O Diário de Sir William escrita por Andressa Becker


Capítulo 6
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Olá anjinhos,estou aqui com mais um capítulo!
Espero que vocês gostem e que estejam curiosos a respeito desse casal tanto quanto eu!
Não deixem de me dizer o que acharam,por favor
Boa leitura!
Ps:Obrigada Naah e Lari pelos comentários no último capítulo,a opinião de vocês é muito importante para mim e seus comentários são sempre umas fofuras ♥



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Margaret e William caminharam em silêncio pelos corredores estreitos da mansão Davies até o jardim,Will havia feito algumas tentativas de iniciar uma conversa,as quais Maggie respondeu com palavras monossilábicas e diretas até por fim o garoto desistir. Margaret estava tentando controlar toda a raiva e mágoa que estava sentindo e ser fria e ríspida com William parecia a opção mais viável no momento. A menina conseguiu manter a postura orgulhosamente durante todo o caminho,mas assim que adentrou o jardim,tudo foi por água abaixo. Se tinha algo mais bonito que um jardim bonito e bem cuidado,era um jardim bonito e bem cuidado a luz do luar. Margaret soltou o braço de Sir William e antes que desse conta do que estava fazendo se inclinou para sentir o cheiro de uma flor. 

—Essas flores são...

—Eustoma Grandiflorum,mais conhecidas como lisiantos,eu sei-Ela o interrompeu-São formadas no final da primavera e no início do verão.

—Impressionante,não sabia que a senhorita se interessava por botânica.

—Eu não me interesso,mas meu pai sim.-Margaret revelou olhando para a flor branca com as bordas de um tom violeta lindíssimo com admiração.-Desde pequenos ele sempre gostou de levar eu e meus irmãos para o jardim e nos ensinar os nomes das flores,acabei os decorando sem nem mesmo perceber. 

—Ele parece um bom pai.-Will comentou gentilmente e Margaret deu de ombros.

—Ele é. 

Margaret passou a mão pelas pétalas de uma flor de açafrão e suspirou,aquelas flores eram tão absurdamente caras,mesmo seu pai-que possuia uma riqueza considerável-teve de se esforçar bastante para conseguir um broto.

—Essas são flores de açafrão.-William falou se aproximando da garota e também observando a flor.

—Eu sei-Margaret o fitou por um instante se perguntando seriamente se ele tinha algum retardo mental-Acredito ter acabado de dizer que decorei o nome das flores que existem na minha casa,e posso ver com bastante clareza que o seu jardim é bem menor que o meu,não acho que haja qualquer flor aqui que eu já não saiba o nome.

Um longo silêncio pairou entre os dois. Margaret olhou para todos os lados menos o lugar onde estava Sir William,fitando-a com a testa franzida.

—Margaret...

—Senhorita Walsh.-A menina o corrigiu com firmeza. 

—Srta.Walsh,eu fiz algo de errado?-Ele perguntou,a sinceridade em sua voz e a expressão confusa em seu rosto foram as únicas coisas que impediram Margaret de ter o estrangulado,vontade era o que não faltava.

—O senhor é um asno?

—O que?-William perguntou boquiaberto.

—Porque ou o senhor é um asno ou tem algum prazer estranho em me humilhar não importa a situação em que nos encontremos.

—Te humilhar?-Sir William repetiu parecendo ainda mais confuso.

—Coloque-se no meu lugar por um instantezinho que seja. Imagine que a garota a qual você foi prometido nem ao menos acabe de se apresentar e já diga que não tem a mínima intenção de se casar com você-A garota vociferou irritada-imagine que após isso você vá a um jantar na casa dela e ela comece a compará-lo de formas inalcançáveis com outro rapaz,que todos sabem que é mais bonito e talentoso que você,mas por educação e pelo mínimo de respeito a você ninguém diga nada. Você por um minuto que seja duvidaria de que essa garota esteja tentando humilhá-lo?

—Vendo por esse lado.-William balbuciou tendo a decência de parecer constrangido.

—Pois é.

—Não tive a intenção de constrangê-la ou ferir seus sentimentos,Srta.Walsh.

—Mas foi o que pareceu.

Sir William se colocou na frente de Margaret,obrigando-na a encara-lo. A garota levantou uma das sobrancelhas de modo inquisidor.

—Srta.Walsh,sinto muito tê-la ofendido,por favor acredite em mim quando digo que o problema aqui sou eu. Em outra situação eu ficaria honrado em me casar com você.-Ele falou de modo bastante decidido.

—Ficaria?

—É claro,a senhorita é muito interessante.-Ele deu um sorriso mostrando aquelas adoráveis covinhas e Margaret estreitou os olhos.

—O que o senhor quer dizer com muito interessante?

