Coincidências escrita por Miss A


Capítulo 1
Melhor que Wickham, mas não tanto quanto Darcy


Notas iniciais do capítulo

OLHA QUEM VOLTOU O/
Ninguém importante, todo mundo sabe.
Obrigada a todos que decidiram continuar a me acompanhar. Aos que chegaram agora, sintam-se a vontade de ler a história anterior, Clichês. Ou não.

Boa leitura, homo sapiens.



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Tinha sido só coincidência, alguém poderia dizer.

Mas eu não acreditava em coincidências.

Quando voltei para Londres, ainda no aeroporto, qual foi a primeira pessoa que eu havia visto? Scorpius Malfoy.

Dois dias depois quando eu estava andando pelo centro da cidade, com quem eu esbarro? Scorpius Malfoy.

E hoje quando cheguei ao estúdio de Fred, quem estava lá?

Isso mesmo, papai-noel!

Mas só se papai-noel quer dizer Scorpius Malfoy no idioma de Tonga.

— Oi, Scorpius.

Ele se virou e sorriu. Ele tinha um sorriso irritantemente lindo.

— Oi, Rose.

— Onde está Fred?

— Entrou lá – Ele apontou para uma porta fechada - Pediu-me para esperar.

Suspirei. Se Fred desmarcasse o nosso almoço ou chamasse Scorpius para se juntar a nós, eu iria matá-lo.

Quando nos víamos, eu só conseguia me lembrar do fora que dei nele na boate.

Fred saiu pela porta e acenou quando me viu.

— Oi, Rose.

— Você está pronto?

Seu sorriso foi sem graça.

Droga.

— Na verdade... Estou fotografando agora, o trabalho está levando mais tempo  do que eu esperava.

— Tudo bem. Eu te espero.

Ele olhou para o relógio da parede.

— É melhor você ir almoçar sem mim. Não quero te matar de fome – Ele olhou para Scorpius – Por que você não vai com ela, Scorpius?

— Ele já deve ter almoçado.

— Não almocei – Ele deu um sorriso irritante – E estou faminto.

E eu só queria morrer.

— Perfeito então. Desculpe mesmo, Rô – Ele beijou minha bochecha e se virou para Scorpius – Depois eu te ligo para combinarmos aquilo direito, cara.

Eles se cumprimentaram e Fred nos deixou ali.

— Vamos?

— Claro.

Saímos para a rua.

— Você tem alguma objeção a fast-food?

— Nenhuma.

— MC ou BK?

Então ele deu a resposta que me pensar que talvez aquele almoço não fosse tão ruim assim.

— MC.

 

— Quando eu te conheci achei que você ia roubar o meu livro.

— Você achou que eu era um ladrão?

— Não, é claro que não!

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Um cleptomaníaco, talvez.

— Eu só roubo corações.

— Não beijos?

Scorpius sorriu.

— Isso também.

Eu comi algumas batatas-fritas enquanto pensava. Ele não parecia nenhum pouco constrangido pelo nosso último encontro. Se ele não estava, eu também ia me preocupar sobre. Muito pelo contrário.

A verdade é que era difícil resistir e não flertar com Scorpius. Ele tinha um olhar provocativo e um sorriso pertinente que me cativavam.

— Nunca pensei que você fosse uma dessas garotas que vão em lanchonetes e pedem salada.

— Eu não pedi só salada, não está vendo a batata-frita e o refrigerante?

— Isso não muda o fato de você ter pedido salada.

— Saladas são saudáveis.

— Hambúrgueres também.

— Sei.

— Tem proteínas!

Revirei os olhos.

— Eu sou vegetariana.

Consegui o fazer calar a boca.

— Faz muito tempo?

— Exatos oito dias. É a minha resolução de ano novo.

— Interessante. A minha foi aprender alguma coisa nova.

— Que coisa nova?

— Não sei. Estou entre teclado e como conquistar uma ruiva.

