Instinto & Coragem - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 10
10 - Feastfires


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos!



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Pequenos e Grandes Homens

 

As orações sempre foram um passatempo confortável para as manhãs. Acordava cedo, seguia com as companheiras e a preletora até o septo, e então se ajoelhava em frente ao altar da Donzela para orar. Podiam passar horas ali dentro, recitando os cânticos e as frases prontas. A septã de Feastfires abria o septo para elas sempre que o sol nascia, a mulher parecia muito comovida pelo apreço aos deuses que as convidadas de Lady Elinor demonstravam. Segundo ela, a própria lady raramente descia para as orações. Elia não se espantava, Lady Elinor parecia uma mulher muito… masculina, em sua opinião, cuidando da fortaleza e tratando a todos como se fosse o senhor do lugar, não deveria ter interesse por atividades mais femininas.

As companhias de Elia, no entanto, não paravam de criar suposições de como a mãe de seu prometido aproveitava o tempo, sendo uma viúva com muitos servos para cumprir os deveres. Ann jurava que tinha visto Lady Elinor subir até a torre do meistre e que os ouviu rindo juntos como dois amantes. Já Priscy, acreditava mais num caso com o Mestre de Armas, que ensinava o pequeno Lorde a atirar com arco e flecha. Enquanto as gazelas riam entre si feito tontas, Elia tentava imaginar quais eram os verdadeiros deveres de Lady Elinor. Um senhor raramente dividia suas obrigações com a esposa, por isso nunca chegou a saber o que os homens faziam para cuidar de uma propriedade. Entretanto, sendo Elinor uma mulher, sua curiosidade se aguçava.

Talvez fosse esperado que ela cumprisse os mesmos trabalhos que a antiga senhora. Elia mordeu os lábios. Não deveria estar preparada para isso. Queria estudar e se preparar, ao menos saber o que a aguardava.

O grupo voltava das orações, os trabalhos na fortaleza tinham início, pessoas andavam de um lado para o outro entre uma coluna e outra, uma escada e um portal, tantos arcobotantes e ameias… a fortaleza era assustadora, grande e feita de pedra escura. Nem mesmo um tufão teria abalado aquele lugar e acreditava que o primeiro Lorde Prester o fizera assim exatamente por esse motivo. Morar em uma ilha deveria ser perigoso. Os piratas das Ilhas de Ferro, tempestades e os ventos do mar…

Tudo para manter todos afastados.

Elia sentia que seu novo lar era mais uma catacumba a céu aberto, projetando-se para cima.

— Bom dia, milady e senhoritas - o Meistre Edmon passou por elas, andando apressado, mas com seu sorriso calmo no rosto.

Um homem como ele não se entregaria a uma paixão com a senhora da fortaleza que servia. Meistres tinham a fama de serem homens perigosos, espertos e suspeitos quando um bastardo nascia, mas existiam homens que simplesmente por seus modos era possível saber que tinham honra demais para cometer adultério. Mas Lady Elinor estava viúva há… mais de dez anos. Não servia mal-visto se realmente fossem amantes. Talvez por ser um meistre, Edmon perdesse sua corrente, mas quem o deduraria…?

Elia observou-o entrar no septo.

De repente notou o quão jovem Meistre Edmon era. Muito mais jovem que Lady Elinor, e, e muito mais jovem do que qualquer outro meistre que Elia já havia conhecido. Tinha uma estatura mediana, mas o rosto formoso e os cabelos cacheados, crescidos sobre a têmpora. Se tivesse nascido em um bom berço, teria sido um cavaleiro encantador.

Bem, ela conseguia sentir-se mal por ele. Se também fosse uma filha legítima, ao invés de uma bastarda, teria um casamento decente na sociedade e até muitas amigas influentes. Poderia ser amiga da Princesa Annelyse. E se não dela, ao menos de alguma família que apoiasse os Lannister.

A verdade era que Elia não queria acreditar muito na sua sorte. Havia escapado de um futuro promíscuo e pobre em um bordel quando seu pai a levou para a Casa do Leão, o lar dos Lannister. Ele a criou como se fosse sua filha legítima, deu-lhe os mesmos tutores que os filhos de Lorde Tytos tiveram e vestiu o mesmo tecido dos vestidos de Lady Druella. O que mais poderia querer? Seria orgulho pedir mais aos deuses, se já foram tão bons.

