Coincidências escrita por Miss A
Notas iniciais do capítulo
Algumas incoerências e fredices.
— Aquarianos são os melhores, só aceite, Fred.
— Nunca.
— Se renda ou morte!
— Eu prefiro a morte!
— Morte então será.
James entrou na cozinha e nos encontrou no meio de uma luta corporal de biscoitos.
— Eles estão lutando ou transando?
— Lutando, é claro – Eu disse e afastei o bonequinho de biscoito do Fred – Toma esse chute, sagitariano!
— Espera, eles não estão transando? Eu achei que era uma transa sadomasoquista.
Revirei os olhos e o meu biscoito deu o golpe final.
— Morra!
O boneco do Fred perdeu a cabeça.
— Ganhei.
— Vocês não têm o que fazer, hein? – James falou, sentando-se à mesa.
— Mais respeito com um ferido de guerra – Fred disse.
— Ferido? Você quer dizer morto – Eu o corrigi.
— Ainda vivo no mundo dos intestinos – Fred mastigou o biscoito.
— Game over.
Ele sorriu com a boca cheia.
— Nojento!
Ele riu.
Voltei-me para James.
— Você me ajuda a aniquilá-lo?
— Com toda a certeza.
— Vocês não viveriam sem esse rostinho bonito.
Era bonito mesmo. Encarei-o só para deixá-lo constrangido.
— O que foi?
— Você tem razão. Esse rostinho é bonito demais para virar pó – Eu apertei a bochecha dele.
— Isso foi um elogio? Porque eu receio que sim.
— E qual é o problema?
— Você não elogia ninguém.
— Que ultraje.
— É verdade.
Revirei os olhos.
— James diga a ele que é mentira.
— É mentira – James disse para nosso primo – Porém é verdade.
Ergui as sobrancelhas.
— Eu não elogio porque sempre acho que a verdade já está escancarada.
Eles riram.
— Dormiu bem, James?
— Sim.
— Tem certeza?
Ele franziu o cenho.
— O que você está insinuando?
— Que talvez você não tenha dormido porque ficou pensando em como passou vergonha na noite passada.
— Eu não me lembro disso.
— Quer que eu refresque sua memória?
— Não.
— O que aconteceu noite passada? – Perguntou Fred.
— Nada – respondi – Você conseguiu se reconciliar com a Dominique?
Ele suspirou.
— Não exatamente.
— Já pensou em lhe dar flores?
— Ela ia esmagar o buquê na minha cabeça.
— É claro que não. Dominique adora flores, não ia fazer isso com as coitadas.
— E ninguém acerta flores na cabeça de alguém quando se tem livros – James observou.
— Sim. Livros são ótimos – Eu concordei – Pode-se até ganhar apocalipses zumbis com eles.
— Isso de novo?
— É uma possibilidade, devemos pensar em todas as situações possíveis para estarmos preparados para elas.
— Nesse caso, é melhor começarmos a estocar papel higiênico – Fred propôs.
— Eu estive pensando, se isso acontecer, a internet vai parar em algum momento e como é que vou surtar no Twitter sobre o apocalipse zumbi?
— Surtar? Eu ia comemorar – James disse.
— Até um zumbi comer o seu cérebro – Fred alfinetou.
— Pelo menos eu tenho um para ele comer.
Eu gargalhei.
— Só está faltando uma pipoca aqui.
Eles me fuzilaram com o olhar.
— A testosterona está alta hoje.
Fred se levantou.
— Bem, eu vou preciso ir. Tenho uma namorada para fazer as pazes.
— Leve um presente.
— Tipo o que? – Ele perguntou enquanto lavava seu prato.
— Uma coroa de flores!
— Que?
— Diga que é para o casamento de vocês.
— Ei, ei, vamos com calma.
Cruzei os braços.
— Não estrague minha vibe, Fred.
— E você não me pressione. Não consigo nem contratar um assistente novo imagina me casar.
— A coroa de flores pode ajudar nisso.
— Veremos.
— Boa sorte, Fred – Eu lhe assoprei um beijo, enquanto ele pegava seu celular e suas chaves.
Ele fingiu pegar o beijo no ar e colocou a mão sobre o coração. Eu ri.
— É, você definitivamente vai precisar de sorte.
— Valeu – Ele debochou, acenou e saiu.
— Você acha que eles vão se casar um dia? – Eu perguntei a James.
— Não sei.
Ele me encarava
— O que foi?
— Fui deposto do primo favorito?
— Que? Claro que não.
— Hum.
— Está com ciúmes?
— Vocês andam bem próximos.
— A culpa é sua que me troca por garotas.
— Eu não faço isso.
— Você não está aqui todas as noites.
