Maneira de Lidar escrita por Lura


Capítulo 5
Quinto Mês


Notas iniciais do capítulo

Todos prontos para saber o sexo da criança???

Neste capítulo, teremos um tantinho de ação, com eu havia dito. Foi nesse ponto que eu comecei a perder o controle nos tamanhos dos capítulos, hehe.

Eu não sou muito habilidosa em trechos de batalha, mas espero que tenha me saído bem.

Tive que acrescentar alguns poderes aos membros da equipe e me virar com as informações que não tenho, mas pretendo atualizar o capítulo quando elas foram liberadas. Espero que não se importem.

Enfim, espero que gostem tanto quanto eu, já que este é meu capítulo favorito. =D



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— Desculpe gatinho, não poderemos almoçar juntos. - Marinette pediu, já esperando a resposta mal humorada do companheiro.

— Outra vez? - O ex-modelo reclamou.

— A Mylène não consegue se decidir quanto ao vestido. - Justificou a asiática, estreitando os olhos para a amiga dos tempos de colégio, que caminhava ao seu lado. - Falta pouco mais de um mês para o casamento, preciso agilizar no que posso. - Completou.

— Mas você não pode ficar saltando o almoço. - Ralhou ele. - Precisa cuidar da alimentação, sabe disso.

— Eu não vou saltar! - Respondeu de forma entediada. - Vamos almoçar juntas e depois eu volto para o ateliê.

— Espera, voltar para o ateliê? - Questionou Adrien.  - Você não se esqueceu, certo? - Perguntou, e nem o fato de estarem se comunicando via telefone pôde disfarçar seu tom inquisitivo.

— Como eu poderia? - Marinette devolveu, rolando os olhos para cima.

— Você se esquece todo mês. - Devolveu ele, sarcástico. - Sempre marca compromissos para o mesmo horário. - Lembrou.

— É, mas não é todo mês que temos a oportunidade de descobrir se é menino ou menina. - Respondeu a jovem, enquanto alisava o ventre expandido, agora facilmente visível por baixo do grosso sobretudo vermelho, graças aos cinco meses de gestação. - Acredite, estou tão ansiosa para isso quanto você. Relaxa, vai dar tempo. - Garantiu.

— Então às quatro eu passo para te pegar. - Informou.

— Até às quatro então! - Cantarolou a morena.

— Espera! Você não está carregando peso né, Marinette? Eu te conheço, sei que quando sai para encomendar tecidos acaba pegando uma tonelada e é teimosa demais para aceitar ajuda…

— Tchau gatinho! - Despediu-se, no mesmo tom melodioso, desligando o smarthphone e colocando-o em sua bolsa transversal.

— Ele está tão cuidadoso com você! - Mylène pontuou, com um olhar sonhador, uma vez que havia conseguido acompanhar boa parte da conversa dos amigos.

— Adrien se preocupa demais. Tanto que às vezes me sufoca. - Reclamou a asiática.

— Você fala assim, mas sei que gosta de toda a atenção que ele está te dando! - Acusou a loira.

— Até parece. - Negou, por mais que, no fundo, admitisse que curtia ser paparicada. - Agora que eu já cuidei de um problema - Desconversou -, falta resolver o seu! - Emendou, olhando-a decidida.

— Me desculpe Mari, por ser tão indecisa!!! - A amiga, que era um tanto mais baixinha, pediu, unindo as mãos. - É que eu não consigo achar nenhum modelo que fique bom no meu tipo de corpo! - Justificou.

— Eu já disse que modelo que vai ficar bom no seu tipo de corpo é o modelo que você quiser! - Declarou a estilista. - Agora vamos olhar logo esses tecidos, porque é sério, a única coisa que eu preciso para fazer o vestido dos seus sonhos é tempo. E isso não está a nosso favor. - Lembrou, puxando-a pela viela movimentada.

— E o seu vestido? - Inquiriu Mylène, de forma divertida.

— O meu é o de menos. - respondeu.

— Mas você é madrinha. Também precisa ficar deslumbrante! - Motivou.

— Querida, não há nada que me faça ficar deslumbrante com a barriga desse tamanho. - Comentou, externando a baixa auto-estima que ostentava ultimamente.

