Coincidências escrita por Miss A


Capítulo 6
Russos, o que eu tenho a ver?


Notas iniciais do capítulo

Algumas incoerências e fredices.



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— Aquarianos são os melhores, só aceite, Fred.

— Nunca.

— Se renda ou morte!

— Eu prefiro a morte!

— Morte então será.

James entrou na cozinha e nos encontrou no meio de uma luta corporal de biscoitos.

— Eles estão lutando ou transando?

— Lutando, é claro – Eu disse e afastei o bonequinho de biscoito do Fred – Toma esse chute, sagitariano!

— Espera, eles não estão transando? Eu achei que era uma transa sadomasoquista.

Revirei os olhos e o meu biscoito deu o golpe final.

— Morra!

O boneco do Fred perdeu a cabeça.

— Ganhei.

— Vocês não têm o que fazer, hein? – James falou, sentando-se à mesa.

— Mais respeito com um ferido de guerra – Fred disse.

— Ferido? Você quer dizer morto – Eu o corrigi.

— Ainda vivo no mundo dos intestinos – Fred mastigou o biscoito.

— Game over.

Ele sorriu com a boca cheia.

— Nojento!

Ele riu.

Voltei-me para James.

— Você me ajuda a aniquilá-lo?

— Com toda a certeza.

— Vocês não viveriam sem esse rostinho bonito.

Era bonito mesmo. Encarei-o só para deixá-lo constrangido.

— O que foi?

— Você tem razão. Esse rostinho é bonito demais para virar pó – Eu apertei a bochecha dele.

— Isso foi um elogio? Porque eu receio que sim.

— E qual é o problema?

— Você não elogia ninguém.

— Que ultraje.

— É verdade.

Revirei os olhos.

— James diga a ele que é mentira.

— É mentira – James disse para nosso primo – Porém é verdade.

Ergui as sobrancelhas.

— Eu não elogio porque sempre acho que a verdade já está escancarada.

Eles riram.

— Dormiu bem, James?

— Sim.

— Tem certeza?

Ele franziu o cenho.

— O que você está insinuando?

— Que talvez você não tenha dormido porque ficou pensando em como passou vergonha na noite passada.

— Eu não me lembro disso.

— Quer que eu refresque sua memória?

— Não.

— O que aconteceu noite passada? – Perguntou Fred.

— Nada – respondi – Você conseguiu se reconciliar com a Dominique?

Ele suspirou.

— Não exatamente.

— Já pensou em lhe dar flores?

— Ela ia esmagar o buquê na minha cabeça.

— É claro que não. Dominique adora flores, não ia fazer isso com as coitadas.

— E ninguém acerta flores na cabeça de alguém quando se tem livros – James observou.

— Sim. Livros são ótimos – Eu concordei – Pode-se até ganhar apocalipses zumbis com eles.

— Isso de novo?

— É uma possibilidade, devemos pensar em todas as situações possíveis para estarmos preparados para elas.

— Nesse caso, é melhor começarmos a estocar papel higiênico – Fred propôs.

— Eu estive pensando, se isso acontecer, a internet vai parar em algum momento e como é que vou surtar no Twitter sobre o apocalipse zumbi?

— Surtar? Eu ia comemorar – James disse.

— Até um zumbi comer o seu cérebro – Fred alfinetou.

— Pelo menos eu tenho um para ele comer.

Eu gargalhei.

— Só está faltando uma pipoca aqui.

Eles me fuzilaram com o olhar.

— A testosterona está alta hoje.

Fred se levantou.

— Bem, eu vou preciso ir. Tenho uma namorada para fazer as pazes.

— Leve um presente.

— Tipo o que? – Ele perguntou enquanto lavava seu prato.

— Uma coroa de flores!

— Que?

— Diga que é para o casamento de vocês.

— Ei, ei, vamos com calma.

Cruzei os braços.

— Não estrague minha vibe, Fred.

— E você não me pressione. Não consigo nem contratar um assistente novo imagina me casar.

— A coroa de flores pode ajudar nisso.

— Veremos.

— Boa sorte, Fred – Eu lhe assoprei um beijo, enquanto ele pegava seu celular e suas chaves.

Ele fingiu pegar o beijo no ar e colocou a mão sobre o coração. Eu ri.

— É, você definitivamente vai precisar de sorte.

— Valeu – Ele debochou, acenou e saiu.

— Você acha que eles vão se casar um dia? – Eu perguntei a James.

— Não sei.

Ele me encarava

— O que foi?

— Fui deposto do primo favorito?

— Que? Claro que não.

— Hum.

— Está com ciúmes?

— Vocês andam bem próximos.

— A culpa é sua que me troca por garotas.

— Eu não faço isso.

