Coincidências escrita por Miss A


Capítulo 7
Um jantar ou a morte?


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI... por hoje.
Queria dizer que regularmente, mas a inspiração para essa história é tão raro quanto librianos tomando uma decisão, rs.

Boa leitura...



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— Você está preparado?

— Sim, porém estou torcendo para que um ataque zumbi aconteça agora mesmo.

Revirei os olhos.

— Você está pronto então – Falei, enquanto abria a porta da minha antiga casa.

— Mãe, cheguei!

— Estou na cozinha!

Puxei Scorpius pela mão.

— Oi, mãe – Eu a abracei.

— Olá, querida. Tudo bem?

— Tudo. Mãe, esse é o Scorpius.

— Prazer, sra. Weasley – Scorpius apertou a mão dela.

— Pode me chamar de Hermione – Ela sorriu para ele – Prazer em finalmente conhecê-lo, Scorpius.

— O prazer é meu. Eu teria vindo antes, mas...

— Você estava com medo do meu pai – Hugo apareceu na cozinha.

— Não – Scorpius riu.

— Jamais – Ironizei – Esse é o meu irmão, Hugo.

— E ai? – Hugo apertou a mão do Scorpius.

— Onde está o pai?

— Tomando banho. Ele só terminou o jantar agora.

Mamãe não sabia cozinhar e se recusava a aprender. Tive a quem puxar.

— O que ele fez?

— Cordeiro.

Ergui as sobrancelhas. Meu pai só cozinhava cordeiros em situações especiais.

— Ele sabe que eu não vou noivar essa noite, certo?

— Acredito que ele esteja pensando que vamos comemorar a desistência do Scorpius – Hugo comentou.

— Você o avisou que não como carne?

— Sim, mas parece que ele não deu muita importância.

Eu revirei os olhos, já pensando na minha morte por inanição.

 

 – Rose!

Meu pai me abraçou mais apertado do que o normal.

— Oi pai. Esse aqui é o Scorpius.

Ele o mediu de cima a baixo.

— Então, esse é o Scott. Malfoy, né? Acho que já ouvi esse sobrenome.

— É Scorpius, pai.

— Foi o que eu disse, Scott.

Eu rolei os olhos.

— Prazer em conhecê-lo, senhor.

— Eu diria o mesmo se você não estivesse namorando a minha garota.

— Pai!

— Foi uma piada!

— Que tal irmos jantar? – Sugeriu minha mãe.

O que foi uma ótima ideia.

Até chegarmos à mesa.

— Que cordeiro enorme!

Aquilo me embrulhou o estômago.

Troquei um olhar desesperador com Scorpius.

— Não se preocupe, eu fiz uma torta de legumes para você.

Eu sorri para ela.

— Scorpius, você faz alguma coisa da vida?

— Eu sou professor.

Meu pai meneou a cabeça, parecendo satisfeito com a resposta.

— Você ensina o que? – Minha mãe perguntou.

— Inglês.

— Parece que vocês têm algo em comum – Ela sorriu para mim.

— Você nem imagina o tamanho da estante dele. É o dobro da minha.

— Sério? O que você gosta de ler, Scorpius?

— Ele só lê nobel de literatura – Brinquei.

Ele revirou os olhos

— Claro que não.

— Pergunte o seu escritor favorito.

— Qual é o seu escritor favorito? – Minha mãe questionou.

— José Saramago.

— Eu não disse?

— Gosto dele por causa dos seus livros, não porque ganhou o nobel. Ninguém liga para o nobel.

— Sinto um certo rancor no ar. Isso é por que você nunca vai ganhar? - Hugo brincou.

— Se até o Bob Dylan ganhou, qualquer um tem chances – Comentou meu pai. Ele é era do time que não concordava em premiar com o nobel de literatura um artista da música.

— E esse é o máximo de elogio que você vai ouvir essa noite – Hugo avisou Scorpius.

— Não seja tão retrógrado, Ronald.

— Existem prêmios demais direcionados aos músicos.

— Mas Bob Dylan não ganhou por causa da sua voz.

— Porque milagres não existem – Hugo zombou – Apesar da Rose estar namorando... Hum, talvez eu devesse rever meus conceitos.

Fuzilei-o com os olhos.

— Eu não chamaria exatamente isso de milagre – Meu pai resmungou.