Eu havia esquecido que ele era alguém direto.

— Que ambicioso da sua parte.

— Gosto de desafios.

— Então, você me considera isso? Um desafio? – Eu o provoquei.

— Não, o teclado será um desafio. Você está entre missão impossível e milagre de natal.

Eu ri.

— Você não confia em si mesmo?

— Claro que confio. Por isso não estou preocupado.

Concentrei-me nas minhas batatas.

— Como está sua faculdade?

— Larguei.

— Sério? Por quê?

— Decidi cursar algo que eu realmente gosto.

— E o que é?

— Literatura.

Ele sorriu.

— Bem-vinda ao clube dos fracassados, com salário baixo, porém quase felizes.

Scorpius era professor.

— Quase?

— Quase porque estou solteiro.

— Ah. Entendi.

— Entendeu o que?

— Você é uma daquelas pessoas que só são felizes quando estão com alguém.

— Não. Eu sou daquelas pessoas que ficam mais felizes se estão com outra pessoa.

Ignorei sua contradição.

— Você não?

Bem, meu relacionamento mais longo foi de dois meses e com o meu primo. Hum.

— Se importa de mudar de assunto? Falar sobre relacionamentos me deixa entediada.

Ele deu de ombros.

— Ótimo. Assim nós podemos falar sobre o cara que está sentado ali perto da porta.

Eu olhei para a direção que ele mostrava. Tinha um rapaz comendo sozinho e mexendo no celular.

— O que tem ele?

— De trinta em trinta segundos ele olha para você.

— Claro que não.

— Veja.

Eu olhei para o rapaz. Ele me olhou e desviou o olhar rapidamente. Fiquei observando-o de esguelha. Depois de trinta segundos ele olhou de novo.

— Você acha que eu devo ir falar com ele?

Scorpius ergueu uma sobrancelha.

— O que você quer falar com ele?

— Vou perguntar se ele não quer uma foto minha, assim ia ficar mais fácil.

Ele riu.

— Você já se inscreveu na faculdade?

— Já. Começo no próximo mês.

— Está animada?

— Muito.

— Se precisar de ajuda com as lições, pode contar comigo.

— Como você consegue transformar algo entediante em pornográfico?

— É um dom.

Eu ri.

— Fala sério, garoto.

Ele endireitou a postura e seu tom de voz se tornou formal.

— A srta. gostaria de falar sobre séries ou sobre lingeries?

— Você é impossível.

Ele sorriu.

 

— O que você está escrevendo? – Perguntei quando o vi escrevendo num papel. Fiquei impressionada com o fato dele andar com papel e caneta por aí.

— O seu nome no meu death note.

Ergui uma sobrancelha. Ele entregou-me o papel.

— É o meu número de telefone e o meu e-mail.

— Não do celular?

— Não tenho celular.

— E por que você está me dando isso?

— Para você me ligar, obviamente.

— Você é tão gentil.

— Obrigado.

— Por que você acha que eu iria te ligar?

— Eu diria que é porque eu sou bonito, mas seria algo superficial e não irei te ofender.

— Grande generosidade.

— Você vai me ligar porque eu sou legal.

— Você tem ótimos argumentos.

— Eu sei.

— Também sabe que você é muito convencido?

— Também.

— Você me choca, Malfoy.

— É a minha beleza, não é?

Deixei escapar um sorriso.

Norgewian Wood começou a soar. Peguei o meu celular enquanto Scorpius ria da música.

— Alô?

— Você ainda está por aqui? – Era Fred.

— Sim. Por quê?

— Vem pra cá. Podemos ir embora juntos.

— Tudo bem, já estou indo.

Desliguei.

— Vou ir embora com o Fred – Anunciei.

— Eu te levo até o estúdio.

 

— O que você conhece da literatura japonesa?

— Só Yasunari Kawabata e Haruki Murakami.

— Haruki Murakami?

— Um japonês maluco que conta histórias malucas.