— Você não está aqui todas as noites.

— Nem você.

Eu sorri.

— Você está com ciúmes.

Ele bufou.

— Só estou preocupado com o meu posto de melhor amigo.

— Ninguém vai te tirar dele. O contrato é vitalício.

— Bom.

Eu continuei sorrindo.

— Vai ficar me olhando assim?

— Você é uma coisa, James.

— Uma coisa bonita, espero.

E era, mas eu não diria em voz alta.

— Vou para o meu quarto.

— Espera – Ele segurou o meu braço, enquanto eu passava por ele, e se levantou.

— Desculpa pelas brincadeiras de ontem, não sabia que você ia ficar chateada.

— Deixe pra lá, James.

Eu não estava chateada ou brava.

Eu estava indignada.

Mas comigo mesma, por ter gostado.

— É que eu...

Ouvi meu celular tocando.

— Posso ir atender?

— Claro.

Quando atendi era Dominique sendo incoerente.

— Fred está aí?

— Não, ele foi te ver.

— Ótimo! Acho que vou sair.

— Mas, Nick...

— Quer comer uma pizza?

— Você sabe que horas são?

— Claro que sei, não sou eu quem não tem noção de tempo e acaba perdendo horário das coisas.

— Fred está muito ferrado, não está?

— Sim, vou mastigar o coração dele.

Eu ri.

— Agora eu preciso ir. Vou ficar bela e vingativa para mostrar o quanto ele vai perder quando eu der um pé na bunda dele.

— Você terminar com ele?

— Sim. Não. Não sei.

— Realmente, ele está ferrado.

— Pois é. Falo com você depois, Rose. Beijo.

— Tchau.

Suspirei. Eu já estava imaginando a despedida de solteira dela, mas aparentemente as coisas não iriam por esse caminho.

Fechei a porta do quarto e me joguei na cama.

Comecei a assistir The Borgias¹ para purificar a mente.

Não deu muito certo.

 

— Scorpius?

— Oi, boneca.

Revirei os olhos.

— Quer ir jantar na casa dos meus pais hoje?

— Hoje?

— É pegar ou largar.

— Claro. Só preciso me despedir da minha mãe antes.

— Vou te esperar aqui em três horas. Não se atrase.

— Não vou.

Despedi-me e desliguei o telefone. Era melhor eliminar essa pendência de uma vez.

 

— Puta que pariu!

Uma profusão de palavrões saia do quarto do Fred.

Parei na porta.

— O que foi?

Ele estava na cama, segurando um livro grosso na mão. Parecia animado.

— Eu terminei Guerra e Paz.

Franzi o cenho.

— Tá. Parabéns.

— Obrigado. Eu sinto como se pudesse conquistar o mundo.

Segurei o riso.

— Eu não tenho tempo para isso, Scorpius está vindo, você poderia... Espera. Você está atolado de trabalho, não tem tempo nem para a Dominique, como é que conseguiu ler Guerra e Paz?

— Não foi fácil. Foram quatro anos de muita luta.

— Você está brincando?

— Não.

— Quatro anos para ler um livro, Fred?

— Pelo menos eu li, já você...

— Eu tenho coisas mais interessantes para ler do que sobre a guerra napoleônica.

— É Tolstói!

— Russos, o que eu tenho a ver?

Ele revirou os olhos.

— Deu tudo certo com a Dominique?

Fred sorriu.

— Sim.

— E o que você está fazendo aqui?

— Ela tinha compromisso, vou encontra-la mais tarde.

— Certo. Você pode abrir a porta para Scorpius quando ele chegar? Eu ainda não terminei de me arrumar.

— Vocês vão sair?

— Vamos jantar na casa dos meus pais.

Ele começou a rir.

— Eu posso ir?

— Não!

— Por que não? Vai ser tão divertido!

Deixei-o falando sozinho e fui para o meu quarto, porém ele me seguiu.

— Vou chamar James também.

— Vocês não vão.

— Aposto que tio Rony não vai se importar.

— Fred, saia daqui antes que eu atire uma chapinha quente em você.

— Meu cabelo já é liso, tá? – Ele passou a mão nos cabelos ruivos.

— A intenção é alisar sua cara, não o seu cabelo.

— Agressiva.

— Tchau.

Ele saiu do quarto resmungando.

 

Quando o interfone tocou, eu ainda estava me maquiando e deixei que Fred atendesse.

Se eu soubesse que James estava em casa, não teria feito isso.

Ao entrar na sala me deparei com os três encarando a televisão tentando a famosa socialização. Mas faziam de maneira errada, porque não falavam nenhuma palavra.

— Estou pronta - Anunciei.

Scorpius sorriu.

James me encarou, com uma expressão neutra.