— Talvez seja amor – Sugeriu minha mãe.

Olhei para Scorpius.

— Esqueci de avisar que minha família vai tentar nos constranger ao máximo.

— Eu acho que eles só vão tentar constranger você, não eu.

— Não tenha tanta certeza assim – Hugo disse e trocou um sorriso com o nosso pai.

Bufei.

— Vocês se comportem – Pediu minha mãe – O que Scorpius vai achar de nós?

— Do Hugo que ele é hipster.

— Engraçadinha.

Eu dei um sorriso falso para ele.

— Meninos.

— Tá, vamos mudar de assunto.

— Alguém já imaginou qual vai ser o fato histórico que nos permitirá sair da Idade Contemporânea? – Hugo perguntou.

Scorpius se engasgou, querendo rir.

— Mudar de assunto consistia em voltar ao Scorpius, não falar algo aleatório, Hugo.

— Nesse caso eu agradeço, Hugo – Scorpius disse.

Nossa mãe nos olhava, querendo rir.

— Por nada. Respondendo minha própria pergunta, acho que vai ser o contato com alienígenas.

— Já eu penso que vai ser a criação da lei que permite sogros assassinarem genros que desonrem a família.

Hugo e eu caímos na gargalhada sem pudor algum. Scorpius deu um riso forçado, o que só me fez rir mais.

— Nem foi tão engraçado assim – Meu pai disse.

— Não mesmo – Scorpius concordou.

— Questão de perspectiva – Hugo argumentou.

Ficamos em silêncio. Cutuquei minha torta.

— Alguém podia contar uma piada.

— Eu não sei nenhuma.

Além de Hugo ninguém mais se manifestou.

— Ninguém? Ok, eu conto.

O problema é que eu não me lembrava de nenhuma piada.

Era hora de improvar.

— Eu mal vim e o Scorpius Malfoy.

Silêncio total.

É essa a sensação de se chegar ao fundo do poço?

— Essa foi a pior piada que eu já ouvi.

— Pelo menos eu não tenho o pior sobrenome do mundo.

— Você sabe que se nos casarmos, esse será o seu sobrenome também?

Demorei alguns segundos para reagir o que ele dizia.

Casamento?

Que?

Não era muito cedo para dizer essa palavra?

Desfiz minha expressão de “Que merda é essa? Quero fugir”, afinal era só uma piada, acho, e fiz o que faço de melhor. Repliquei.

— Não necessariamente. Eu posso escolher manter meu sobrenome, o que provavelmente eu faria já que o seu é péssimo.

Meu pai riu.

— Essa é a minha garota.

— Nem parece que eu lhe dei educação.

— Mas a senhora deu, mãe, eu só optei não a utilizar.

Minha mãe revirou os olhos, mas dava para perceber o sorriso querendo se formar em seus lábios.

— Scorpius, quer dizer, Scott. Quais são as suas intenções com a minha filha?

— Ronald!

— Foi sem querer. Não sou bom com nomes.

— Não tem problema. Minha intenção é sequestrá-la e fazê-la de cozinheira particular por uns trinta anos.

— Você definiu um casamento – Brinquei – Depois desse trinta anos você vai me trocar por alguém mais nova?

— Mas é claro.

— Só tem um problema nesse plano tão elaborado – Minha mãe disse.

— Qual?

— Você iria morrer de fome, porque a Rose não cozinha nem se for para a própria sobrevivência.

— Tive a quem puxar.

— Realmente. Inteligente, linda e não sabe cozinhar. Igualzinha à mãe.

Apertei a bochecha do meu pai.

— Só queria ter puxado essa fofura sua.

Hugo fingiu querer vomitar.

— Eu te acho fofa – Scorpius disse.

— Ah não – Hugo debochou - A única pessoa do planeta, do Universo.

Ninguém discordou. Nem meu pai.

Revirei os olhos.

— Não é como se eu ligasse.

— Nós sabemos.

— Existem outras qualidades tão boas quanto essa – Minha mãe falou.

— Tipo o que? – Perguntou Rony.

Minha mãe fingiu pensar.

— Dramatizar tudo?

— Mãe!

— O que? É a verdade, querida, você faz muito drama.

Fiquei chocada.

Hugo riu tanto que acabou se engasgando.

— Bem feito.

