manicômio. — Nico comentou.

— ‎O quê?

— ‎Minha psicóloga, na verdade. ‎Não é um manicômio. É tipo uma casa, nas palavras deles. Mas é um manicômio.

— ‎Isso é bom.

Nico olhou para ele, em silêncio.

— Você precisa parar de se machucar.

— ‎Não sei se consigo.

Will se aproximou mais ainda dele.

— Eu não sei o que te falar.

— ‎Você não precisa falar nada.

— ‎Mas eu quero.

Não sabia o que fazer com aquela aproximação toda. Sentiu uma mão de Will em seu queixo. Ele encarou os lábios se Nico, então olhou para seus olhos.

— Eu não quis dizer nesse sentido, Nico. Quero dizer que eu quero falar que gosto de você, só não sei como.

Nico sentiu algo dentro de si se acender.

— Acho que você acabou de falar.

Will deu um pequeno sorriso. Sua mão ainda estava no queixo de Nico.

— Estou falando sério. Eu gosto de você.

— ‎Eu também gosto de você. Nós somos amigos, né?

— ‎Não assim. — Will comentou, deixando sua mão cair. — Eu te beijaria agora, se não fosse esses machucados.

Nico ficou estático.

— Você está bem? — Will perguntou.

— ‎Você não está dizendo isso só pra me fazer sentir melhor, está?

— ‎O que?

— ‎Will, você não precisa fingir gostar de mim assim só porque eu sou um idiota depressivo.

— ‎Nico, pelo amor de Deus. Eu fiquei uma semana pensando em como contar que eu gosto de você. Não estrague meu momento, ok? Eu estou sendo sincero.

Nico ficou em silêncio, sem saber o que falar. Os dois se encararam.

— Você está bem? — Will perguntou, pela segunda vez.

— ‎Will. — Nico murmurou. — Eu... Gosto de você. Também.

Ele sentiu todo seu corpo ferver de vergonha, mas Will sorriu.

— Isso é ótimo.

— ‎E eu nunca... Beijei ninguém. — comentou, baixinho, sem olhar para Will.

— ‎Bem. — Will disse. — A gente pode mudar isso, se você quiser. Mas você precisa cuidar das suas feridas antes. Se eu te beijar agora, vou te machucar.

Nico respirou profundamente, sentindo todo seu corpo estranho.

Will levou uma de suas mãos até a nuca de Nico. Seus rostos ficaram próximos, mas não mais que isso.

Nico apoiou a testa do ombro de Will, sentindo as pontas dos dedos dele em seu cabelo.

Naquele momento, Nico pensou que havia motivos para estar vivo.

Havia a poesia. Havia Will, Jason, Bianca e Hades.

Era tudo o que precisava.