Broken escrita por misskekebs


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês me matarem kkkkk



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Quando a limusine preta estacionou na entrada principal da luxuosa mansão dos Stilinskis, a interrupção do barulho do motor despertou Lydia, que dormia profundamente. Ela abriu os olhos e percebeu com embaraço que o imaginado travesseiro onde repousava a cabeça era o ombro esquerdo do marido. Não era à toa que estava tendo sonhos eróticos, pensou. A proximidade do corpo dele exalava um calor sensual, despertando-lhe os instintos naturais.

Indignada consigo mesma, ergueu a cabeça e tomou uma postura mais rígida o mais rápido que conseguiu. A última coisa que lembrava era do desembarque do jato particular na cidade de Limo e de entrar na limusine. Depois, o cansaço a venceu.

Mesmo corrigindo a postura, eles ainda continuavam sentados muito próximos.

Ela percebia com o canto dos olhos que ele admirava o terninho escuro e elegante que ela vestia. Será que ele estava observando a presa que mantinha sob rédea curta até que seu orgulho machista lhe ditasse para terminar o casamento de acordo com a conveniência apenas dele? Afinal, era isso mesmo que ele deixara bem esclarecido.

Lydia apressou-se em abrir a porta do carro, sem nem mesmo esperar pela gentileza do motorista.

Desceu e caminhou rapidamente. Precisava de ar fresco!

Stiles a alcançou em poucas e longas passadas e discretamente colocou uma das mãos sob o cotovelo esquerdo dela.

— Parece que está com pressa de reassumir a posição que ainda ontem abandonou sem titubear! — exclamou ele com zombaria.

— Não tem nenhuma graça! — devolveu ela, sabendo que agia assim pelo excesso de cansaço. — Só quero deitar e dormir. E sozinha, se me permitir. Tive um dia desgastante!

E ainda mais desgastante foi a noite anterior, quando dormiu no chão do quarto do hotel, recordou Lydia com desgosto. Dormir era apenas força de expressão porque não conseguiu sequer fechar os olhos. Logo cedo percebeu Stiles cheio de energia vestir-se e falar ao celular em sua língua nativa enquanto passeava pelo aposento, e de vez em quando erguia uma das escuras sobrancelhas na direção de onde ela estava deitada, revirando-se desconfortável.

Quando chegou finalmente à suíte, banhou o rosto demoradamente na pia do banheiro e depois ergueu os imensos olhos verdes para o espelho que refletia sua imagem cansada e resignada. Odiava ter de admitir que ele a tinha derrotado. Será que era por isso que se sentia enjoada?

Ela sabia que iria conseguir o divórcio, mas seria somente quando ele quisesse. Quando ela lhe desse o herdeiro que tanto desejava! Porém, isso não iria acontecer, porque decidira não compartilhar mais o leito com ele.

Então, o futuro iria depender do tempo que o arrogante grego se dispusesse a tolerar. E quando isso acontecesse, os pais dela seriam os principais prejudicados.

Pensando neles, ela recordou-se da alegria da família quando Stiles lhes anunciou que a compra da fazenda estava concretizada. O advogado inglês que ele contratara logo entraria em contato com eles.

De alguma forma, ela deveria preveni-los de que a fazenda, que agora era propriedade de Stiles, teria os dias contados. Mas ainda não estava preparada para acabar com essa alegria e avisar que deveriam ficar alerta para descobrir algum outro lugar para alugar. Ela teria condições de ajudá-los financeiramente porque as polpudas mesadas que o marido lhe dava estavam praticamente intocadas.

Porém, seria prudente esperar que o pai se fortalecesse um pouco mais.

Quando ajudara a mãe a preparar o lanche, enquanto aguardavam que Stiles e os homens da família chegassem da fazenda que estava sendo negociada, Natalie Martin perguntou:

— E então? Está tudo bem entre você e Stiles? Fiquei apavorada quando ele me contou que você o tinha abandonado.

— Sinto tê-la preocupado, mãe. Mas foi só um desentendimento. Você sabe como sou teimosa. Vou voltar para Atenas com ele hoje à tarde. Não se preocupe comigo. Apenas cuide de papai e tudo ficará bem.

