Coincidências escrita por Miss A
Notas iniciais do capítulo
VOLTEI... por hoje.
Queria dizer que regularmente, mas a inspiração para essa história é tão raro quanto librianos tomando uma decisão, rs.
Boa leitura...
— Você está preparado?
— Sim, porém estou torcendo para que um ataque zumbi aconteça agora mesmo.
Revirei os olhos.
— Você está pronto então – Falei, enquanto abria a porta da minha antiga casa.
— Mãe, cheguei!
— Estou na cozinha!
Puxei Scorpius pela mão.
— Oi, mãe – Eu a abracei.
— Olá, querida. Tudo bem?
— Tudo. Mãe, esse é o Scorpius.
— Prazer, sra. Weasley – Scorpius apertou a mão dela.
— Pode me chamar de Hermione – Ela sorriu para ele – Prazer em finalmente conhecê-lo, Scorpius.
— O prazer é meu. Eu teria vindo antes, mas...
— Você estava com medo do meu pai – Hugo apareceu na cozinha.
— Não – Scorpius riu.
— Jamais – Ironizei – Esse é o meu irmão, Hugo.
— E ai? – Hugo apertou a mão do Scorpius.
— Onde está o pai?
— Tomando banho. Ele só terminou o jantar agora.
Mamãe não sabia cozinhar e se recusava a aprender. Tive a quem puxar.
— O que ele fez?
— Cordeiro.
Ergui as sobrancelhas. Meu pai só cozinhava cordeiros em situações especiais.
— Ele sabe que eu não vou noivar essa noite, certo?
— Acredito que ele esteja pensando que vamos comemorar a desistência do Scorpius – Hugo comentou.
— Você o avisou que não como carne?
— Sim, mas parece que ele não deu muita importância.
Eu revirei os olhos, já pensando na minha morte por inanição.
– Rose!
Meu pai me abraçou mais apertado do que o normal.
— Oi pai. Esse aqui é o Scorpius.
Ele o mediu de cima a baixo.
— Então, esse é o Scott. Malfoy, né? Acho que já ouvi esse sobrenome.
— É Scorpius, pai.
— Foi o que eu disse, Scott.
Eu rolei os olhos.
— Prazer em conhecê-lo, senhor.
— Eu diria o mesmo se você não estivesse namorando a minha garota.
— Pai!
— Foi uma piada!
— Que tal irmos jantar? – Sugeriu minha mãe.
O que foi uma ótima ideia.
Até chegarmos à mesa.
— Que cordeiro enorme!
Aquilo me embrulhou o estômago.
Troquei um olhar desesperador com Scorpius.
— Não se preocupe, eu fiz uma torta de legumes para você.
Eu sorri para ela.
— Scorpius, você faz alguma coisa da vida?
— Eu sou professor.
Meu pai meneou a cabeça, parecendo satisfeito com a resposta.
— Você ensina o que? – Minha mãe perguntou.
— Inglês.
— Parece que vocês têm algo em comum – Ela sorriu para mim.
— Você nem imagina o tamanho da estante dele. É o dobro da minha.
— Sério? O que você gosta de ler, Scorpius?
— Ele só lê nobel de literatura – Brinquei.
Ele revirou os olhos
— Claro que não.
— Pergunte o seu escritor favorito.
— Qual é o seu escritor favorito? – Minha mãe questionou.
— José Saramago.
— Eu não disse?
— Gosto dele por causa dos seus livros, não porque ganhou o nobel. Ninguém liga para o nobel.
— Sinto um certo rancor no ar. Isso é por que você nunca vai ganhar? - Hugo brincou.
— Se até o Bob Dylan ganhou, qualquer um tem chances – Comentou meu pai. Ele é era do time que não concordava em premiar com o nobel de literatura um artista da música.
— E esse é o máximo de elogio que você vai ouvir essa noite – Hugo avisou Scorpius.
— Não seja tão retrógrado, Ronald.
— Existem prêmios demais direcionados aos músicos.
— Mas Bob Dylan não ganhou por causa da sua voz.
— Porque milagres não existem – Hugo zombou – Apesar da Rose estar namorando... Hum, talvez eu devesse rever meus conceitos.
Fuzilei-o com os olhos.
— Eu não chamaria exatamente isso de milagre – Meu pai resmungou.
