Música: A welcome rain  

Artista: Lee Moon Sae

"No final de uma longa espera

A chuva suave caiu sem um som

Me molhando com meus olhos brilhando em lágrimas."

Eu corria pelos canteiros em direção ao horizonte quando uma claridade muito forte me atingiu. Não tive tempo de proteger os meus olhos quando de repente não vi mais nada.

Suspirei profundamente ainda de olhos fechados, todo o meu corpo parecia pesado, minhas pálpebras estavam estranhamente se relutando a abrir, franzi o cenho me esforçando para abrir os meus olhos. Consegui abrir uma fresta e a claridade me recebeu, aos poucos fui abrindo-os e percebi que minha visão estava um pouco embaçada.

Olhei para frente e vi uma figura amarela toda embaçada, franzi as sobrancelhas em confusão e pisquei seguidamente tentando melhorar minha visão, levantei uma mão e passei pelo rosto e quando abri os olhos novamente a figura se fez nítida a minha frente.

Aqueles cabelos loiros bagunçados só podiam pertencer a uma pessoa.

— Naruto! - eu exclamei o reconhecendo com os grandes olhos azuis me olhando surpresos e ao mesmo tempo preocupados.

— Graças a Deus você está vivo! - ele exclamou aliviado e levantando uma de suas mãos e levando-a ao peito - achei que tivesse te matado.

Ele suspirou profundamente.

— Não pense errado - ele disse - eu queria te bater não te matar - ele afirmou.

Me levantei do chão onde eu havia caído e olhei para todos os lados espantado. Pude perceber que eu havia voltado ao parque, olhei as crianças brincando ao longe nos brinquedos e o grupo que eu tinha visto antes com as seis pessoas que conversavam animadamente.

Tudo estava como eu havia deixado antes, como se nada houvesse acontecido. E como de fato para eles o tempo ficou congelado. Assim perguntei ao Naruto.

— Por quanto tempo eu apaguei? - perguntei a ele e em seguida levei minha mão até o lado esquerdo do meu queixo que começava a doer imensamente.

— Não foi muito tempo  - ele disse franzindo as sobrancelhas - uns cinco minutos talvez.

— Hum! - exclamei.

— Mas nem pensei que eu vou te pedir desculpas - ele disse cruzando os braços e empinando o queixo - você mereceu pelo que fez a Sakura.

E nesse momento foi como se um estalo desse na minha mente.

Sakura

— E onde ela está? - perguntei de modo desesperado.

— Não sei - ele disse dando de ombros - deve ter ido para casa eu acho.

Eu já ia começar a correr quando ele me segurou pelo braço impedindo que eu prosseguice.

— Onde é que você pensa que vai? - ele perguntou.

— Preciso falar com ela - eu disse.

— Não, não precisa - ele segurou firme o meu braço - você já falou o suficiente e até demais - ele disse com raiva - ela com certeza não quer te ver agora.

— Eu preciso - segurei a mão dele e tirei-a do meu braço - agora.

Então ele recolheu sua mão com um olhar espantado e apenas ficou ali parado me olhando de um jeito como se nunca houvesse me visto antes.

E eu lhe dei as costas e corri para fora do parque, mas ao chegar ao portão olhei para os dois lados sem saber qual direção tomar já que eu não fazia ideia de onde ficava a casa dela.

Olhei meu pulso e vi que ainda eram quatro e meia da tarde o que significava que os clubes da escola ainda estavam lá certamente algumas das amigas de Sakura ainda se encontrava na escola, e como a mesma ficava a apenas três quarteirões eu não demoraria muito a chegar la.

Assim eu fiz e me coloquei a correr com todas as minhas forças. Chegando ma escola paro para tomar fôlego e me curvo apoiando minhas mãos nos joelhos.

Ao chegar ao pátio avisto um garoto de cabelos compridos e castanhos conversando um um adulto, reconheço-o como Neji, um dos alunos de nossa sala, que é bem próximo de uma das amigas de Sakura.

— Neji! - eu o chamei.

— Sasuke! - ele exclama surpreso, já que eu nunca havia conversado com ele antes - está tudo bem? - ele pergunta ao ver o meu estado.

— Onde está a Tenten? - eu perguntei ofegante.

— Sasuke! - o homem com quem Neji estava conversando disse e eu reconheci ser o professor Yamato.

— Olá professor - o cumprimentei - e então? - voltei minha atenção para o garoto de olhos acinzentados.

— Ah sim! - ele disse piscando algumas vezes - ela está no clube agora - ele afirmou - no primeiro prédio, na terceira sala do segundo andar - ele informou.