O comportamento de Stiles com a família dela era tão convincente que não deixava dúvidas quanto à feliz reconciliação do casal. Sem dúvida, uma atuação digna de um Oscar, pensou ela. E, ao mesmo tempo, comparou-o com as suspeitas do fingimento em relação aos sentimentos de amor que dizia ter por ela. Chegou até mesmo a criticá-lo pela hipocrisia.

— Temos de nos comportar de acordo com o que os outros esperam que façamos: com dignidade. E você deverá ter a atitude de uma esposa devotada — foi a resposta dele.

O jantar daquela noite transcorreu formal e monótono como sempre. Os criados, com olhares curiosos, serviam os diversos pratos. Tia Alexandra, como de costume, mantinha-se numa postura ereta e distante.

Lydia encarava tais formalidades como uma verdadeira tortura. Ficou feliz quando terminaram e o marido a acompanhou para se retirarem da mesa.

Porém, quando cruzavam o hall na direção das escadas, avistaram Malia Hale, que saía dos aposentos de tia Alexandra. Seria impossível deixar de notar a bela mulher, trajando um vestido preto e os lábios com um batom vermelho reluzente.

“O que ela estaria fazendo ali?”, perguntou-se Lydia mentalmente, com evidente desconforto. Os músculos ficaram tensos ao vê-la se aproximar com o olhar fixo em Stiles. Apesar da aparente surpresa do marido, ele retirou a mão que mantinha na cintura dela para cumprimentar a mulher e trocar algumas palavras em grego. Malia meneava a cabeça com censura.

Lydia sentiu vontade de dar na cara dela!

E foi só depois de algum tempo que a mulher grega lembrou-se da presença de Lydia. E, com um tom suave e irônico, comentou:

— Alexandra tinha me dito que você havia partido e que pediria o divórcio. Vim logo que pude para saber se poderia ajudar de alguma maneira… Mas, pelo que vejo, ela deve ter-se enganado, não é mesmo?

Ignorando o olhar furioso do marido, Lydia respondeu:

— Acho que perdeu a viagem, querida! — E com a face vermelha de raiva abandonou a companhia deles e seguiu para as escadas.

O que mais a magoava era o atrevimento da outra. Mal soubera que Lydia saíra e já viera correndo para tomar o lugar dela na vida de Stiles. Por que ele não admitia logo que era apaixonado por Malia e acabava com aquela palhaçada? A vontade de gritar que já sabia da verdade há muito tempo e por isso tinha resolvido abandoná-lo era muito grande. Porém, não lhe massagearia o ego ao demonstrar o quanto o amara um dia!

Ao entrar na magnífica suíte, sentiu o coração apertar-se ao recordar os momentos que tivera ali com o homem que amava intensamente. Os mágicos instantes que agora pareciam ter acontecido há mais de um século. As palavras doces, as carícias sedutoras e tudo mais estavam perdidos para sempre, diante das vergonhosas mentiras.

Pensou em juntar seus pertences e ocupar outro quarto qualquer da mansão. Porém, decidiu não dar mais motivos para as más línguas se deliciarem… Melhor ainda, quem deveria ocupar outro quarto era ele!

Sem pensar duas vezes, apanhou o telefone, discou o ramal da governanta e deu ordens para que os pertences do marido fossem transferidos para outro quarto. Desligou rapidamente para não dar chance a objeções.

Então, seguiu para o banheiro para esfriar a cabeça e desfrutar de um bom banho, enquanto os empregados executavam a tarefa que lhes fora ordenada.

Lydia nunca ordenara qualquer coisa antes. A tia do marido fazia questão de resmungar pelos quatro cantos da casa que ela não era diferente de uma simples arrumadeira. Agora, com a ordem que ela dera diretamente para a responsável pela criadagem, provavelmente provocaria comentários entre os empregados. E Stiles ficaria furioso!

Ele odiaria se ver como objeto de especulações dentro da própria casa. Provavelmente a acusaria de ser vingativa. E talvez ela fosse mesmo. Quem o mandou deixar a amante mostrar-se bem embaixo do seu nariz?

Quando Lydia retornou ao quarto, a governanta a estava aguardando.

— Já providenciou o que lhe pedi, Anna?

A mulher de meia-idade ergueu as sobrancelhas e explicou:

— A senhora desligou muito rapidamente e eu não tive tempo de lhe dizer que todos os pertences do seu marido já foram transferidos deste quarto por ordem dele mesmo. Vim apenas para avisá-la. E se houver algo mais que deseja, estou às ordens.