  

Peguei meu casaco, pronta para partir.

— Por que vocês não dormem aqui? – Sugeriu minha mãe.

— O que? Debaixo do mesmo teto? – Meu pai indignou-se.

— Você acha que ela não faz isso em Londres? – Hugo cutucou.

Olhei para o teto esperando unicórnios voadores me resgatarem.

Deve ter funcionado porque o meu pai tentou ser cortês pela primeira vez na noite.

— Sabe, Scorpius, eu tenho um amigo que trabalha no hospital. Nós podíamos ir até lá visitá-lo. Comer alguma coisa na lanchonete, fazer um check-up de ISTs¹...

— Pai!

— O que? Eu só estava brincando. A comida da lanchonete de lá é horrível.

Revirei os olhos.

— Melhor irmos. Está ficando tarde.

Despedimo-nos rapidamente, torcendo mentalmente para que nenhuma tempestade caísse sobre nossas cabeças. Literalmente e figurativamente.

Mas eu não poderia ir antes de descobrir o que estava me incomodando desde o começo.

— Qual é a do cordeiro?

— Eu tinha minhas dúvidas se você resistiria a um cordeiro. Você está muito magra, querida, precisa de carne animal.

Eu ri e dei um beijo rápido no rosto do meu pai.

— Não faça isso de novo ou não venho jantar aqui nunca mais.

Ele revirou os olhos.

Eu acenei.

Partimos.

  

— Como você está se sentindo?

— Aliviado.

— Por quê?

— Porque estou fora da zona de risco.

— Come a filha, mas não aguenta nem um jantar com o pai, sinceramente, Malfoy.

— É que eu prefiro mulheres.

— Me poupe de suas desculpas heterossexuais.

  

Mais tarde naquele mesmo dia, recebi uma ligação do meu pai. Era óbvio que Rony Weasley não havia gostado de Scorpius.

— Mas, filha, ele nem torce para o Liverpool!

— Mas é porque ele nem é torcedor, pai.

— Piorou! Ele não gosta nem de esportes! Como você pôde sair com alguém assim, minha filha?

— Scorpius gosta de esportes, só não gosta dos campeonatos, das disputas.

— Que?

— Ele acha que os esportes deveriam ser amistosos e não cheios de rivalidades.

— Ele é hippie?

— Não. De onde você tirou isso?

— Você que está dizendo que ele é paz e amor.

— Eu não disse isso, eu só...

— Não tenho preconceito, Rose, a Roxy também é e ela é uma das minhas sobrinhas favoritas.

— Roxy não é hippie, pai.

— Não? Ela sempre usa roupas com franjas e é vegetariana.

— Eu também sou vegetariana, pai.

— Aliás, desde quando você está com essa história?

— Desde o começo do ano.

— Aposto que isso é influência do seu namorado hippie – Ele murmurou com desprezo.

— Papai, Scorpius come carne.

— Pelo menos isso.

— O senhor sabe que hippie não é um xingamento, não sabe?

Ele resmungou um “sei” e depois só ouvi sua voz ao fundo, minha mãe havia pegado o telefone de sua mão.

— Oi Rose. Nós adoramos Scorpius.

Meu pai discordou ao fundo. Eu ri.

— Que bom que pelo menos você gostou dele.

— Seu pai só está com ciúmes. Ele sabe que Scorpius é um bom rapaz.

— Eu sei, mãe.

Eu não estava exatamente preocupada com aquilo, só receava que Rony fizesse alguma grosseria de verdade com Scorpius.

— Você vai trazê-lo no próximo almoço da Toca?

— Não sei. Ele vai se comportar?

— Claro. Ele é um inglês, afinal.

— É provável que eu o convide.

— Perfeito. Preciso ir agora, querida.

Nos despedimos e desligamos.

Suspirei.

— O que foi? – James perguntou.

— Papai detestou Scorpius.

James gargalhou.

Parvo.

Joguei uma almofada nele. Ele continuou rindo.

Saí irritada. Era uma injustiça meu pai ficar ao lado de James ao invés do meu. É claro que meu pai não sabia sobre o desgosto de James, mas mesmo assim era ultrajante.

Cadê os unicórnios para me ajudarem?

 


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Notas finais do capítulo

1 - IST: Infecções Sexualmente Transmissíveis.



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