— Obrigado - eu disse já praticamente dando as costas a eles.

— Não corra ou vai se machucar - escutei o professor dizer ao longe mas não dei atenção.

Fui diretamente até o local indicado por Neji, e na porta havia uma placa escrito "Sala do clube de dança" e ao chegar na porta da sala, passei os olhos por toda a sala até que identifiquei uma garota alta e magra com dois coques no alto da cabeça.

— Tenten!- eu a chamei.

A garota voltou-se em minha direção com o cenho franzido em confusão.

— Sasuke! - ela disse surpresa - o que está fazendo aqui?

— Preciso de um favor - eu disse.

— E qual é? - ela perguntou.

— Preciso que me diga onde fica a casa da Sakura - eu disse.

— E para que você quer saber? - ela perguntou cruzando os braços.

— Não tenho tenho tempo para explicar - eu disse - tenho algo importante a fazer agora.

— Hum! Tudo bem - disse a contragosto - ela mora em Nanchiiki, atravessando a ponte sul você segue pela direita dois quarteirões,  vai encontrar a padaria dos Haruno, ela mora na casa amarela ao lado.

— Obrigado - mal terminei de pronunciar a palavra e já me via descendo as escadas para fora do prédio.

Ao chegar a rua disparei em direção a área onde Tenten havia indicado. Corria como um louco pela calçada, esbarrei em inúmeras pessoas durante o trajeto e também tropecei incontáveis vezes.

Por fim cheguei até a ponte e curvei para a direita a procura da casa indicada, encontrei a padaria, pequena e delicada de um estilo antigo, com a vitrine cheia de guloseimas, e ao olhar para o lado encontrei a casa que procurava. Parando para respirar melhor passei a mão pelos cabelos e alisei a roupa que estava um pouco amarrotada.

Caminhei até a porta e toquei a campainha. Poucos minutos depois a porta é aberta e uma mulher alta de cabelos curtos loiros e olhos verdes aparece. Estava mais jovem do que a minha lembrança dela, mas tive certeza que aquela era a mãe de Sakura, com quem me encontrei no futuro.

— Em que posso ajudá-lo? - ela perguntou me oferecendo um sorriso.

— A Sakura está em casa? - perguntei um pouco sem jeito.

— E você é o ...? - ela perguntou.

— Sasuke, Sasuke Uchiha - eu disse.

— Oh Sasuke! - ela exclamou e eu pude perceber um certo brilho em seus olhos - sinto muito querido a Sakura ainda não chegou em casa.

Pisquei um pouco sem jeito. Se ela ainda não estava em casa onde poderia estar? - era o que que me perguntava.

— Mas acredito que ela não vá demorar pode entrar e esperar - ela disse de modo simpático me oferecendo um sorriso.

— Não obrigado - eu disse - volto outra hora.

— Tem certeza? - ela insistiu.

— Sim claro, falo com ela depois - afirmei.

Nos despedimos e eu fui voltando o caminho que havia percorrido. É claro que preciso falar com Sakura agora, mas a ideia de esperá-la sozinho em sua casa com sua mãe não me animara nem um pouco.

Fui caminhando e imaginando possíveis lugares para onde ela possa ter ido que nem percebi o caminho que estava seguindo, quando dei por mim havia chegado a ponte. Antes eu tinha passado por aqui tão rápido que nem tinha percebido que é um local muito bonito, decorado por árvores de cerejeira.

Eu estava apreciando aquela paisagem quando uma figura a poucos metros de mim chamou minha atenção, a pessoa estava parada, de perfil para mim e junto ao muro da ponte e olhava para baixo, como se estivesse apreciando a água, a estatura baixa, o corpo esguio, e os inconfundíveis longos cabelos de tons de rosa, Sakura - pensei. Ela estava linda ali parada, emoldurada pelas pétalas que caiam das árvores a sua volta. Decidido e com um olhar intenso me aproximei, minha busca finalmente havia acabado.

 _ Sakura - eu a chamei alto.

Ao escutar seu nome ela levantou a cabeça e virou-se em minha direção, deixando a surpresa dominar suas feições.

— Sasuke! ela disse surpresa, mas logo suas feições mudaram e adquiriu um ar triste e desviou o seu olhar do meu.

Da distancia em que eu me encontrava pude analizar o seu rosto, que se encontrava um pouco avermelhado, seu olhos e a ponta de seu nariz pequeno e arrebitado também estavam de uma coloração avermelhada.

Ela havia chorado, e com essa constatação a culpa logo atingiu o meu peito, havia tantas coisas que eu queria dizer a ela, mas por onde começar:?

— O que você faz aqui? - ela perguntou sem me dirigir o olhar.

