Maneira de Lidar escrita por Lura


Capítulo 6
Sexto Mês


Notas iniciais do capítulo

Capítulo inteiramente focado no romance.

Espero que gostem. =D



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Marinete sentou-se sobre o banco de madeira rústica, sentido suas pernas praticamente gritarem em agradecimento. A expressão de alívio em seu rosto era indisfarçável.

Ao longe, conseguia ouvir a batida da música eletrônica, que ficava cada vez mais animada, indicando que Nino estava pronto para agitar os presentes e o baile começava de fato.

A melhor parte da festa.

E ela não conseguiria participar. Não conseguia dançar, de qualquer modo.

Enquanto a brisa noturna chocava-se delicadamente contra seu rosto, balançando os cabelos enegrecidos que estavam elegantemente arrumados em cachos que formavam uma meia trança, descalçou as sapatilhas recobertas de cristais e permitiu-se pisar na grama. A sandália de salto havia sido dispensada logo após a cerimônia, dando lugar ao sapato baixo e confortável que, apesar de bonito, não assentava tão bem assim com seu vestido vermelho.

Embora ela estivesse um pouco frustrada em razão de suas pernas inchadas, não podia negar que o sentimento de satisfação e dever cumprido lhe eram muito maiores. Afinal, havia conseguido não apenas confeccionar o vestido de noiva do modo que Mylène sonhava, como, também, tinha tido o prazer de assisti-la contrair núpcias com Ivan, do altar, como madrinha, ao lado de Adrien.

E como a cerimônia havia sido bonita.

Original e única, inspirado no Rock dos anos 50, respeitando o estilo alternativo do casal.

A fazenda que ambientava a festa, possuía um salão, um tanto rústico, que havia ficado maravilhoso com a decoração retrô escolhida pela noiva. Para completar, luzes e velas por todos os lados. Mesmo ali, o jardim onde a asiática espairecia, tinha todas as plantas de grande porte recobertas por luzes pisca-pisca. Tudo realmente, fascinante.

A morena tinha que admitir que sentia uma pontinha de inveja da amiga. Bem, talvez inveja não fosse a palavra certa. Mas o fato é que ela também ansiava passar por aquele momento.

Não que ela fosse louca para casar, claro que não. Mas, em seu íntimo, desejava sim uma festa bonita. Um vestido glamuroso. Um momento de felicidade com todos os seus amigos em volta. E Adrien. Lhe olhando como se ela fosse a coisa mais importante da vida dele. Como ele vinha fazendo todos os dias, aliás.

É bem verdade que, no fundo, ela sentia que esse dia chegaria em breve, mas não conseguia deixar de sentir-se ansiosa quando parava para pensar nisso. Afinal, embora estivesse morando com Adrien há algum tempo, a realidade é que ainda nem eram noivos. E os fatos ocorridos naquele “bendito” dia meio que havia piorado as coisas. O dia em que eles completaram sete anos de namoro, e ele meio que sugeriu que dessem um passo adiante.

Entretanto, após aquele dia, ele nunca mais tocou no assunto.

Seus pensamentos foram cortados completamente, quando um forte cutucão em suas costelas chamou-a para a realidade.

— Aiiii! - Choramingou. O sexto mês transcorria e, a cada dia, os movimentos de Louis ficavam mais fortes. - Você vai ser lutador. Só pode. - Ironizou, enquanto alisava a barriga, na esperança de que o bebê se acalmasse.

O mais irônico era que, por vezes, Louis ficava quieto, durante todo o dia e, quando ela resolvia tentar dormir, punha-se a pular, freneticamente. Ele devia estar usando sua bexiga de pula-pula, não havia outra explicação.

— Problemas aí em baixo? - Uma voz brincalhona, que ela conhecia muito bem, chamou-lhe a atenção.

Marinette não conseguiu evitar de soltar uma risadinha. Sabia que, ultimamente, Adrien vinha disfarçando sua preocupação em brincadeiras e piadinhas, só para não estressá-la com a sua superproteção. Mas a nota de aflição estaria sempre ali, camuflada em sua voz.

— Acho que o inquilino está insatisfeito com o espaço. - Respondeu, resolvendo entrar na brincadeira, só então levantando a face para encará-lo.

E ela nem conseguiu evitar uma expressão de surpresa quando o viu.

— Chat, você por aqui? - Chamou, arqueando uma das sobrancelhas. - Eu não sabia que havia sido convidado para a festa. - Debochou.

Instantaneamente, Adrien permitiu que seu olhar se tornasse convencido, tal como o do herói que incorporava quase que diariamente. E nem mesmo a ausência das íris felinas impediram-na de enxergar, de imediato, o companheiro de batalha. Claro que a máscara negra de plástico e o arco com as orelhinhas de gato que ele usava no momento, ajudavam um pouco.

— Pois é, digamos que eu sou amigo dos noivos. - Respondeu o loiro, dando de ombros. - Mas eu não conseguiria curtir a festa sozinho,  de qualquer forma. Por isso, vim buscar minha parceira, Ladybug. - Declarou, estendendo-lhe uma réplica de plástico das máscara que costumava usar.

Marinette riu.

— Onde conseguiu essas coisas? - Indagou, colocando a máscara.

— Estão distribuindo no baile. - O loiro respondeu, ajeitando as orelhinhas. A morena não pôde deixar de reparar que, em vez de cômica, a combinação do terno negro com a máscara e as orelhas havia ficado estranhamente agradável. Ela diria até sexy.

