Além Do Horizonte escrita por Amber Brownie


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

A história é narrada por Syaoran



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ALÉM DO HORIZONTE

— Prólogo —

 

Kinomoto Sakura.

Ela é uma garota tranquila e misteriosa, do tipo que não queria chamar atenção para si. Os seus cabelos ruivos lisos tocavam os ombros pálidos com suavidade e os olhos verdes profundos brilhavam como um par de esmeraldas. Seu corpo é pequeno sem muitas curvas, o oposto da maioria das garotas do segundo ano do colegial, e acabava de se transferir para a escola de Tomoeda. Devia ter a minha idade se não tivesse feito aniversário ainda, dezesseis anos.

Seria normal que uma garota com essa aparência estivesse no clube das líderes de torcida, rodeada por admiradores — talvez até tivesse alguns, mas isso não era nada que eu poderia dizer com certeza —, e entre os alunos populares da escola.

Bom, esse não era o seu caso. Isso não importa agora.

O que levou o nosso encontro ser mais… peculiar, foi uma estranha coincidência. Não penso que alguém tenha experimentado, além de mim, esse tipo de acontecimento. Eu lembro bem, foi no primeiro dia de aula depois das férias de primavera, no começo de abril.

Aquele dia.

Eu fiquei preso na sala dos professores depois da aula e tive que passar mais de meia hora no clube de literatura. Depois disso, peguei minhas coisas e saí do colégio, quando o sol ainda estava se pondo no horizonte. Provavelmente se eu tivesse ficado um minuto a mais ou menos, não teria chegado a tempo.

Andei pelo caminho de sempre, quando passei pelo movimentado parque chamado de “Rei Pinguim” — esse era o nome porque tinha um pinguim gigante que servia como um escorregador para crianças — mas o lugar estava deserto. Se ninguém tivesse passado ali, no outro dia todos os jornais locais teriam uma manchete ou nota parecida, na manhã seguinte com a frase: “Garota do colégio Tomoeda se suicida do penhasco atrás do Parque do Rei Pinguim”. Eu leria isso, pensando “Nossa, se eu tivesse passado por ali meia hora depois nós teríamos encontrado” e nossa história acabaria por isso mesmo.

Suicídio.

No dicionário trata-se de um termo que deriva de dois vocabulários latinos: sui (de si mesmo) e caedere (matar), ou seja, é o ato de tirar voluntariamente a própria vida. O suicídio é estatisticamente uma das causas de morte mais frequentes no mundo. Eu tenho certeza de que passarei o resto da minha vida sem tentar suicídio, não por motivos morais, mas por uma causa muito simples que se não existisse, essa história também não existiria. E claro, a causa principal do resto que aconteceu depois daquela primavera.

Sim, voltamos a Kinomoto Sakura.

Eu estava passando quando virei o rosto distraidamente para o alto penhasco observando o crepúsculo ser engolido pela escuridão da noite. Foi quando vi uma silhueta ao longe que prendeu a minha atenção, não esperava que houvesse algo ali, então apertei os olhos para tentar identificar melhor o que era.

A saia preta e a fita vermelha da blusa balançavam ao vento em perfeita sincronia com as pétalas de cerejeira, contrastando com a pele alva e levemente rosada dos braços e do rosto, pois, as pernas também estavam cobertas pela meias calças. Os cabelos pareciam brilhar imersos nos últimos raios de sol, enquanto os olhos reluziam firmes e determinados. Por um momento, pensei que nossos olhares tinham se cruzado, e senti um arrepio em pensar que ela sabia que eu estava a observar, ali à sua frente, completamente petrificado. Quase na ponta do precipício, parecia decidida a fazer aquilo, bastava apenas um passo e seu destino fatídico ao chão seria inevitável.

Ok, nós sabemos que só existem duas formas racionais de agir em uma situação como essa.

Agir passivamente, deixando que as coisas seguissem o seu rumo. Ela teria o fim que desejava e eu continuaria minha vida patética como uma pessoa, quase, qualquer. Talvez com um pouco de remorso ou com uma cena de horror impregnada no meu consciente para sempre.

Ou eu intervia de modo a evitar que ela pulasse dali a salvando e guardando esse momento único como uma forma de me sentir um pouco melhor, ainda na minha vida patética.

Alguém como eu, evitaria me meter em qualquer tipo de situação como essa, porque sabia que futuramente isso poderia me trazer problemas, então seria mais simples escolher a primeira alternativa. Eu não tinha uma mente tão fria para apenas ignorar algo assim.

