Corações Despedaçados escrita por Boadicea


Capítulo 6
Calmaria


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas.
Quanto tempo, não? Espero que estejam todos bem, de qualquer maneira.
Quero - e preciso - começar pedindo desculpas pela minha demora quase interminável para aparecer por aqui. Isso se deu por motivos pessoais meus e confesso que, para ser bem sincera, eu acreditava que havia atualizado esta fic muito depois do que de fato fiz.
Provavelmente isso tem a ver com a minha péssima noção de tempo e o fato que este capítulo aqui já estava escrito há algum tempo, só faltava revisar.
Enfim, eu realmente sinto muito. Isso pode parecer algo injusto de se dizer, mas eu tenho uma vida fora daqui. Uma vida que acabou fazendo com que eu demorasse tanto - o que, eu sei, não é verdadeiramente perdoável.
Ainda assim eu peço desculpas a todos que acompanham essa estória. Quero deixar claro que eu não tenho a mínima intenção de abandonar a fic, apesar de tudo.
Prometo que tentarei me esforçar ainda mais para que isso não volte a acontecer.
Sem mais delongas, boa leitura:



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Lucy suspirou enquanto passava um pano em uma das mesas e recolhia apressadamente as garrafas de bebida. Mais alguns minutos e seu expediente estaria acabado e então ela finalmente poderia ir para casa.

Embora ela odiasse ter um fator a mais na sua “dívida” com o Gray, a verdade era que, naquele momento, tudo o que conseguia era se sentir grata por ele ter deixado ao encargo de outra pessoa o fechamento da boate. Lucy até suspeitava que poderia se sentir culpada mais tarde, quando a escuridão da noite lhe fosse sufocante e trouxesse junto de si todas as más lembranças, mas naquele momento nada superava sua gratidão.

Um dia eu ainda dou um jeito de pagá-lo por tudo.

A Heartfilia suspirou mais uma vez enquanto limpava a última mesa e observava os poucos clientes restantes se arrastarem até a saída, numa lentidão que fazia seus já fustigados nervos zumbirem de tensão.

Céus, como ela queria sua cama naquele momento.

Já fazia quase duas semanas desde que todos aqueles malditos incidentes haviam acontecidos, mas seu corpo e sua mente pareciam ainda não terem absorvido tudo. E, por mais prestativo e gentil que Gray fosse, nem mesmo ele podia convencer sua chefe a lhe dar uma folga tão grande assim.

Então, com mais um suspiro – dessa vez de alivio – ela trocou de roupa rapidamente e se arrastou para casa – se jogando na cama tão logo a viu. Nem sequer tomou banho, tamanho era o cansaço. No entanto, Lucy não dormiu. Tampouco apagou a luz: por mais que ela odiasse admitir, aquele era um privilégio que só uma pessoa poderia lhe conceder.

Lucy suspirou de novo, frustrada. Aquela seria mais uma noite (ou ela já deveria dizer dia?) não dormida.

                                                                       ~ ♥ ~

 Natsu arrastou a caneta pelo papel com tanta força que chegou a rasgá-lo. Fez uma bolinha com ele e o atirou na lixeira, irritado. Seus olhos percorreram o relógio pela milésima vez, voltando para o celular intocável. 5:55 da manhã. Nenhuma ligação.

Tudo bem, tudo bem.

Ela não tem porquê me ligar, murmurava consigo mesmo.

É tarde demais, não importa o ângulo pelo qual se olhe.

Tarde demais.

Natsu amassou outro papel enquanto tamborilava os dedos na mesa, impaciente. 5:56. Nenhuma ligação.

Tudo bem. Ela não deve me ligar. Eu não devo me importar.

É tarde demais.

5:57. Nenhuma ligação.

Ele arrastou ruidosamente a cadeira enquanto corria para a geladeira, virando de uma vez mais uma garrafa de tequila. Era a quinta que tomava, só naquela noite.

5:59. Nenhuma ligação.

Meu Deus. Quanto tempo mais esse inferno vai durar? Já fazem duas semanas. Duas fodidas semanas.

6:01

— Eu sei que é bobagem – ela disse em um fiozinho de voz – Mas talvez seja pela minha dificuldade em dormir. Quer dizer, eu sei que ter medo de escuro é coisa de criança. E que a noite é muito bonita lá fora, com um céu tão estrelado que parece um sinal de esperança. Mas aqui dentro, para mim, ela é terrível. E o escuro só a torna mais interminável.

— Está tudo bem, Amor – sussurrei em seu ouvido enquanto abraçava seu corpo trêmulo – Eu posso ser seu céu estrelado. Eu vou segurar sua mão até que você durma. Vou passar a noite inteira do seu lado, se preciso.

Lucy olhou para mim com os olhos brilhando e abriu um daqueles sorrisos que me faziam pensar que a vida ainda podia ser justa. Um sorriso que aquecia tudo aqui dentro. Sorri de volta, enquanto beijava mais uma lágrima que escapava de seus olhos.