— Nem você.
Eu sorri.
— Você está com ciúmes.
Ele bufou.
— Só estou preocupado com o meu posto de melhor amigo.
— Ninguém vai te tirar dele. O contrato é vitalício.
— Bom.
Eu continuei sorrindo.
— Vai ficar me olhando assim?
— Você é uma coisa, James.
— Uma coisa bonita, espero.
E era, mas eu não diria em voz alta.
— Vou para o meu quarto.
— Espera – Ele segurou o meu braço, enquanto eu passava por ele, e se levantou.
— Desculpa pelas brincadeiras de ontem, não sabia que você ia ficar chateada.
— Deixe pra lá, James.
Eu não estava chateada ou brava.
Eu estava indignada.
Mas comigo mesma, por ter gostado.
— É que eu...
Ouvi meu celular tocando.
— Posso ir atender?
— Claro.
Quando atendi era Dominique sendo incoerente.
— Fred está aí?
— Não, ele foi te ver.
— Ótimo! Acho que vou sair.
— Mas, Nick...
— Quer comer uma pizza?
— Você sabe que horas são?
— Claro que sei, não sou eu quem não tem noção de tempo e acaba perdendo horário das coisas.
— Fred está muito ferrado, não está?
— Sim, vou mastigar o coração dele.
Eu ri.
— Agora eu preciso ir. Vou ficar bela e vingativa para mostrar o quanto ele vai perder quando eu der um pé na bunda dele.
— Você terminar com ele?
— Sim. Não. Não sei.
— Realmente, ele está ferrado.
— Pois é. Falo com você depois, Rose. Beijo.
— Tchau.
Suspirei. Eu já estava imaginando a despedida de solteira dela, mas aparentemente as coisas não iriam por esse caminho.
Fechei a porta do quarto e me joguei na cama.
Comecei a assistir The Borgias¹ para purificar a mente.
Não deu muito certo.
— Scorpius?
— Oi, boneca.
Revirei os olhos.
— Quer ir jantar na casa dos meus pais hoje?
— Hoje?
— É pegar ou largar.
— Claro. Só preciso me despedir da minha mãe antes.
— Vou te esperar aqui em três horas. Não se atrase.
— Não vou.
Despedi-me e desliguei o telefone. Era melhor eliminar essa pendência de uma vez.
— Puta que pariu!
Uma profusão de palavrões saia do quarto do Fred.
Parei na porta.
— O que foi?
Ele estava na cama, segurando um livro grosso na mão. Parecia animado.
— Eu terminei Guerra e Paz.
Franzi o cenho.
— Tá. Parabéns.
— Obrigado. Eu sinto como se pudesse conquistar o mundo.
Segurei o riso.
— Eu não tenho tempo para isso, Scorpius está vindo, você poderia... Espera. Você está atolado de trabalho, não tem tempo nem para a Dominique, como é que conseguiu ler Guerra e Paz?
— Não foi fácil. Foram quatro anos de muita luta.
— Você está brincando?
— Não.
— Quatro anos para ler um livro, Fred?
— Pelo menos eu li, já você...
— Eu tenho coisas mais interessantes para ler do que sobre a guerra napoleônica.
— É Tolstói!
— Russos, o que eu tenho a ver?
Ele revirou os olhos.
— Deu tudo certo com a Dominique?
Fred sorriu.
— Sim.
— E o que você está fazendo aqui?
— Ela tinha compromisso, vou encontra-la mais tarde.
— Certo. Você pode abrir a porta para Scorpius quando ele chegar? Eu ainda não terminei de me arrumar.
— Vocês vão sair?
— Vamos jantar na casa dos meus pais.
Ele começou a rir.
— Eu posso ir?
— Não!
— Por que não? Vai ser tão divertido!
Deixei-o falando sozinho e fui para o meu quarto, porém ele me seguiu.
— Vou chamar James também.
— Vocês não vão.
— Aposto que tio Rony não vai se importar.
— Fred, saia daqui antes que eu atire uma chapinha quente em você.
— Meu cabelo já é liso, tá? – Ele passou a mão nos cabelos ruivos.
— A intenção é alisar sua cara, não o seu cabelo.
— Agressiva.
— Tchau.
Ele saiu do quarto resmungando.
Quando o interfone tocou, eu ainda estava me maquiando e deixei que Fred atendesse.
Se eu soubesse que James estava em casa, não teria feito isso.
Ao entrar na sala me deparei com os três encarando a televisão tentando a famosa socialização. Mas faziam de maneira errada, porque não falavam nenhuma palavra.
— Estou pronta - Anunciei.
Scorpius sorriu.
James me encarou, com uma expressão neutra.
Fred nem me olhou.
