Asas douradas - Fremione escrita por Lumos4869


Capítulo 29
Capítulo 29 - Do outro lado da margem




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Capítulo 29 – Do outro lado da margem.

O lugar onde estava era escuro e frio. Não parecia ter vida e muito menos fim. Hermione se sentou no gramado seco e colocou sua cabeça entre os joelhos. Sua mente estava presa em um labirinto infinito e todos os seus medos a sufocavam. Não conseguia se lembrar de como chegara ali e muito menos conseguia se lembrar de quem era. Por mais que se esforçasse, seus olhos não conseguiam focalizar em nada. Estava se sentindo sozinha e fraca.

Ela se levantou lentamente tentando manter seu equilíbrio, sem sucesso. Depois de cair diversas vezes, Hermione conseguiu chegar até um rio que cortava a paisagem. Ela observou com dificuldade os detalhes do outro lado da margem. Havia uma floresta, que diferente do lado onde a castanha estava, parecia ser cheio de vida.

— O outro lado representa a vida. – uma voz fina chamou sua atenção e ela levou um susto ao encontrar uma menina pequena ao seu lado. Ela era franzina e branca como a neve. Seus olhos grandes e azuis e seus longos cabelos loiros faziam com que ela lembrasse uma boneca. A menina sorria de forma gentil e Hermione sentiu seu coração se aquecer.

— Esse lado então representa a morte? – a castanha perguntou baixo.

— Depende do seu ponto de vista. – a criança se sentou ao lado dela. – A vida é muita mais do que simplesmente vida e morte. Você deveria atravessar o rio, sabe? – a menina apontou para o rio calmo. – Você pertence a outra margem.

— E você viria junto comigo? – Hermione perguntou.

— Não é o momento certo ainda. – ela sorriu um pouco triste. – Mas não fique triste por mim. – a menina acariciou levemente o rosto da maior. – Está na hora de eu ir e você também. – ela se levantou e bateu levemente em seu vestido amarelo.

— Mas você vai permanecer em um lugar tão frio e cinza como esse?

— Tudo depende sempre do seu ponto de vista. – ela sorriu e abriu seus pequenos bracinhos. – Aqui é o meu lar.

E tudo mudou.

O gramado seco deu lugar a um bem verdinho com flores; o lugar antes cinzento se tornou em uma explosão de cores e Hermione observava tudo a sua volta boquiaberta. Uma pequena figura também se aproximou delas, mas a castanha não conseguia ver nitidamente seus traços.

— Adeus, Mione. – a pequena criança acenou e foi em direção a figura.

— Espera! Quem é você? – ela tentou alcançar a menina, mas seu corpo já não se mexia mais.

— Hum... Quem sou eu? – a menina se questionou antes de dar uma risadinha gostosa. – Lyra. Eu seria Lyra, né? – ela olhou para a figura ao seu lado que balançou a cabeça. Hermione conseguia perceber que estava indo embora daquele lugar, mas mesmo assim permanecia confusa. Ela olhou com curiosidade a figura ao lado de Lyra.

— Lembre-se sempre de quem você realmente é, Mione. – a figura falou e a mente de Hermione finalmente entrou em seus devidos eixos. Os olhos da castanha se encheram de lágrimas que ela já não conseguia controlar. – Às vezes, precisamos voltar as nossas origens para salvar quem amamos. – a figura falou entre lágrimas também.

— Leo. – a castanha sussurrou antes de ser levada daquele lugar. A última imagem que guardou foi a de Leo e Lyra com as mãos dadas enquanto sorriam para Hermione.

*****

Mesmo de olhos fechados, Hermione conseguia reconhecer o par de braços que a segurava com delicadeza enquanto a balançava gentilmente dentro da água.

— Hey, meu anjo. – a voz suave de Fred fez com que ela abrisse seus olhos lentamente. Notou que estava na sala precisa.

— Hey. – ela sorriu torto e acariciou o rosto cheio de sardas de seu namorado. Fred a tirou da água e a levou até a parte seca da sala. Hermione olhou em volta e viu que além de Fred, seus amigos também estavam ali. Todos eles pareciam aflitos e pensativos enquanto George e Hope permaneciam calmos. – Lea. – ela falou surpresa e esticou os braços na direção da loira que prontamente a abraçou. Aproveitando esse momento, George secou o casal com a varinha.

— Eu vim assim que ouvi que encontraram você no corredor. – a loira sussurrou. – Como eu podia deixar você em um momento desse?

Fred deitou sua namorada com cuidado em uma cama que surgiu na sala e seus amigos se juntaram em volta dela. Os gêmeos então explicaram sobre as crises de Hermione e o que fazer para acalmá-la nessas horas. Falaram também que tudo isso está relacionado à quando ela tem um choque emocional muito grande.

— Vocês já viram um desses, certo? – George apontou para seus irmãos caçulas. – Ela teve a primeira quando Harry participou da terceira tarefa do Torneio.

— Vocês a levaram até a água naquele dia também. – Rony comentou.

— O que aconteceu dessa vez, meu amor? – Fred acariciou o topo da cabeça de Hermione. Ela contou a eles sobre o Malfoy e sua mãe; como o plano de resgate havia falhado e também sobre seu sonho. Ela descreveu cada detalhe que se lembrava, mas sua cabeça ainda doía bastante.