—Não sei-Ele deu de ombros para o completo desapontamento da garota-Só sei que você é diferente de todas as moças que conheci.

—E com certeza foram muitas.-Margaret murmurou baixinho e deu um sorriso inocente quando ele a fitou desconfiado.

—Como disse?

—Nada,o que o senhor dizia mesmo

—O quanto a senhorita é interessante.

—Ah sim,porque sou diferente das outras mulheres que o senhor conheceu. Não sei ao certo se devo considerar isso um elogio ou uma ofensa.-Ela ponderou,o sorriso de Sir William pareceu se alargar.

—É um elogio,pode acreditar em mim.
Diante da desconfiança de Margaret,Sir William pareceu ainda mais entretido. Antes que Margaret alimentasse mais a ideia de esgana-lo o rapaz a pegou furtivamente pelo pulso e a conduziu pelo jardim.

—O que...

—Não diga nada,só por um segundo.-Ele pediu e a garota obedeceu,embora contrariada. Eles passaram por uma enorme quantidade de flores e pararam,em um canto mais afastado,onde alguns solitários botões de uma planta se erguiam,quase totalmente fechados,Margaret só conseguia ver que provavelmente a flor seria branca.

—O que é isso?

—Me diga a senhorita,que flores são essas?-William provocou e Maggie franziu a testa.

—Elas ainda não floresceram,não tenho como saber.

—Ah,isso não será um problema.-O jovem falou de modo enigmático e olhou para seu relógio de bolso-Está quase na hora.

—Na hora de que?-Margaret perguntou inquisidora.

—Disso.-William sorriu e virou a garota gentilmente pelos ombros na direção de um botão, que Margaret teve certeza que há segundos antes estava fechado,agora ele se abria lentamente e a flor branca dentro já era visível.

—C-Como?-Margaret balbuciou boquiaberta.

—Esses são botões da flor kadupul,alguns a chamam de dama da noite,os botões só abrem apenas em uma noite e se fecham novamente ao amanhecer,são muito raras e morrem apenas uma semana depois de florescer.-Ele explicou com os olhos fixos na menina,que ainda observava a flor boquiaberta.

—Eu nunca tinha visto uma flor assim.-Ela confessou e William deu de ombros.

—É uma herança de família.

—É linda.-A menina estendeu a mão na direção da flor e suspirou,um perfume doce já estava preenchendo o ar,a flor ainda continuava lentamente a desabrochar.

—É sim.-A voz do futuro Conde soou baixa e contemplativa e Margaret corou ao notar que William olhava para ela e não para a flor.

Os dois ficaram alguns minutos em silêncio apenas observando a flor de kadupul contemplativos. 

—Por que o senhor a mostrou para mim?-Margaret perguntou,curiosa.

—Estou tentando me redimir pelo meu comportamento grosseiro de mais cedo-Ele ergueu uma sobrancelha-Está funcionando?

—Pode-se dizer que sim.

—Então estou perdoado?

—Ainda não-Margaret sorriu-Eu preciso de mais uma coisa do senhor antes de perdoa-lo. 

—É mesmo?Do que?-William perguntou se aproximando dela curioso,Margaret tentou não reagir a proximidade,mas seu coração parecia saltar em seu peito.

—Você mencionou uma cidade mais cedo...

—Veneza.

—Sim,essa mesmo,quero que Vossa Graça me diga como ela é.

—Ah não-Ele gemeu-voltou a me chamar de Vossa Graça?E eu estava gostando surpreendentemente muito de ser chamado de senhor.

—E como gostaria que eu lhe chamasse?

—William,é claro.-Margaret colocou as mãos no quadril e deu um sorriso meigo.

—Certo,Vossa Graça.-Will revirou os olhos-Poderia por gentileza me descrever Veneza?Eu fiquei um tanto curiosa pela cidade após seu comentário mais cedo no jantar.

—Eu não estava mentindo,a senhorita se encantaria,é uma cidade deslumbrante. Está localizada em mais de 100 ilhas,as pessoas geralmente usam gôndolas para se locomover por lá.-O garoto se inclinou para aproximar seu rosto do de Margaret e deu um sorriso torto-Na verdade o passeio de gôndola é bem romântico.

—Huum...Imagino que seja.-Margaret comentou desorientada,era perturbador o que a proximidade de Sir William fazia com seu corpo,parecia que a qualquer momento seu coração sairia de seu peito.

—Há também a ponte de Rialto e a ponte dos Suspiros,são outros lugares que valem a pena visitar.-Ele confidenciou baixinho.

—Ponto dos Suspiros?

—Ah sim,a lenda diz que,em tempos remotos,os prisioneiros suspiravam quando passavam por ali,pois estavam vendo o mundo externo pela última vez.

