Brave escrita por mjonir


Capítulo 4
Me mostre as estrelas, Doutor!




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O estampido do único tiro ainda ressoava na mente de Veronica. Ela, de vez em quando, colocava o cabelo atrás das orelhas e esbarrava os dedos por ali como se quisesse coçá-las pra tirar o resquício do barulho que talvez a atormentaria durante muito tempo.

Suas roupas tinham pingos de sangue de Graham e seu avental entrou junto com ele pela ambulância. Vee insistiu para que a deixassem ir com ele, mas os paramédicos não autorizaram pelo fato da garota ser menor de idade e… não fazer parte da família.

Ela se sentiu imensamente ofendida naquele momento em que uma das paramédicas de olhos azuis a inspecionou de cima a baixo e a empurrou de leve pra trás dizendo o tempo todo para que se afastasse e mantivesse a calma.

Como poderia manter calma com seu chefe baleado e suas mãos lavadas de sangue? Veronica encostou a cabeça na parede branca do hospital e suspirou ao ver sua mãe vindo toda esbaforida pelo fim do corredor.

Ela não pôde ir junto com a ambulância, mas sabia para qual hospital levariam Graham e ainda mais… sabia quem estaria ali pronta para fazer uma avaliação e dar um belo de um chilique.

‘’Veronica!’’

A garota desencostou da parede e esperou. As mãos de Alexandra a inspecionaram por completo, seus olhos foram de suas roupas até às mãos de Veronica que estavam mal lavadas e com resquícios de sangue.

‘’Está ferida? O que aconteceu?’’ A voz de sua mãe subiu uma oitava na última pergunta e mesmo que Veronica quisesse apenas deitar em sua cama e agarrar-se em seu travesseiro, ela suspirou e respondeu.

‘’Um cara… um bandido, sei lá. Ele entrou no Graham’s e quis que eu limpasse todo o caixa e entregasse, estava tudo bem até o Graham chegar e, enfim, a bala que era pra ser minha, foi parar no corpo dele.’’

‘’Uma b-bala que deveria ser sua? Por Deus, Veronica… não diga isso’’ Alexandra disse engolindo em seco e com um tom de quem empurrava o choro goela abaixo.

‘’Tá tudo bem, mãe. Fica calma!’’ Vee disse tocando nas mãos trêmulas da mãe.

Em sua opinião, ela deveria ter um pouquinho mais de calma já que era uma enfermeira, no entanto, a mente de Veronica a acusou dizendo: Você é a filha! Ela lida todos os dias com pessoas desconhecidas, imagine só lidar com alguém que você conhece entre a vida e a morte…

‘’Certo...’’ Veronica pensou em voz alta.

‘’O que… o que foi? Está se sentindo mal?’’ Alexandra atropelou as palavras.

Veronica riu e colocou os braços ao redor do pescoço da mãe e a abraçou. Fechou os olhos e sentiu o cheiro de amêndoas do creme favorito dela. Alexandra soltou um arquejo e abraçou a filha apertado.

Fora uma surpresa para a mulher mais velha. Já fazia tanto tempo que sua filha de gênio incrivelmente forte não a abraçava ou demonstrava mais carinho do que apenas sorrisos, um beijo no rosto de vez em quando e em ligações. Alexandra estava acostumada com suas respostas simples nas mensagens e na forma desanimada como ela falava ao telefone.

Às vezes… não, na maioria das vezes ela se culpava por tê-la deixado tão sozinha, principalmente em momentos tão difíceis, mas, Alexandra também era humana, estava fadada ao erro e a ter medo e a se sentir sozinha também e por muito tempo ela se sentiu sozinha e sem forças. Sem forças para ajudar Veronica e até a si mesma. Alexandra sentia vergonha e culpa por ter se reerguido com a ajuda da filha e não com a força do próprio braço.

Veronica agora era uma garota que tinha perdido o brilho de uma adolescente com alma livre, ela mais parecia uma mulher de quarenta anos preocupada com o futuro e coisas que um jovem não teria maturidade para lidar. Por um lado, era bom, mas por outro… Alexandra sabia que as circunstâncias tinham matado o sorriso jovem de sua filha e que seria difícil ressuscitá-lo.

Vee se afastou devagar e Alexandra sabia que tinha dado o tempo dela. No entanto, mesmo afastada, a filha segurava suas mãos com um sorriso que pretendia esconder a tristeza e o trauma que havia passado naquela tarde.

‘’Você pode ir pra casa, se quiser. Graham está em cirurgia e dificilmente saberemos algo sobre ele antes das seis da tarde.’’ Veronica assentiu engolindo em seco.

‘’Você acha que ele vai ficar bem?’’ ela perguntou.

Alexandra mordeu o lábio inferior. Graham tinha levado um tiro em seu abdome e a bala, por sorte, não acabou com seus intestinos, mas, ele ainda tinha perdido muito sangue pela demora da ambulância e não era nada fácil retirar a maldita sem esbarrar em veias e nos outros órgãos. Seria uma cirurgia complicada e de risco, como todas, mas Alexandra acreditava que o Dr. Santos faria um belo trabalho.

