POV Justin

Durante a viagem Alethia se manteve calada, fone nos ouvidos, absorta nos próprios pensamentos. Eu já havia decidido que, assim que chegássemos, eu e Alethia iríamos logo a uma farmácia e depois ao ginecologista, mas eu não havia dito isso pra ela ainda. Já passavam das duas da manhã quando nós achamos um posto de gasolina e decidimos parar.

- Hey Justin, esse aqui tem farmácia. – Kimberly disse enquanto ia ao encontro de Peter.

Eu me encostei no carro e Alethia encostou-se ao meu lado, apoiando a cabeça no meu ombro enquanto observávamos os outros na loja de conveniências

- Que foi? – eu sussurrei.

- E se eu estiver grávida? – ela disse sem me olhar.

- Você não está. Relaxa. – eu disse tentando acreditar nas minhas palavras.

- E se eu estiver? Sempre tem a possibilidade. E eu transei dois dias seguidos sem camisinha. Se não for de Eros, é seu. – ela disse com a voz falhando.

Meu coração subiu algumas batidas.

- Você tá nervosa com essa possibilidade?

- Não... Na verdade eu vim imaginando como seria. – ela disse e eu vi sua mão deslizar até seu ventre.

- Hey, sem perder o juízo agora, pelo amor dos deuses. – eu disse mais pra mim do que pra ela.

- E se for seu? – ela disse depois de um tempo em silêncio.

Eu engoli seco. Se fosse de Eros, tio Percy me mataria. Se fosse meu tio Percy me mataria.

- Que isso Ale, você nem sabe se tá grávida, o que eu tenho certeza que não, e já tá escolhendo o pai. – eu disse tentando sorrir.

- Como eu vou contar pros meus pais? – ela perguntou em pânico.

- Bom, eu estou morto mesmo, então você pode dizer pra eles que eu te estuprei. – eu disse tentando fazer graça.

- Nem vem, se for seu ou não, eu preciso de você vivo. – ela disse beijando meu pescoço.

Eu sorri.

- Sempre juntos, não importa o que aconteça, lembra? – ela disse em meu ouvido.

Eu respirei fundo e peguei sua mão.

- Vamos resolver isso logo. – eu disse enquanto a puxava pra farmácia que era muito pequena.

- Dean eu quero uma cherry coke e batata frita! – ela gritou quando passamos pela loja de conveniências.

- Pois não? – disse a balconista com um sorriso.

- Anticoncepcionais e um teste de gravidez, por favor. – eu disse de fôlego. Em termos relativos, Alethia que deveria estar pedindo.

- Sua namorada está grávida? – ela perguntou de costas pra mim, mexendo em uma prateleira.

- Estou torcendo pra que não. – eu disse olhando pra Alethia.

- Boa sorte então. – ela disse quando eu dei o dinheiro a ela. – Vocês parecem tão novinhos.

Eu sorri meio constrangido e peguei a sacola.

- Você sabe como usa isso? – eu perguntei olhando o teste dentro da sacola, já do lado de fora da farmácia.

Alethia riu com gosto.

- Você está preocupado comigo? – ela perguntou de um modo meigo.

- Algum de nós dois tem que estar você não acha?

Ela riu de novo enquanto pegava a sacola da minha mão.

- Te vejo daqui a pouco. – ela disse tranquilamente e foi em direção ao banheiro.

Eu fui até os outros, mas dentro da loja eu me encostei-me à parede e comecei a bater minha cabeça nela.

- Justin, meu amigo, se acalme. Você está parecendo o namorado corno da menina com suspeita de gravidez, torcendo pra ela não estar grávida do outro! – Peter disse.

Eu simplesmente fechei os olhos e continuei a bater minha cabeça.

- Quase isso. – eu disse depois de um tempo.

- Falando nisso, cadê a moça com suspeita de gravidez? – Diana perguntou.

- Dá pra não usar essa frase, por favor? – eu pedi pontuando cada palavra com uma batida.

- Tá bom, mas relaxa Justin! – ela disse.

Pouco tempo depois Alethia entrou na loja sorrindo.

- E ai? – eu perguntei me aproximando dela.

- Negativo! – ela anunciou e os outros logo entenderam o que ela tinha feito.

Eu fui o último a ser abraçado.

- Como você está se sentindo? – perguntei em seu ouvido.

- Não sei ainda. – ela respondeu.

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Eu liguei pro meu pai pra avisar que estávamos chegando, ele só disse pra eu levar Alethia pra nossa casa e desligou. Depois de deixar Kimberly em casa, nós fomos “encarar as feras”.

Eu abri a porta bem devagar, minha mãe me esperava ao lado do batente.

- Justin Richard di Ângelo, eu vou matar você! – ela disse sem me olhar.

- hã... Oi mãe, bom te ver. – eu disse.

- Sem gracinhas. – ela disse.

- Vocês já souberam o que aconteceu? – Alethia perguntou timidamente.

- Parcialmente, seus pais foram ao Olimpo saber a história toda.  – meu pai disse conduzindo Alethia até o sofá. – Era Eros mesmo?

- Era. – Alethia confirmou.

- Mas porque ele foi justamente atrás de você? – minha mãe perguntou se sentando no braço do sofá.

Nessa hora, a porta da sala se abriu revelando a tia Annabeth.

