Filhos De Martino - Enigma Do Amor(Degustação) escrita por moni


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa noiteeeeeeee



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   Luigi

   Giro a cadeira pensando na nova campanha. Janela, janela, parede, porta, parede. Janela, janela, parede, porta, parede. Paro a cadeira e respiro fundo.

   Industria têxtil, tecido, roupas, toco o colar no pescoço, uma cabeleira azul com mechas rosa domina minha mente. Odeio não saber o rosto, a idade, a história.

   ─ O que me diz, Coração? Qual sua história? – Minha mente cria todo tipo de aventuras para esse colar, saber que é datado de dois séculos atrás me encanta ainda mais.

   Já até folheie esses livros de romance de época da mamãe para saber um pouco dobre o mundo do século dezenove, anáguas e Duques, foi só o que capitei de modo geral.

   Meu celular vibra sobre a mesa e giro a cadeira em direção a mesa. Pego o celular. Matteo.

   ─ Finalmente! – Reclamo. – Quinze dias em lua de mel, já chega. Vem para casa.

   ─ Oi, estou bem, Maria Clara também. – Faço careta. – E você, como está?

   ─ Girando.

   ─ Sem ideias? – Ele me questiona.

   ─ Industria Têxtil, aquele cliente, você sabe, Sartori. Os tios sempre ficam nervosos quando a campanha é para ele.

   ─ Muito dinheiro, não é mesmo?

   ─ Sei lá, meu negócio é criação. Não sei ganhar dinheiro, só gastar.

   ─ Como se não soubesse disso.

   ─ Nessas horas, se meu melhor amigo estivesse aqui, ele pegaria o helicóptero e me levaria para meus pais, lá, depois de muito carinho e boa comida eu teria uma ideia incrível. Mas você prefere esse tédio de lua de mel pelo Brasil com essa companhia sem graça da sua esposa.

   ─ “Égua, o pau de acha” Luigi. – Sabia que ela estaria ouvindo e rio da minha mais nova prima.

   ─ Amo vocês, agora conta aí, como estão as coisas?

   ─ Estive em cada lugar, tenho tantas fotos. No Amazonas eu acho que foram as melhores comidas até agora, as pessoas, todas elas, você não tem ideia, fizemos muitos amigos, gente que vamos conhecendo em praias, passeios de barco, jantamos na casa de algumas, participamos até de uma festa de casamento. Agora vamos para o Nordeste. Vários estados nordestinos e então... casa.

   ─ Mais quinze dias. Estão com saudades de mim?

   ─ Muita Luigi, vamos pegar umas férias e vir todos, você nunca mais volta para a Itália, o Brasil é sua cara.

   ─ Por que sou um “sapão”?

   ─ Sim. Estamos comprando muita coisa para o restaurante, você já está organizando a inauguração?

   ─ Não. Minha equipe está. Estou as voltas com a campanha Sartori.

   ─ Tem um mês.

   ─ Está tudo a caminho, eu supervisiono e seu pai também. – Rabisco um bloco de papel sobre a mesa. – Sogrão está empenhado, Maria Clara! – Aviso.

   ─ Ele me ama. – Ela grita de volta. – Temos que ir. Vocês namoram depois. – Ela grita ao telefone.

   ─ Luigi, nós já vamos, temos que pegar o avião e ainda estamos no hotel.

   ─ Divirtam-se, não sei se conseguem sem mim, mas se esforcem. Te amo.

   ─ Também, bom trabalho.

   Desligamos, talvez o piloto esteja disponível e me leva para jantar na Vila, durmo por lá e amanhã tenho certeza que uma super ideia vai surgir.

   Envio mensagem, desligo meu computador e pego o celular, passo pela sala de criação, quero ter certeza que estão todos envolvidos no trabalho.

   A sala de criação é meu local preferido na empresa, tem cor, riso, energia, meus tios são jovens, criaram a agencia para ser um espaço livre e agradável, sem amarras, horários, tem sofás, mesas redondas para reuniões, luz, um videogame com uma poltrona confortável, parece que estão numa festa, mas estão todos trabalhando.

   Passo em algumas mesas, dou opinião sobre alguns trabalhos, tio Filippo é incrível, ele tem muito jeito para isso, é ágil, inteligente e criativo, tão criativo que as vezes me surpreendo.