— Não, obrigada. Pode se retirar. — Lydia conseguiu dizer, disfarçando a decepção. Stiles a vencera outra vez!

Ela sentiu vontade de atirar coisas para o alto, a fim de desabafar!

Ao se aproximar a hora do jantar, Lydia estava indecisa sobre descer ou se enfiar na cama e se fingir de doente para evitar as desagradáveis companhias. Pelo jeito que Malia estava vestida, com certeza não planejava ir a lugar algum.

Lydia resolveu encarar o desafio. Vasculhou o vasto armário de roupas elegantes e com design exclusivo que Stiles fazia questão de lhe proporcionar. Ela, porém, recusava-se a vesti-las, usando as mais variadas desculpas. Sentia-se mais autêntica com modelos simples como sua natureza.

Decidiu por um vestido vermelho que a deixava tão sexy como nunca ousara em toda a vida! A enorme fenda lateral quase alcançava a metade da coxa direita! O tecido de seda importada moldava-lhe o busto erguido de forma exuberante. Embora os estivesse achando um pouco mais volumosos do que costumavam ser. Ela estranhou o fato, porém, não deu maior importância.

Por um instante, quase decidiu trocar o vestido por outro mais discreto. Mas, pensando no impacto que queria produzir no marido, resolveu ficar como estava.

Seria um instante glorioso aparecer diante de todos de modo bem diverso da moça simples e recatada, como sempre se comportara. Afinal, era casada com um homem rico e poderoso. A princípio isso a assustava. Na época em que ele a pedira em casamento, ela até confidenciara à mãe que gostaria de um tempo maior para pensar. A mãe, no entanto, a aconselhara a aceitar a proposta se realmente o amava. Se insistisse em adiar e permitisse que ele voltasse sozinho para a Grécia, correria o risco de perdê-lo.

A parte mais embaraçosa foi quando Stiles a apresentou para a tia, que ocupava um amplo aposento e uma sala íntima, tudo mobiliado com antiguidades que lembravam um museu:

— Ela está ansiosa para conhecê-la. Lembra-se que eu lhe contei que ela se mudou para esta casa quando meus pais morreram? E foi quem acabou de me educar? Pode achá-la um tanto excêntrica, mas com o tempo tenho certeza que minha tia acabará valorizando-a tanto quanto eu.

Infelizmente, o desejo dele nunca se tornou realidade. Muito ao contrário. Ela só tratava Lydia melhor quando Stiles estava por perto. Em determinadas ocasiões, chegou até a afirmar que Lydia não era digna de limpar os sapatos dele!

Para não criar um ambiente ruim entre o marido e a tia, ela jamais lhe contara a maneira humilhante com que a idosa a tratava.

Procurava ignorar os comentários maldosos. Para ela, a boa harmonia em família era um mandamento sagrado que seguia desde criança. Porém, o que Malia lhe dissera a magoara muito. E Lydia procurava convencer-se de que ela agia assim por puro despeito, pelo fato de ter sido rejeitada por Stiles. Mas quando ouviu, por acaso, a conversa telefônica entre a grega e o marido, suas piores suspeitas foram confirmadas.

Deixando as recordações de lado e concentrando-se no presente, Lydia colocou um pouco de perfume antes de sair do quarto.

Desceu as escadas com todo o cuidado para não tropeçar. Estava usando os sapatos com os saltos mais altos que possuía.

Ao se aproximar da sala de jantar, ostentou um sorriso iluminado, que logo desapareceu ao ouvir o comentário ácido de Alexandra:

— Até quando vamos esperar, sobrinho? Não sei por que a trouxe de volta a esta casa. Devia ter-lhe dado uma indenização e se livrado dela de uma vez… Não era isso que ela queria? Sem contar que seria melhor para todos!

Sem esperar pela resposta de Stiles ou alguma insinuação de Malia, ela entrou na sala com o nariz empinado e se acomodou no lugar em frente ao que o marido ocupava, só para deliciar-se em ver o rubor que lhe assomou à face.

