CAPÍTULO 5: UM ADEUS E UM REENCONTRO

— Inaceitável!

Exclamou a mulher furiosa.

— Mas ele apenas se defendeu!

Indagou a mulher de curtos cabelos pretos.

— O seu filho quebrou o pulso de um deles, outro estava com uma contusão no estomago, e claro, um deles estava esfaqueado!

— Eles apontaram a arma primeiro, por acaso queria que nosso filho recebesse tudo em silêncio? 

Falou o homem rígido. A mulher sentada a frente do casal respirou fundo, logo ajeitando seus óculos um pouco frustrada. Encarou o garotinho sentado entre o casal, o mesmo parecia ser o mais calmo ali. 

Sinceramente Sai não se arrependia do que havia feito, ao contrário se sentia aliviado e até mesmo, feliz? Havia protegido sua amiga e se vingado de tudo que eles já haviam feito contra ela. Toda aquela raiva que guardava sumiu no exato momento que viu todos caídos no chão gritando de dor.

— Olha, não é isso que quis dizer, não significa que os três vão ficar nesta situação sem serem punidos. Sinceramente se não fosse suas idades, provavelmente iriam para o Centro de Detenção Juvenil...

Falou mais calma.

— Sei que seu filho apenas tentou se defender, porém os seus atos foram muitos frios e violentos, os alunos estão todos assustados com o ocorrido, e apenas piorou a impressão que tinham sobre ele. Os pais não irão querer deixar seus filhos em uma escola com crianças assim. Sinto muito, mas ele não poderá mais ficar nesta escola...

***

— Sai!

Sakura correu até o garoto parado no corredor, por um momento encarou a porta que tinha uma pequena placa escrita "Diretoria".

Olhou triste para o menino pálido. 

— Soube que os três serão expulsos da escola. - Hesitou em falar do assunto, mas queria saber o que iria acontecer com ele agora. - Esta esperando seus pais?

Silencioso o garoto confirmou com a cabeça.

— O que irá acontecer com você?

Perguntou com medo em sua voz.

Sai prosseguiu calado, os olhos escuros caíram sobre Sakura, observou a bochecha branca que agora estava livre da mancha impura do vermelho vivo. 

Havia passado a noite inteira apenas pensando nisto, o vermelho vivo destacado na brancura da pele de Sakura, aquilo chamou tanta sua atenção que poderia deixá-lo obcecado por sua pele. 

— Também serei expulso.

Falou desviando o olhar. 

Sakura o olhou incrédula.

— Co-Como assim?! Foram eles que começaram!

Aumentou o tom de voz que ecoou no corredor vazio.

— Sim, mas eles julgaram meus atos como violentos de mais, eles não querem crianças do tipo nesta escola.

Falou calmo.

— Mas!

— Eles nunca me quiseram aqui. 

Sakura o olhou surpresa. Sai sabia que não eram apenas os alunos que o achavam estranho e assustador, os funcionários e professores também o olhavam de forma estranha. 

— Como pode estar tão calmo?!

Indagou Sakura em uma voz chorosa. Sai a olhou com uma certa surpresa.

— Não poderemos mais nos ver...

Sua voz saiu embargada de tristeza, inutilmente tentou enxugar as lagrimas que caiam. 

Sai não soube o que fazer, apenas continuou olhando surpreso para a garota. 

Não havia pensado nisso, realmente não poderia mais vela se por acaso saísse daquela escola.

Não gostava do incomodo que sentia ao ficar longe da garota radiante, se apenas alguns dias o incomodava, então anos, ou até mesmo para sempre, seria algo insuportável. 

Muito pior, finalmente havia encontrado uma cor perfeita, que se contrastava perfeitamente na pele branca da garota que tanto desenhava. Como conseguiria saciar sua vontade de desenha-lá? Ou até mesmo sentir o toque dos lábios que para ele ainda não era tão conhecidos, apenas os sentiu uma vez.

Sai gostaria de conhecer quais cores mais se encaixavam perfeitamente na pele branca de Sakura, gostaria de conhecer o toque daquela pele que o chamou tanta atenção. 

Sem pensar sua mão foi se aproximando do rosto banhado em lágrimas que era coberto pelas pequenas mãos da rosada. 

A porta da diretoria foi aberta com uma certa brutalidade fazendo a pequena dar um pequeno pulo de susto. 

— Vamos Sai!

A mulher agarrou o braço estendido do garotinho o puxando para longe da rosada. Sakura o olhou com desespero, um homem também saiu da sala, mandou um olhar indiferente para a garota logo a ignorando pegou o mesmo caminho que esposa e filho. 

Sai não conseguiu tirar os olhos de Sakura, a garota ainda chorava, o olhava com súplica nos olhos.

— Não me olhe assim... - Resmungou baixinho se virando. - Sou apenas uma criança, não posso fazer nada...

Pois se pudesse, já teria se livrado dessas pessoas a um bom tempo. 

Começou a sentir o mesmo desconforto que tanto odiava.

Dali pra frente Sai saberia o quanto era ruim ter sentimentos...

7 anos depois...

— Naruto espere por nós! 

A garota de cabelos rosas tentava alcançar os longos passos do seu amigo loiro.

— Se continuar assim não poderemos mais passar pelos portões!

