O Senhor Cupido escrita por jduarte


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Não me matem, continuarei a história, mas estava atarefada! hahaha
Espero que gostem!
Bjs, Ju!



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A luz que me cegou quando abri os olhos não foi o que me acordou bruscamente, e nem a dor de cabeça que se seguiu quando eu me levantei. Não. O que me acordou foi a pancada insistente na porta, que parecia querer arrancá-la das dobradiças.

Proferindo diversos palavrões diferentes, tanto em minha cabeça quanto em voz alta, me olhei no espelho e tive a sensação de que um caminhão tivesse literalmente passado por cima de mim.

Minha cara amassada e completamente borrada da maquiagem da noite anterior, foi a primeira coisa que notei ao me olhar no espelho. A segunda coisa foi o ninho de mafagafos castanho que se amontoava no topo de minha cabeça, anteriormente conhecido como meu cabelo. Meu vestido estava semi aberto, como se eu tivesse desabotoado os botões, mas não tivesse tido a coragem de tirar o resto, e meu sutiã bege aparecia entre os pedaços de tecido tortos.

Tentei ajeitar-me ao máximo e mesmo o meu máximo parecia completamente inútil em meio à catástrofe ambulante que eu me encontrava.

— Alexis! – ouvi a voz de minha mãe gritar e minha cabeça latejou mais uma vez.

Não me importei em lhe responder e abri a porta. Minha mãe me olhou com uma cara feia, nitidamente irritada, enfurnada em um de seus vestido prediletos – um dos diversos que meu pai havia lhe dado num dos seus aniversários de casamento.

— Você está com uma aparência péssima.

Revirei os olhos e deixei que ela passasse por mim, sem lhe dizer absolutamente nada. Tentei ajeitar o vestido e ele escorregou de novo por meu braço.

— Precisamos nos arrumar para o almoço com a sua irmã. Eu trouxe as maquiagens básicas para você se maquiar, mas acredito que teria sido mais fácil trazer a minha maleta inteira...

Minha mãe era maquiadora profissional de artistas famosos e insistia que eu me maquiasse sempre, e me tornasse uma guru da maquiagem como ela.

Sentei-me na cama para tentar me recompor, e senti meu corpo amolecer tanto de cansaço, quanto de ressaca. Minha mãe gritou meu nome mais uma vez, chamando minha atenção e eu jurei para mim mesma que se ela falasse alto mais uma vez, não responderia por mim.

— Seria muito bom se você parasse de gritar, mãe!

— Seria muito bom se você não tivesse me feito passar vergonha no casamento da sua irmã, mas nem tudo acontece como gostaríamos não é mesmo, Alexis?

Fechei a cara. Eu não me lembrava de muita coisa do que tinha acontecido.

Levantei e fui até o banheiro, ligando o chuveiro. Minha mãe veio atrás de mim e o fechou, sentando-me na privada.

— Não temos tempo para que você tome banho agora. Já estamos atrasadas demais.

Mamãe trabalhou em mim como nunca antes, desembaraçando a pilha de nós em cima de minha cabeça, deixando-os novamente apresentáveis, e então passando a tentar consertar minha maquiagem. O rímel escorrido não mais parecia que eu tinha uma olheira que ia até o meio de minha bochecha, e sim um sombreado de uma maquiagem nada apropriada para um almoço ao ar livre. Ela me enfiou em um dos vestidos que ela tinha trazido e eu calcei os mesmos saltos da noite anterior, sentindo algo melado em meus pés.

— Pronto.

— Eu pisei em alguma coisa melada? – perguntei, analisando o salto.

Minha mãe arrumou alguma coisa em sua bolsa.

— Tirando o molho de camarão e mais um monte de bebidas, acredito que não.

— Olhe, eu não fiz por mal, mãe... Você precisa entender...

— Eu entendo, Alexis, eu realmente entendo. Mas você precisa seguir em frente. Você sempre falou mal do garoto e agora o quer de volta? – minha mãe disse enquanto me interrompia, e eu fechei a boca.