‘’Eu acho que sim, o Dr. Santos é um dos melhores… até mesmo para um hospital público.’’ Alexandra disse soltando uma das mãos do aperto da filha e colocando uma mecha do cabelo de Veronica atrás da orelha.

Ela assentiu e suspirou.

‘’Então acredito que não há muito o que fazer aqui...’’

‘’Não, talvez só precisaremos ir à delegacia mais uma vez, mas, acredito que seu retrato falado e o testemunho possam ajudar. Agora só precisamos esperar Graham acordar’’.

‘’Lia e a filha dele estão aqui?’’ Veronica perguntou olhando por cima do ombro da mãe.

‘’Sim, elas estão na sala de espera’’.

A garota soltou a mão que segurava a de Alexandra e assentiu mais uma vez.

‘’Vá pra casa, tome um banho… faça um macarrão se quiser e descanse. Assista aquele… Doctor sei lá o quê...’’

‘’Doctor Who, mãe!’’ Vee disse sorrindo de lado.

‘’Isso! Mas vá pra casa e tente ao menos… esquecer do dia de hoje. Eu sei o quanto é difícil, mas… vai ficar tudo bem, querida. Sei que vai’’.

Veronica virou-se e pegou a bolsa inseparável que tinha suas coisas, um exemplar de Um Conto de Duas Cidades de Charles Dickens, chicletes e o caderninho de anotações como toda jornalista ou futura jornalista deveria ter e colocou-a nos ombros.

‘’Esquecer é...’’

‘’Quase impossível, eu sei’’ Alexandra interrompeu a filha.

Veronica assentiu com mordendo o lábio inferior e deu um passo pra frente indicando que era hora de ir. Alexandra abriu espaço, mesmo com os dedos coçando para puxá-la mais uma vez para seus braços e não a soltar nunca mais.

Era difícil ver o quanto sua única filha já estava crescida. Às vezes, a enfermeira sentava-se próxima a janela de seu quarto e imaginava uma Veronica pequena com uma língua afiada e sorrisos cativantes que faziam cada cantinho da casa brilhar de uma forma diferente.

Alexandra viu a filha ir embora segurando a bolsa com um aperto mais preocupado que o normal.

‘’Veronica!’’ ela chamou.

A garota parou e olhou sobre o ombro para a mãe.

‘’Eu… vou conversar com o Dr. Santos. Talvez eu possa tirar uma folga esta noite. Já tive plantões longos o suficiente para merecer algumas horinhas de descanso’’.

Vee mal pôde acreditar naquilo tanto que se virou por completo para observar a mãe. Ela lutou para esconder a surpresa e o filete de esperança que pareceu grudar e crescer em seu coração como uma planta trepadeira.

Nem sempre sua mãe ficava de folga em casa. Mesmo que pudesse tirar um dia de descanso, ela não queria e Veronica demorou para entender que Alexandra fugia das oportunidades de ficar em casa. Por muito tempo Veronica achava que ela tinha medo de alguma coisa, que não gostava daquele novo lugar e mais ainda da antiga casa, mas, foi bem depois que a garota entendeu: Sua mãe só queria manter sua mente ocupada.

A mente é o local onde os nossos monstros podem se tornar ainda mais fortes e tenebrosos porque são alimentados pelos medos e constantes pensamentos sobre aquilo que um dia nos atormentou e o que um dia poderá nos atormentar.

Vee observou os olhos tão parecidos com os seus e, percebeu que ela estava nervosa esperando a resposta que a filha daria. Ela não queria brigar, não como antes e Veronica também não porque já se encontrava fadigada e sem um pingo de motivação para conseguir ser ouvida.

Dentro de sua casa, agora, o que mais lhe importava era ter paz do que razão e mesmo que coisas assim estivessem a afastando de sua mãe, Veronica não via sequer uma solução para este problema.

‘’Seria legal… o macarrão te espera então.’’

Alexandra soltou uma risada pelo nariz. Ela queria dizer que a esperava. Seu coração se encheu de felicidade e fora tanto que a enfermeira até respirou fundo sentindo uma pequena carga de seus ombros serem liberadas.

‘’Tudo bem. É provável que eu esteja lá às sete e meia’’ Alexandra disse e Veronica assentiu.

‘’Tchau!’’ A garota girou os calcanhares e se afastou devagar.

‘’Vá com cuidado e, por favor, quando chegar me mande uma mensagem, sim?’’

Veronica assentiu, ergueu o punho no ar e levantou o polegar em sinal de okay. E vê-la sumindo no final do corredor fez com que Alexandra sentisse seu coração não dentro da caixa torácica e sim frágil e indefeso em suas duas mãos pronto para ser abocanhado pelo lobo do medo.

