"Adrien" Marinette virou a cabeça para trás a procura do loiro. Ele não estava tão longe, contando que a dispensa não era lá um lugar muito grande, encostado nas prateleiras o garoto olhava preocupado para o casal. Ele desviou o olhar para a azulada ao ouvir o nome ser chamado. "Preciso que você segure o Plagg". Adrien franziu a testa mas se aproximou dos três no entanto o moreno se opôs.

"Pode me dizer por que?" perguntou Plagg com um tom levemente irritadiço. Marinette suspirou "nós não temos anestesia, Plagg. E isso vai doer. Muito. Não posso deixar você se mexer ou irei errar. E isso será bem pior". Plagg olhou para a azulada, depois para Tikki e enfim para Adrien.

" Eu posso ficar parado" murmurou tentando parecer confiante. Marinette balançou a cabeça levemente contendo outro suspiro "as pessoas reagem diferente diante da dor. Nem sempre da pra controlar. Eu não posso arriscar, entende?"

O moreno estava pronto pra se opor novamente, no entanto sentiu um aperto en sua mão e olhou para Tikki e ali, no olhar preocupado da esposa, que encontrou forças pra concordar com Marinette. A azulada concordou e indicou o que deveria ser feito.

"Tikki você sobe em cima das pernas dele, vai ajudar a mante-lo parado. Adrien" ela se virou para o loiro, pegou o braço ferido de Plagg e o apertou contra o peito do moreno, que soltou um leve gemido com o movimento "preciso que você mantenha o braço dele aqui" o loiro deu a volta e apertou a mão de Plagg no lugar indicado "em momento algum solte ok? Isso é essencial para que eu não erre" Adrien confirmou com a cabeça e logo Marinette voltou a pegar a linha e agulha novamente. Ela hesitou levemente antes de começar e viu Tikki apertar a mão boa do marido tentando lhe dar força. Respirou fundo e começou.

No momento que sentiu a agulha perfurar seu braço, Plagg entendeu o que Marinette quis dizer. Ele ficou tenso imediatamente e sentiu uma vontade imensa de se afastar, vontade essa que aumentava toda vez Mari fazia alguma movimento, e provavelmente o teria feito se Adrien não estivesse segurando-o.

O silêncio se fez presente, tudo que se podia escutar era a respiração acelerada de Plagg diante a dor. Todos os presentes, exceto Plagg que prefira não ver o que estava acontecendo, encaravam Marinette quase incrédulos. Os movimentos rápidos, a concentração e a confiança que ela exalava não combinavam com a garota de apenas 16 anos. Era como se ela já tivesse feito aquilo várias vezes. E se tivesse a questão era: por quê?

Quando terminou, Tikki se inclinou para ver e se surpreendeu ao ver o resultado. Ela já havia levado pontos uma vez então sabia como geralmente eles ficam e para sua surpresa os pontos de Mari pareciam ter sido feitos por um profissional. A azulada começou a enfaixar o local totalmente alheia aos olhares sobre si.

"Não faça movimentos bruscos, ok?" ela levantou o olhar para Plagg "não queremos que os pontos estourem néh?" sorriu de leve tentando amenizar a tensão. Prendeu a faixa com um pedaço de esparadrapo "podem soltar ele" murmurou para Tikki e Adrien ainda sem olha los e começou a se levantar até que sentiu alguém a impedir. Era Tikki que a segurava pelo pulso. A azulada olhou para a morena receosa.

"Como fez isso, Mari?" ela perguntou e Marinette congelou.

Porque eu já tive que fazer muitos pontos em mim mesma na época que trabalhava de vigilante, com o codinome de Ladybug, na tentativa de ajudar nas contas em casa. Nada de mais.

Mari suspirou, queria muito poder falar isso, mas ela não podia. Não estava preparada para contar aquilo pra ninguém. Não ainda.
Sua mente passou a buscar numa resposta plausível o mais rápido possível.

"Er... Meu tio namorou uma médica a um tempo atrás. Nossa nos demos bem então ela me ensinou algumas coisas." Aquilo não era uma total mentira, seu tio realmente namorara uma medica no entanto Marinette nunca passou mais do que alguma horas com a mesma, tanto que, se perguntassem, ela demoraria alguns minutos para se lembrar do nome da mesma. Sorriu tentando parecer confiante e pareceu funcionar pois a expressão de desconfiança se suavizou no rosto da morena. "Obrigada, Mari." Tikki sorriu e se virou pro marido o abraçando aliviada.

Marinette terminou de guardar as coisas e se levantou indo em direção ao casal de desconhecidos que haviam se sentado num canto mais afastado da porta. A garota, que parecia ser alguns anos mais velha que a azulada, estava encolhida nos braços do garoto, que a abraçava de forma protetora.