— Não há nada que você faça que não deixe qualquer pessoa deslumbrante Mari! - Rebateu a loira. - Sei que vai colocar qualquer outra madrinha magrela no chinelo. - Garantiu e ambas riram. - Agora vamos correr, pois temos que terminar antes da sua consulta, ou o Adrien me mata. - Concluiu, tomando a frente, provocando risada em ambas.

Assim, as duas amigas seguiram caminhando, visitando loja por loja em busca de inspiração, comparando os tecidos com os modelos que Marinette ia esboçando, conforme os desejos da noiva e a temática do casamento.

Após terem uma boa noção do que queriam, a asiática fechou umas encomendas e parou para almoçar com a amiga de colégio, desfrutando de um agradável período onde relembraram histórias antigas e fantasiaram a festa que estava por vir. Infelizmente, a hora da despedida chegou antes que percebessem mas, em consideração a quantidade de serviço que a Asiática precisava desenvolver, não se delongaram.

Assim, cada uma seguiu seu caminho, sendo que a morena, quase que imediatamente após pisar em seu ateliê, pôs-se a rabiscar novas ideias, em cima daquilo que haviam discutido.

— Hmm, essa saia… - Comentou, e qualquer um que chegasse pensaria que estava falando sozinha. Mas a garota sabia que nunca estava sozinha. - Provavelmente ficará melhor com o corpete que eu desenhei lá na loja. - Decidiu, levantando-se para procurar o caderno de desenhos que costumava carregar sempre na bolsa.

— Deve ficar ótima em renda chantilly! - Tikki opinou. Após tanto tempo acompanhando Marinette, não eram raras as vezes que se expressava quanto aos modelos que a portadora criava.

— Droga, meu caderno! - Praguejou a estilista.

— O que aconteceu, Mari? - Tikki indagou, curiosa.

— Não consigo achá-lo! - Respondeu. - Acho que esqueci na última loja que visitamos. - Constatou, lembrando-se do último lugar em que o pegou para desenhar.

— Você não toma jeito. - A Kwami a olhou de modo severo, cruzando os braços.

— Temos que recuperá-lo! - Ignorando a reprimenda, a morena determinou, apanhando o sobretudo e a bolsa e caminhando em direção à saída.

Não demorou muito e, uma Marinette esbaforida, adentrou o metrô, batendo os pés de modo impaciente, como se isso pudesse fazer com que o veículo acelerasse sobre os trilhos. E quando este finalmente parou, mal esperou as portas abrirem para sair em disparada, subindo as escadas dois degraus de cada vez - agilidade que sua vida de heroína havia lhe proporcionado e que a gravidez ainda não conseguira levar - e correndo pela calçada movimentada.

E ela teria chegado rapidamente ao seu destino, não fosse a sequência de acontecimentos seguintes.

Longe do alcance de sua visão, ocorreu uma explosão, forte o suficiente para ferir seus ouvidos. Mesmo a ondulação do vento pôde ser sentida da distância em que se encontrava.

Estarrecida, a morena paralisou sobre a calçada, enquanto as pessoas ao seu redor corriam na direção oposta.

— Você precisa sair daqui Marinette! - Tikki, ignorando o fato de que poderia ser vista por qualquer um, colocou a cabeça para fora da bolsa e alertou.

— A explosão foi perto da loja… - Choramingou. - Que porcaria! - Xingou, dando meia volta.

— Rápido! - Instigou a Kwami, sendo de pronto atendida pela portadora.

Qual não foi a surpresa das duas quando, justamente para o lado em que todos se dirigiam, outra explosão pôde ser ouvida.

— Eu não acredito nisso! - Exclamou a asiática, entrando em desespero.

Como se a situação não pudesse piorar, viu que as pessoas, agora, corriam desorientadas para todos os lados, ignorando totalmente quem quer que estivesse na frente. Não demorou muito para que uma em específico, esbarrasse em suas costas, fazendo com que fosse ao chão, tendo tempo apenas de sustentar o corpo com as mãos.

— Marinette! - A Kwami gritou preocupada.