Ele riu.

— O que você está lendo agora? – Perguntei.

— Os diários de Anthony Knivet.

— Quem?

— Ele foi um inglês que viajou para o Brasil no século XVI, ele só queria enriquecer na América, mas acabou se tornando um escravo, depois um aventureiro e, bem, quase não sobreviveu para contar a história.

— Parece interessante.

— Você não faz ideia. Ele conviveu com indígenas. Quase morreu várias vezes. A vida dele era um horror. Só queria voltar para a Inglaterra. Em 1597 ele conseguiu fugir para a Angola, de lá ele ia tentar ir para a Europa. Mas o senhor de quem ele fugiu avisou a Angola e assim que ele desceu no porto foi preso e mandado de volta.

Era tão trágico que chegava a ser cômico.

— Que horror. Ele conseguiu voltar para a Inglaterra?

— Sim. Depois de dez anos no Brasil, ele voltou. Viveu por mais cinquenta anos. Trabalhou na casa da moeda. Não ficou rico.

— Moral da história: ganância não vale a pena.

— Especialmente se tiver indígenas canibais envolvidos.

 

Rolei os olhos.

— O que você está lendo?

— Emma, de Jane Austen.

— Você é uma fã da srta. Austen?

— Sou. 

— Só li Orgulho e Preconceito dela.

— O que achou?

— Bom. Muito bom. Não é um romance pesado e o que eu achei mais legal foram os detalhes da vida daquela época.

— Sim, legal. Mas o que me conquista é a independência e atitude da protagonista.

— Não o Sr. Darcy?

Ele sorriu.

— Bem, ele também é uma parte bastante importante.

— Durante a faculdade, tive uma aula de literatura inglesa do século XIX e eu passei a aula toda ouvindo das minhas amigas como Sr. Darcy era maravilhoso.

— Elas não disseram nenhuma mentira.

Ele não disse nada e continuamos caminhando. O estúdio já estava à vista.

— Sr. Darcy só dificultou a vida dos homens que vieram depois dele.

Apertei os olhos.

— Isso é você confessando que, na verdade, é um Wickham?

— Ruiva, eu sou o que você quiser.

Scorpius e suas frases clichês. Sorri.

Paramos na frente do estúdio.

— Você não vai entrar?

— Não, eu já falei o que tinha que falar com ele.

— Bem, eu vou. Obrigada pela companhia.

Ele sorriu. Estava com as mãos no bolso. Aquela pose de “eu sei que timidez me deixa mais charmoso”.

Eu o olhei, debochada.

— O que você acha que vai conseguir com esse olhar de cachorro que caiu da mudança?

Ele riu.

— Não funciona com você, não é?

— Não. Definitivamente não.

Na verdade, funcionava um pouco, mas ele não precisava saber disso.

Ele se aproximou.

— O que funciona com você, Weasley?

Ergui uma sobrancelha.

— Continue com esse ar conquistador, mas não se esqueça que você não é James Dean, então não exagere.

Um sorriso provocante nasceu em seus lábios e morreu em minha boca.

Scorpius se inclinou e beijou-me. Foi breve e rápido, mas o suficiente para me deixar num estado de surpresa satisfação.

Scorpius se afastou, sorriu e disse num tom de voz dissimulado:

— Me liga.

Ele se virou e eu não fiquei observando, entrei logo no estúdio.

— Como foi? – Fred perguntou, se referindo ao almoço.

— Bom. Inesperadamente bom.

 


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Notas finais do capítulo

Scorpius muito rápido? Será um indício de ejaculação precoce? Wickham no título do capítulo é presságio de apocalipse? E onde estará James Sirius Potter?

Pessoas, eu só quero esclarecer algo, eu tenho alguns capítulos já escritos, porém meu tempo anda escasso, portanto minha presença aqui não será tão contínua.
Tendo dito isso, nos vemos ano que vem!

(piada ruim, eu sei)



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