"Vocês estão bem? Se machucaram ou algo assim?" perguntou enquanto se abaixava perto deles. De perto ela notou que eles tinham certa semelhança, ambos tinham os cabelos castanhos avermelhados e olhos azul claros contornados de pequenas sardas. Para o alívio de Marinette ambos balançaram a cabeça em negativo. A azulada sorriu "Sem querer me intrometer mas por que vocês vieram aqui a essa hora?" ela perguntou e foi o garoto que respondeu.

"Viemos de uma reunião familiar na casa da nossa mãe. Ela mora longe e pegamos trânsito então só chegamos agora. Decidimos passar aqui e comprar algo para comermos quando chegássemos" ele suspirou se arrependendo da decisão espontaneamente.

"Não se preocupe, sei que tudo vai terminar bem. Precisamos ser otimistas não é?" Marinette tentou sorrir tranqüilizadora " Vocês são irmãos? " perguntou recebendo um aceno afirmativo "Bom então sei que logo vão voltar pra casa bem e, principalmente, juntos." Eles sorriram e ela estendeu a mão "Sei que não é o melhor momento mas... Eu sou a Marinette"

A garota, que até então não havia se manisfestado, sorriu e apertou a mão da azulada "Eu sou a Lara e esse é o Pietro" murmurou apontando pro irmão. Marinette o comprimentou também. "Aquilo o que você fez foi incrível" ela continou apontando para Plagg e Mari corou levemente. "Não foi nada de mais" sussurrou e então se despediu dos irmãos se afastando novamente.

Ela avistou Adrien sentado logo ao lado da porta e por algum motivo, que nem ela sabia qual se aproximou do garoto. "Hey" murmurou se sentando ao seu lado e chamando a atenção do loiro "Queria agradecer por me ajudar com o Plagg. Eu sabia que Tikki podia segura lo mas... Eu fiquei com medo dela ficar aflita e acabar soltando..."

"Tudo bem" Adrien a interrompeu sem olha la "o Plagg é um antigo amigo meu. Fico feliz de ter sido útil" murmurou e Marinette o olhou curiosa.

"Foi por isso que veio então? Pra falar com ele?" Adrien se virou pra ela finalmente a encarando e por um momento Marinette se perdeu na intensidade de seu olhar. Ela desviou o olhar levemente irritada consigo mesma.

"Em parte foi por isso" Adrien murmurou se reencostando na parede e soltando um suspiro da cansaço "Mas também foi pra sair um pouco de casa. Eu e meu pai discutimos hoje e isso até pode parecer coisa de gente mimada mas ultimamente tem sido muito difícil ficar em casa."

"Sei como é" ela murmurou antes que pudesse frear a língua. Puxou as pernas contra o peito e as abraçou apoiando a cabeça nos joelhos e encarando o chão.

"Marinette?" Adrien a chamou e ela olhou de canto de olho "por que você brigou com Nathanael?" Marinette bufou irritada.

"Olha Adrien eu não to com cabeça pra rixa idiota de vocês" murmurou.

"Não é isso é só que... Eu notei que você ficou mesmo chateada" Marinette levantou a cabeça e o encarou procurando em seus olhos algum tipo de deboche, porém não encontrou. Ela suspirou, vou me arrepender muito disso depois, pensou consigo mesma.

"Eu saí do meu trabalho mais cedo hoje" ela começou voltando a encarar o chão "eu acho que ele não esperava isso, porque encontrei com ele no parque perto de casa e ele tava... Com outra garota" ela suspirou "se é que me entende.

Naquele momento Adrien sentiu uma estranha raiva invadir seu peito. Não era aquela irritação cotidiana que sentia em relação ao ruivo. Era diferente. Era pura raiva. Só por que ele havia magoado Marinette e isso deixou Adrien extremamente confuso." Sinto muito" murmurou tentando amenizar o silêncio que se instalou.

Marinette levantou os olhos e sorriu levemente "ta tudo bem. Acho que eu nem gostava dele tanto assim. É só que... Eu gostaria que ele ao menos tivesse sido sincero comigo" Adrien sorriu sincero e apertou a mão de Marinette comi se lhe desse forças.

Naquele momento foi como se eles tivessem selado um pacto, dando uma trégua nas brigas e provocações. Ao menos por hoje.

Conforme o tempo passou os dois foram conversando mais. Se abrindo mais e entendendo um ao outro melhor. Adrien explicou, hesitante, a sua rixa com o pai diante os empreendimentos da empresa que ele jamais quis assumir. E Marinette, ainda que receosa, contou que estava "afastada" da familia e que toda vez que o tio viajava ela ficava muito mal. Não era uma completa verdade mas também não era uma mentira. E foi assim, entre conversas e brincadeiras, que, horas depois, Marinette se entregou ao cansaço e pegou no sono com a cabeça apoiada no ombro de Adrien.