   Aprendi com ele, com seu lado livre no trabalho, tio Enzo é mais analítico, se ele diz que está ruim, é por que está, ele tem a palavra final por que sabemos que de algum modo, ele entende mais de pessoas e emoções.

   Ao longo dos anos, os dois foram definindo muito claramente suas funções na agencia e acabei seguindo os passos de tio Filippo.

   Quando vou pegar meu carro, tio Enzo está chegando. Beijo seu rosto e o abraço no pátio do velho casarão onde a agencia funciona desde sua inauguração.

   ─ De saída?

   ─ Vou para vila. Ando sei ideias. – Ele ri despreocupado. – É sério, tio, Têxtil Sartori.

   ─ AH! Temos uma reunião amanhã no fim da tarde. Eu e o seu tio vamos renegociar a conta com Emeliano Sartori, aproveito e peço mais detalhes do que ele espera para a nova campanha. Assim você e seu tio ficam mais direcionados.

   ─ Beleza, tio. Bom plano. Agora vou ver meus pais, durmo lá. Volto amanhã.

   ─ Da um abraço em todo mundo. – Ele diz caminhando para dentro da empresa enquanto entro no carro e dirijo para casa. Todo canto De Martino é minha casa, gosto disso, de amar todos eles, sei bem quem são meus pais. Kevin e Valentina, eu os amo, respeito e admiro, mas isso não me impede de ser livre, de estar em todo canto o tempo todo e por sorte, eles souberam entender isso e me deixar ser livre, sem cobranças, exigências, só amor, puro e verdadeiro.

   Papai sofreu com isso, quando a mãe se casou com um politico americano, ela quis muda-lo, ele não se encaixou e a família que já era pequena, se desfez por completo e foi aqui, na Itália e entre os De Martino que papai se sentiu finalmente livre e encontrou seu lugar, por isso, por toda pressão que sofreu para ser quem não era, papai entende e me deixa livre, ele nunca vai repetir o erro que mais o machucou.

   Apenas Giulia está em casa, Tia Bianca é executiva, passa os dias no escritório De Martino aqui em Florença, acho que ela deve ser a pessoa que mais trabalha nessa família.

    ─ Vai para Vila? – Giulia me pergunta.

   ─ Vou, quer ir? – Ela nega.

   ─ Não posso, adoraria, mas... estou terminando uma pesquisa com as bromélias. – Cada coisa nesse mundo. Se apaixonar por plantas? Quem diria.

   ─ Você quem sabe. Manoela e Austin vão no fim de semana. Beatrice não tem aula e já está lá. Meu irmão vive enfiado nos livros e quando tem uma chance, corre para casa. Cadê ele?

   A casa de tio Enzo é o quartel general de todo De Martino que vem estudar em Florença, Austin, Beatrice e Vincenzo estão morando aqui quando não estão na faculdade.

   ─ Foram todos ontem, Luigi, estava aqui, não viu?

   ─ Não. Todo mundo está na Vila?

   ─ Menos a Manoela, ela está na casa da avó dela.

   ─ Também preciso ir ver vó Lucia, meu vô Bartô vai acabar gostando mais do Austin desse jeito. Tchau, prima.

   ─ Tchau. – Ela ajeita os óculos e se curva sobre os livros. Sigo para o jardim, o piloto me espera.

   A viagem para a Vila é tão rápida, me lembro de como Matteo ficava louco por voar e eu achava de demorava demais. Vinte minutos e eu achava que levava uma vida.

   Assim que deixo o helicóptero, vou direto para casa, não passo na mansão. Quando entro, a casa está vazia, só Morgana parece ocupar a residência no momento.

   Como de costume, ela me olha com desdém. Respondo com minha indiferença, é o que essa gata merece.

   Corro pela casa e nada, ninguém chegou ainda. Encaro o sofá, vou deitar um pouco e esperar. Mal encosto a cabeça no braço do sofá depois de atirar os tênis longe, Morgana se ergue de sua poltrona, salta elegante, sobe no sofá, caminha cheia de clara pela lateral e se senta em meu peito.

   Mia meia dúzia de vezes, faço careta. Ela pensa que manda em tudo. Me perturba numa perseguição desumana.

   ─ O sofá é do meu pai e da minha mãe, não vou sair. – Desafio. Ela volta a miar, devolvo com uma careta. – Que acha de dar o fora?

   ─ Nem entrei e já está me mandando embora? – Beatrice sorri surgindo na sala.