Fred nem me olhou.

— Oi – Scorpius me cumprimentou, retribui o sorriso.

— Acho que o Liverpool ganha dessa vez – Fred falou, ainda olhando a televisão.

— Ah, você está assistindo isso? Achei que estavam só fingindo – Brinquei.

Senti o clima pesar, não foi a melhor das piadas.

— Hum, ok. Vamos indo.

— Não vamos ter permissão para acompanhá-los?

— Nem pensar.

— Tudo bem, a gente pede para o Hugo filmar – James disse.

— E depois jogamos no youtube.

Scorpius riu.

— Ir para o inferno vocês não querem, não é?

— Tártaro, anjo, inferno não.

Não me dei ao trabalho de responder.

— Vamos, Scorpius.

Ele levantou e deu boa noite aos meninos. Acenei para eles.

— Eles são uns porres às vezes - Falei assim que fechei a porta.

— Vocês se dão bem?

— Maravilhosamente bem, apesar dos dois serem... Bem, Fred e James.

— James é meio fechado.

É porque ele não gosta de você, pensei.

— Ele às vezes é assim com quem é de fora.

— Eu já o havia conhecido antes.

— Na festa do Fred? – Perguntei, entrando no elevador.

— Não, foi numa boate. Fred tinha convidado um pessoal. Achou que nós dois nos daríamos bem. Não aconteceu – Ele deu um sorriso envergonhado.

— O que aconteceu?

— Só não rolou química.

— Tem certeza que não era um encontro?

Ele revirou os olhos.

— Sim. Ele não faz o meu tipo.

Beleza não faz o seu tipo?

Quis perguntar, mas me controlei.

— Fred me disse que vocês são melhores amigos.

— Perguntou sobre mim para o Fred?

— Mas é claro.

— O que ele falou?

— Coisas adoráveis.

Apertei os olhos.

— Eu vou matá-lo.

— Relaxa, ele nem falou nada demais.

— Quando vocês tiveram essa conversa?

— Depois que te conheci.

— O que ele falou? – Insisti.

Ele endireitou a coluna, estreitou os olhos.

— “Aquela garota, Scorpius, ela é uma succubus, se afaste enquanto tem tempo”.

— Essa foi a pior imitação do Fred que eu já ouvi.

Ele deu de ombros.

— Eu tentei.

— Ele falou isso mesmo?

— Sim, mas ele estava bêbado.

— E o que ele quis dizer com isso? Que eu sou um demônio?

— Talvez tenha sido uma metáfora. Você atrai com seu poder de sedução e consome as pessoas por inteiro.

A expressão que eu fiz obviamente não foi nada boa.

— O que você está dizendo, Malfoy?

— Você não tem noção do seu poder sobre os outros, não é?

— Claro que tenho. Se não tivesse como iria usar a arte da manipulação? – Brinquei. Ou não.

Ele deu um risinho.

— Você sabe como se torna o centro do sistema solar das pessoas.

— Você está exagerando.

— Um pouco.

Ergui a sobrancelha.

— A quantidade de sagitário no seu mapa te tornou alguém muito exagerado.

— E bom de cama.

— E convencido.

— Qualidades invejáveis.

— Não vejo por quem.

— Por muitas pessoas.

— Incluindo Lúcifer.

— Eu disse pessoa, não anjo.

— Não sei se podemos chamar Lúcifer de anjo.

— Tecnicamente ele ainda é um. Ninguém deixa de ser um anjo. Seria como uma pessoa se tornar lobo.

— Mas elas se tornam, chama-se lobisomem.

— Você não está falando sério.

— Foi você que começou a discutir sobre o que Lúcifer era ou não!

— Shiu! Você já falou o nome dele três vezes. Se falar mais uma, ele aparece.

— Tarde demais, você já está na minha frente.

Ele me lançou um olhar presunçoso.

— Se eu fosse o rei da noite, você estaria aniquilada.

— Sorte a minha que você não é.

— Você sabe que na verdade eu poderia estar fingindo ser um humano, para que você me prometa a sua alma e só depois eu revelar minha verdadeira face, não é?

— Você usa maquiagem para esconder as imperfeições?

— Eu não tenho imperfeições, só chifres e dentes afiados.

— Acho que eu iria gostar mais.

— Você brinca com o fogo, humana.

Rolei os olhos.

— Scorpius, que tal ficar calado até chegarmos?

— Na casa dos seus pais?

— Em Marte.

 É claro que não funcionou e fomos o caminho todo conversando sobre demônios.

 


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Notas finais do capítulo

1 - The Borgias tem putaria demais pra servir como purificador de mente. Recomendo.

Menines, esse é mais um capítulo de introdução para o momento que está por vim, mas espero que tenham gostado.



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