Porém Elia não conseguia se contentar com a atual situação de sua família e de seu futuro. Casar-se com um menino de doze anos podia ser aceitável, mas um menino de doze anos que nunca sairá de sua ilha? E com uma sofra como Lady Elinor? Elia estremecia apenas de imaginar conviver com todos em Feastfires, com seus rostos cinzentos e as pedras escuras.

Ela sempre fora tão alegre e vivaz, mesmo quando faziam chacota de seu nascimento…

Não nascera para aquilo.

Não havia chance de que…

— … Lorde Lannister.

— Como? - Elia ergueu as sobrancelhas ao ouvir o nome de seu tio. Ele estava na caçada, junto dos demais cavaleiros de Lannisporto e de seu prometido. Avaliando se o garoto daria um esposo digno, era a desculpa. Elia não detestava Tio Tytos. Sinceramente, era muito grata a ele por tê-la mantido sob sua proteção após a morte de seu pai, ele poderia ter mandado ela e as outras irmãs para a rua, mas cumpriu o desejo de Tyman de que suas filhas fossem bem criadas e casadas, assim como Lannister deveriam ser. Elia até mesmo o agradecia por ter se lembrado de sua idade e de ter procurado por um esposo. Não importava que o  esposo fosse dez anos mais jovem. Ela não se preocupou com a neve durante a noite, mas agora que via a grama queimada pela manhã, começou a temer que seu tio estivesse preso no frio, sem conseguir voltar.

— Seu prometido está com Lorde Lannister - Ann repetiu, revirando os olhos, como era a sua mania. Revirar os olhos era a mania de Ann, roer as unhas era a mania de Priscy e passar as mãos no cabelo perfeitamente puxado no coque era a mania da preletora.

— Sim - apenas Ann seria tão óbvia, então Elia não se irritou com ela, pois já estava acostumada.

— Imagino que tipo de coisas eles fazem lá. - novamente, a tolice de Ann era uma forma pouco prazerosa de desenvolver a paciência, mas já estavam juntas há alguns anos.

— Caçam.

— Ora, não devem apenas caçar. Quero saber o que conversam e o que fazem quando não estão caçando.

— Homens são tão entediantes que não vejo como podem ser criativos para esses passatempos. Creio que não bordam ou preparam chá, nem pintam, cantam, lêem poesia ou oram. Homens são animais entediantes.

— Que boca a sua, Lady Elia, trate de corrigir-se - a preletora olhou-as por cima do ombro, como quem entendia tudo o que se passava, mas Elia duvidava que a mulher conseguisse entender meia parte do que realmente fora dito.

— O que eu quis dizer - Elia pigarreou - É que, como são homens, caçar é o passatempo principal a que dedicam toda sua energia. No resto do tempo devem dormir, conversar sobre banalidades e comer.

A preletora não se manifestou.

— É exatamente o que dizem sobre nós - Priscy, enfim, entrou na conversa. Elia gostava mais de Priscy que de Ann. Ela era mais inteligente e conversar sobre banalidades não era algo que fazia, logo, sempre que começava a falar, Elia sabia que seria algo inteligente e proveitoso.

— Nós? - tanto Ann quanto Elia perguntaram.

— As mulheres. - explicou Priscy - Os homens acham que apenas bordamos, fofocamos, dormimos e comemos. Isso quando não somos casadas, pois depois acrescentam “deveres matrimoniais” à lista. Foi isso o que um cavalariço de Lannisporto me contou.

— O que estava fazendo com um cavalariço em Lannisporto? - Ann empurrou-a pelo ombro e Priscy enrubesceu, desviando os olhos para o lado.

Mesmo um pouco mais interessante que Ann, continuava sendo uma acompanhante boba e de pouca perspectiva de vida. As histórias sobre homens que as duas compartilhavam era, no mínimo, constrangedora. Por sorte, a preletora não tinha conhecimento desses eventos esporádicos, mas Elia suspeitava que ambas seriam expulsas da Casa do Leão se seus casos chegassem aos ouvidos do tio.

— Ele é tão lindo… como uma daquelas pinturas de anjos no nosso quarto. É a imagem do Pai, um pouco mais jovem e menos viril.

— É difícil ser viril usando aqueles trapos até os tornozelos. - Priscy arrancou uma lasca de sua unha com a boca.

— Mesmo assim, não acho que seja forte. Ele não treina o dia inteiro como os guardas e não luta em justas como os cavaleiros.

