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Era sempre assim, eu sempre acordava alguns minutos antes do despertador tocar e ficava contando os segundos até que seu barulho irritantemente agudo soasse pelo quarto. Suspirei e sentei na cama, passei a mão pelo meu cabelo várias vezes, na tentativa de dissipar toda a ansiedade que eu estava sentindo. Todos os dias eram assim.

Sei que todo adolescente comum vai para a escola e se diverte com seus amigos mas eu não conseguia chegar perto de ninguém. A ideia de fazer algo errado, de ser bombardeada com perguntas sobre a minha vida, de começar compartilhar algum momento ao lado de alguém ou até mesmo de descobrirem sobre a minha fobia social, me dá arrepios. Eu não gosto nem de pensar nessa possibilidade.

Balanço minha cabeça tentando espantar esses pensamentos, afinal, era só fazer as mesmas coisas que eu sempre faço. Chegar na escola, pegar meus livros no armário, ir direto para sala e não falar com ninguém. Ser o mais invisível que eu puder. As vezes me sinto triste pois já tentei fazer o tratamento para melhorar a minha fobia, com direitos a remédios controlados e tudo mas infelizmente os remédios só serviam para me deixar ainda mais lenta e desanimada, como poderia conversar com alguém assim? Então acabei aceitando que esse era meu destino, ficar sozinha.

Olho para o relógio e vejo que só faltam 20 minutos para a aula começar, pulo da cama e corro para o banheiro, faço minha higiene e ligo o chuveiro com a água morna, tiro minha roupa e deixo a água relaxar meu corpo que estava totalmente tenso. Lavo meu cabelo o mais rápido que posso com o meu shampoo de morango favorito e depois o enxáguo sentindo o cheirinho doce invadir minhas narinas. Desligo o chuveiro, me enrolo em uma toalha colocando outra em meu cabelo, acabo deslizando quando corri para fora do banheiro e tive que me segurar na borda da cama. Como hoje estava frio, acabei colocando uma calça, uma blusa grossa de lã vermelha e meu velho amigo all star, olho novamente para o relógio e faltavam apenas 9 minutos agora.

Junto meu material o jogando de qualquer forma na minha mochila, desço as escadas correndo e vou na cozinha. Minha mãe Renée estava fazendo panquecas, ela usava um avental escrito "Cozinheira Maluca" o que me fez soltar uma pequena risadinha. Pego uma maçã e meio exitante dou um beijo na bochecha do meu pai e da minha mãe, corando logo em seguida.

— Agora deve faltar só uns minutos, preciso ir. Até mais papai, até mais mamãe - Sem esperar respostas deles, eu saio de casa. Para a minha sorte, eu só andava por dois quarteirões e já me encontrava em Forks High School.

Subo as escadas da frente e ando diretamente para meu armário, recebo olhares de alguns alunos, provavelmente porque estou atrasada já que na maioria das vezes eu sou a primeira aluna a chegar na escola justamente para evitar o máximo de pessoas que eu puder. Sinto meu rosto esquentar, me encolho e abro meu armário o usando como barreira para esconder meu rosto, pego meu livro de Biologia e vou para minha sala. A aula já havia começado o que me deixou envergonhada e ansiosa, peço desculpas pelo atraso ao professor Banner e ele falou que era melhor eu não me atrasar outra vez pois ele não gostava de interromper suas aulas por besteiras. Abaixo a cabeça sentindo as lágrimas arderem em meus olhos e sento no meu lugar. Eu era a única aluna a ter uma mesa somente para mim já que todos os outros formavam duplas, isso deve ter sido obra da minha mãe, ela sabia que minha fobia era algo grave e que eu provavelmente não aguentaria ter alguém dividindo o lugar comigo.

Abro meu livro e vejo um pequeno envelope vermelho caindo em cima da minha mesa, pego ele entre meus dedos o olhando com atenção, quem colocou isso no meu livro e como conseguiu colocar sem que eu visse? Com o coração acelerado, eu abro o envelope e vejo uma pequena carta escrita com uma caligrafia incrivelmente bonita. Estudo com atenção a letra mas não consigo identificar o dono pois a letra dos meus pais passam longe de serem tão bonitas quanto essa.

"Olá Isabella Swan.
Você deve estar muito confusa, se perguntando quem eu sou ou o que eu pretendo lhe mandando essa pequena carta e antes mesmo de começar, eu gostaria de me desculpar, me desculpar por ter escutado sua mãe falar com o diretor (mesmo que sem querer) sobre a sua condição. Eu sei que você tem fobia social e eu sinto muito por isso, porque talvez você não queira que ninguém saiba. Saiba que eu nunca vou contar para ninguém seu segredo.

Gostaria de falar que você é uma menina doce, gentil, carinhosa e compreensiva. Como eu sei disso? É muito difícil ver você se comunicar com alguém mas quando você o faz, faz isso de um jeito tão meigo e cuidadoso. Fico observando o jeito que você fala com seu pai quando ele vem te buscar na escola, como você aperta a alça da bolsa e suas bochechas coram quando encara os olhos dele. E eu me pego pensando se algum dia teria a chance de você conversar comigo, frente a frente, enquanto suas bochechas coram lentamente, eu acho isso encantador. Você é encantadora.

Por favor, não fique com medo de mim, eu não sou nenhum perseguidor psicopata que no fim de tudo vai tentar te matar. Eu apenas gosto de você, desde o primeiro dia de aula, talvez não tenha notado porque fora o professor, você mal olha para alguém.
Por favor, me deixe te ajudar de alguma forma a superar isso, me deixe ser seu amigo.   

                                           With Love, A"

Sinto as lágrimas que eu estava segurando escorrerem livremente pelo meu rosto, mas agora não eram lágrimas de vergonha, eram de emoção. Abaixo minha cabeça fazendo meu cabelo comprido cobrir parcialmente o meu rosto, escondendo o meu choro. Era a primeira vez que alguém tentava me aproximar depois de descobrir a minha fobia e não me afastar. Enxugo meu rosto com as mangas da minha blusa, respiro fundo tomando coragem olho ao redor da sala na tentativa de encontrar o autor da carta me observando mas sem sucesso. Na minha sala muitas pessoas tem nomes com a letra A então vai ser muito difícil achar o dono dessa carta.

Encaro o papel mais uma vez antes de apertá-lo contra o meu peito, o devolvendo ao envelope vermelho em seguida, meu coração está batendo forte pelo pensamento de ter alguém tentando se aproximar de mim mas tento deixar de lado, está na hora de romper esse casulo e por mais que eu vá ter dificuldades eu vou seguir em frente e tentar.

O senhor Banner começa a explicação do que ele tinha copiado no quadro, tentei prestar atenção no que ele falava mas eu não conseguia. Minha mente e meu coração estavam totalmente focados no misterioso A.