— Eu estou bem! - Respondeu, erguendo-se de pronto, sentindo as palmas e os joelhos ralados arderem. - Precisamos sair daqui! - Sentenciou. Todavia, o máximo que pôde fazer, foi abraçar um poste próximo, para evitar de ser arrastada pela multidão.

Desesperada, vasculhava todos os cantos, em busca de uma rota segura para escapar.

— Pensa Marinette, pensa! - Resmungou revoltada, o fato de não poder se transformar para salvar ao seu bebê e a si começando a pesar em suas costas.

A única solução que via, era abrigar-se em um dos pontos comerciais próximos, o que não era a melhor ideia, considerando o risco de novas explosões nas proximidades. Contudo, não poderia arriscar de sair correndo e colocar em risco a vida de sua criança. Afinal, ela podia ter ainda certa agilidade, mas já não possuía o corpo esbelto capaz de abrir caminho por entre a multidão enlouquecida.

Decidida, estudou o ambiente, vendo que, as suas costas, todas as portas de metal estavam fechadas e permaneceriam assim, embora muitas pessoas batessem desesperadas. Porém, do outro lado da rua, um senhor havia entreaberto a porta de seu restaurante, permitindo que as pessoas próximas entrassem e se abrigassem.

Não vendo outra alternativa, soltou o poste e pôs-se a correr para atravessar a rua. Ela só não havia reparado que, em meio a todo aquele mar de gente, ainda haviam veículos circulando.

— Cuidado! - Alguém gritou, mas a morena ficou sem reação. E sua última lembrança antes de fechar os olhos para preparar-se para o impacto foi o carro azul se aproximando, rápido demais.

Assim como o esperado, o impacto veio e a levou para longe. Mas, ao contrário do que pensava, a dor não foi lancinante ao ponto de fazê-la perder a consciência.

— Você está bem? - A voz que lhe perguntava estava, sobretudo, desesperada. Entretanto, ela sequer tinha coragem para abrir os olhos fortemente cerrados. - Marinette, por favor, fala comigo! - Tornou a instigá-la, sendo que, apenas a menção de seu nome foi capaz de despertar-lhe.

— Adrien! - Gritou aliviada quando deparou-se com os olhos verdes e felinos lhe encarando de forma suplicante.

— Graças aos céus! - O rapaz certamente teria amolecido, caso não a sustentasse nos braços.

— Mas como, eu… - A morena constatou, desorientada, que já não se encontrava na rua caótica, mas no telhado do restaurante que pretendia entrar.

— Depois conversamos. Agora preciso te tirar daqui! - Exclamou Adrien, no momento, sob o manto negro de Chat Noir, saltando para um telhado próximo.

O loiro seguiu, com agilidade, de telhado em telhado, como se o fato de sustentar uma mulher no quinto mês de gestação não atrapalhasse em nada seu equilíbrio felino. E Marinette, sem perceber, enlaçou os braços em torno do pescoço do herói, soltando lágrimas silenciosas contra seu peito, em razão do choque. Talvez tivesse permanecido assim até seu destino, qualquer que fosse, se o barulho de uma terceira explosão não lhe chamasse a atenção.

— Você precisa ajudar! - Declarou, alarmada, tentando se soltar.

— Preciso te deixar em um lugar seguro primeiro. - Obstinado, o loiro respondeu, apertando-a contra o próprio corpo.

— Adrien, é sério, eu estou bem! - Garantiu. - Por favor, vá ajudar os outros! - Pediu, assim que estacionaram no telhado plano de um supermercado.

— Só mais um pouco, my lady. - Ele pediu, parando para olhar em volta, tentando decidir para onde seguiria.

Contudo, seus pensamentos foram cortados bruscamente, quando Queen Bee foi arremessada para o telhado exato onde se encontravam, estacionando praticamente aos pés deles após arrastar as costas pelo menos cinco metros no concreto.

— Eu não acredito nisso! - A loira exclamou assim que abriu os olhos. - O time tomando o maior cacete e vocês aqui se pegando? - Indagou, encarando-os debaixo.

— Preciso levar Mari a um lugar seguro! - Explicou Chat Noir.

— Então vá depressa, pois temos companhia! - A loira ordenou, levantando-se em um salto acrobático e apontando a silhueta masculina, completamente trajada de preto, que aproximava-se voando. - E depois traga sua bunda peluda de volta para cá, porque esses eco-terroristas são um pé no saco! - Concluiu, voltando-se para Chat Noir e agitando o dedo indicador em sua direção.