— Não é preciso que seja forte - Priscy bufou.

Elia ignorava o assunto, até o momento em que compreendeu de quem as duas resmungavam. Meistre Edmon realmente lhe chamou a atenção, e fora um dos “amantes imaginários” para Lady Elinor, mas não esperava que elas o levassem em consideração para si mesmas. Principalmente por estarem fora de Lannisporto. Todos os namorados que elas tiveram estavam na cidade.

E nenhum tinha uma corrente que o prendia ao dever de servir até a morte.

— Deixem o pobre meistre fora de suas aventuras - suspirou, como uma ordem, e as damas se silenciaram como costumavam fazer.

Em algo ela e Lady Elinor concordavam: uma mulher casada não precisava de damas de companhia.




Enquanto dormia, Elinor sonhou com o futuro.

Era uma visão. Ela sabia disso pela cor real do céu, a sensação do vento na pele e o fato de tantos rostos não estarem borrados, mesmo aqueles que ela nunca vira. Estavam em Rochedo Casterly, um lugar em que nunca pisara, mas que pelo sonho sabia ser exatamente assim: com o alto teto, as abóbadas brancas feito pérola e o trono do Rei, ocupado pelo próprio. Corlos Casterly. Elinor apenas sabia que era ele, com a coroa sobre a cabeça. Ao seu lado, sentada em uma cadeira grande, mas não tão adornada, a Rainha, e do outro lado um dos príncipes mais novos. O príncipe herdeiro se recusava a olhar para a frente, e encarava o escudo de sua família.

Ele não aceitava o casamento. Elinor conhecia seu coração através do sonho e sabia que ele jamais aceitaria que sua irmã se casasse com um homem tão inferior e subestimado por seus próprios nobres. O príncipe odiava os Prester e os Lannister e dariam sua vida para ver o  sangue de ambas as famílias extinto do reino. Elinor então notou que os braços da Rainha estavam caídos ao redor do colo, onde o príncipe mais jovem deveria estar sentado, mas não estava pois havia morrido.

E era esse o motivo de todo o ódio do Príncipe Herdeiro.

Então os músicos começaram a tocar e septãs cantaram harmoniosamente louvor à Donzela. Crianças caminhavam no centro do salão, espalhando pétalas de rosas vermelhas e brancas pelo chão. Logo atrás delas, a princesa vinha flutuando em seu vestido azul-royal, com costuras laterais de ouro e o véu cobrindo seu rosto. Ela ajoelhou-se em frente a seu pai e beijou o anel do Alto-Septão que realizava o casamento. Elinor tentou encontrar o noivo, mas não reconhecia nenhum rosto entre os homens. Eram todos jovens com corpos atléticos e espadas sujas de sangue. Eles conversavam entre si, ignorando a noiva e o casamento, até que o Alto-Septão conduziu a mão da princesa para o grupo e apenas um dos rapazes se moveu e segurou-a como se a reinvindicasse como sua. Os convidados suspiraram de emoção, mas a família real se contorcia em seus tronos.

— Eu juro ser leal a ti, protegê-la com minha vida e amá-la com todo o meu coração. Juro diante do Pai ser o seu esposo, responsável por ti, até que eu morra. Juro diante da Mãe que lhe darei filhos para que seja feliz, e protegerei a eles também. Juro diante do Guerreiro nunca me acovardar quando defender sua honra. Juro diante do Ferreiro que todo o meu suor valerá cada suspiro que saí de seus lábios. E juro diante da Velha que serei paciente, tolerante, confiável e fiel.

Os votos deveriam acabar ali, mas o cavaleiro continuou.

— Juro diante do Estranho - o rei se levantou, erguendo o dedo diante do rosto do menino, um mero menino, que nada fizera de errado e nunca faria. Elinor sabia disso. - que esse amor que sinto por ti jamais se extinguirá. Por isso, morrerei por ti.

O Rei deu a ordem e seus guardas seguraram o noivo pelos braços, embora ele não tentasse se libertar. A princesa subiu os degraus e abraçou sua mãe, sem expressar nenhuma consternação pelo que seu próprio pai fazia. Elinor sentiu sua garganta queimar. Ela queria gritar, precisava gritar, tanto que seu peito explodiu e a dor levou embora toda a sua capacidade de ver o que acontecia, apenas ouviu os gritos da multidão, dos companheiros do cavaleiro inocente e as espadas sendo desembanhadas. Mas Elinor soube no fundo de sua alma que o noivo fora morto no altar.