Repentinamente constrangida com o último pensamento, sacudiu a cabeça para frear sua mente, que andava lhe levando a lugares perigosos.

— Parece que a joaninha consegue alcançar outros tons de vermelho. - O Chat Noir de araque, que não era tão de araque assim, gracejou, sinalizando que não havia deixado de perceber seu constrangimento.

— Idiota. - Respondeu, ácida, evidenciando que Ladybug também havia chegado na festa.

— My Lady, que saudade! - Adrien brincou, estendendo a mão para que ela se levantasse.

— Eu sei que você não vive sem mim, gatinho. - Aceitando a mão que lhe foi oferecida, a asiática impulsionou o corpo e colocou-se de pé, tornando a calçar as sapatilhas. - E então, como tem se virado sem mim? - Indagou, convencida.

— Não muito bem. - Reconheceu ele, puxando-a pela mão, para que andassem pelo caminho ladeado de árvores iluminadas. - Tenho que admitir que você se dá melhor com ele lance de liderança do que eu. Sabe, eu mal tenho tido tempo de lamber os meus pelos, pois tenho que ficar o tempo todo tentando impedir que uma abelha e uma raposa se matem. - Contou, frustrado.

— Mas e nosso amigo tartaruga? Não te ajuda com isso? - Incentivou, acompanhando-o.

— Ele é uma tartaruga. - O companheiro respondeu, como se fosse óbvio. - Lento pra tudo. Só percebe que elas entraram em uma discussão, quando elas começam a discussão seguinte.

— Tadinho de você, gatinho. - A jovem consolou, em tom manhoso, afagando-lhe por baixo do queixo. O rapaz, sequer tentou disfarçar o ruído de aprovação que emitia. - Eu sei que a minha presença é indispensável, mas você tem que entender que tem outro homem na minha vida agora. - Dramatizou, levando ambas as mãos ao ventre expandido e alisando-o, por cima do vestido formal vermelho que trajava. - Não pode mais exigir exclusividade.

— Não devia agir assim, My Lady. - Retrucou. - Provocando os sentimentos de um animal que é muito, muito possessivo. - Falou, aproximando-se - Mas eu acho que, para esse carinha aí, eu posso abrir uma exceção. - Completou, tocando-lhe a testa com a própria e colocando suas mãos por sobre as delas, de modo que pudesse acompanhar os movimentos que ela fazia sobre a barriga.

— Vai ter que aprender a dividir. - Comentou ela.

— Mal posso esperar por isso. - Devolveu ele.

Sem outras palavras por algum tempo, os dois permaneceram ali, naquela posição, apenas sentindo o calor um do outro. Satisfazendo-se com a companhia agradável. Desfrutando dos sentimentos que eram exalados, livremente, em cada gesto, cada carinho, cada suspirar.

Naquele instante, Marinette teve certeza que, a sensação que a dominava era plenitude. Não precisava mesmo de mais nada. Tinha o amor da sua vida, o seu bebezinho, a família que estavam construindo. Felicidade era pouco para descrever sua realidade.

Mas Adrien parecia decidido a oferecer-lhe mais, de qualquer forma. Ela só não havia percebido isso ainda.

— O que é isso? - Questionou, quando seu tato captou uma textura diferente. Ela realmente não sabia como aquele volume havia ido parar ali, sob as mãos de Adrien em sua barriga.

Aquilo era… Veludo?

— Adrien! - Ela exclamou, afastando-se repentinamente, querendo constatar o que sua mente havia fantasiado por um instante.

E, definitivamente, não havia se decepcionado.

Ali, parado a sua frente, estava seu parceiro, amigo e companheiro, segurando uma pequena caixa de veludo negra. Abismada, levou ambas as mãos a boca.

— My Lady… - Começou ele, mais nervoso que gostaria, enquanto se ajoelhava. - Ladybug. Marinette. A mulher pela qual eu me apaixonei duas vezes e continuo me apaixonando, dia após dia. - Continuou.

A asiática, sequer conseguia conter as lágrimas que se acumulavam nos cantos de seus olhos azulados, rodeados pela máscara vermelha.

— Aceita se casar comigo e ser minha eternamente? - Indagou, sorrindo de forma constrangido. Os olhos verdes e vivos, que se tornaram a cor que ela mais amava no mundo, lhe encarando, ansiosos.

— Eu já sou sua, eternamente. - Respondeu, secando os olhos marejados. - Por isso a resposta é sim. Completou mal tendo tempo de abaixar as mãos, antes que ele se levantasse, tomando-a em um beijo acalorado. Automaticamente, usou os braços que ainda estavam suspensos para enlaçar-lhe o pescoço.

A barriga restringia um pouco o contato, era bem verdade, mas não ao ponto de impedir que eles seguissem o beijo, afoitos.

Extasiados, só pararam, rindo, quando sentiram, em conjunto, a forte movimentação de Louis.

— Eu disse que ia ter que aprender a dividir. - Avisou Marinette.


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Notas finais do capítulo

E então? Como ficou?

Eu particularmente, amei este capítulo! Não consigo imaginar esse momento de outra forma. Assim, espero que tenham gostado tanto quanto eu.

No próximo, teremos a interação do casal com os amigos e o início das preparações para o recebimento do bebê.

Até mais!



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