   ─ Você não, sua bola de pelo metida a rainha da Vila. Fala para ela sair de cima de mim.

   ─ Mamãe chegou, princesa. – Beatrice ergue a gata nos braços, ela fica imediatamente gentil, delicada, dissimulada, é isso que é. Nos encaramos um segundo enquanto minha irmã se senta na poltrona que antes a gata ocupava e afaga os pelos imaculados de tão brancos. – Parece um floco de neve.

   ─ Com toda certeza, fria e escorregadia. – Beatrice ri. – Onde estão todos?

   ─ Mamãe estava bordando, mas depois que passou direto pela mansão e veio para casa ela foi buscar o papai no galpão e está a caminho, Austin está na casa do Fabrizio.

   ─ Vim dormir em casa, ver todo mundo, não venho a vila desde o casamento.

   ─ Verdade, anda bem sumido. Não sei como consegue, sexta no meio da tarde eu já não aguento mais e já quero vir correndo para casa.

   ─ A vila deve estar ficando chata. Todo mundo longe.

   ─ Vovó diz que sim. Papai tem a Vittoria, então ele está aguentando bem. – Sim, papai ama Bella e mais ainda a pequena Vittoria. – O Rapha está vindo todos os dias também, para a Hannah fazer o curso, papai o leva para o trabalho.

   ─ Papai no modo canguru.

   ─ Meu filho em casa! – Papai e mamãe entram juntos. Salto do sofá para um abraço, mamãe é do tipo que tem que pegar e apertar e uns segundos depois eu me solto dela.

   ─ Tudo bem, Luigi? – Meu pai me investiga um momento.

   ─ Sim, pai, vim só ver todo mundo, respirar um pouco, amanhã volto para casa.

   Quando estou em Florença e venho para vila, digo que vou para casa e digo o mesmo quando faço o caminho de volta.

   ─ Com fome? – Minha mãe pergunta. Avalio meu apetite.

   ─ Acho que sim.

   ─ Então vamos todos conversar na cozinha. – Meu pai convida e os sigo, Beatrice fica pela sala, me sento no balcão enquanto os dois começam a remexer panelas e colocar a mesa.

   Toco o colar no pescoço, papai ri. Me atira uma lata de cerveja e serve uma taça de vinho para mamãe. Fico pensando se um dia vou ter alguém assim especial. Parece que não sou muito bom nisso, ficar assim grudado em alguém por muito tempo me parece mesmo estranho.

   ─Não tinha alguém disposto a achar o dono do colar, Luigi? – Meu pai pergunta quando abro a lata e dou um longo gole.

   ─ Sim, mas estou dando um tempo.

   ─ Posso saber o motivo? – Mamãe pergunta ligando o forno. – Tudo que temos é uma lasanha que deixei semi pronta, leva vinte minutos.

   ─ Pode ser, mamãe. – Tomo mais um longo gole. – O motivo? Bom, gosto dele, é bonito, combina com tudo. – Os dois riem. – Eu sei, é feminino, antigo e não combina com nada, mas e daí, eu gosto de como ele parece cuidar de mim.

   ─ Nunca pensei que tinha esse tipo de superstição. – Papai comenta intrigado, toco a peça, abro e encaro a foto. Eu mesmo já poderia ter descoberto mais sobre ele, mas gosto do enigma, da fantasia e da aura de mistério que emana da foto da mulher que sorri contida na foto.

   ─ Se tiver que ser, ela aparece.

   ─ Quem?

   ─ A garota dos cabelos coloridos. Gosto de garotas assim. – Minha mãe balança a cabeça em negação, se senta levando sua taça aos lábios. Como é elegante e linda.

   Me lembro tão perfeitamente de quando entraram em minha vida, papai parecia um gigante e mamãe me lembrava um anjo. Não tenho memórias dos detalhes, tinha quatro anos quando me adotaram.

   Não sei nada sobre os meus pais biológicos, nenhuma imagem deles, só o que Fabrizio conta e ele não fala muito sobre isso. Não me lembro com muitos detalhes de nada até os seis ou sete anos, mas a imagem dos dois naquele abrigo, essa eu jamais vou esquecer.

   Sempre soube que pertencia a eles, no primeiro segundo, no primeiro olhar eu sabia que éramos uma família.

   ─ Acha que sabe quem ela é apenas por que tem cabelos azuis?  - Meu pai me questiona.