Reclamou o loiro apressado.

— Sua culpa que não acordou!

Reclamou o moreno que também apressava os passos. 

— Cale a boca idiota você também não acordou!

— Se você não tivesse insistido tanto para jogarmos até tarde isto não estaria acontecendo! 

— Foi você que-!

— Parem vocês dois!

Exclamou a rosada que já começava a ficar ofegante. Os dois imediatamente pararam de discutir, a garota estava um pouco atrás deles, eles tinham pernas longas então seus passos eram maiores que os dela, se ainda estavam ali é porque não queriam deixar a rosada para trás.

— Nós três jogamos até tarde de bom grado então a culpa é dos três! 

Exclamou pondo um fim na discussão. Os outros dois não protestaram e continuaram sua corrida contra o tempo.

Sakura em sua tentativa de acompanhar os rapazes a garota acabou não prestando atenção por onde ia, acabando esbarrando em algo, ouviu objetos se espalharem pelo chão e algo gelado espalhar em sua bochecha. 

— Si-Sinto muito eu não queria...

Desesperada começou a pegar os tubos de tinta e pincéis espalhados pelo chão. 

— Aqui está, por sorte não danificou nada...

A rosada se virou para o dono dos objetos. 

Assim que seus olhos esmeraldas se encontraram com os escuros a garota não conseguiu mais desviá-los. 

O garoto parado em sua frente possuía uma pele branca como porcelana, seus cabelos curtos e pretos balançavam com o vento, seus olhos escuros estavam levemente arregalados com surpresa, ele estava sem reação com o tanto de sentimentos que o atingiam ao mesmo tempo.

— Sakura! O que está fazendo? Vamos logo ou perderemos a primeira aula de novo!

Ouviu a voz do seu amigo escandaloso. Aquilo tirou os dois da troca de olhares trazendo-os de volta à realidade. 

— Me desculpe por isso.

Pediu desculpas novamente devolvendo os pertences do desconhecido. 

Iria se virar já preparada para voltar a correr.

— Espere.

A voz do rapaz fez a mesma se virar novamente.

— Esta sujo.

Apontou para sua bochecha, na mesma havia uma mancha de tinta preta que se destacava em sua pele branca.

— Esta tudo bem. - Respondeu calma. - Até que fica bonito.

Abriu um sorriso amigável, o rapaz não disse nada apenas pareceu apreciar a cena. 

A garota logo voltou a correr indo em direção a seus dois amigos. 

Ouviu mais algumas reclamações vindo do loiro e depois de muito sacrifício conseguiram chegar nos portões da escola. 

O porteiro estava prestes a fechá-la por sorte apenas metade estava fechado.

Adentraram o lugar como furacões, trocaram seus sapatos e logo foram para os corredores, ainda ouviu alguém gritar com eles mandando não correrem nos corredores, porém não deram muita atenção. 

Avistaram as portas de sua sala e logo se apressaram para abri-la.

Assim que abriram as portas o local ficou em silêncio jogando toda atenção para o trio.

— Vocês estão apenas o trapo.

Falou um garoto de cabelos marrons.

— Não enche Kiba.

Falou o loiro se arrastando até seu acento. 

— Estava pintando um quadro para se atrasar tanto?

Perguntou irônica a loira que se aproximava da rosada. 

— Não, porque diz isso?

Perguntou a rosada que ajeitava sua mochila em seu acento.

— Tem tinta em seu rosto.

— Ah!

A garota pareceu se lembrar de algo.

— Acabei me sujando enquanto corria para cá.

— Conseguiu se sujar de tinta enquanto corria? Sakura você é incrível. 

Falou com uma certa ironia. 

— Não enche Ino porca. 

A rosada tirou um lenço branco de sua bolsa logo tentando limpar a tinta quase seca em seu rosto. 

Por sorte a loira ajudou a tirar a mancha ou então passaria o resto do dia com aquilo no rosto.

O sinal tocou e um tempo depois seu professor de História entrou na sala.

— Hoje teríamos um aluno novo, porém parece que não veio hoje. 

Falou o professor de cabelos brancos, o mesmo possuía uma máscara branca de hospital que cobria uma parte de seu rosto.

A sala se encheu de murmúrios, o professor iria reclamar do barulho, porém batidas na porta fizeram todos se silenciarem. 

— Entre!

Exclamou o homem.

A porta se abriu revelando um rapaz pálido, Sakura o reconheceu na hora, era o mesmo garoto que havia se esbarrado mais cedo.

— Sinto muito o atraso.

O mesmo abriu um sorriso obviamente falso.

— Então você é o novato. - O professor pareceu analisá-lo por alguns segundos. - Deixarei entrar apenas porque é o seu primeiro dia. Venha e se apresente.

O mesmo apenas fechou a porta atrás de si e se aproximou do professor, logo se virou para turma. Seus olhos escuros se encontraram com os de Sakura novamente. 

A rosada sentia um Déjà vu que não conseguia explicar.

— Podem me chamar de Sai.

Continuou com o mesmo sorriso falso em seu rosto, o rapaz apenas disse isto trazendo o silêncio de volta para a sala.

— Sai?

O nome do garoto saiu instantaneamente dos lábios rosados de Sakura.

A garota se sentiu uma idiota por não perceber antes.