— Eco-terroristas? - Indagou Marinette, sem ignorar o linguajar vulgar que a loira havia desenvolvido desde que entrara para a equipe.

— Longa história. - Chat Noir respondeu. - Agora vamos! - Completou, carregando-a em direção à pequena elevação de alvenaria, onde encontrava-se a porta que dava acesso às escadas do mercado.

— Queen! Chat! Os outros dois estão indo na direção de vocês! - A voz alarmada de Rena Rouge pôde ser ouvida, telepaticamente. De forma automática, Marinette levou às mãos aos brincos, fazendo com que Adrien lhe encarasse com desagrado, ao perceber que ela também havia escutado.

— O quê? - Indagou ela, fazendo-se de desentendida. - Sabe que não é fácil bloquear isso. - Justificou.

Desenvolver a telepatia através dos Miraculous, era uma habilidade muito útil que havia vindo com os anos de treinamento. Tal poder facilitava a comunicação em batalha e podia ser usado, inclusive, quando alguns não estivessem transformados, desde pelo menos um membro da equipe estivesse fundido ao kwami, para criar a conexão entre as mentes dos portadores dos Miraculous.

Contudo, era uma faca de dois gumes, difícil de controlar, não sendo raras as vezes em que o comunicante acionasse mais de um portador, por acidente, ou algum membro do time que não estivesse em batalha, como havia acontecido com Marinette naquele momento. De fato, desde que se afastara da ação em razão da gravidez, não foram raras as vezes que a morena captou algumas mensagens referentes às missões.

— Eu sei que você nem se esforça para bloquear. - Acusou Chat Noir, finalmente alcançando a porta.

Sem delongas, o portador do miraculous felino colocou a companheira no chão e, apanhando o próprio bastão, estendeu-o a fim de quebrar a tranca da entrada. Em seguida, escancarou-a e empurrou a asiática para dentro.

— Vai para baixo e nem pense em voltar aqui fora! - Ordenou, com um olhar severo, fazendo-a rolar os olhos para cima.

— Tá, tá. - Concordou ela. - Se cuida. - Pediu, dando-lhe um rápido selinho antes de caminhar em direção às escadas.

Contudo, em vez de descer, como orientada, estacou em frente a uma pequena janela gradeada, de onde podia observar bem a batalha reiniciada.

Sem dificuldades, localizou Queen Bee em combate corporal com o eco-terrorista que havia visto instantes atrás, enquanto Chat Noir aproximava-se com agilidade,  utilizando o bastão para tomar impulso e chutar com ambos os pés outro vilão, recém chegado. Rena Rouge se aproximava voando, carregando Carapace pelas mãos, logo soltando o companheiro em direção ao telhado e apanhando sua flauta para tentar cuidar do terceiro, que lhe seguira.

E a morena acompanhava tudo, sem conseguir afastar-se do vitral empoeirado, sentindo, bem no fundo, o incômodo por não poder ajudar.

Não demorou muito para que percebesse que, tal como Queen Bee havia mencionado, o time estava levando uma bela surra. E ela nem gostaria de pensar no que aconteceria se eles perdessem ali, uma vez que os oponentes já haviam sido capazes de provocar três explosões.

— Marinette, você precisa ir! - A Kwami tornou a sair de sua bolsa, para alertá-la.

— Só mais um pouco Tikki! - Insistiu a morena, mordendo os lábios em nervosismo.

A verdade é que a jovem estava com um mau pressentimento. Sabia que três explosões - provavelmente, ocasionadas por bombas - haviam ocorrido, mas não podia precisar onde. Contudo, se os vilões eram eco-terroristas, como havia escutado, a lógica apontava que os lugares afetados possuíssem grande movimentação e constituíssem estabelecimentos empresariais de sucesso.

Involuntariamente, sentiu o coração apertar ao pensar nas vítimas.