‘’Karen, por acaso você sabe se tá rolando algum assalto por aí? É que… sair à procura pelos becos do Queen’s não é tão legal como nos primeiros dias de super-herói. Você acha que eu tô ficando velho, Karen? Rabugento… quem sabe? Talvez eu esteja como o sr. Stark...’’

‘’Não encontrei, até o momento, uma denúncia para as autoridades locais, Peter, no entanto estou sintonizada com a linha telefônica da delegacia do Queen’s então, caso algo acontecer iremos saber...’’

‘’Pera aí… você hackeou a linha telefônica da polícia?’’ Peter subiu uma oitava em sua voz.

O garoto se encontrava sentado no terraço de sua casa. As pernas estavam pra fora balançando no ar enquanto ele intercalava entre conversar com Karen e comer algumas batatinhas. O sol se punha ao longe, o céu começava a escurecer e Peter estava nada mais que entediado. Seus deveres de casa estavam feitos e só faltava o trabalho com a garota de língua afiada.

Nem mesmo um bandido estava disposto a causar naquele começo de noite e tudo parecia colaborar para que Peter ficasse ainda mais entediado e, paranoico pensando em Veronica Andrews e que tipo de feitiço ela tinha jogado em Ned e Michelle.

‘’Hackear é uma palavra um tanto… agressiva, Peter. Eu apenas me conectei à linha para me manter informada, exatamente como você faz de manhã quando me pergunta sobre as notícias do dia e se Homem-Aranha está nos trend’s topics do Twitter.’’

‘’Tá bom, tá bom! Desculpa, mas… Isso foi… irado da sua parte. Você me pareceu uma garota rebelde e fora da lei’’ Peter disse rindo.

‘’Eu gosto de badboys na literatura, mas não me considero uma fora da lei… Se você quiser, posso me desconectar da linha...’’

Peter riu. Karen era uma máquina e tanto, o sr. Stark merecia mais um prêmio por sua inteligência e por ter criado uma I.A cheia de personalidade.

‘’Não, não, não, Karen! Tá tudo bem. Foi muito inteligente da sua parte… isso é algo que eu nunca pensaria, felizmente eu tenho você.’’

‘’Obrigada, Peter. Se eu tivesse um corpo humano… teria corado.’’

Peter riu e jogou mais algumas batatinhas pra dentro da boca. Ele mastigou alto e remexeu as pernas.

‘’Não acho que você esteja parecido com o sr. Stark. Você é você, Peter e, deve ser tedioso sair à procura de confusão.’’

‘’Não seria: à procura de aventura?’’ Peter disse limpando os dedos na calça do uniforme.

‘’À procura de confusão! Igual com os homens que explodiram o caixa eletrônico e… exatamente como agora que você está limpando seus dedos sujos no uniforme. Você merece uns puxões na orelha, Peter!’’

‘’Desculpa!’’ ele disse mordendo o lábio inferior e afastando os dedos da perna. Karen poderia ser bem severa quando queria, talvez fosse por isso que Stark a tinha instalado em seu uniforme. Ele sempre o tratava como uma criancinha.

Peter suspirou e amassou o saquinho de batatas na mão. Ele brincou com a bolinha, testando seus próprios reflexos de aranha e então, por alguns minutos Parker parou e observou o céu. As palavras de Karen fizeram quase como uma fita rebobinada em sua mente e então, seus lábios se abriram pra uma pergunta:

‘’Karen, sobre o incidente no banco… você conseguiu alguma pista do que era aquilo que o cara tomou?’’ Peter perguntou e dessa vez passou as mãos pelo cabelo.

A máscara do Homem-Aranha estava em seu colo, e por manter contato físico com seu uniforme, a Karen poderia ser ativada e, assim eles conversariam sem Peter colocá-la sempre que quisesse manter contato com sua I.A.

‘’Ainda não consegui identificar nada. Apesar de meu scanner ter sido bem preciso, como eu disse antes, uma amostra de sangue seria muito mais eficiente, no entanto, percebi desde o dia do incidente até o começo desta semana que o índice de tráfico aumentou consideravelmente. Fiz algumas pesquisas através da internet e o jornal da cidade tem falado bastante sobre transações suspeitas nos becos do Queen’s’’.

‘’Você está querendo dizer que essa droga está sendo distribuída? Eu achei que era mais pra… sei lá, um surto’’.

Peter esperou por alguns segundos em silêncio. A visão de Karen fazia muito mais sentido e, ele se recriminou por não pensar que aquilo fosse mais preocupante do que parecia. E se toda essa droga dominasse o Queen’s? Se a vendessem com uma promessa de que a pessoa ficaria tão forte quanto qualquer super-herói e, os usuários decidissem meter o nariz onde não foram chamados apenas com o orgulho inchado por conta de uma droga que os mataria em minutos?

Porque foi assim com o homem no banco e poderia ser assim com muito mais pessoas por aí. Morrendo por um produto químico.

‘’Você tem mais informações sobre isso, Karen? Algum incidente parecido com o do cara no banco?’’