Acordou ofegante na cama de Edmon, o sol já se punha e, para sua surpresa, seu filho estava debruçado sobre os lençóis, adormecido ao seu lado. Elinor abriu um sorriso melancólico, lembrando-se do frio da noite anterior. Ele nunca fora para a floresta antes, e justo quando saiu, havia nevado… Esticou sua mão e tocou-lhe os cabelos castanhos como os seus. Seu menino, inocente e nobre.

Ela o criara tão bem…

Quase esqueceu-se do sonho. Do quão real ele era e de quanto seu peito agora doía. Não era apenas uma dor física, mas também uma dor na alma, um coração não apenas quebrado, mas dilacerado. O luto cobria-lhe todos os movimentos, duros e dolorosos, e mesmo respirar era difícil para ela, pois estava sofrendo pela morte de seu filho. O via sobre a cama, dormindo, mas também o via naquele altar, assassinado a sangue frio.

E Elinor não sabia a qual dos dois gritar por socorro.

Agarrou Willem e o abraçou com força, até que seus ossos estalassem nas costas. O menino despertou e reclamou, mas uma mãe jamais veria a morte de sua criança e depois não se agarraria a ela, mesmo sabendo ser um sonho.

— Willem… Willem… - o seu nome sussurrado por uma voz tão fraca e carregada de dor parecia irreconhecível aos próprios ouvidos. - Willem…

— Estou aqui, mãe. Cheguei em casa de tarde. Eu estou aqui.

— Meu Willem, graças aos deuses… meu menino…

— Mãe, está doendo! - ele se afastou, mas os braços de Lady Elinor eram como ferro, prendendo-o. - A senhora está me machucando.

Contra toda a sua natureza, Elinor conseguiu soltá-lo e o viu escorregar para mais longe, até estar sentado a sua frente, olhando para ela com curiosidade e preocupação.

— Onde estamos? - a lady enfim olhou ao redor e notou que aqueles livros encardidos e desorganizados, as roupas emboladas em um canto e o mofo carcomendo o forro do quarto não faziam parte de seus aposentos. Elinor sempre se sentia enjoada em lugares sujos como aquele e não podia imaginar que havia dormido tão profundamente em meio aquele fedor de umidade.

— Quer ir para o seu quarto, mãe?

— Quero… - Elinor piscou algumas vezes, a ideia de acordar no quarto de outra pessoa era perturbadora.

Seu filho a ajudou a se colocar de pé e desceu as escadas segurando sua mão, mais para mantê-la equilibrada, que por ser seu filhinho.




O servo entrou silenciosamente e se surpreendeu ao encontrar o jovem lorde vestido e pronto para uma caminhada. Willem havia acordado no mesmo horário que sua mãe vinha tirá-lo da cama. Também se vestiu no mesmo lado do baú, olhou para a mesma torre (do meistre) da janela, ficou olhando para a porta a espera de Lady Elinor.

— Jovem lorde - Herbert o cumprimentou com uma mesura. Eram amigos de infância, criados juntos naquele pátio. Willem o amava como a um irmão.

— Vesti-me sozinho, Herb, também planejo caminhar com Lorde Lannister. Faria-me o favor de avisá-lo?

— Com prazer, milorde - Herbert já voltava suas costas para Willem.

— Herb.

— Sim, milorde?

— Bom dia.

— Bom dia, milorde.

O garoto continuou a olhar para a porta quando seu velho amigo se foi. Logo seria seu dever descer as escadas para dar início ao desjejum, mas ele tinha esperança de que a mãe se levantaria completamente disposta e pronta para reorganizar a confusão que Feastfires se tornara sem sua supervisão. Apenas um dia, e ele sentia que nunca seria capaz de lidar com o título de senhor da ilha. Quando fosse o lorde, precisaria fazer dos desjejuns sua primeira responsabilidade do dia, nunca poderia perder o horário ou esquecer-se de algum dos deveres importantes dos demais criados. Tinha de saber o que os mestres precisavam, do que a cozinha podia ou não dar conta, de como cuidar da manutenção das terras e dos lavradores. Ele temia que não tivesse memória para todos os nomes, muito menos para todas as atividades que compunham um senhoril. Willem notou, apenas agora, que não sabia quem havia iniciado aquele ritual. Teria sido o primeiro Lorde Prester? Ou então seu avô, o lorde que condenou todas as futuras gerações a continuarem em Feastfires até a consumação dos séculos? Mas… ele nunca havia se perguntado sobre isso até se deparar com Lorde Lannister.