Enquanto assistia a batalha, não pôde deixar de ponderar que um mercado tão grande como aquele, pertencente a uma franquia tão famosa, tratava-se de um alvo perfeito para terroristas, o que a mantinha travada lá em cima. Todavia, não teria como escapar pelo telhado se eles atacassem por baixo, a não ser…

— Temos que vencê-los aqui em cima! - Concluiu o pensamento, em voz alta.

— O QUÊ? - Tikki sequer conseguiu conter o tom surpreso. - Você não pode estar pensando em ir lá fora!? - Emendou.

— Se eles não forem vencidos aqui, todos estaremos em risco, Tikki. - Argumentou.

— Mas você não pode se transformar Marinette. - Retrucou a kwami. - O que poderia fazer?

De fato, a asiática estava ciente de que não poderia valer-se do manto de Ladybug para ajudar naquela situação. Entretanto, sentia que a chave para a vitória estava ali, em algum lugar.

Decidida, pôs a mente para trabalhar, processo que se intensificou após visualizar um dos terroristas agarrando Chat Noir pelo pescoço e fazendo com que ele despencasse ao menos cinco metros em direção ao terraço.

— Pensa Marinette! - Incentivou-se, perscrutando o ambiente a sua volta. - Que falta a visão da sorte faz! - Reclamou.

Naquele momento, como se atendendo a sua reclamação, alguns objetos chamaram sua atenção: o vermelho vivo de alguns extintores de incêndio destacando-se intensamente na parede acinzentada, ironicamente, não muito diferente das habilidades de Ladybug.

— Extintores de incêndio? O que pretende fazer com isso? - A Kwami seguia a portadora de perto.

— Você vai ver. - Marinette respondeu, certificando-se de que tinha o que realmente precisava.

Em seguida, sem delongas, tratou de tirar o objeto do suporte, constatando que a parte mais difícil seria levá-lo para fora.

— Você consegue! - Incentivou-se, mentalmente.

Porém, quando estava prestes a cruzar a porta que dava acesso ao terraço, em um lampejo de autoproteção, abandonou o extintor no chão, apenas pelo tempo necessário para ajeitar a própria echarpe negra, de modo que lhe cobrisse o rosto do nariz para baixo. Após finalizar a máscara improvisada, tornou a suspender o objeto e caminhar para fora, o mais rápido que a sua condição permitia, logo conseguindo visualizar a batalha que se desenrolava.

Era impossível não reparar que os eco-terroristas estavam muito bem equipados, tecnologicamente. Tanto que voavam livremente graças a propulsão que era gerada por uma espécie de mochila acoplada nas costas. E não era apenas isso: os oponentes tinham toda a cabeça e rosto cobertos, por uma espécie de touca e óculos, tudo confeccionado na cor preta, dando-lhes a aparência de mergulhadores profissionais. Mas, acima de tudo, eram fantásticos luutadores, tendo ainda, a vantagem aérea, coisa que apenas dois integrantes da equipe Miraculous possuíam.

Assim, a surra que estavam levando estava mais que justificada, e tendia a piorar, caso não ocorresse qualquer interferência, capaz de dar-lhes qualquer mínima vantagem. E era para isso que Marinette estava ali.

— QUEEN BEE!!! - A Morena gritou, o mais forte que conseguiu, chamando a atenção de todos os combatentes, em especial de Chat Noir, que empalideceu instantaneamente ao vê-la ali.

E, naquele momento, os oponentes perceberam o que a familiaridade resultante de anos de trabalho em equipe, era capaz de criar em um campo de batalhas.

A loira não precisou de uma segunda explicação para entender o objetivo da asiática e, de imediato, usou o laço de sua arma para puxar o extintor para cima, enquanto Carapace tratou de certificar que os inimigos, que fizeram menção de atacá-las, permanecessem ocupados.

— CHAT! RENA! - Tornou a gritar Marinette.

Assim como a portadora do Kwami da abelha, os outros dois assimilaram de pronto a ideia da companheira. Logo, Rena Rouge não perdeu tempo em lançar Chat Noir em direção ao extintor que começava a perder o impulso dado por Queen Bee.

— Cataclismo! - Gritou o loiro, utilizando seus poderes no objeto que voava em sua direção, sem deixar que sua irritação o atrasasse. Com Marinette, se entenderia depois.

