—Eu vou matar o responsável. – Haru dizia aquilo para si mesmo

O menino de cabelo rosado e olhos verdes falou aquilo para ele mesmo, sua voz estava baixa mesmo que não houvesse pessoas ao seu lado, estava a poucos metros da onde o mesmo tinha enterrado o pai. Além de um amontoado de terra em um buraco recém-preenchido tinham também algumas pedras ao redor da cova e uma cruz. O garoto disse aquelas palavras estando ajoelhado e tirando as pétalas de uma flor que havia encontrado, e as jogando na terra sem se incomodar com a possibilidade de um vento as carregar. Haru olhou para trás, a uns quarenta metros estava a sua casa onde sua mãe agora bebia chá com a médica que ele trouxe, ela nunca bebia aquela bebida a menos que estivesse triste, sua atenção retornou para o amontoado. Ele colocou suas mãos na cabeça e se lembrou do sussurro de seu pai; Terikate ; ele iria caçar aquele homem e o torturaria até que o mesmo implorasse pela morte. Pensava em coisas cada vez piores, sua mente viajou depressa e uma chuva fraca iniciou-se e se transformou em uma tempestade severa, seus olhos apesar de ainda serem verdes não exibiam aquele brilho que tinham desde sempre, não mostravam a vida e bondade que carregavam há anos.

—Haru, não me faça te buscar! – A mãe do menino o chamava.

Ele se levantou e jogou o resto da flor no chão e se virou a caminho da casa com intenção de fazer companhia das duas mulheres. Depois de alguns minutos ele se acomodou na casa e ficou sentado em uma cadeira em silêncio, olhava de vez em quando para sua mãe quando a mesma tragava mais um pouco de chá, depois olhou para a ninja médica que apoiou sua mão direita na esquerda de sua mãe tentando conforta-la.

—Você é uma ninja médica. – Haru começou. —Eu li sobre você, ou melhor, o novo trio Sannin Lendário. Deve ser ridículo para você não ter conseguido retirar o veneno, já que você sobreviveu na ultima guerra. – Ele falou se recordando das coisas que lia. —Sua invocação é uma lesma que cura, soube que ela já curou a quinta Hokage quando o corpo dela foi partido em dois. – Haru olhava sério para Sakura. —O que é uma reconstrução perto de um veneno? Era mais fácil não ter buscado ajuda. –

Yuri, a mãe de Haru, pela primeira vez bateu em seu filho. O som da tapa que o mesmo recebeu em seu rosto ecoou por toda a casa. A bochecha do menino tinha a marca perfeita da mão da mulher de cabelos róseos mal cuidados, o garoto não reclamou por aquela agressão. Ele apenas olhou para a ninja médica, um olhar nada amigável para a mesma, e se afastou delas.

—Amanhã eu levo você para a sua vila. – Haru falou antes de sumir da cozinha.

—Desculpe. – Yuri falou quase que imediatamente para Sakura.

—Tudo bem. – Sakura respondeu fingindo sorrir. —Ele precisava liberar em alguém, melhor eu do que a senhora. –

Haru estava em seu quarto, deitado na cama e olhando para o teto enquanto ouvia o barulho da chuva. Fechou seus olhos e colocou o braço direito por cima dos mesmos, enquanto o esquerdo apoiava atrás de sua cabeça, lagrimas escorriam e pingavam no colchão, e foi daquela maneira que o mesmo pegou no sono. Enquanto isso, a Haruno conversava com a outra mulher.

—Senhora. – Sakura chamou pela mulher. —Estou vendo muitas caixas de remédios aqui. Tem alguma forma de ajuda-la? –

—Não. – Yuri respondeu bebendo mais um pouco de chá. —Só espero viver para ver ele me dando um neto. –

A Haruno mesmo não conhecendo direito a mulher, tinha uma ideia do que a mesma teria já que via os inúmeros remédios, Yuri tinha broncopneumonia e retardava a doença com aquela quantidade de medicação. A tempestade fora da casa continuou e de vez em quando enganava que se enfraquecia. Enfim, as horas se passam e realmente a chuva foi passando até não sobrar nada além de poças na terra. Haru e Sakura por volta das dez horas da manhã já estavam abandonando a casa.

—Não se esqueça dos remédios. – Yuri disse para o menino depois de entregar a ele algumas moedas.

—Tá. – Haru respondeu já andando na frente.

—Se ele esquecer, eu vou lembra-lo. – Sakura falou se despedindo e andando também.