   ─ Sei onde quer chegar, papai, você tem esse visual roch in roll e é um romântico que lê...

   ─ Para agradar sua mãe. – Ele me corrige antes que eu termine.

   ─ Pode ser papai Conan, mas acho que bem que gosta. – Desço do balcão e me sento com eles à mesa. Mais um gole de cerveja e a afasto. Apesar de gostar de festejar e beber além da conta nesses dias, sou bastante responsável com meu trabalho e amanhã tenho que chegar cedo a agencia.

   ─ Ardilosinho! – Meu pai brinca. – Fale dela, parece que ela toma seus pensamentos o tempo todo.

   ─ Não o tempo todo, mas bastante.

   ─ A turca de cabelos coloridos deve estar querendo o colar de volta.

   ─ Ela não é turca. – Conto a eles e ganho atenção. – Cabelos coloridos, baixa estatura, não vi muito além disso, mas garotas turcas não pintam cabelos de azul, não é permitido na escola, então...

   ─Só significa que ela não frequenta escola, Luigi.

   ─ Eu decidi que ela não é turca, mas é legal, tímida, mas ao mesmo tempo corajosa, comprou esse colar em um brechó em alguma viagem, pagou uns trocados por ele, nem imagina que vale uma fortuna, vai vender quando devolver a ela. Aposto que nem lembra mais, acha que perdeu na rua.

   ─Devia ser escritor. – Mamãe brinca. – Alguém nessa família devia. – Ela suspira. – Eu queria ser escritora, mas não tenho talento, fico com a parte da leitura.

   ─ Ler? Vocês dois devoram romances de banca, ainda fazem sexo?

   Os dois riem, minha mãe balança a cabeça num ar de desaprovação que sei que não é sério e vai olhar o forno, papai termina a cerveja.

    ─ Estamos pensando em viajar uns dias. Pegar a moto e sair por aí. O que acha de nos acompanhar?

   ─ Não posso, pai, mas espero que se divirtam. Vai deixar o Rapha e a Vittoria?

   ─ Não sou pai deles. – Ele dá de ombros. – Vittorio que leve a pequena no shopping e são só uns dias. Quando a sua prima realmente voltar a trabalhar, ela anda as voltas com a bebezinha, tão ardilosinha, adora colo, as vezes vai para o galpão e resmunga até eu parar o trabalho para ninar a pequena. Como sua irmã que só dormia no meu colo. Rapha é um pouco assim. Está com ciúme, eu pego a menina e ele quer colo.

   ─ Aí pega os dois, por que você é “bemm” grande. – Meu pai me dá um grande sorriso de boas lembranças.

   ─ Tenho tanto orgulho de você, Luigi.

   ─ Claro que tem, sou bem especial, mais bonito que os outros dois meninos, mais inteligente que os outros três e mais modesto que a Bella.

   ─ Boa definição. A parte da modéstia eu quero dizer. Agora vai chamar seus irmãos para jantar.

   Puxo meu celular do bolso e digito jantar no grupo que temos da família.

   ─ Vamos acompanhar as mudanças sociais e tecnológicas? – Eu os convido.

   Jantamos conversando sobre meu sobrinho, ele é muito fofo, Fabrizio já está se preparando para mais um e nem sei como meu irmão consegue viver essa vida tranquila que ele e Hannah escolheram. Bella é como ele e fico me perguntando se Matteo vai seguir o mesmo caminho.

   ─ Boa noite. – Aviso retirando meu prato e levando a pia, lavo e deixo escorrendo, mamãe sempre exigiu isso, depois de uns anos se tornou uma tarefa mecânica.

   ─ Me espera de manhã. – Beatrice avisa. -Tenho que voltar para Florença. Acabou minha folga.

   ─ Sim, doutora veterinária. Austin, você também volta amanhã?

   ─ Todos nós. – Ele diz remexendo a comida. – Tenho provas e mais provas a caminho.

   Austin é o melhor, não me lembro de vê-lo ter problemas na escola nenhuma vez, garoto inteligente que sabe um pouco de tudo. Poder ser qualquer coisa deve ser complicado. Eu sempre soube o que seria. Que talento eu tinha e como usa-lo, mas ele, com toda sua capacidade deve ficar meio perdido.

   Levo um tempo até dormir, leio, ouvindo música, depois reviso meu trabalho do dia seguinte e passo os olhos por meus e-mails, então estou pronto para dormir.