Mesmo que aquilo fosse um grito silencioso de atenção, eu não podia deixar que ela pulasse. Eu não podia apenas observar ou passar direto como se aquilo não significasse nada.

Corri pelo parque seguindo a colina, me embrenhando nas árvores, tropeçando algumas vezes nos galhos caídos e raízes altas. Deve ter levado no máximo uns cinco minutos para que eu desse a volta. Felizmente tinha chegado a tempo, ela não havia pulado, penso que nem havia sequer se mexido enquanto dei a volta. Estava absorta demais em seus próprios pensamentos. Aproveitei isso para a distrair e comecei a falar com ela, enquanto tentava normalizar a minha respiração ofegante.

— Ei, você!  — gritei chamando sua atenção.

Vou omitir as palavras seguintes que falei por um caso de força maior, mas posso dizer que tudo o que disse foi do fundo do meu coração.

— Que inconveniente — respondeu friamente. Foi uma dura rejeição.

O corpo pequeno se agachou e por um momento pensei que tinha pulado indo ao encontro do seu trágico destino. Porém, para a minha surpresa, ela tinha dado um salto perfeito para trás girando em torno de si e enfim pousando agachada bem a minha frente tão suave e leve como uma pluma no ar.

É claro que se eu não tivesse tão boquiaberto com tal ação teria percebido a espada reluzente dourada, longa e fina que apareceu na sua mão direita, perigosamente próxima ao meu abdômen que em seguida foi perfurado em um único golpe quando ela se levantou. Infelizmente, foi o choque de sentir a lâmina afiada atravessando o meu corpo que me fez acordar, mas claro, eu já estava acostumado com isso também.

Vomitei sangue na mesma hora e caí de joelhos no chão, tremendo, aquilo tinha sido um golpe fatal que atingiu meus órgãos vitais. Se eu fosse uma pessoa normal já teria desmaiado. Lembrei de não olhar para baixo ou a tontura que comecei a sentir seria ainda pior, então agarrei a lâmina da espada cortando de leve a pele da minha mão esquerda, e continuei desperto aguentando a dor. Encarei a garota à minha frente e no meu atordoamento que crescia tão rápido quanto sentia o sangue escorrer pelo meu braço. Pensei ter ouvido ela murmurar algo e após um momento seu semblante se tornou confuso.

Como eu disse, coisas assim aconteciam com frequência. Então geralmente eu tinha duas alternativas, ficar furioso, o que naquele momento foi algo bem difícil de controlar, ainda mais se ela não percebesse a minha natureza, sem dúvida enfiaria mais uma vez a espada no meu estômago, ou, agir com naturalidade e pedir apenas que ela tirasse a maldita espada para tentar lhe explicar o que estava acontecendo.

Nunca fui fã da segunda alternativa porque sabia que o tipo de pessoa que me atacava sempre tinha consciência do que estava fazendo, mas era o que eu fazia na maior parte dos casos. Eu não culpo quem me ataca porque geralmente eles têm um motivo bastante concreto para agir de tal modo, e nisso eu não posso discordar deles. Juntei todas as forças que pude ao empurrar os meus pensamentos raivosos para longe, tentei colocar um sorriso gentil no rosto e fitei o semblante confuso dela.

— Ei — respirei fundo tentando não vomitar mais sangue — você pode… tirar… isso… por favor?

O seu rosto agora estava completamente aterrorizado.

— O que diabos você… é?  — indagou, agora com temor se espalhando por seu semblante, segurando com mais força a espada.

— Eu… que… pergunto… isso…

Foi assim que conheci Kinomoto Sakura, depois de tudo o que aconteceu, nada disso poderia ser considerado uma simples “coincidência”. As coisas acontecem por um motivo, e é por isso que histórias assim existem. É claro que se coisas assim não fossem possíveis, nossas histórias também não seriam.

Mas isso não mudava em nada a dor terrível estrangulando o meu abdômen.

Argh!

 

Continua…


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!

Primeiro, sim, eu sei que ficou bem parecido com Kyoukai no Kanata (afinal foi minha inspiração). No começo vai ser assim e com o desenrolar da história vocês vão perceber o quanto ela vai se distanciar, por conta dos dramas e etc.

Peço desculpas se houver algum erro de português, pois sou eu mesma quem reviso!
Deixem comentários sobre o que acharam! Até mais!



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