Pov’s Jin

Assim que terminamos de comer, pagamos e saímos da lanchonete para irmos ao parque. Namjoon parece ser boa pessoa, ele está sendo muito gentil comigo.

— Mas e então… você trabalha com o que? – Perguntou, enquanto seguíamos caminhando.

— Trabalho na peixaria do porto. – Respondi.

— Você gosta de trabalhar nesse lugar?

— Sim, os outros funcionários são muito gentis comigo. E você? Gosta de trabalhar no hospital?

— Não muito.

— Por quê?! – Perguntei, tanto surpreso quanto incrédulo pela sua resposta.

— Meus colegas não são como os seus. Digamos que… a maioria é um pouco ignorante.

— Como assim? – Perguntei, olhando para ele e franzindo o cenho.

— Alguns sequer dão ouvidos ao que eu, ou qualquer outro que queira ajudar, fala. Acho que isso acontece porque eles pensam ser os melhores. – Explicou.

— Entendo. Mas fora isso… você gosta de onde trabalha?

— Sim. – Respondeu, olhando para mim e sorrindo fechado. Alguns instantes se passaram e nenhum de nós falou mais nada. Então eu, agoniado pelo silêncio, resolvi perguntar qualquer coisa.

— Você… planeja ter filhos?

— Sim. Mas acho que só daqui há alguns anos e se eu encontrar uma mãe para eles.

— Hum. – Murmurei. Ficamos em silêncios por mais alguns instantes, mas ele não demorou para dar continuidade à conversa.

— E depois do cookie? Você planeja ter mais filhos?

— Não. – Respondi, rindo.

— Por quê?

— Eu não tenho uma boa condição financeira, como você já sabe. – Respondi, coçando a nuca. Estava um pouco envergonhado.

— Entendo…

Assim que chegamos ao parque, meus olhos brilharam ao ver a enorme roda-gigante.

— Waw… – Disse, surpreso pela beleza e magnitude do parque. Ouvi Namjoon rir baixinho enquanto olhava para mim. – O que foi?

— Perguntei a ele, que seguia expondo suas covinhas e um belo sorriso enquanto ria.

— Você nunca veio aqui?

— Nunca cheguei a ver os brinquedos, que dirá à noite. – Respondi. Ele comprou nossos ingressos e entramos no parque. Todos os brinquedos brilhavam pelas tantas luzes coloridas que os enfeitavam, o parque era realmente lindo e eu estava surpreso por isso.

— Em qual você quer ir primeiro?

— A montanha-russa parece perigosa. – Comentei, com os olhos arregalados. As pessoas que estavam no brinquedo gritavam, e pelas suas expressões pareciam desesperadas. Me imaginava no lugar delas e me via infartando.

— Você não deveria ir, pode prejudicar o seu bebê.

— Eu não iria nesse negócio nem se me pagassem. – Disse, com os olhos ainda arregalados e me afastando do brinquedo. Namjoon riu e foi atrás de mim.

— Quer ir na roda-gigante?

— Eu tenho um pouco de medo de altura.

— Não precisa ter medo, estarei contigo. – Ele disse, sorridente.

— Acho que tudo bem então…

~*~*~

Pov’s Namjoon

— AAAAH!!!

—Jin, calma. – Ele estava agarrado aos ferros, com as costas no assento e os pés “firmes” no chão. – Nós nem chegamos no topo.

— E-é muito alto. – Ele disse, com a voz trêmula.

— Venha cá, ao menos sente-se direito. – Disse, rindo de suas expressões, que eram medonhas. Puxei-o pelas axilas até que ele ficasse sentado corretamente no banco. Quase que no mesmo instante o brinquedo parou bruscamente e SeokJin, assustado, se agarrou a mim por impulso. Comecei a rir enquanto o via apavorado e se agarrando firmemente a mim. Não me incomodei com o contato, já que não havia nenhuma malícia nos seus atos.

— E-eu quero sair. – Ele disse, choros. Abracei-o forte, na tentativa de acalmá-lo.

— Já está acabando. – Disse, afagando seus cabelos lisos e castanhos. Minutos depois, quando o brinquedo parou, saímos.

— Eu nunca mais vou nisso. – Ri tanto do seu comentário quanto das suas expressões. Ajeitei os seus óculos redondos (que estavam tortos no seu rosto) e novamente afaguei seus cabelos.