Peter apoiou sua mão onde estava sentado e se levantou. A máscara caiu no chão e ele logo a pegou. Parker cobriu seu rosto com ela e viu Karen trabalhando. Matérias e matérias de sites na internet passavam pelo visor que os dois compartilhavam. Elas passavam cada vez mais rápido e quando Peter estava quase ficando tonto, Karen parou e disse:

‘’Há quatro meses houve um caso no hospital central do Queen’s. Era um garoto de dezoito anos que ingeriu uma substância desconhecida em uma rave e acabou morrendo. A família dizia que o garoto não era de sair por aí e o pai do garoto gerou uma confusão no hospital com um colega do filho morto...’’

‘’Como assim?’’ Peter andou de um lado a outro.

‘’De acordo com o pai de Henry Mildos, o garoto morto, o colega do filho o arrastou para uma festa como aquela e, que provavelmente o incitou a ingerir a droga que o matou. O colega de Henry, chamado Jared Owen, estava no hospital assim que Henry foi socorrido e, o pai do garoto o socou três vezes no rosto, e foi impedido de fazer pior porque os seguranças e enfermeiros o pararam. O caso foi parar na polícia, mas eles logo foram liberados porque o pai de Mildos estava extremamente transtornado e a família em luto. A polícia não poderia estender mais já que ainda estava investigando se haviam traficantes naquela festa. Jared foi pressionado, mas ele não sabia de muita coisa. O caso acabou sendo fechado exatamente como o caixão do garoto e, nunca mais falaram sobre mortes assim, não até o caso do banco’’.

Peter estalou a língua. Infelizmente, ali no Queen’s, era normal garotos da idade dele se meterem em confusões e enrascadas. Alguns ficavam na beira do mar furioso que era o mundo do crime, mas outros se arriscavam a ir mais fundo e acabavam engolidos pelas ondas. Era triste e ele queria fazer mais por esses garotos.

Aquele era um dos objetivos de ser um super-herói. Ajudar pessoas, não só mais velhas, mas de sua idade, principalmente. Mostrar que eles também poderiam ser heróis levando sua vida da melhor maneira possível, do jeito mais bonito e certo que pudessem.

‘’Karen, se não for incomodar, será que poderíamos encontrar Jared Owen? Acho que ele tá precisando bater um papo… ele perdeu o melhor amigo, não faço a mínima ideia de como isso deve ser ruim e desesperador. Quem sabe se, alguém irado como o Homem-Aranha, não poderia ajudá-lo a se sentir menos… culpado?’’

‘’Claro, Peter. Acredito que o garoto precise mesmo de um ombro amigo e nada melhor que o herói da cidade pra fazer isso’’.

Peter riu novamente, sem graça.

‘’Karen… eu já disse que você é a melhor I.A de todas? Você é bem puxa-saco, mas eu adoro isso. Pode continuar’’.

‘’Não sou puxa-saco, Peter. Você é um herói admirável’’.

Parker suspirou.

‘’Você ainda vai inflar tanto meu ego que em vez de me locomover através das teias, vou sair voando por aí com o peito igual um balão de tantos elogios’’.

‘’Então é bom eu começar um programa de atualização no seu uniforme para suportar isso.’’ Karen disse arrancando um sorriso de lado de Parker.

‘’Seria muito bom, Karen’’.

Vee deixou a panela do escorredor de louça cair no chão. Ela praguejou baixinho e se abaixou pra pegar. A água em outra panela no fogão já começava a ferver e a garota se sentia desesperada. Já fazia tempo em que as duas jantaram juntas e Veronica mal se lembrava o porquê de estar tão nervosa assim.

Era só um macarrão com legumes e nada mais. No entanto, para Vee era quase um momento inusitado. Sentar à mesa com sua mãe como quando era pequena a deixava consideravelmente nostálgica e mais preocupada ainda para que tudo fosse perfeito.

‘’Ai!’’ Vee reclamou ao destampar a panela. Um pouco de água pulou pra fora diretamente em sua mão e a queimou.

Veronica abaixou o fogo e colocou a tampa em cima da pia. Ela passou a mão por sua testa, empurrando a franja solta do rabo de cavalo para trás e suspirou. Se tinha uma coisa que era péssima aquela coisa era cozinhar. Mas, hoje nada poderia dar errado…

‘’Nada pode dar errado! É só uma droga de macarrão com legumes...’’ Veronica foi interrompida pelo som da Marcha Imperial.

Ela olhou sobre o ombro e por um minuto achou que o Darth Vader e os Stormtroopers entrariam em cena dentro de sua cozinha para atrapalhar ainda mais… ou quem sabe, ajudá-la na cozinha com o poder da Força, mas na verdade era apenas o toque de seu celular.

Vee se afastou do fogão e pegou o celular. O nome no visor a fez soltar um suspiro de alívio.

‘’Oi mãe… que bom que ligou, você já está próxima de casa?’’ ela questionou e ouviu atentamente a resposta.