O caminho todo até o restaurante foi extremamente silencioso, e eu me senti como um pedaço inútil de carne. Minha mãe foi animada e cordial com todos enquanto eu simplesmente me deixei ficar desfocada ao fundo. Meus óculos de sol estavam grudados em meu rosto e eu não pretendia tirá-lo de maneira nenhuma.

Foi quase possível cortar a tensão que pairava no ar, com uma faca cega. Minha irmã e Jax babaca Rogers também fingiram demência à minha chegada no restaurante. Eu pedi aos céus que um buraco surgisse debaixo de meus pés e engolisse-me em segundos.

Eu queria desaparecer naquele instante, mais do que tudo.

Eu não tirei meus óculos e minha mãe também não insistiu. Ela sabia que me obrigar a ficar no mesmo recinto que minha irmã e meu ex – agora seu marido –, me apetecia tanto quanto enxaguar a boca com ácido clorídrico.

— Jax, meu amigo, como foi a noite ontem depois que fomos embora? – um de seus primos perguntou e eu instintivamente tensionei os músculos.

Minhas costas arderam com os olhares das pessoas.

Uma mulher o chutou por debaixo da mesa de uma maneira nada sutil e eu permaneci calada.

— Desculpe, - ele sussurrou para alguém, ou para ninguém.

Jax aproveitou o silêncio mórbido para emendar algum assunto, enquanto bebericava uma taça de vinho.

A lembrança do vinho pesou em meu estômago como uma grande e gorda pedra. Zachary entrou vestido com o que parecia ser uma tentativa falha de uma camiseta florida, que não combinava com seus shorts bege, completamente destoado do tema leve que minha irmã havia escolhido para o almoço. Sorri, agradecendo mentalmente que a atenção tinha se desviado momentaneamente de mim por alguns instantes.

Zachary era a atração principal, carregando no rosto o mesmo sorriso que eu tinha visto tantas vezes antes. Ele me pegou o observando com estranheza e disse algo para minha irmã, que assentiu, e então veio andando cambaleando em nossa direção. Eu resisti à vontade de me esconder embaixo da mesa que tínhamos escolhido para sentar – o mais longe do casal feliz que eu poderia ficar –, e decidi enfrentar a enxurrada de palavras que sairia da boca de Zachary assim que ele se aproximasse demais de nós.

— Você deveria agradecê-lo. – minha mãe me disse e eu não entendi. — Ele que cuidou de você ontem.

—- Não, não foi. – discordei.

Minha mãe se ajeitou na cadeira, pronta para se levantar e sorriu para mim.

— É claro que foi. Ele que se ofereceu para cuidar de você e a levou para o hotel de volta.

Tentei fazer com que minha mente se lembrasse dos acontecimentos da noite anterior. De ter visto Zachary cuidar de mim. Tentei fazer com que o rosto rechonchudo dele se encaixasse em minhas lembranças, mas ele não estava em nenhuma delas. Tinha sido outro homem.

Vasculhei minha cabeça novamente à procura de um nome.

Talvez começasse com a letra G.

Não.

Eros.

— Foi Eros e não Zachary.

Minha mãe riu e colocou a mão em minha testa, medindo minha temperatura.

— Querida, você está passando bem? Não conhecemos ninguém na lista de convidados chamado “Eros”.

Meu estômago se revirou nervosamente dentro de mim, e não por causa da ressaca que ainda perdurava em meu corpo.

— Eu tenho certeza que o homem se chamava Eros, mãe. E ele quem apresentou Jax à Clarice.

Mamãe me olhava como s mais uma cabeça tivesse crescido do nada em meu pescoço. Ela me olhava como se mais uma palavra que eu dissesse soasse como um aviso para ela ligar para o hospício mais próximo.

— Alexis, não seja ridícula. Quanto foi que você bebeu ontem?

Ela dirigiu sua atenção à Zachary que nos alcançado e eu respirei fundo, tentando juntar os fragmentos falhos de minha memória.

Eu sabia que tinha sido Eros.

Mas o que eu não conseguia parar de pensar era:

Quem diabos era Eros?


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Notas finais do capítulo

Continua?



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