— Oi – Scorpius me cumprimentou, retribui o sorriso.
— Acho que o Liverpool ganha dessa vez – Fred falou, ainda olhando a televisão.
— Ah, você está assistindo isso? Achei que estavam só fingindo – Brinquei.
Senti o clima pesar, não foi a melhor das piadas.
— Hum, ok. Vamos indo.
— Não vamos ter permissão para acompanhá-los?
— Nem pensar.
— Tudo bem, a gente pede para o Hugo filmar – James disse.
— E depois jogamos no youtube.
Scorpius riu.
— Ir para o inferno vocês não querem, não é?
— Tártaro, anjo, inferno não.
Não me dei ao trabalho de responder.
— Vamos, Scorpius.
Ele levantou e deu boa noite aos meninos. Acenei para eles.
— Eles são uns porres às vezes - Falei assim que fechei a porta.
— Vocês se dão bem?
— Maravilhosamente bem, apesar dos dois serem... Bem, Fred e James.
— James é meio fechado.
É porque ele não gosta de você, pensei.
— Ele às vezes é assim com quem é de fora.
— Eu já o havia conhecido antes.
— Na festa do Fred? – Perguntei, entrando no elevador.
— Não, foi numa boate. Fred tinha convidado um pessoal. Achou que nós dois nos daríamos bem. Não aconteceu – Ele deu um sorriso envergonhado.
— O que aconteceu?
— Só não rolou química.
— Tem certeza que não era um encontro?
Ele revirou os olhos.
— Sim. Ele não faz o meu tipo.
Beleza não faz o seu tipo?
Quis perguntar, mas me controlei.
— Fred me disse que vocês são melhores amigos.
— Perguntou sobre mim para o Fred?
— Mas é claro.
— O que ele falou?
— Coisas adoráveis.
Apertei os olhos.
— Eu vou matá-lo.
— Relaxa, ele nem falou nada demais.
— Quando vocês tiveram essa conversa?
— Depois que te conheci.
— O que ele falou? – Insisti.
Ele endireitou a coluna, estreitou os olhos.
— “Aquela garota, Scorpius, ela é uma succubus, se afaste enquanto tem tempo”.
— Essa foi a pior imitação do Fred que eu já ouvi.
Ele deu de ombros.
— Eu tentei.
— Ele falou isso mesmo?
— Sim, mas ele estava bêbado.
— E o que ele quis dizer com isso? Que eu sou um demônio?
— Talvez tenha sido uma metáfora. Você atrai com seu poder de sedução e consome as pessoas por inteiro.
A expressão que eu fiz obviamente não foi nada boa.
— O que você está dizendo, Malfoy?
— Você não tem noção do seu poder sobre os outros, não é?
— Claro que tenho. Se não tivesse como iria usar a arte da manipulação? – Brinquei. Ou não.
Ele deu um risinho.
— Você sabe como se torna o centro do sistema solar das pessoas.
— Você está exagerando.
— Um pouco.
Ergui a sobrancelha.
— A quantidade de sagitário no seu mapa te tornou alguém muito exagerado.
— E bom de cama.
— E convencido.
— Qualidades invejáveis.
— Não vejo por quem.
— Por muitas pessoas.
— Incluindo Lúcifer.
— Eu disse pessoa, não anjo.
— Não sei se podemos chamar Lúcifer de anjo.
— Tecnicamente ele ainda é um. Ninguém deixa de ser um anjo. Seria como uma pessoa se tornar lobo.
— Mas elas se tornam, chama-se lobisomem.
— Você não está falando sério.
— Foi você que começou a discutir sobre o que Lúcifer era ou não!
— Shiu! Você já falou o nome dele três vezes. Se falar mais uma, ele aparece.
— Tarde demais, você já está na minha frente.
Ele me lançou um olhar presunçoso.
— Se eu fosse o rei da noite, você estaria aniquilada.
— Sorte a minha que você não é.
— Você sabe que na verdade eu poderia estar fingindo ser um humano, para que você me prometa a sua alma e só depois eu revelar minha verdadeira face, não é?
— Você usa maquiagem para esconder as imperfeições?
— Eu não tenho imperfeições, só chifres e dentes afiados.
— Acho que eu iria gostar mais.
— Você brinca com o fogo, humana.
Rolei os olhos.
— Scorpius, que tal ficar calado até chegarmos?
— Na casa dos seus pais?
— Em Marte.
É claro que não funcionou e fomos o caminho todo conversando sobre demônios.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
1 - The Borgias tem putaria demais pra servir como purificador de mente. Recomendo.
Menines, esse é mais um capítulo de introdução para o momento que está por vim, mas espero que tenham gostado.