Veronica se calou e seus lábios logo se tornaram uma linha fina. Ela fechou seus olhos e apoiou a mão na testa. A garota assentiu e soltou um resmungo que era quase uma resposta afirmativa e depois desligou.

Vee apoiou seu celular na bancada e estalou a língua. Ela olhou por sobre o ombro e encontrou a água fervendo, o pacote de macarrão, a bagunça na cozinha e não pensou duas vezes antes de fazer o que sua impulsividade a incitava naquele momento.

Peter observou de cima de um sobrado. O seu alvo se encontrava sentado no chão molhado do beco. De acordo com Karen, a casa alta da esquerda era de Jared Owen. O Aranha tinha achado esquisito encontrar o garoto lá embaixo, no beco, com uma garrafa de Whisky nas mãos. Ele parecia desolado e, talvez devesse mesmo porque de acordo com as matérias nos jornais, Owen tinha perdido seu melhor amigo.

Parker se aproximou devagar da ponta do terraço onde estava e se perguntou: Seria uma boa chegar pendurado em sua teia ou… chegar um pouco mais taciturno?

O garoto tentou se colocar de pé devagar, com a garrafa em mãos e Peter estalou a língua. Ele não poderia perder a chance de conversar com ele.

‘’Karen… será que ele tá muito bêbado? Como vou conversar com um garoto bêbado?’’ Peter disse olhando Jared de cima a baixo.

‘’Acho que isso é mais uma vantagem do que um problema, Peter. De manhã ele mal se lembrará que conversou com o Homem-Aranha e, caso lembrar, ele pode colocar a culpa desse devaneio na bebida.’’

Peter assentiu. Era realmente uma vantagem porque, caso Jared fosse suspeito, soubesse de alguma coisa, ou até estivesse envolvido com o distribuidor daquela droga, não colocaria a investigação do Homem-Aranha em risco.

O herói jogou sua teia no outro prédio e balançou. Ele caiu certeiramente na frente de Jared que se assustou e bateu as costas violentamente na parede.

‘’Mas… que diabos...’’ ele resmungou.

Ao olhar Peter de cima a baixo, Owen arregalou os olhos.

‘’V-você é...’’ disse apontando o dedo na cara de Peter.

O herói empurrou o dedo de Jared pro lado e suspirou.

‘’O Homem-Aranha! Isso mesmo’’.

‘’O que você tá fazendo aqui? E-eu… Essa bebida deve ter algo além de álcool!’’ Jared levantou a garrafa de Whisky pela metade.

Ele ficaria com uma dor de cabeça tremenda de manhã e Peter mal conseguia imaginar a dor e o rebuliço que o garoto teria no estômago. Por isso era bom evitar bebidas como aquelas.

‘’Escuta, Jared...’’ Peter começou. ‘’Quero que você me conte tudo o que sabe sobre Henry Mildos!’’

O garoto olhou para Peter com um brilho de medo nos olhos. Jared percebeu que ele não sairia dali até ter uma resposta. Parker sabia ser extremamente irredutível quando queria, e aquele momento era um daqueles que o herói não arredaria o pé.

Veronica sentou-se com pernas de índio. Seu corpo sentia o chão tremelicar quando o trem passava acima dela. Era errado estar ali, sentada, no meio da noite enquanto caía uma chuva fina que parecia molhar mais que uma tempestade.

Vee decidiu sentar-se ali porque não aguentava mais andar e sentia que estava longe o suficiente de casa para não surtar. Ela olhou para céu e percebeu que as poucas luzes do local faziam sombras esquisitas dos vagões e até quando se mexia. A qualquer momento poderia ser abordada por ladrões e sabe lá Deus o que aconteceria, mas, Veronica não se importava agora. Ela queria respirar um pouco e sair andando de casa havia sido uma decisão tola, mas seus pulmões e ansiedade agradeceram por simplesmente ter colocado o pé pra fora.

O céu estava nublado e a garoa caía molhando seu nariz e rosto. Vee suspirou e fechou os olhos. Ela achava que aquele era um bom momento para o Doutor aparecer e leva-la para outros mundos com coisas mais preocupantes do que simplesmente sua mãe ter desmarcado o jantar.

‘’Me mostre as estrelas, Doutor!’’ Vee murmurou.

Sua voz reverberou, mas logo foi ofuscada pelo som do trem passando ao longe.

Ela tinha prometido. Sua mãe tinha prometido que iria pra casa, que não passaria mais uma noite fora, que tentaria restaurar seu relacionamento com Veronica... bem, não havia sido uma promessa em voz alta, mas sua atitude era nada mais do que isso: uma luta para resgatar o que tinham perdido há tempos. Mas... talvez sua mãe fosse tão covarde quanto ela.

Veronica sentiu as lágrimas descendo pelo rosto. Ela havia aprendido não colocar expectativas nas pessoas, nem mesmo em suas palavras. Palavras nunca bastariam, promessas nunca eram cumpridas, pelo menos na vida de Veronica uma promessa sequer havia sido cumprida.