— Vim falar com você - eu disse.

— Comigo?! - ela me olhou assustada por um mínimo momento mas logo voltou a desviar o seu olhar - você já não falou o bastante?

Eu engoli em seco.

— Sim - eu concordei - falei idiotices o  bastante.

Eu disse e ela olhou para mim com aqueles intensos olhos verdes. Senti meu coração descompassar um pouco diante de sua expressão. Dei um suspiro profundo buscando coragem dentro de mim, e dei um passo para mais perto dela.

— Sakura Haruno eu vim para me desculpar com você - olhei-a intensamente me aproximando cada vez mais e parando a um poco mais de um metro dela.

Seus olhos se arregalaram ainda mais depois de escutar minhas palavras.

— O que?! - ela disse quase em um sussurro.

— Hoje eu não agi ... quer dizer  - me corrigi - eu nunca agi certo com você - afirmei - e não entendo como alguém como você pode gostar de alguém como eu.

— Eu ... - ela começou a falar mas eu a interrompi.

— Não eu tenho que dizer -  falei.

Ela se calou e me encarou.

— Eu não sou alguém perfeito Sakura, sou rude, eu cometo erros o tempo todo, eu machuco as pessoas que estão ao meu redor, eu machuquei você - eu disse e apertei minhas mãos contendo a raiva de mim mesmo - eu agi da pior maneira com você, alguém que só me deu carinho e gentileza, alguém que me deu o seu melhor, e com o que eu correspondi, ações e palavras cruéis.

Olhei-a fixamente.

— Como alguém tão quebrado como eu pode ousar querer alguém como você? - questionei - eu não consigo perdoar a mim mesmo por tudo o que te fiz - eu disse e em minha mente a memória do corpo sem vida de Sakura aparecia e lágrimas rolaram por minha face.

— Sasuke - eu a ouvi dizer.

— Mas eu sou egoísta - eu disse - por que sim eu quero isso  - afirmei - sei que em qualquer lugar a alguém com certeza muito melhor do que eu - olhei-a intensamente - mas como o egoísta que eu sou, não quero que esta pessoa ache você.

Ela que mantinha as mãos juntas a frente do corpo levou-as até os lábios que entreabriram em surpresa, e seus olhos arregalados mal piscavam com o que eu acabara de dizer, eles brilharam pelas lágrimas que começavam a se formar.

— Mas se conseguir me perdoar, se acreditar quando eu digo que estou sendo sincero e que estas palavras vem do meu coração - eu disse levando minha mão ao peito e batendo levemente no local - peço que aceite minhas desculpas e me dê a oportunidade de tentar de novo e ser um alguém melhor para você.

Ela tirou as mãos de sua boca.

— Jamais pensei que fosse ouvir algo assim de você - ela falou.

Eu apenas permanecia ali parado esperando que ela falasse e com o coração acelerado, quase como se fosse explodir dentro do meu peito.

— Realmente doeu muito escutar tudo o que você disse - ela começou a dizer - mas por alguma razão eu não consegui te odiar - ela olhou para baixo e suas bochechas ficaram coradas - eu gostei de você porque é bonito, sempre se sai bem nos esportes e é muito inteligente - ela riu minimamente - eu sempre achei que sabia tudo sobre você, sua cor favorita, a sua comida preferida e seus pequenos hábitos - mas existe mais em uma pessoa do que só essas coisas superficiais não é mesmo? 

Ela me olhou e sorriu carinhosamente.

— Muito bem - ela disse e juntou suas mãos atrás do corpo - vamos começar de um novo jeito - ela disse - nós dois temos um longo tempo pela frente para nos conhecer melhor, errar e acertar juntos. Vamos começar de novo Sasuke, mas agora do jeito certo - e sorriu para mim e estendeu a mão.

Do jeito certo

*Flashback on

— Você não deve se preocupar Sasuke - ela disse - não há arrependimentos - ela suspirou - talvez com o Sasuke eu só tivesse...

— Agido diferente - eu completei.

Ela me olhou ternamente e assentiu.

— Tem que ser do jeito certo - ela diz.

*Flashback off

Como ela havia dito antes.

Ignorei a mão que ela me estendia e a puxei para um abraço apertado deixando-a surpresa, mas era algo que eu queria fazer desde que a vi parada na ponte. Ela retribuiu o meu abraço carinhosamente fazendo carinho em minhas costas.

— Sim - eu ri em meio a algumas lágrimas - dessa vez do jeito certo - eu sussurrei.

"No término desta temporada

Passaremos nosso tempo juntos

Como um raio de luz brilhante

Eles entram no meu coração."