— Você sabe que não é sua culpa, né? – Ginny segurou uma de suas mãos com lágrimas nos olhos.

 - E-eu tento me convencer. – a castanha desabafou. – Mas eu sinto que eu tenho uma parcela de culpa sim. O que mais me doeu foi ver que não havia mais esperanças nos olhos de Malfoy.

— Se for para alguém levar a culpa, que seja eu. – George se pronunciou depois de ouvir Hermione calado. – Eu fiquei responsável pela segurança deles naquele dia.

— Não tinha como sabermos que aquelas correntes iam nos tirar de lá. – Fred falou. – Não conheço a dor que é de crescer em um lar quebrado como a dele e muito menos sei a dor de perder um irmão. Porém, eu conheço o lado positivo da vida. Crescemos sem termos muitas coisas materiais, mas ricos em sentimentos. – ele olhou nos olhos de cada um de seus irmãos. – O Malfoy é o exato contrário de nós. Eu particularmente não sou um grande fã dele, mas ele não merece tudo que está passando.

— Ninguém merece isso. - Hope falou baixinho. Luna a abraçava carinhosamente de lado. – Você disse que teve um sonho, certo? Você acha que isso pode ter sido real?

— Eu sinceramente não sei. – Hermione falou. – Mas no fundinho da minha alma, eu sinto que foi real, que ele estava lá. – ela falou com um sorriso triste e Hope se encolheu nos braços da irmã. Nicholas estava um pouco mais afastado do grupo encostado na parede. Ele ouvia tudo atentamente sem saber o que sentir.

— E essa Lyra, você acha que...? – Harry questionou sem terminar a pergunta.

— Ela era tão parecida com o Malfoy... – os olhos de Hermione se encheram de lágrimas e todos tiveram a resposta.

*****

A mente de todos os alunos de Hogwarts estava uma confusão devido aos últimos acontecimentos, principalmente o de Hermione e seus amigos. Se recuperavam aos poucos de suas feridas tanto físicas como mentais, tendo algumas cicatrizes que ficariam com eles por toda a eternidade.

Harry Potter foi chamado à sala de Dumbledore e lá, o diretor contou a ele sobre a profecia que foi feita sobre o menino que sobreviveu e aquele que não deve ser nomeado. Alguns pequenos detalhes foram fazendo sentindo a Harry e ele questionou o mais velho o porquê de ele não ter contado antes de tal profecia. Dumbledore apenas balançou a cabeça e respondeu que não estava na hora certa.

O fim do quinto ano estava chegando e com ele, diversos sentimentos invadiram os corações de nossos heróis. Alguns sentiam o alívio de poder finalmente ir para seus lares e renovar suas energias. Outros sentiam-se aflitos de estarem longe do lugar considerado mais seguro do mundo bruxo.

Hermione estava sentada no jardim da escola olhando para o nada. Tinha decisões a serem feitas que quebravam seu coração, tinha perguntas sem respostas e tinha um coração tão machucado que quase não batia mais. A única certeza que carregava consigo era a de que precisava se fortalecer e dar um fim àquela guerra.

— Um galeão por seus pensamentos. – Fred surgiu por trás e a abraçou.

— Só um galeão? – a castanha arqueou uma de suas sobrancelhas e sorriu. – De tanto que você aparece em Hogwarts, logo mais sua mãe te obriga a voltar, sabe disso não? – ela riu.

— Não tenho culpa se meu coração fica aqui. – ele a beijou.

— O que você e George fazem tanto no tempo livre de vocês? – ela questionou assim que se separaram. – Eu sei que não é só a loja porque pelo que me disseram, já está tudo no jeito.

— Você quer mesmo saber? – ele abriu um sorriso sacana antes de receber um tapa leve de sua namorada. – Eu e George estávamos tentando localizar outros anjos caídos. – ele respondeu deixando Hermione surpresa. – Só que não temos magia o suficiente ainda e por isso não tivemos sucesso.

— Wow. – ela soltou. – E como vocês me deixaram fora disso, senhor Weasley? – ela arqueou a sobrancelha.

— Você já tinha muitas preocupações e queríamos te ajudar de alguma forma. Acreditamos que se conseguirmos juntas mais anjos caídos, mais forte nos tornaremos. Eu sei que não há muitos por aí, mas sabe que eu faço de tudo por você, futura senhora Weasley. – ele beijou sua testa.

— Eu não mereço você. – ela sorriu e o abraçou forte. Ele era seu porto seguro e seu lar.

— E que pensamentos te atormentavam, anjo meu? – foi a vez de Fred perguntar.

— Eu tenho medo do que Voldemort possa fazer agora que sabe que tanto eu como Hope somos anjos caídos. – ela abaixou o olhar. – Tem uma ideia que vem assombrando minha mente já a um tempo, mas não sei se tenho coragem de realiza-la.

— E qual seria essa ideia? – ele questionou sério. Hermione suspirou antes de responder.

— Destruir a minha existência da memória de meus pais.


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Notas finais do capítulo

Talvez muitos de vocês estranhem o fato de Hermione pensar dessa forma agora e não no começo de Relíquias a Morte. Mas nesse ponto da história, ela e Hope têm um alvo enorme em suas costas (talvez até mesmo maior que a de Harry) e precisam a se preparar para lutar.
Beijos e qualquer dúvida, estou a disposição!
Até o próximo capítulo!



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