Ela se sentia nada mais que abandonada, não podia falar com ninguém. As únicas pessoas que Vee tinha certeza que a escutaria, seriam Graham e sua avó, no entanto, Graham estava baleado no hospital, talvez se recuperando, ou morrendo agora mesmo e sua avó... bem, já fazia um bom tempo que Margareth e a neta não se falavam e a culpa se dava ao enorme orgulho de Veronica.

A garota limpou as lágrimas da face. Já fazia tanto tempo que não chorava que apenas aquelas sorrateiras lhe fizeram sentir sufocada, com o peito cheio de coisas das quais ela sempre quis empurrar pro fundo e esconder. Vee respirou fundo e apertou os punhos tentando conter suas emoções com a força física.

Ela fechou os olhos com força e respirou mais uma vez.

Um, dois, três, quatro... Ela contou.

 Aquele era mais um truque que aprendeu com as séries e com uma de suas paixonites. Jack Shephard, o neurocirurgião de Lost tinha dito que contar o ajudava a esquecer do medo e Vee pagou pra ver. Ela sentiu a unha apertar a carne de sua mão, mas não parou... não parou até escutar ao longe vozes.

‘’Você sabe muito bem, Hebert! Você sabe que a polícia tá na nossa cola, cara. Depois da explosão no banco e o Homem-Aranha aparecendo onde não é chamado...’’

Era uma voz aparentemente muito irritada do outro lado. Vee estava escondida perto de uma das enormes pilastras que sustentavam os trilhos do trem e, ao ouvir aquilo, ela congelou e seus olhos se arregalaram.

Peter estava escondido em cima de uma das fábricas abandonadas. Era um local ótimo para sua visão de dois homens discutindo. Um deles era Ryan Linus, o cara responsável pelo repasse da droga que matou Henry Mildos e deixou Jared Owen naquele estado. O Homem-Aranha nem precisou insistir que Jared dissesse algo, na verdade, seu uniforme devia estar cheio de caca de nariz, resquício de lágrimas e baba fedorenta de bêbado.

Owen tinha entregado. Ele estava metaforicamente explodindo, precisava falar o mínimo que sabia e o mínimo era sobre Ryan e sua equipe que comandavam as raves no Queen’s. De acordo com o garoto, Ryan ficava por trás de jovens que divulgavam a festa como um meio de escapar, pelo menos por algumas horas, da realidade.

Jared não sabia muito. Ele ia às raves porque estava interessado em uma das garotas que fazia a propaganda e, por meio dela, depois da tragédia com Henry sendo o primeiro garoto que morreu em uma das festas,  Jared ficou sabendo o nome de Ryan Linus. Ele tinha apenas um nome, mas Peter possuía sua insistência, sua coragem e seu senso investigativo. Nada passaria por seus olhos, ou pelos de Karen.

‘’Você sabe muito bem, Hebert! Você sabe que a polícia tá na nossa cola, cara. Depois da explosão no banco e o Homem-Aranha aparecendo onde não é chamado...’’ Peter ouviu Ryan esbravejar.

Ele se perguntava qual era a melhor hora para agir e capturar Ryan. Talvez ele conseguisse arrancar boas informações antes de leva-lo à polícia e convencer Jared a depor contra ele no caso fechado de Henry Mildos.

‘’Eu juro que não falei nada, Ryan!’’ Hebert suava frio. Sua barriga protuberante tremia junto com sua voz. Ele parecia um garoto de no máximo dezessete ou dezoito anos. Se Peter estivesse perto o suficiente, juraria poder ouvir seus dentes bater.

‘’Cala a boca! Você é maluco? Não dizemos meu nome, nem o dele... lembra?’’ Ryan levantou a mão e segurou forte no ombro esquerdo de Hebert.

Peter suspirou. O garoto estava morrendo de medo.

‘’Tá! E-eu só quero uma e juro que saio daqui... juro que te pago mês que vem, R-r... quer dizer... eu juro’’.

O barulho do tapa foi audível. Tão audível que fez Veronica se levantar, do outro lado da briga e da atenção de todos, e olhar disfarçadamente pela pilastra. Ela apoiou as mãos no concreto e olhou como uma criança espiando pelo furo na porta.

Ela podia ver dois homens de pé, provavelmente os que discutiam. O maior e com cara de mais novo massageou o rosto, ele parecia que a qualquer momento começaria a chorar desesperadamente.

‘’Você disse que ia me pagar mês passado, Hebert e ainda abriu o bico dizendo o nosso primeiro ponto de venda... se você quisesse vender para os seus amigos, era só pegar e repassar. Eles não podem comprar comigo... o que você entende da droga de sistema de pirâmide?’’.

‘’Tudo bem... tudo bem... o que você quer? Olha! Eu trouxe... toma meu relógio. Esse colar da minha mãe é de ouro e, eu trouxe um broche de prata do meu pai, tem uma pedra encrustada... eu não sei o que é, mas deve valer alguma coisa’’. Hebert disse desesperado colocando as coisas na mão de Ryan.