Como esperado, o pó branco contido na cápsula vermelha, voou para todos os lados, atingindo, principalmente, os óculos de proteção dos oponentes, que haviam voado atrás do herói felino. E os breves segundos de cegueira, firam mais que o suficiente para que a equipe transformasse a pequena vantagem em um grande trunfo, finalizando a batalha poucos minutos depois.

— Pensei que minhas unhas não fossem sobreviver a isso. - Reclamou Queen Bee, que tratava de manter os três terroristas bem amarrados com seu laço.

— Ia perder muito mais que as unhas se não tivéssemos contado com uma dose de sorte. - Rena Rouge respondeu, a duplicidade no sentido de sua palavras evidente para o grupo. Contudo, Chat Noir seguia exibindo uma carranca nada satisfeita.

— Os policiais estão chegando. - Alertou Carapace.

Chat Noir certificou-se que, os criminosos, devidamente desarmados, fossem dominados pela polícia e colocados no camburão. Pretendia até mesmo acompanhá-los até a delegacia, mas os três colegas garantiram que cumpririam a tarefa, liberando-o para, finalmente, encarregar-se de Marinette, que permanecia sentada em uma pequena praça próxima ao mercado, aguardando por ele.

Assim, o mais rápido que pôde, já com sua identidade civil, correu em direção ao local, deparando-se com a namorada acomodada tranquilamente em um dos bancos de concreto, balançando os pés como uma criança, que ignorava os machucados facilmente visíveis pelas fendas gotescas recém criadas na meia-calça preta.

Não pôde deixar de observar que, quando ela constatou o olhar furioso que ele lhe lançava, encolheu os ombros levemente.

— Adrien… - Começou.

Para a surpresa da moça, o loiro fechou os olhos e inspirou profundamente, antes de tornar a mirar-lhe com as orbes verdes intensas.

— Você está bem? - Perguntou, ajoelhando-se para ficar da altura dela.

— Estou bem. Sério. - Garantiu em resposta, agitando as mãos.

E por mais que ele pudesse ver que a companheira não ostentava grandes ferimentos, apenas naquele momento, ao conversar com ela, pôde sentir o alívio se espalhar pelo seu corpo.

— Por favor, não faz mais isso comigo! - Pediu, apoiando a cabeça nas coxas dela e rodeando-lhe a cintura com os braços, sem se importar com o fato de estarem em público.

Marinette sentiu o peito afundar. Não negava que havia tomado uma atitude extremamente arriscada, para si e para o bebê, mas, naquele momento, julgou que agira corretamente, de modo que não havia se arrependido. Até então.

Comovida, levou a mão direita até os fios louros que tanto amava, e acariciou de leve, esperando o parceiro se acalmar.

— Eu quase perdi tudo hoje! - Adrien recomeçou, ainda de cabeça baixa. - Quando aquele carro quase te atropelou, e depois… Eu nem sei o que teria acontecido se eu não estivesse lá. Tampouco sei como fui capaz de ter tirar da frente dele, quando me dei conta, já a tinha nos braços. - Revelou, sendo acometido de fortes tremores.

— Você conseguiu. Estamos salvos, graças a você! - A morena tentou acalmá-lo, em tom dócil. - Está tudo bem agora, gatinho. - Afirmou.

Pacientemente, esperou que ele se acalmasse. Afinal, ela já havia tido um tempo, após os eventos recentes, para assimilar toda a situação. Contudo, Chat Noir tinha apenas desaparecido minutos antes, deixando, em seu lugar, um Adrien um tanto amolecido, sem os efeitos da adrenalina para manter-lhe ativo.

— Preciso te levar ao hospital. - Relembrando a gravidade da situação em razão do estado delicado da jovem, falou decidido, levantando-se de pronto.

— Eu já disse que estou bem! -  Reclamou Marinette.

— Precisamos confirmar se realmente está tudo ok, Mari. - O loiro estava irredutível. - Consegue caminhar? - Indagou, tomando-a pela mão. - Teremos que ir para longe da confusão e tomar um táxi. Os hospitais próximos devem estar lotados. - Refletiu, vendo a confusão instaurada em volta para o resgate das vítimas do ataque.

— Consigo sim. - Respondeu, utilizando a mão oferecida como apoio para levantar-se.