—Isso é horrível.-Margaret disse e William deu de ombros. 

—Ainda assim é uma ponte muito bela.-Diante do olhar sonhador da garota,ele acrescentou:-Eu a levarei para lá,um dia. 

—Levará?-Ela o fitou confusa,não havia maneira dela viajar sozinha com alguém que não fosse de sua família ou seu marido.

—Ahn...Ao menos recomendarei firmemente para seu futuro marido que a leve.-Ele se enrolou e Margaret sorriu,por um momento bobo havia acreditado que ele considerara se casar com ela.-Ah,quase me esqueci,eu estava para te perguntar algo.

—O que?-Maggie perguntou curiosa.

—A senhorita por algum acaso achou um pequeno caderno em sua residência?-Ele perguntou e o sangue da garota gelou. É claro que ela havia considerado a possibilidade do garoto ter percebido a falta do diário,e é claro que ela iria devolve-lo,não era nenhuma ladra!Mas Margaret ainda queria tanto ver os desenhos com mais calma,ela não havia tido a oportunidade nos últimos dias,sua mãe insistirá em comprar um vestido novo para o jantar e seu tempo foi todo ocupado por compras e os pedidos incessáveis de sua mãe para que ela se comportasse na frente do Conde. Não faria falta devolver o diário outro dia...Nada podia dar errado,era apenas dizer que o tinha achado depois. 

—Pequeno caderno?

—Sim,um caderninho de capa vermelha.

—Creio não ter visto nada assim.

—Ah,é uma pena,tinha quase certeza que havia deixado lá,não compreendo como o perdi.

—Não se preocupe,uma hora o senhor o encontrará.-Ela o tranquilizou e William sorriu. 

—Espero que você esteja certa,aquele caderno é muito importante para mim.-Margaret empurrou a culpa que sentiu para o fundo de sua mente,ora ela não estava fazendo nada de tão errado,ele logo o teria de volta.

—É um diário?-Perguntou e Sir William emitiu um som esganiçado com a garganta.

—Um diário?Acho que posso dizer que sim.

—O senhor não tinha dito para a Srta.Galesmith que não gosta de escrever?-A garota provocou sem conseguir se conter e Sir William riu.

—Céus,tenho que tomar cuidado com o que falo na sua frente,a senhorita é muito observadora.-Ele desconversou,felizmente para ele,seu sorriso era desconcertante demais para que Maggie conseguisse pensar em uma resposta astuta. 

Eles permaneceram em silêncio por mais um tempo observando a flor kadupul,agora as pétalas brancas da flor já eram visíveis.

—William.-Margaret arriscou olhar de esguelha para o futuro Conde e o viu sorrir.

—Sim?

—O senhor poderia me dizer por que não pode se casar comigo?

—Meu pai.-Ele falou simplesmente. 

—É impressionante o quanto os homens sentem uma necessidade constante de se mostrar contrários a tudo que não seja suas próprias opiniões e vontades.-Margaret comentou distraída e sentiu Sir William enrijecer ao seu lado.

—Não é isso.-Ele afirmou com firmeza o suficiente para evitar que Maggie retrucasse.-Mas você aceitaria casar comigo?-Desconversou alegremente.

—Depende,isso é um pedido ou uma situação hipotética?-Brincou e ele ergueu uma sobrancelha.

—Teria diferença na resposta?

—Claro,se fosse um pedido de verdade eu recusaria com educação,tomando o cuidar de não ferir os seus preciosos sentimentos. Já se fosse uma situação hipotética eu nem me daria o trabalho de responder.-Esclareceu bem humorada e William riu novamente.

—Você é realmente diferente das outras,cara Margaret.

Maggie não sabia se levava isso como elogio,já que há alguns minutos ele estava elogiando os talentos e beleza da tímida-E totalmente oposta à personalidade de Maggie-Cecília. Se bem que a menina não sabia se os elogios haviam sido genuínos ou apenas para irritarem o Conde Davies.

—Eu não lembro de ter permitido que o senhor me chamasse pelo primeiro nome.-Ela disse,com teimosia.

—E como gostaria que eu lhe chamasse?

—Srta.Walsh está ótimo.

—Certo,Margaret.

Margaret emitiu um som esganiçado e Sir William riu.

—O senhor é totalmente inacreditável.

—Você se surpreenderia com quantas vezes eu já escutei essa mesma frase.

Ele deu um sorriso radiante.

E antes que percebesse Maggie estava imaginando como seria acordar com aquele homem todos os dias ao seu lado. Ela com certeza não se cansaria daquele sorriso.

Com horror ela balançou a cabeça e afastou o pensamento para longe.


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