Os olhos de Linus brilharam e foi aí que Peter percebeu que deveria entrar em ação.

‘’Isso não paga nem metade da sua dívida, mas... eu posso te garantir um saquinho por isso’’.

Ryan enfiou a mão no bolso e colocou um saquinho de papel na mão de Hebert. O garoto assentia desesperado, em abstinência. Já fazia mais de duas semanas em que a droga não passeava e espiralava entre suas veias, ele precisava daquilo.

As mãos de Hebert tremeram quando ele abriu o saquinho e Peter se levantou. Ele posicionou sua mão e lançou uma, duas, três teias na pilastra e voou por cima de Hebert e Ryan. O garoto se assustou com o repentino vulto passando por cima dele e mal viu quando enfiou três comprimidos goela abaixo.

Hebert amassou o saquinho e se afastou um pouco de Ryan.

‘’O que foi isso?!’’ Ryan esbravejou.

‘’Não é um avião... não é um pássaro...’’ Peter disse alto.

Ele estava empoleirado nos trilhos do trem que há muito já tinha passado e que agora, voltaria apenas de manhã. A escuridão da noite e a luz escassa contribuía para a dança das sombras que Peter queria. Ele gostava de ser teatral, na maioria das vezes.

O silêncio reinou por alguns segundos, o que pareceu uma eternidade para Veronica que ainda observava, estupefata. Havia um terceiro e... aquela voz cheia de si só poderia ser de alguém que a incomodava até os ossos.

Eu preciso sair daqui! A garota pensou.

Quando colocou seu pé pra fora da pilastra, seu celular decidiu quebrar o silêncio e a Marcha Imperial tocou tão alto, tão alto que ela jurava que a galáxia toda ouviria. Veronica fechou os olhos, os apertou com força e sussurrou:

‘’Doutor, agora seria uma boa hora!’’

‘’Quem tá aí?’’ Ryan disse empurrando Hebert e se aproximando lentamente da pilastra.

Veronica voltou seu pé pra trás do concreto e encostou as costas na pilastra. Ela puxou o celular do bolso com a mão livre e quase esmurrou a tela para cancelar a ligação. Assim que conseguiu cancelar, seus dedos tatearam o botão e ela o forçou desligar.

Agora estava em uma dividida: como sairia dali?

Andrews ouviu passos próximos da pilastra. Ela escorregou mais para o lado e se viu agora de frente para o que seria um lago antes, mas que agora era nada mais que um esgoto à céu aberto. Dali, ela podia ver Hebert que esfregava os braços descobertos e olhava de um lado ao outro.

‘’Psssssst!’’ O garoto olhou de um lado para o outro, atormentado ‘’Pssssssssssst! Ei!’’ Hebert dessa vez olhou pra cima e encontrou aquilo que desejou não ver.

O grito agudo do garoto fez Ryan voltar devagar, ainda olhando atrás da pilastra onde Veronica estava.

‘’O que foi aí, Hebert?!’’ ele esbravejou.

‘’A-a-ah!’’ Hebert gaguejou ‘’O-o Homem-Aranha! Aqui! Aqui!’’. Ele apontava sem parar para onde Peter estava empoleirado.

‘’Homem-Aranha? Você só pode estar bris...’’ Ryan foi impedido de falar quando Peter pulou para o chão e se levantou.

‘’Então... qual de vocês é o Ryan Linus?’’ Peter apontou para Hebert e depois para Ryan.

O garoto gorducho começou a tremer ainda mais. Ele suava e, depois de segundos de silêncio, ele começou a tossir, tossir e tossir violentamente.

Peter esperou e esperou. Hebert tentou se controlar, mas mal conseguia respirar direito.

‘’Cale a boca!’’ Ryan esbravejou para ele.

Hebert puxou o ar com força e escorregou até o chão para sentar. Ele parecia quase asmático. Sua respiração fazia um barulho esquisito, quase como o do Darth Vader e Veronica sentia os pelos de seu braço arrepiados. Ela voltou para onde estava atrás da pilastra e observava tudo. O Homem-Aranha tinha aparecido, o garoto gorducho parecia ter uma crise e, suas mãos tremiam tanto que Vee começou a ficar com medo... com muito medo.

‘’Ninguém vai me responder então?!’’ Peter perguntou novamente.

‘’O que você quer aqui, fedelho enxerido?’’ Ryan disse olhando Parker de cima a baixo, enojado.

‘’E-eu... eu não tô bem!’’ Hebert disse, mas nem Peter e Ryan desviaram sua atenção.

‘’Tudo bem... uni-duni-tê, eu escolho vooooooocê!’’ Peter apontou diretamente para Linus ‘’Você tem cara de ser o Ryan... então, soube que o Queen’s anda badalado com muitas raves e, queria saber se você teria como arranjar um ingresso, sabe? Tem uma garota bonita por aí e, ser o Homem-Aranha não é o suficiente... a gente tem que levar pra uma festa, depois pra um jantar. Bem, as coisas não andam fáceis nem pra heróis!’’

