“Como ele é lindo” era a única coisa em que eu conseguia pensar. Seu rosto, seu sorriso, parecia um anjo. É claro que eu já havia visto Bill na TV, em fotos, em videoclipes... Mas nada se comparava a vê-lo assim, tão perto...

- Acho que já posso me levantar sozinha, rs... - eu disse.

Ele sorriu, e me ajudou a levantar. Que cavalheiro! [*-*]

- Acho que ainda não fomos apresentados. Bem, meu nome é Bill, e você, como se chama? - disse.

- Meu nome é Jenny, na verdade já vi você na TV e em alguns videoclipes... Gosto muito das suas músicas! - eu estava meio tímida, não sabia o que dizer... - Ah, obrigada Bill, por... Você sabe, ter me tirado da frente do carro. Obrigada mesmo, salvou a minha vida, serei eternamente grata.

- Não precisava agradecer, só fiz o que era certo... Bom saber que gosta das minhas músicas :] - ele aparentemente também não sabia o que dizer, estava olhando para o chão, comecei a pensar se ele era ainda mais tímido que eu.

Haviam algumas pessoas reunidas observando a cena, e um cara tirou a máquina fotográfica do bolso. Senti minhas bochechas corarem e percebi que Bill ficou sério.

- Seria melhor se não ficássemos aqui. - sussurrou ele, apontando com a cabeça as pessoas que estavam nos observando.

- Entendo. - falei. - Eu tenho que ir para casa, meu pai está me esperando, então...

- Eu estou de carro. - disse ele. - Posso dar uma carona até a sua casa.

- Não será necessário, minha casa não é muito longe daqui, posso ir a pé e...

- Eu insisto. - Bill interrompeu, com aquele sorriso lindo que tornava impossível para mim dizer “não”.

- Já que você insiste... - sorri. Como não sorrir?

O guarda-costas dele (um homem enorme, devia ter dois metros, dava até medo) abriu a porta do carro e eu entrei. Bill também entrou.

Ficamos quietos, sem saber o que dizer um para o outro. A timidez sempre tem que atrapalhar, não é?

- Hey, você não é daqui, certo? - perguntou Bill, para quebrar o silêncio.

- Como sabe? Sou do Brasil, me mudei para cá duas semanas atrás... O meu alemão é tão ruim assim? - respondi, brincando.

- Não - ele riu - Seu alemão é ótimo... É que, não sei como explicar, você não é como as outras garotas aqui... Ah, esquece.

Eu me sentia feliz conversando com Bill. Apesar de tímido, ele era muito simpático e educado.

- Como é o Brasil? - ele perguntou. - Eu gostaria de um dia fazer um show lá, parece um lugar legal...

- Lá faz bem mais calor do que aqui. - respondi - Não temos neve, e há muitas praias legais, eu gostava de lá.

- Tom também já disse que quer ir para o Brasil, mas é por causa das mulheres :B - Bill riu.

Eu também estava rindo. Eu não ria assim há um bom tempo.

- Aqui, pronto. - o carro parou em frente à minha casa.

- Então... Até mais! - disse Bill.

- Obrigada mais uma vez, Bill. Por tudo. - eu disse. - Tschüss!

- Por nada - respondeu. - Tschüss!

***

É claro que o meu pai ficou desesperado. Na verdade, ele já sabia que eu havia sido quase atropelada, um amigo havia contado a ele. Ah, dane-se. Estou viva, é isso que importa!

Já era bem tarde. Mais de meia noite, quem sabe. Eu estava deitada na cama, mas não conseguia dormir. Minha mente estava completamente ocupada por “flashbacks” da tarde de hoje.

O rosto dele. Como era lindo. A pele clara, os olhos castanhos, com uma boa camada de delineador preto. Aqueles lábios, carnudos...

Por um instante, me imaginei beijando aqueles lábios.

A voz dele. O modo como ele conversava comigo, tão educado...

A vontade que eu tinha de estar com ele. De sentir suas mãos. De tocar seu rosto. De beijar seus lábios... Droga, por que eu estou pensando nisso?!

Eu não poderia estar apaixonada. Não, isso seria impossível. Depois de tanto tempo sem sentir algo assim por alguém, de repente, em um dia qualquer, aconteceria?

Mas eu não conseguia pensar em qualquer outra coisa além dele. Por mais que eu tentasse desviar meus pensamentos, era impossível!

A última vez em que eu havia me sentido assim foi quando... Nem lembro quando, acho que nunca me senti assim. Tão... feliz.

Mein Gott, o que estava acontecendo comigo?!