O caminho até o hospital foi rápido e silencioso, sendo que, durante todo o trajeto, os jovens mantiveram as mãos entrelaçadas, como um apoio mudo, que ambos sabiam que necessitavam.

E antes que se desse conta, Marinette já estava sendo atendida por sua obstetra, que não poupou palavras para lhe passar um belo sermão, embora ela não se sentisse culpada, de qualquer forma. Pelo menos não em razão de quase ter sido atropelada, que foi a parte da história que puderam passar para a profissional.

— Já adianto que, independente dos resultados dos exames, você ficará em observação até amanhã. - Dra. Girani anunciou, colocando os longo cabelos ruivo atrás da orelha antes de espalhar o gel frio na barriga da asiática, preparando-a para a ultrassonografia.

Marinette soltou um muxoxo desanimado em resposta. Adrien apenas permanecia ao lado dela, quieto. As mãos de ambos, ainda unidas.

— Bem… - Começou a médica, após alguns minutos movimentando o aparelho pelo ventre expandido da morena. - tudo bem por aqui, pelo visto. - Anunciou e, instantaneamente, o loiro sentiu o corpo relaxar. - Mas é como eu disse antes, a Mari vai ficar aqui ao menos até amanhã. Cuidados nessa situação nunca são demais. - Sentenciou.

— Fazer o quê… - A mestiça resmungou, resignada.

— Eu sei que se não for assim, você não vai parar quieta! - Acusou a médica, de forma infantil. Afinal, não era muito mais velha que o casal que atendia.

— Não mesmo. - Adrien confirmou, fazendo com que a companheira estreitasse os olhos em sua direção, ato que ele ignorou.

— Então, já que conferimos que tudo está dentro da normalidade com o bebê - Dra. Girani retomou a palavra -, vocês desejam saber o sexo? - Inquiriu.

O casal, subitamente, atentou-se ainda mais para o monitor que exibia o bebezinho, cujos membros já se encontravam bem formados, faltando apenas o amadurecimento. Eles tinham realmente se esquecido que, não fosse pelo atentado e a sequência de eventos desenrolada naquela tarde, àquela altura, já saberiam o sexo da criança que tanto aguardavam.

— Claro! - Marinette respondeu, afoita. A expectativa que pairava sobre a sala era tanta que eles mal notaram quando duas criaturinhas místicas, a fim de acompanharem melhor a situação, colocaram a cabeça para fora da bolsa transversal de Marinette, que encontrava-se jogada sobre uma das poltronas estofadas.

— Então vamos ver se os papais conseguem descobrir. - A médica brincou, enquanto passava o aparelho pelo ponto certo da barriga da morena.

E foi então que o casal, simultaneamente, viu o que tanto ansiavam, os olhos brilhando de contentamento ao sanar uma dúvida de meses.

Cerca de quarenta minutos depois, Marinette já se encontrava deitada no leito em que passaria a noite, com Adrien posicionado na poltrona ao seu lado. A enfermeira passava as últimas instruções, orientando que eles lhe chamassem se qualquer coisa fora do comum acontecesse, retirando-se em seguida.

Quando finalmente perceberam-se sozinhos, os dois companheiros se encararam longamente.

Tantos sentimentos podiam ser percebidos naquela troca de olhares... 

Desde o medo da perda que sofreram mais cedo, até o contentamento pela notícia que haviam recebido a pouco. Esse último, com certeza, superava todos os outros.

— Até que enfim! Pensei que aquela mulher não fosse embora nunca! - Uma voz feminina e ansiosa, pôde ser ouvida do quarto, fazendo com que o casal sobressaltasse. Marinette, particularmente, quase caiu da cama ao ver sua amiga Alya sair do banheiro do quarto hospitalar, seguida de perto por Nino, Chloé Bourgeois e seus três kwamis. Adrien estava tão surpreso quanto.

— O que vocês estão fazendo aqui? - O loiro indagou, levantando-se.

— Como “o quê”? - Nino devolveu a pergunta. - Viemos ver como a Marinette está, já que você não atende a droga do celular. - Acusou.

— E como entraram? - Indagou a asiática. - O horário de visitas acabou.

