POV Annabeth.

— Me fala sobre ela? – Pedi após uns minutos de silêncio. – Não precisa falar o nome nem descrever fisicamente. Fala sobre como você se sente a respeito dela.

Ele hesitou por alguns segundos, mas depois começou a falar.

— É fácil gostar dela, sabe? Ela é incrível da cabeça ao pé. Gosto do som da sua risada, das manias bobas como morder o lábio inferior quando está pensando ou prestando atenção, do cheiro, da voz, até das vezes que ela quer ter razão sobre tudo e do orgulho bobo. Da maneira como ela está sempre disposta a ajudar quem ama, e do jeito que ela conversa comigo sobre tudo. – Ele suspirou, sonhador. – Pode ser que nunca role nada, e que ela não seja a garota com quem vou passar minha vida e construir uma família, mas é ela que me faz querer ser melhor nos dias de hoje. Ela que me faz experimentar todas as sensações e sentimentos possíveis, que me faz querer transformar o mundo num lugar extraordinário, e faz eu me transformar também quando estou do lado dela.

“Se um dia eu olhar e perceber que nunca vou ter qualquer chance, tudo bem, e se um dia rolar e acabar também, pra mim também ta ok. Porque enquanto estivemos próximos ela me fez sentir de tudo, e descobrir tudo. Eu sempre fui uma pessoa meio egoísta, gosto de ter tudo para mim, mas se ela quiser ser feliz com outro, eu vou estar lá pra desejar boa sorte e torcer pela sua felicidade, porque eu quero que ela seja a mulher mais realizada do mundo, mesmo que não seja eu que proporcione isso.”

Pela primeira vez em muito tempo eu não sabia o que dizer. Eu sempre vi em Percy um cara romântico, mas nunca imaginei que seria tanto, e que ele estava apaixonado em tais proporções. Pisquei algumas vezes para conter as lágrimas, e acho que ele percebeu, pois me olhou confuso.

— Hã? O que foi? – Questionou-me.

Sorri.

— Nada... é que ver você falar assim me faz pensar em como ninguém nunca se sentiu assim a meu respeito, e eu tenho medo de nunca achar essa pessoa. – Confessei. – E também, tô na TPM, malditos hormônios. – Ri.

Ele me olhou. Abriu e fechou a boca varias vezes, mas não disse nada, parecia que tinha algo pra dizer. Na verdade, sempre que eu estava com Percy parecia que ele queria falar algo, mas nunca dizia. Ele sempre foi muito fechado, e por isso me surpreendi tanto com tudo que tinha acabado de ouvir.

— Annabeth, olhe para mim. – Ele acabou dizendo, e eu olhei. – Você é a pessoa mais extraordinária que eu já conheci, e se tem alguém que sem dúvida nenhuma ainda vai partir muitos corações de caras que estarão perdidamente apaixonados, esse alguém é você.

Eu ri.

— Obrigada, Percy, mas quebrar o coração de pessoas definitivamente é o que eu menos quero.

Ele riu também.

— Mas não tô falando que vai ser de propósito. É que vai ser meio impossível para eles não se apaixonarem por ti, e bem, não dá pra você amar todos eles.

Ri novamente.

— Não sei de onde você tira essas coisas...

Ele apenas sorriu, e nada disse.

Era tão simples e fácil estar ali com ele. Diferente de estar com certas pessoas... Argh! Nem sei porque estou pensando isso. Enfim... Percy era minha fortaleza dos momentos difíceis, ele me entendia como ninguém. Eu tenho Thalia, que é praticamente minha irmã, mas é diferente, sabe? Se eu procurasse por Thals eu sem dúvida alguma ia receber os melhores conselhos do mundo, mas às vezes eu precisava ficar em silêncio, ouvindo musica e recebendo um abraço que só Percy poderia me dar. E também tem Luke, – que é tão meu amigo quanto o moreno – mas mesmo assim é totalmente diferente.

— Acho que o horário da aula de artes já acabou. – Ele franziu a sobrancelhas. – Vamos para a próxima?

— Vamos, tenho aula de história agora! – Exclamei me animando.

Ele riu.

— Tenho de inglês. – Disse com uma careta e ofereceu a mão para que eu me levantasse.

Andamos e ele – como sempre muito educado – me deixou na porta da minha sala.

— Tchau. Te vejo no intervalo. – Se despediu e me deu um beijo na bochecha.

— Tchau, certo... e ei... obrigada por hoje. Você é incrível. Suas playlists no Spotify também.

Ele riu.

— Te vejo depois, Ann.

(...)

— E então? Como foi com eles? – Perguntou Thalia enquanto íamos até o refeitório.

— Com o Percy correu tudo bem. Estamos ótimos. – Contei. – Já com o Luke...

— Ele me disse. Tivemos matemática juntos.

— O que ele disse exatamente?

Thalia suspirou.

— Annabeth, você gostaria que eu contasse toda nossa conversa para o Luke? – Ela perguntou e eu neguei, obvio. – Então tenho certeza que ele também não iria gostar se eu contasse tudo o que conversamos sendo que ele me pediu segredo para ti, né?

Suspirei, conformada. Thalia era a pessoa mais confiável que eu conhecia, sempre admirei isso nela.

— Tudo que eu posso dizer é que ele está mal. Você saiu sem nem o deixar terminar, Annabeth.

— Thalia, ele disse que não queria me perder e que não queria que as coisas mudassem uma semana depois de ter me beijado e fingido que nada aconteceu. Eu tomei um fora.

— Não é bem assim, loira! – Ela disse. – Tenha paciência com Luke, ele realmente gosta de você.

— Ah sim, claro que gosta... – Falei sarcástica.

— Annabeth, eu e você somos tudo que ele tem de verdade. A família é desestruturada, os colegas populares do time de futebol são apenas parceiros de festa. Somos só nos duas que estamos lá por ele de verdade, e você sabe disso.

Assenti, era verdade.

— Ele tem medo de começar algo que acabe mal, e faça a amizade de vocês mudar, ou simplesmente parar de existir.

— Vou conversar com ele depois. – Conclui, por fim. – Eu só estava magoada.

— Tudo bem, eu te entendo, mas me conte como foi com o Percy.

— Nós conversamos na aula, ele me pediu desculpas e tudo mais e eu acabei cedendo rápido. – Contei e ela riu. – Depois eu discuti com Luke, então fui contar a Percy e filamos a aula de Artes para ouvir musica e conversar.

Ela me olhou surpresa.

— Não sei se estou mais chocada pelo fato de você ter filado aula, ou pelo fato dele ter compartilhado as playlists com alguém.

Dessa vez, tive que rir. Era verdade.

— Olha só quem resolveu dar o ar da graça! – Exclamou Nico que já estava sentado com Percy em uma das mesas.

Nos juntamos a eles e Thalia cumprimentou Nico com um selinho.

Ah é! Eles namoravam.

— Que nojentice vocês dois. – Disse Percy fazendo uma careta.

— Tá com inveja porque não tem uma namorada. – Provocou Thalia.

— Se eu quisesse eu teria!

Nico lançou um olhar estranho para ele e Percy ficou vermelho.

— Hey! Desde quando vocês ficam de segredinho? – Perguntou Thalia.

— É que o Percy ta apaixonadinho, amor. – Disse ele, animado.

Eu ri e Percy ficou mais vermelhinho ainda.

— Dá pra parar? – Percy pediu, irritado.

— Calma aí, Ariel. – Provoquei e ele revirou os olhos.

— Vocês são ridículos, sério. – Ele retrucou cruzando os braços e fazendo uma carinha fofa de criança revoltada.

Aaah, Percy... Por que tão adorável?