— Talvez seja amor – Sugeriu minha mãe.
Olhei para Scorpius.
— Esqueci de avisar que minha família vai tentar nos constranger ao máximo.
— Eu acho que eles só vão tentar constranger você, não eu.
— Não tenha tanta certeza assim – Hugo disse e trocou um sorriso com o nosso pai.
Bufei.
— Vocês se comportem – Pediu minha mãe – O que Scorpius vai achar de nós?
— Do Hugo que ele é hipster.
— Engraçadinha.
Eu dei um sorriso falso para ele.
— Meninos.
— Tá, vamos mudar de assunto.
— Alguém já imaginou qual vai ser o fato histórico que nos permitirá sair da Idade Contemporânea? – Hugo perguntou.
Scorpius se engasgou, querendo rir.
— Mudar de assunto consistia em voltar ao Scorpius, não falar algo aleatório, Hugo.
— Nesse caso eu agradeço, Hugo – Scorpius disse.
Nossa mãe nos olhava, querendo rir.
— Por nada. Respondendo minha própria pergunta, acho que vai ser o contato com alienígenas.
— Já eu penso que vai ser a criação da lei que permite sogros assassinarem genros que desonrem a família.
Hugo e eu caímos na gargalhada sem pudor algum. Scorpius deu um riso forçado, o que só me fez rir mais.
— Nem foi tão engraçado assim – Meu pai disse.
— Não mesmo – Scorpius concordou.
— Questão de perspectiva – Hugo argumentou.
Ficamos em silêncio. Cutuquei minha torta.
— Alguém podia contar uma piada.
— Eu não sei nenhuma.
Além de Hugo ninguém mais se manifestou.
— Ninguém? Ok, eu conto.
O problema é que eu não me lembrava de nenhuma piada.
Era hora de improvar.
— Eu mal vim e o Scorpius Malfoy.
Silêncio total.
É essa a sensação de se chegar ao fundo do poço?
— Essa foi a pior piada que eu já ouvi.
— Pelo menos eu não tenho o pior sobrenome do mundo.
— Você sabe que se nos casarmos, esse será o seu sobrenome também?
Demorei alguns segundos para reagir o que ele dizia.
Casamento?
Que?
Não era muito cedo para dizer essa palavra?
Desfiz minha expressão de “Que merda é essa? Quero fugir”, afinal era só uma piada, acho, e fiz o que faço de melhor. Repliquei.
— Não necessariamente. Eu posso escolher manter meu sobrenome, o que provavelmente eu faria já que o seu é péssimo.
Meu pai riu.
— Essa é a minha garota.
— Nem parece que eu lhe dei educação.
— Mas a senhora deu, mãe, eu só optei não a utilizar.
Minha mãe revirou os olhos, mas dava para perceber o sorriso querendo se formar em seus lábios.
— Scorpius, quer dizer, Scott. Quais são as suas intenções com a minha filha?
— Ronald!
— Foi sem querer. Não sou bom com nomes.
— Não tem problema. Minha intenção é sequestrá-la e fazê-la de cozinheira particular por uns trinta anos.
— Você definiu um casamento – Brinquei – Depois desse trinta anos você vai me trocar por alguém mais nova?
— Mas é claro.
— Só tem um problema nesse plano tão elaborado – Minha mãe disse.
— Qual?
— Você iria morrer de fome, porque a Rose não cozinha nem se for para a própria sobrevivência.
— Tive a quem puxar.
— Realmente. Inteligente, linda e não sabe cozinhar. Igualzinha à mãe.
Apertei a bochecha do meu pai.
— Só queria ter puxado essa fofura sua.
Hugo fingiu querer vomitar.
— Eu te acho fofa – Scorpius disse.
— Ah não – Hugo debochou - A única pessoa do planeta, do Universo.
Ninguém discordou. Nem meu pai.
Revirei os olhos.
— Não é como se eu ligasse.
— Nós sabemos.
— Existem outras qualidades tão boas quanto essa – Minha mãe falou.
— Tipo o que? – Perguntou Rony.
Minha mãe fingiu pensar.
— Dramatizar tudo?
— Mãe!
— O que? É a verdade, querida, você faz muito drama.
Fiquei chocada.
Hugo riu tanto que acabou se engasgando.