— É por isso que passamos a última hora espremidos nesse banheiro minúsculo. - Chloé respondeu com descaso, enquanto polia as unhas usando sua lixa cravejada de cristais Swarovski.

— A Chloé usou a influência do pai dela para descobrir o quarto em que você ia ficar, amiga. - Alya continuou, aproximando-se do leito de forma preocupada. - Só que o nome dele só serviu para isso mesmo, já que não nos deixaram entrar fora do horário de visitas de jeito nenhum. - Provocou.

— Eu deveria ter deixado você vasculhar quarto por quarto em busca dela então! - A loira ralhou, apontando-lhe a lixa.

— Calem a boca vocês duas! Querem que nos encontrem e nos expulsem? - Nino colocou-se entre a loira e a noiva.

— E como vocês chegaram aqui então? - Adrien continuou, desconfiado.

— Pela janela. - Os três, casualmente, responderam em uníssono, apontando as vidraças que encontravam-se abertas, como se o fato de estarem no sétimo andar fosse completamente irrelevante.

Foi quando uma risada divertida cortou o ambiente, chamando a atenção de todos.

Marinette levou as mãos aos olhos, limpando a umidade decorrente das gargalhadas que emitia, para em seguida, mirar cada um de seus companheiros separadamente.

— Vocês não existem, gente! - Exclamou, animada. - Eu estou bem! E o bebê também,  sério. Só estou em observação por precaução. - Explicou.

— Viu? - A loira retomou a palavra. - Precisava de todo esse drama? - reclamou, vontando-se para Alya. - Eu podia muito bem ter recebido essa notícia por telefone, no conforto do meu quarto. - Declarou, fazendo pouco caso. O fato é que nunca admitiria que estava realmente preocupada com alguém, ainda mais se esse alguém fosse Marinette, sua antiga rival. Mas todos sabiam que ela estivera aflita, caso contrário, jamais teria desperdiçado seu tempo confinado em um banheiro minúsculo, na companhia de mais duas pessoas.

— Obrigada pelo preocupação Chloé. - A asiática remungou, rolando os olhos para cima.

— De nada, queridinha. - Bourgeois agitou as mãos, indiferente. - É bom que você cuide desse pirralho de agora em diante, pois eu não pretendo entrar em um banheiro de hospital nunca mais! - Declarou, enérgica.

— Deixa essa daí amiga! - Alya exclamou, abraçando a morena. - Estou tão feliz que esteja bem! Não imagina o quanto fiquei preocupada com vocês! - Desabafou. - Você é louca, sabia? Entrar em uma batalha daquela forma, sem estar transformada! - Censurou.

— É, mas foi graças a ela que ganhamos. - Nino defendeu, recebendo um olhar irritado do melhor amigo. - O quê? Você sabe que é verdade. - Justificou-se. - Você foi irada Marinette! Provou que é a Ladybug com ou sem a máscara. - Elogiou.

— Obrigada Nino. - Agradeceu a morena. - Mas agora, eu realmente pretendo deixar a Ladybug de folga, até que Louis nasça. - declarou, repentinamente atraindo a atenção dos amigos.

— Espera! - Alya exclamou. - Até que quem nasça? - Indagou, afastando-se.

Foi então que Adrien e Marinette trocaram um olhar cúmplice, antes de voltarem-se para os amigos.

— Mari e eu já sabemos o sexo! - Exclamou o loiro, animado.

— É. - Confirmou a asiática. -  E agora, pelo visto, vocês também sabem, já que a minha boca grande estragou a surpresa. - Lamentou.

— Então, vocês querem dizer que o bebê é… - Alya começou, cerrando e erguendo os punhos ante o busto em expectativa.

Novamente, Adrien e Marinette se encararam sorrindo, antes de proferirem, em uma só voz.

— Menino!


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Notas finais do capítulo

É isso.

Espero que tenham gostado.

Eu, sinceramente, sou uma negação em trechos de batalha e tive que dar uma boa viajada. Mas, bem, a Ladybug sempre resolve os problemas dela de forma inusitada mesmo. Ao menos é o que eu acho.

Caso o nome dos novos membros da equipe sofram alterações oficiais, eu atualizo o capítulo.

Até o próximo, que será inteiramente focado no romance do casa! *-*



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