— Tudo vai ficar bem, Lucy. Acredite em mim.

Natsu virou a sexta garrafa com uma voracidade ainda maior. Malditas lembranças. Por que ele não conseguia esquecer?

6:03. Nona garrafa e a voz chorosa dela ainda ecoava em seus ouvidos.

Com lágrimas nos olhos, ele virou a décima. Aquele ia ser mais um dia daqueles.

Bem, se ele mesmo não conseguia esquecer, então só lhe restava o álcool. Ele cuidaria disso, não é?

~ ♥ ~

Lucy piscou para Levy enquanto lhe servia os croissants.

— Mais alguns minutos – murmurou, já se virando para pegar o pedido de outra mesa.

Levy abriu um pequeno sorriso, já se dirigindo ao caixa, pronta para esperar a amiga sair. Apesar de nunca ter sido do tipo que dava muita importância para o dinheiro, naquele momento Levy desejou ter condições de passar na lanchonete todos os dias. Ela adorava ver o quanto Lucy se animava quando a via chegar, já próxima do final do expediente. A Mcgarden sempre pedia alguma besteira para comerem no caminho e ficava esperando a loira sair, já pronta para irem para a faculdade. Infelizmente, esses dias eram mais raros do que qualquer uma das duas gostaria: normalmente Levy ficava até mais tarde no trabalho e não podia se dar ao luxo de gastar à toa – tal qual agora. Ela suspirou enquanto puxava os trocados do bolso e os entregava a moça no caixa. Aquele mês as coisas não tinham rendido muito, deveria estar economizando o máximo possível. No entanto, ela havia reparado no dia anterior que as olheiras de Lucy estavam mais fortes do que o normal e que ela parecia longe de se animar novamente. O que podia fazer? Não dava para deixar a amiga daquele jeito, mesmo que isso significasse gastar o dinheiro da internet. Afinal, quem precisa de internet, mesmo? Bem, eu preciso, ela pensou enquanto via Lucy sair sorrindo da lanchonete, tenho que trabalhar. Mas isso é muito melhor do que qualquer dinheiro.

— Não preciso nem dizer que os seus são os de chocolate, né? - Levy estendeu o pacote com os croissants para Lucy, enquanto se encaminhavam para a faculdade.

— Nem acredito que você comprou dois desses só para mim, Levy! Absolutamente, você é a melhor pessoa que conheço.

— Aposto que diz isso para todas as suas amigas que te dão doces, Lucy – ela murmurou, rindo. Definitivamente, isso vale mais do que qualquer dinheiro.

~ ♥ ~

Lucy sentiu seus dedos tremerem enquanto pegava a correspondência no chão. O endereço de casa – não, de sua antiga casa – parecia quase saltar para fora do papel na primeira carta da pilha. Jogou a mochila em cima da mesa e se arrastou para o sofá, o coração palpitando tanto quanto quando sua mãe ligara.

Mãe. Ela teria contado ao papai? Seria esse o motivo da carta?

 Aquele havia sido um dia calmo, para variar. Levy até aparecera para lhe esperar na saída do trabalho e as coisas tinham corrido bem na boate. Nada fora do comum. Um dia tão ameno que quase parecia irreal. Suspirou, cansada. Ela já deveria saber que toda aquela calmaria não poderia durar, era mais do que evidente que logo alguma coisa daria errado – muito errado.

Olhou para a carta mais uma vez, mas desistiu. Ela merecia ao menos um banho antes de saber qual era a nova desgraça da sua vida, certo? Ela merecia deixar a água quente relaxar seu corpo e só depois encarar o mundo lá fora. Na verdade, ela se daria até o luxo de uma noite de sono, caso fosse possível. Afinal, por mais calmo que seu dia tivesse sido, sua rotina ainda era naturalmente cansativa.

Então, largando a maldita carta em cima do sofá, a Heartfilia se dirigiu até o chuveiro. Soltou um gemido quando escutou o celular tocar, estridente. Onde ele estava mesmo? Ah, sim, dentro da mochila, lá na cozinha. Muito longe. Que ficasse tocando, a carta já lhe era problema o bastante para a semana inteira. Além do quê, seu corpo realmente estava sedento por um banho e uma cama.

Quando Lucy finalmente se enfiou de baixo das cobertas, o celular já havia parado de tocar. Em nenhum momento passou pela cabeça dela que isso significava que já era tarde demais para o que quer que tivesse acontecido – pelo contrário, ela ficou grata pelo fim do barulho. Quem sabe assim ela não conseguia dormir, finalmente? 


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado.
Eu já comecei a trabalhar no próximo capítulo, então acredito que não demorará muito para ser postado.
Inclusive, eu pretendo combinar uma data fixa de postagens com vocês. Portanto, provavelmente começaremos a conversar sobre isso já no próximo cap.
Beijos e até o próximo, pessoal ♥
OBS: Mais uma vez, por favor me desculpem pela demora. Injustamente eu peço a vocês que não abandonem a fic, por favor. E obrigada por tudo até aqui.



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