— Bem feito.
Peguei meu casaco, pronta para partir.
— Por que vocês não dormem aqui? – Sugeriu minha mãe.
— O que? Debaixo do mesmo teto? – Meu pai indignou-se.
— Você acha que ela não faz isso em Londres? – Hugo cutucou.
Olhei para o teto esperando unicórnios voadores me resgatarem.
Deve ter funcionado porque o meu pai tentou ser cortês pela primeira vez na noite.
— Sabe, Scorpius, eu tenho um amigo que trabalha no hospital. Nós podíamos ir até lá visitá-lo. Comer alguma coisa na lanchonete, fazer um check-up de ISTs¹...
— Pai!
— O que? Eu só estava brincando. A comida da lanchonete de lá é horrível.
Revirei os olhos.
— Melhor irmos. Está ficando tarde.
Despedimo-nos rapidamente, torcendo mentalmente para que nenhuma tempestade caísse sobre nossas cabeças. Literalmente e figurativamente.
Mas eu não poderia ir antes de descobrir o que estava me incomodando desde o começo.
— Qual é a do cordeiro?
— Eu tinha minhas dúvidas se você resistiria a um cordeiro. Você está muito magra, querida, precisa de carne animal.
Eu ri e dei um beijo rápido no rosto do meu pai.
— Não faça isso de novo ou não venho jantar aqui nunca mais.
Ele revirou os olhos.
Eu acenei.
Partimos.
— Como você está se sentindo?
— Aliviado.
— Por quê?
— Porque estou fora da zona de risco.
— Come a filha, mas não aguenta nem um jantar com o pai, sinceramente, Malfoy.
— É que eu prefiro mulheres.
— Me poupe de suas desculpas heterossexuais.
Mais tarde naquele mesmo dia, recebi uma ligação do meu pai. Era óbvio que Rony Weasley não havia gostado de Scorpius.
— Mas, filha, ele nem torce para o Liverpool!
— Mas é porque ele nem é torcedor, pai.
— Piorou! Ele não gosta nem de esportes! Como você pôde sair com alguém assim, minha filha?
— Scorpius gosta de esportes, só não gosta dos campeonatos, das disputas.
— Que?
— Ele acha que os esportes deveriam ser amistosos e não cheios de rivalidades.
— Ele é hippie?
— Não. De onde você tirou isso?
— Você que está dizendo que ele é paz e amor.
— Eu não disse isso, eu só...
— Não tenho preconceito, Rose, a Roxy também é e ela é uma das minhas sobrinhas favoritas.
— Roxy não é hippie, pai.
— Não? Ela sempre usa roupas com franjas e é vegetariana.
— Eu também sou vegetariana, pai.
— Aliás, desde quando você está com essa história?
— Desde o começo do ano.
— Aposto que isso é influência do seu namorado hippie – Ele murmurou com desprezo.
— Papai, Scorpius come carne.
— Pelo menos isso.
— O senhor sabe que hippie não é um xingamento, não sabe?
Ele resmungou um “sei” e depois só ouvi sua voz ao fundo, minha mãe havia pegado o telefone de sua mão.
— Oi Rose. Nós adoramos Scorpius.
Meu pai discordou ao fundo. Eu ri.
— Que bom que pelo menos você gostou dele.
— Seu pai só está com ciúmes. Ele sabe que Scorpius é um bom rapaz.
— Eu sei, mãe.
Eu não estava exatamente preocupada com aquilo, só receava que Rony fizesse alguma grosseria de verdade com Scorpius.
— Você vai trazê-lo no próximo almoço da Toca?
— Não sei. Ele vai se comportar?
— Claro. Ele é um inglês, afinal.
— É provável que eu o convide.
— Perfeito. Preciso ir agora, querida.
Nos despedimos e desligamos.
Suspirei.
— O que foi? – James perguntou.
— Papai detestou Scorpius.
James gargalhou.
Parvo.
Joguei uma almofada nele. Ele continuou rindo.
Saí irritada. Era uma injustiça meu pai ficar ao lado de James ao invés do meu. É claro que meu pai não sabia sobre o desgosto de James, mas mesmo assim era ultrajante.
Cadê os unicórnios para me ajudarem?
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1 - IST: Infecções Sexualmente Transmissíveis.