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"Acha que devíamos contar pra eles?" Tikki perguntou para Plagg, olhando para Adrien e Marinette que conversavam distraídos.

"Eu acho que não" o moreno respondeu "eu não sei o esses homens querem mas acho que deixaram claro que estão dispostos a matar. Imaginem o que fariam se nos pegassem tentando fugir?"

Tikki concordou com a cabeça olhando de relance para o curativo no braço do marido. Poderia parcer egoísta mas não suportaria perde lo. Ela abaixou a cabeça voltando a apóia lá no peito de Plagg. E tentou se convencer que aquilo era o melhor a se fazer.

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04:00

O lado de fora da Miraculous estava um caos. Cheio de viaturas e policiais que tentavam a todo custo se comunicar com os assaltantes do lado de dentro para soltar o reféns que mantinham.

"Quanto tempo acham que conseguimos manter isso fora de alcance da mídia?" detetive Roger perguntou enquanto limpava o suor da testa.

"Não creio que por muito tempo, senhor" um dos policias responderam "ninguém soube do ocorrido por estar de noite mas logo o sol vai nascer e as pessoas vão acordar..."

"E perceber que algo está errado" o detetive completou "isso tudo esta muito estranho" murmurou consigo mesmo. A verdade era que a história estava mesmo mal contada. O alarme da loja fora acionado e mesmo assim os assaltantes não fugiram.

O detetive já estava começando a acreditar que eles fizeram aquilo de propósito uma vez que não conseguiriam muito em uma loja. Talvez esse fora o plano desde o começo. Atacar o local no horário menos movimentado. Conseguir reféns. Acionar a polícia e chamar a atenção da mídia. Assim os policiais não teriam outra alternativa a não ser fazer tudo o que pedissem em pró da vida dos mantidos reféns.

Roger tentara de tudo até aquele momento mas eles não estavam facilitando, tinha que ser exatamente como queriam. E eles já estavam começando a perder a paciência. Então num numa última tentativa os assaltantes desligaram prometendo uma última vez faze-los os levar à sério e fazer o que pediam.

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Marinette acordou com um tumulto a sua volta. Assim que abriu os olhos se deparou com os assaltantes tentando pegar Lara a força. Pietro numa tentativa de salvar a irmã os atacou mas luta não era seu forte e com um soco bem dado o garoto caiu desmaiado no chão. Lara gritou e Marinette se levantou.

Foi tudo muito rápido, num momento ela estava atacando os homens próximos de si numa tentativa de salvar Lara. Ela se aproximou de um dele e lhe deu um forte soco na região da mandíbula. Ele a encarou irritado e arrancou o gorro da cabeça, surpreendendo a todos, e cuspiu um pouco de sangue que sairá resultante do soco de Marinette. Ele aproveitou a distração da menina e a atacou. E então ela estava sendo empurrada contra a parede mais próxima com duas mãos prendendo fortemente seu pescoço a sufocando.

Ela ouviu o grito de Adrien que tentava alcança lá mas era impedido por dois homens. Tikki e Plagg sequer podiam se mexer pois um dos homens apontava uma arma para eles Lara também gritava mas logo todo o barulho começou a se tornar apenas um zumbido conforme o ar acabava. Ela se debatia tentando se soltar mas não conseguiu. Manchas pretas mancharam sua visão e soube então que não tinha mais muito tempo.

Alguém se aproximou e segurou o ombro daquele que a sufocava "Para" murmurou simplesmente. O sufocador se irritou "Olha o que ela fez! Não posso deixa lá sair impune!"

"Não vai" o outro murmurou "nós a levaremos também. Duas na verdade é bem melhor que uma". O homem sorriu satisfeito e soltou Marinette, que foi direto pro chão puxando todo o ar que podia e tossindo no processo. Ela sentiu alguém puxa lá mas nada conseguiu fazer.

Ainda tonta pela falta de ar Marinette foi arrastada em direção a saída e a ultima coisa que viu foi um dos homens socar Adrien fazendo o cair no chão mas antes que ele pudesse se levantar a porta se fechou trancando o lá novamente.

Adrien bateu os punhos na porta com toda a sua força e raiva. Como pudera ser tão fraco? A imagem de Marinette perdendo as forças ao pouco se repetia várias vezes. Ela poderia ter morrido e ele não pode fazer nada!

Um estrondo se dez audível tirando Adrien de seus pensamentos logo seguido de tiros. Vários deles.