— O que acha de irmos no kamikaze? – Perguntei, sorridente. Ele arregalou os olhos e pôs a mão no peito.

— Você quer nos matar?

— É claro que não. – Respondi, rindo alto. – O que acha de comermos algodão-doce? – Perguntei, visando a barraquinha que os vendia.

— Eu quero! – Respondeu, animado. Fomos até a barraca e peguei minha carteira no bolso.

— Que cor você quer?

— O que você acha de rosa? – Me perguntou e eu parei para pensar um pouco.

— É perfeito, combina contigo. – Disse, tirando uma nota da carteira e a entregando ao vendedor. – Um cor-de-rosa, por favor. Pedi, logo ele me entregou o algodão-doce. Dei-o para Jin, que parecia hipnotizado pelo que via no fundo da barraca. – O que foi?

— Meu… Deus. Olha aquela pelúcia do Mario! – Gritou, apontando para uma pelúcia. Fiquei em silêncio por alguns instantes, intercalando entre olhar para ele e para a pelúcia.

— Você quer? – Perguntei e ele me olhou com os olhos brilhando.

— Por favor… – Pediu, juntando as mãos e fazendo um bico.

— Tudo bem. Quanto custa? – Perguntei ao vendedor.

— Esses brinquedos são prêmios do jogo. – Respondeu, colocando uma arma de brinquedo sobre o balcão. – Mas esse boneco você só poderá levar se acertar o alvo lá de cima. – Disse, apontado para o teto. Me afastei um pouco e vi o alvo em cima da barraca.

— Isso é sério? – Perguntei, surpreso ao ver a localização do alvo.

— Garoto… esses brinquedos são caros. – Ele disse, erguendo ambas as sobrancelhas. Olhei para SeokJin e ele fez novamente um bico.

— Tudo bem. Pode ser três tentativas. – Disse, pondo o dinheiro sobre o balcão e pegando a arminha. Mesmo eu sendo alto, errei todas as três vezes. Tentei mais três, mas novamente errei todas as tentativas.

— Namjoon. – SeokJin me chamou quando eu estava prestes a pagar mais três tentativas. – Me desculpe… você não precisa fazer isso.

— Mas eu quero. – Respondi. Eu já estava me sentindo desafiado por aquele alvo. Errei mais uma tentativa. SeokJin me chamou novamente e pediu para que eu deixasse ele tentar dessa vez, mas em cima dos meus ombros. Me surpreendi com a ideia, que era muito boa, já que com mais altura as chances de acertarmos o alvo era maior. Entreguei a arminha para ele e me agachei no chão. Ele subiu em mim e eu me levantei. SeokJin acertou os dois tiros restantes, me fazendo ficar boquiaberto. Atrás da minha cabeça, eu sentia o pouco volume da sua barriga. Antes de colocá-lo no chão, acariciei com as costas da minha mão o seu abdômen enquanto ele comemorava por ter acertado duas vezes o alvo. O homem ficou surpreso com a nossa vitória e nos entregou a pelúcia e uma toquinha do Pikachu, esta que Jin pôs em mim. Caminhávamos pelo parque enquanto conversávamos animados um com o outro, mas fomos interrompidos pela ligação que fizeram para ele. Assim que SeokJin encerrou a chamada, me disse que era Hoseok. Ele queria que Jin voltasse para casa, já que era tarde e voltar a pé poderia ser perigoso a essa hora. Realmente, era tarde… então me ofereci para levá-lo para casa. SeokJin ficou contente e aceitou o convite. Saímos do parque e andamos até o meu carro. Jin me indicou o caminho e quando estacionei frente a casa, ele olhou sorridente para mim.

— Muito obrigado, essa foi a melhor noite que tive em meses.

— Eu também gostei bastante dessa noite. – Disse, sorridente. Ele abriu a porta, mas antes de sair, voltou a olhar para mim e me deu um beijo na bochecha. Vi ele correr até a varanda da casa e acenar para mim enquanto abraçava a pelúcia com o outro braço. Buzinei antes de voltar a dirigir. No caminho de volta para minha casa, fiquei refletindo por que do nada o meu coração bateu forte depois que ele me beijou. Será que eu tenho uma queda por ele? Não… você mal o conhece, Namjoon. Não seja trouxa e mais uma vez vítima de uma paixão.