Os dois andaram de volta para a Vila da Folha, desta vez nenhum tentou correr mais que o outro, agora Haru se distanciava da ninja médica e ignorava quaisquer comentários que ela fazia, não se importando até mesmo quando ela disse que já teve uma perda há alguns anos. Eles param na metade do caminho para um descanso rápido e fazer um lanche, o menino comia um pão com ovo quando sentiu um cheiro agradável que despertou seu interesse, a mulher estava comendo bolinho com cobertura de xarope, ela notou a encarada que o mesmo dava em sua comida e sorriu para ele e deu uma mordida grande.

—Que pena que tá bravo comigo. – A Haruno falou mastigando. —Estava pensando em oferecer, não aguento comer tanto. –

Haru ficou com um rubor em suas bochechas e voltou a comer seu simples pão com ovo e bebendo de vez em quando um pouco de água. Sakura suspirou e se aproximou do garoto e entregou a ele um pedaço do bolinho, não sem antes passar um papel na boca do menino limpando uma sujeira de ovo, tudo aquilo deixou o rosado um pouco mais envergonhado. Ele olhou para o bolinho com cobertura de xarope que a mulher o oferecia e pegou das mãos dela e deu uma mordida e saboreou. “Incrível” ele pensou e deu outra mordida até que não sobrasse nada.

—É o que mais gosto de comer, devo me desculpar com sua mãe já que usei itens dela. – A rosada falou entregando outro para o menino.

—Você mente bem. – Haru falou enquanto mastigava. —Claro que aguenta comer isso. – Ele engoliu e pegou outro que era oferecido.

—Quem diria que ele fala. – Sakura brincou. —Agora chega de comer e vamos continuar. –

Haru concordou e ambos se arrumam e minutos depois continuam a viagem para a Vila da Folha. Já estava no inicio da tarde quando eles chegam a Konoha e se dirigem para o grande prédio vermelho, o primeiro lugar que Haru havia ido por engano.

—Como você errou o lugar? – Sakura perguntou ao menino.

—A pressa. Parecia ser importante no mapa então segui. Hospitais são importantes, não são? – Haru a respondeu.

—Só errou por algumas ruas. – A Haruno riu após comentar.

Mais dez minutos depois e eles já estavam no escritório do Hokage, Uzumaki Naruto e Shikamaru Nara tinham sua conversa interrompida pelas batidas na porta, Haruno Sakura e Yanozuka Haru entram no escritório. O loiro estava para fazer uma pergunta, mas percebeu o olhar no rosto da ninja médica.

—Bem vindos. – Naruto falou depois de pensar em outra coisa.

—Me desculpe roubar sua médica, Hokage. – Haru falou coçando a cabeça.

—O importante é que devolveu. – Naruto respondeu. —E me chame de Naruto. –

—Naruto Hokage? – Haru perguntou confuso.

—Só Naruto. – O Uzumaki corrigiu o garoto.

Shikamaru entregou um papel ao loiro e o mesmo assinava enquanto mais uma vez alguém batia na porta e entrava. Haru ouviu a voz a alguns passos atrás dele, ele conhecia muito bem.

—Hokage, queria saber se tem algo pra mim hoje, estava pensando em sair para pescar com um ami- Terikate foi interrompido.

Haru se virou e chutou o ninja o jogando contra a porta. Seu olhar agora não mostrava tranquilidade, mas sim uma raiva que apenas crescia por aquela pessoa, a cor deles não eram mais o tão conhecido verde, eram agora um vermelho sangue com um círculo escuro em cada olho. O ninja que recém chegou recebeu em seu rosto alguns socos, cada um com mais força que o anterior.

—Shannaro! – Haru berrou enquanto desferia os golpes rápidos.

Mas aquilo não durou muito, Shikamaru utilizou sua sombra para imobilizar o garoto e o afastar do outro ninja que ria mesmo com o rosto dolorido. Terikate limpou o sangue que escorria pelo canto dos lábios e cuspiu um pouco nos pés do Yanozuka que ainda tentava se soltar. Sakura olhava para Haru e para aqueles olhos avermelhados, aquele sem duvida era o Sharingan. Um garoto de cabelo rosado com aquela habilidade ocular? Não poderia ser coincidência. Terikate se aproximou do menino imobilizado e prestou atenção naqueles olhos.

—Quem diria. – Ele falou com um sorriso que Haru conhecia. —Ficarei feliz em avisar sua mãe, garoto. –

O ninja fez um selo e desapareceu como fumaça, era um clone das sombras ou algum Jutsu de movimento. Haru apesar de imobilizado olhou para trás, fazendo com que Shikamaru e Naruto vissem aqueles olhos vermelhos, olhos que apenas duas pessoas carregavam; Sasuke Uchiha e Sarada Uchiha; ele estava para pedir que fosse liberto quando a ninja médica o abraçou.