- Porque a história do Justin e da Alethia está exercendo um certo fascínio sobre os deuses. Eros, infantil como é, não quis perder a festa. – ela disse sentando ao lado da filha. Eu não consegui identificar nada além de raiva em sua voz.

- História? – minha mãe perguntou olhando pra mim.

Eu encarei o tapete.

- Foi Afrodite quem mencionou a história. – tia Annie disse e eu levantei o olhar a tempo de ver Alethia buscando apoio em mim.

Eu estava tão nervoso quanto ela. Se tinha alguma possibilidade da gente querer esconder aquilo, ela foi por água abaixo.

- Cadê o Percy? – meu pai perguntou.

- Ficou no Olimpo xingando Eros, Afrodite xingou Percy, Poseidon xingou Afrodite, Hefesto xingou Poseidon até que Hefesto disse que a culpa era do Justin, aí Hades se envolveu e aí já sabe né? Nem Zeus pode controlar a situação.

Meu pai murmurou alguma coisa em grego antigo e minha mãe assentiu, depois, ele sumiu pela sombra do corredor.

Depois de uma conversa breve, minha mãe e a tia Annie decidiram conversar comigo e com Alethia separadamente, assim elas se foram.

- Pode começar. – Minha mãe disse sentando-se na minha frente.

Decidi começar pela história com Eros. Ela pareceu me perdoar. Aí eu contei da noite do baile em que eu quase beijei Alethia até o dia que nós transamos. Minha mãe ficou estática me olhando por tanto tempo que eu cheguei a preferir que ela tivesse gritado comigo.

- Então você gosta dela? – ela perguntou depois de uns quinze minutos. Eu assenti. -  De verdade? – Assenti de novo.

Minha mãe suspirou e sorriu.

- Você tem muita sorte que seu tio teve que convencer Atena de que ele era bom pra Annabeth, se não ele ia te matar.

- Não entendi.

- Se Percy convenceu Atena, porque você não pode convencê-lo de que é bom pra Alethia? – ela disse e eu sorri.

POV Alethia 

Duas semanas depois

Durante essas suas semanas, eu quase não vi o Justin, ele me disse que estava evitando meu pai, mas não quis me dizer o porquê. Eu tentei contar a ela que meu pai não estava bravo com ele nem nada, mas ele não quis saber. Hoje eu e as meninas estávamos na casa da Nichole, Kimberly estava atrasada, disse que ia sair com o Peter. A essa altura, Diana já tinha percebido o que estava rolando entre mim e o Justin - Peter e o Dean já sabiam, mas fingiam que não – mas não insistia muito.

A campainha tocou, pouco tempo depois, Nichole voltou ao quarto acompanhada de uma Kimberly eufórica.

- Gente! O Peter! [AAAAAAAAAAAAAAA] o Peter ele...

- Fala logo menina! – Diana disse.

- Ele me pediu em namoro! – ela exclamou pulando em cima da cama da Nichole.

- Quê?! – eu exclamei surpresa. Nunca esperaria uma atitude dessas do Peter, ele nunca foi do tipo que namora.

Eu estava muito feliz por ela, era impossível não ser contagiado pela felicidade dela, mas tenho que confessar, eu estava esperando pelo mesmo pedido da parte do Justin.

Eu fiquei absorta em meus próprios pensamentos, devaneando sobre como seria se Justin me pedisse em namoro.

- E aí Alethia, como você está? – Kimberly perguntou de repente.

-Hm?

- Você sabe, sobre a gravidez e tal. – Ela disse em voz baixa.

Todas já sabiam que eu tinha transado com um estranho e Hayley chegou à conclusão que haviam feito mandinga pra mim.  

Mas eu tenho que assumir também que não estava me sentindo feliz, porque eu tinha me acostumado rápido demais com a idéia de ser mãe e, não importava quem fosse o pai, Justin disse que ficaria comigo. E agora, eu não estava grávida, não tinha o Justin, muito menos Eros. Não que eu gostasse de lembrar daquele dia, mas tenho que confessar que foi bom.

- Eu estou normal. – eu respondi.

- hm, mas vamos mudar de assunto: o concurso de talentos está chegando, alguém aqui já sabe o que vai fazer? – Micaelly perguntou.

A partir daí o assunto ficou leve, enquanto nós pensávamos no que fazer pro concurso que seria dali a uma semana.

POV Justin 

Cinco dias depois

Minha cabeça estava a mil por hora enquanto eu esperava meus pais e meus tios em casa. Já tinha decidido tudo o que faria na apresentação, aquela noite seria meu último ensaio. Mas antes de fazer a apresentação, eu tinha que conversar com meus tios, cara a cara, contar tudo o que eu sentia apesar deles já saberem, e tinha que saber se eles me aprovariam como afilhado e genro.

Eu já estava com o coração – pra não falar outra coisa – na mão antes do meu pai abrir a porta, quando ele abriu e veio seguido do meu tio, ambos de terno e gravata, sérios, eu fiquei mais nervoso ainda.

- Justin! – meu tio saudou vindo me abraçar.

Eu nunca tive tanto medo daqueles olhos, e eu nem tinha motivos pra isso, já que meu tio só ouviria de mim uma história que ele já sabe.

- Você quer falar comigo? – ele perguntou meio sarcástico.

Respirei fundo, consegui reunir um pouco de confiança pra responder o “sim” e ainda consegui sorrir. Meu pai subiu com a desculpa de que iria trocar de roupa, eu e o tio Percy sentamos frente a frente.

- Pode começar.