Uma família antiga, de boa reputação, honrada até os ossos. Muitos pequenos senhores em sua mesma posição adorariam casar seus herdeiros com a filha bastarda de Tyman, o cavaleiro injustiçado. Mamãe chamava os Lannister de traiçoeiros, mas ela sempre fora correta demais e, se a coroa estava na cabeça de um Casterly, ela sempre tomaria partido para eles. Então… o que ele deveria fazer? Sua vida inteira fora ver a “Lady Prester” como senhora do saber, uma reencarnação da Velha, sábia e justa. Seria traição querer aprender, agora, dos Lannister? Willem ergueu o queixo para o forro de seu quarto e respirou fundo. Lorde Lannister ofereceu ser um tutor em Lannisporto, e enquanto não fosse lorde, poderia sair da ilha. Willem queria conhecer um pouco mais do reino antes de se prender a seu destino. E Elia…

Vira a moça antes de ir se deitar. Ela não era a tão venerada donzela das cantigas, mas era uma mulher e mulheres costumavam ter seus encantos. Poderia casar-se com ela.

— Will?

Willem saltou da cama ao ouvir a voz, vinda de trás da lareira. Alguns segundos depois, uma pequena menina imunda apareceu, seu rosto tão magro que era possível traçar as marcas do crânio com o dedo. Sua pele branca como papel era diferente de tudo que ele já havia visto e seus cabelos azuis-mar pareciam tufos de pelos de urso. Ele se afastou a princípio, mas a garota não parecia temê-lo ou odiá-lo.

— Willem Prester. - ela repetiu, a voz, diferentemente de toda a sua figura miúda e faminta, era forte e grave como a de uma mulher. Como a de sua mãe.

— S-s-sim - ele respondeu, agarrando dentro de si o herói que precisava ser para enfrentar… aquilo.

— Willem Prester, da Casa Prester, primeiro filho dos primeiros homens. - a criança se afastou mais da lareira, contornando a cama para alcançá-lo - Willem, o mesmo que salvou os filhos da floresta, que abriu mão dos seus para proteger os nossos.

— Acho… acho que não sou esse Willem.

— Não é - a menina concordou com um sorriso, o que afastou o medo do sobrenatural do peito de Willem - Mas será. Ontem, um dos nossos morreu, por sua culpa.

— Eu sinto muito - novamente Willem viu a criatura em que havia atirado sua flecha, e então os dois cavaleiros Lannister queimando-o até que não fosse mais nada. - N-não sabia que era um… um…

— Todos nós cometemos erros, pequeno Willem, mas é preciso repará-los antes que seja tarde. Você precisa tomar a decisão certa.

— Como?

— Venha conosco para a floresta. Reaprenda quem você era, os primeiros homens ainda vivem dentro de você, encontre-os!

— Ir? Deixar minha mãe e minha fortaleza?

— Não era isso que planejava fazer, indo com o senhor leão? Não são eles que vão te ajudar, pequeno Will, somos nós.

— Isso não é certo!

— Cabe a você decidir. - a menina voltou um pé para trás e depois outro, e mais outro, até estar a um passo da lareira. - Estarei esperando atrás da árvore-coração. Mas não haverá uma segunda chance.

Ela desapareceu nas sombras da pedra, como se não fosse nada mais que uma aparição. Desnorteado, Willem caiu sentado em seu colchão, mas não teve tempo para raciocinar tudo o que havia acontecido, pois a porta de seu quarto novamente se abriu, e Lorde Lannister parecia animado para uma caminhada.

O filho de Elinor Prester era um orgulho para todas as mães do reino, nunca se vira uma criança tão disciplinada e bem educada. Lady Elinor o criara bem.


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Notas finais do capítulo

Olá, meus queridos
Dois meses se passaram desde a última atualização. Dois, três? Bem, foi muito tempo, desde o começo das minhas aulas na faculdade. Finalmente, de pouco em pouco, consegui terminar de escrever este capítulo. Espero que gostem e que tenham paciência para o futuro, é bem difícil lidar com o tempo livre quando se tem duas faculdades cheias de trabalhos para entregar. Muito obrigada por sua fidelidade e carinho, amo vocês!
Beijos da Lady.



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