Linus o olhou novamente de cima a baixo, mas o movimento brusco que Veronica fez ao sair da pilastra e correr para a outra extremidade atraiu sua atenção.

‘’Você trouxe companhia, Aranha?’’ O homem de bigode maquiavélico levantou os lábios em um sorriso malicioso.

Parker olhou sobre o ombro e pelo zoom que Karen discretamente deu a outra extremidade que possuía grama alta, pôde ver Veronica Andrews e seu maldito rabo de cavalo que aparecia entre o verde da grama.

‘’Eu não acredito nisso!’’ Peter sussurrou.

‘’Eu... não acredito que esse maldito cabeça de teia apareceu... onde ele vai a confusão aparece!’’ Veronica sussurrou de seu esconderijo.

Como sair dali agora? Como correr? A saída era atrás de Ryan e o suposto herói e, agora, correr não era uma opção principalmente porque...

‘’Ah! Que se dane!’’ Veronica sussurrou.

E, o tempo pareceu virar pura câmera lenta aos olhos de Peter.

Primeiro: Hebert se levantou. Seu corpo tremia sem parar e ele tossia, tossia desesperadamente procurando por ar. Seus olhos começaram a ficar vermelhos e os sentidos de Peter apitaram.

‘’Karen!’’ Ele nem precisou explicar. Karen escaneou o corpo do garoto e o alerta vermelho apareceu no visor de Peter, quase o cegando.

Segundo: Ryan se afastou devagar, atento a tudo e principalmente a Peter. Agora que o Aranha estava concentrado em Hebert, o homem de meia idade conferiu as joias nos bolsos e continuou a se afastar.

‘’Fique. Parado! Todo mundo parado!’’ Peter apontou para Ryan e torceu para que Veronica pudesse ouvir.

‘’O índice está subindo, Peter! Temos apenas dez segundos... Contando a partir de agora!’’ Karen disse desestabilizando Parker. Ele olhou de Hebert para Ryan que agora estava parado, também olhando o garoto que entrava em colapso.

Terceiro: Em seu esconderijo, Veronica respirou fundo e tomou coragem.

É agora, ou nunca! Ela pensou.

A garota se levantou, preparou as pernas e...

‘’Seis, cinco, quatro...’’ Karen contou e, aos ouvidos de Peter, pareceu um esbravejo, um grito. Não havia mais nada além da voz da I.A. em seus ouvidos.

‘’Três...’’

Veronica se pôs a correr e, os pelos do braço de Peter se arrepiaram tanto que foi como uma injeção de adrenalina em suas veias. O baque no corpo da garota a fez fechar os olhos com força. Andrews sentiu-se voando e... bem, ela estava mesmo.

Ao sentir o corpo de Veronica se aproximar, Peter não pensou em mais nada, ele se virou tão rápido que seu pulo fez os corpos se chocarem e serem jogados à grama alta novamente com tamanha força que até mesmo ele ficou desorientado.

‘’Um!’’ Karen finalizou.

Peter apertou os braços contra Veronica e o som da explosão foi tão alto que a garota tinha certeza que dali pra frente, seria surda. O impacto a fez bater a cabeça, mas, não sentiu mais nada além de um corpo em cima do seu.

Ryan foi jogado para trás e o fogo que espiralou, queimou desde seu braço esquerdo até à extremidade do pescoço. Ele caiu, bateu a cabeça, mas não desmaiou. Na verdade, seus olhos quase saltavam das órbitas de tão desperto e consciente.

Veronica tossiu e abriu os olhos desesperada. Ela ainda podia ver o vermelho e laranja do fogo por cima do ombro de Peter. Ele levantou a cabeça e olhou de um lado a outro até encontrar o rosto de Veronica.

Ela olhava não assustada, não com medo, mas extasiada para o fogo da explosão. Para Andrews pareciam inúmeras estrelas, pareciam supernovas, nebulosas e tudo que sua imaginação maluca a permitia pensar. Por segundos ela permaneceu com aquele olhar, até que, devagar, voltou-se para o Homem-Aranha que a fitava atrás da máscara.

Ela havia pedido que o Doutor a mostrasse as estrelas e bem... talvez aquela tinha sido a resposta do Universo para seu pedido. Era ainda mais insano, ainda mais extasiante e por segundos Veronica achou aquilo incrível, até mesmo olhar para o Homem-Aranha e sentir-se quase uma personagem de histórias em quadrinhos.

Por segundos, Veronica reconheceu que a adrenalina em suas veias a fazia se sentir viva. Por segundos ela esqueceu que sua vida era comum e que, ali, agora, estava vivendo uma aventura fora do comum, digna de um episódio de Doctor Who com uma TARDIS e uma Chave Supersônica. E foi então que ela levantou os lábios em um sorriso discreto e teve a certeza que estava vendo as estrelas.


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Notas finais do capítulo

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