Após um silêncio embaraçoso, prosseguiram com um assunto mais ameno. Malia, que se sentava do lado esquerdo de Stiles, parecia ter olhos somente para ele. Do outro lado estava a tia, que, recuperada da inesperada entrada de Lydia, aproveitou para comentar, direcionando a atenção para Malia:

— Este ano pretendo passar o mês de agosto na Suíça. O calor em Atenas estará insuportável! E você, minha querida, vai outra vez para Andros com seus pais? Ou talvez eu consiga convencê-la a me fazer companhia?

Pela primeira vez Lydia notou Malia demonstrar insegurança. Apele sedosa do rosto dela empalideceu e os olhos negros exibiam um inexplicável pânico. Stiles a acalmou segurando-lhe a mão mais próxima. Então, respondeu por ela:

— Acredito que Malia tem seus próprios planos para o próximo verão. Não é mesmo?

A moça grega assentiu com um gesto de cabeça e um sorriso tranqüilo.

— Ah! Imagino que sim! — exclamou Alexandra, com um olhar de júbilo.

Não era segredo que a anciã, que nunca tivera marido nem filhos, se afeiçoara à filha de sua melhor amiga. E tinha esperanças de vê-la casada com o sobrinho. Porque, além de gostar da moça, ela pertencia à família dos Hale, considerada uma das mais nobres de Atenas. E, como a própria Alexandra costumava apregoar, gregos se casam com gregos e fortuna com fortuna.

Houve mais um momento de silêncio enquanto a sobremesa era servida. E, logo depois, veio o costumeiro café cremoso.

Stiles, que até então agira como se Lydia não estivesse ali, sem querer olhou-a pela primeira vez. Ficou tão espantado com a beleza provocante de Lydia que sentiu o sangue fluir imediatamente para a parte do corpo que pretendia ignorar.

Se ela usara aquele vestido para atormentá-lo, o êxito fora total!

Durante todo o jantar ele manteve-se sob controle, impedindo-se de sequer olhar para ela. Mas bastou um simples relance para uma atração irresistível se instalar e ansiar pelo corpo ardente e sedutor. Mas aquele era um prazer que ele jurara negar a si mesmo e a ela, até que lhe esclarecesse os reais motivos que a levaram a pedir o divórcio. Até então, permaneceria como sua esposa apenas no papel.

E foi por essa razão que ele decidira mudar de quarto. Não suportaria dividir a cama com ela e não poder tocá-la. Seria impossível!

Apesar de lutar para manter o controle, seus olhos o traiam, admirando os seios perfeitos e realçados pelo perfeito caimento do glamoroso tecido. Com um suspiro desanimado, Stiles concluiu que mesmo sustentando as piores suspeitas não poderia impedir a atração que sentia pela esposa.

O casamento com Lydia tinha representado para ele o passo mais importante que dera na vida. Estava trabalhando duro para organizar as coisas a fim de permitir ter assessores competentes que o auxiliassem a gerir os negócios. Isso lhe proporcionaria um tempo maior para desfrutar com a esposa, e se os deuses abençoassem, com os filhos que ela lhe desse.

E pensar que uns simples rabiscos num pedaço de papel, feitos pela própria esposa, transformaram em cinzas seus melhores sonhos!

A tia interrompeu os devaneios quando perguntou:

— E quais são os seus planos, Stiles?

— Eu e minha esposa permaneceremos na ilha — respondeu ele. Queria ficar um tempo a sós com Lydia. Quem sabe fosse uma oportunidade para arrancar-lhe a verdade? Descobrir porque ela tratara o casamento deles como algo descartável, quando para ele significava todo o seu mundo!

Stiles ergueu-se e afastou a cadeira:

— Vamos, Malia. Vou acompanhá-la até seu quarto. Pela manhã discutiremos o assunto em detalhes. Precisa ter paciência e fazer o que digo. Só assim poderá dar certo.

Lydia dirigiu-se para seus aposentos logo depois. Não queria permanecer por mais tempo ao lado de Alexandra e permitir que ela a atormentasse ainda mais. Ficou pensando qual seria a ilha a que Stiles se referia? Não estava disposta a ir para lugar algum com ele.

Depois ficou martelando as palavras que ele dissera a Malia: “Vou acompanhá-la até seu quarto.” Porque não dizia logo: “Vamos para a cama?”


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Notas finais do capítulo

Espero que não estejam com vontade de me esquartejar, vejo vocês na próxima. :)



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