   Aumento o som e ajeito os fones de ouvidos. Pego no sono de modo instantâneo.

   Meus tios já estão em suas mesas quando chego, vou direto para minha sala, por volta de quatro da tarde, tio Filippo entra na sala apressado.

   ─ Advinha? – Ele me pergunta e fico pensando um momento. – Rocco aprendeu uma musiquinha na escolinha.

   ─ Tantos diminutivos! – Brinco com ele.

   ─ Kiara falou que ele está toda hora cantando em volta dela. Sabe o que significa?

   ─ Que na próxima festa ele vai ficar bêbado e entrar na disputa pelo microfone?

   ─ Não, isso leva tempo. – Meu tio me avisa. – Que tenho que ir até vê-lo.

   ─ Tio, detesto ter que lembrá-lo, mas é o dono, não precisa me avisar que vai embora.

   ─ Aconteceu que o Enzo está numa reunião que já dura horas. Então quer dizer que não tem ninguém para ir a reunião com o Sartori.

   ─ Vai ser uma pena cancelar.

   ─ Não vamos cancelar, você vai. – Ele diz de modo tranquilo.

   ─ Tio, eu? Não... é uma ideia bem ruim. Sabe disso.

   ─ Não é não, é a melhor ideia que eu já tive. Sabemos que é nosso único sucessor.

   ─ Por que sempre usam isso contra mim? Sempre soa como uma ameaça.

   ─ É uma ameaça. Está decidido. Você vai. Tem meia hora para dar uma lida no material antes de apresentar a ele.

   ─ Tio, o Rocco é um garotinho bem inteligente, eu tenho certeza que ele não vai esquecer a letra da música se...

   ─ Seis da tarde, no escritório do Sartori. Ele é bem ocupado, não tome muito o tempo dele, não se atrase. Bom trabalho, qualquer coisa... use sua criatividade.

   ─ Tio... – É tarde, ele está praticamente correndo para o carro. O menino deve ter aprendido uma ópera. Só pode ser, primeiro, segundo e terceiro atos.

   Me tranco em minha sala, jeans velho, camiseta e tênis, como meus tios acham que estou em condições de me reunir com aquele homem antiquado de pouco mais de quarenta anos que age como se tivesse sente o cinquenta ou mais, a idade da vó Pietra talvez.

   Ele esteve aqui uma vez, vi uma reunião por vídeo com ele tem uns meses e claro que apenas isso, acabei de começar, esperava que eles não confiassem em mim para algo assim tão cedo.

   Deixo minha sala depois de ler e reler os papeis que meu tio me deixou, pego o carro e dirijo até o edifício inteiro onde funciona a matriz das industrias Sartori.

    O prédio é elegante, tem um porteiro que me recebe e duas recepcionistas atrás de uma grande mesa.

   ─ Sou da agencia de Publicidade De Martino, vim para uma reunião com o senhor Sartori. Meu nome é Luigi Sayer.

   ─ Sente-se, ele está em outra reunião, a agenda está atrasada.

   ─ Corri feito um... um... não sei, algum desses animais velozes. – Deixo a mesa das garotas bonitas, ando pelo grande salão. Paredes de vidro, tapete macio, um quadro pintado a óleo que pega quase toda uma parede.

   Deve ser bem chato trabalhar aqui. É um silencio irritante. Toco o colar, quando estou entediado sempre levo a mão até ele. Abro para olhar a foto e sorrir para minha velha amiga.

   ─ Vou lá fora tomar um ar. – Digo as moças que sorriem muito delicadas. Aceno pensando se seria um erro pedir o telefone de uma delas, quem sabe das duas?

   Quando chego a calçada ainda é dia, a cidade está a todo vapor com gente apressada correndo para casa.

   ─ Meu colar! – A voz chega afetada aos meus ouvidos um segundo antes de uma mão delicada se fechar em torno do meu braço. – Encontrei você, ladrãozinho turco! Achou que podia exibir meu colar por aí e nunca seria descoberto? Conheço o truque de esbarrar e roubar. Se deu muito mal. Turco idiota. Meu colar te guiou até aqui para eu encontra-lo.

   Os cabelos azuis agora têm um rosto. Um lindo e irritado rosto de pelo menos uns vinte anos, de olhos faiscantes e boca travada na mais pura fúria. Turco?


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Notas finais do capítulo

Beijosssssssssssssssssssssssssssss



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