Ensinando a Beijar escrita por Pakkuna
Ele estava deitado na cama
Pensando
Muito
Mais do que nunca
Ainda com aquela voz na cabeça
Dele
Falando aquelas mesmas palavras
“Você... gostou?”
Esmagou a barra que comia com força entre suas mãos
Estava com raiva? Quem sabe...
Mas não estava
Pior que não
Ele sabia a resposta
Pelo menos achava que sabia
Mas estava confuso
— Argh! – Esbravejou Mello – Eu odeio aquele albino!
Ahh... Essas palavras
Tão comuns
Mas ele ainda se lembrava não só da pergunta
Mas do que se seguiu
Flashback ON
— Como?! – Mello teve que perguntar. Já que ele próprio não acreditava no que ouvia, precisava no mínimo, ouvir de novo.
— Estou perguntando se... – Near pausou. Era muito para um dia só! – você gostou do beijo... – Disse com a cabeça baixa. Não conseguia levantá-la
Melhor, não queria
— Bem... – Mello não sabia o que responder ou o que devia responder para uma pergunta como essa. Mas espera... – Por que raios está me perguntando isso, afinal?
Pausa
Silêncio
Por alguns segundos
— Só queria saber, curiosidade – Respondeu Near, do jeito mais medíocre que existe
“Curiosidade”, sei
— Acha que eu nasci ontem? Curiosidade? Fala sério, Near! – Retrucou Mello, com um tom que continha até deboche – Mesmo qual fosse a resposta para a sua pergunta não sou obrigado a dizer nada para a sua pergunta sem sentido! – Disse, se posicionando para sair do refeitório
Deixando o albino lá
Sem sua resposta
— Mello. – Falou o albino, alto o suficiente para Mello escutar mas mesmo assim não parou de andar – Devo ter esperanças de sua resposta ser a mesma que a minha?
Ele disse
E Mello foi
Mas ele ouviu
Mas não parou
Por que não parou? Quem sabe...
Flashback OFF
“Devo ter esperanças de sua resposta ser a mesma que a minha?”
Ahh
Essa frase ecoava na sua cabeça ainda
Ele queria saber qual seria a resposta do albino?
Seria igual a sua ou não? Quem sabe...
Essas perguntas todas... acabavam com a paz dele
Agora só queria dormir
E esquecer um pouco tudo
E tendo esperança que tudo não passasse de um sonho apenas
Um sonho...
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Dia seguinte
Um novo dia
Para tentar se reorganizarem
Era sábado
Ou seja, não tinha aula
Assim todos podiam relaxar e descansar de todo o caos de ontem
Mello acordou perto das 10h da manhã
Levantou
Fez sua higiene matinal acompanhado de um banho
Pegou uma de suas barras e comeu
Já que perdeu o café da manhã que começara às 8h
Mas ele não se importava
Não estava querendo ver ninguém mesmo
Olhou para a outra cama
A do seu amigo
Aquele que dividia a quarto com ele
O ruivo
Estava tudo lá
Menos o ruivo
Deveria estar tomando café ainda
Ou brincando em algum lugar
Ou escondido em algum lugar com a Linda
Até parece que o ruivo iria parar de ver a Linda mesmo depois de tudo o que ouve
Não queria pensar em Matt
Porque se pensasse acabaria lembrando do que ouve no refeitório
Ou seja, do beijo
Ou seja, de Near
E não queria se estressar logo de manhã
Mas mesmo que evitasse
Sempre que fechava os olhos se lembrava daquela cena
E das palavras
Daquelas palavras
“Você... gostou?”
“Devo ter esperanças de sua resposta ser a mesma que a minha?”
Aquelas palavras viviam o perseguindo
Aonde quer que fosse
Ele tentava
Mas sempre era em vão
Acho que elas o perseguiam por ele não saber a resposta
Ou sabia? Sabia? Quem sabe...
Essas perguntas acabavam com sua paz
Ficava se remexendo na cama por simplesmente querer paz
— Ahh! Chega! – Extravasou Mello, não agüentando mais tudo isso
Foi para fora
Mesmo sabendo que poderia encontrar gente
Que poderia encontrar Ele
Mello quis sair
Para encontrar paz, que ironia não?
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Near estava no quarto
Com seus brinquedos
Tinha acordado às 7h
Já tinha tomado café no refeitório
Com direito a alguns risinhos e cochichos em direção dele
Mas ele já esperava por isso, claro
E também não se importava
Também já tinha adiantado alguns deveres para a próxima aula
Near era o oposto de Mello
Acho que a tal frase “Os Opostos Se Atraem” veio de pessoas como eles
Pelo menos na visão do Near
E na do Mello? Quem sabe...
— Já são 12h – Falava Near, mas nem olhando para o relógio. Intuição? Quem sabe... – Melhor eu já ir para lá – Disse, se levantando e indo em direção a porta
Ele gostava de ir para lá
Ele tinha paz
Era quieto, claro, com pouca gente e muito amplo
Perfeito para Near
Era a biblioteca
Seu lugar favorito
Ia lá para organizar suas ideias
E como estava precisando disso ele foi
Ele cruzou a porta e entrou no corredor com passos calmos
Mas só os passos estavam calmos
Ele ficava quieto enquanto acontecia uma guerra dentro dele
Ele queria respostas
Melhor
Ele queria um “Sim”
Mello também? Quem sabe...
Na verdade, os dois queriam respostas
Mas sempre se atrapalhavam
O orgulho de um impedia que continuasse
E a frieza de um não deixava as coisas seguirem
Assim ficava complicado...
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Mello andava pelo jardim
Pensativo
Sabia o que tinha que fazer? Quem sabe...
Mas se existisse uma resposta para essa pergunta
Essa resposta era sim
Ele queria se livrar de toda essa agonia
De todas essas perguntas que rodeavam por sua cabeça
De toda essa confusão
E sabia, agora, o que tinha que fazer para tudo isso acabar
Admitir para você mesmo tudo o que passava
Tudo o que sentia
Admitir, ou seja, apedrejar e triturar o seu orgulho
Porque só matar não iria ser suficiente
Então ele foi em direção a escada
Para acabar com o seu orgulho mesmo não querendo
Foi ao encontro dele
Rodeou os corredores, em todas as portas
Mas estas não o interessavam
Só queria uma
Avistou seu alvo
Bateu uma vez:
Ninguém abriu
Bateu duas:
Ninguém abriu
Bateu três, quatro, cinco:
Ninguém abriu
Impaciente abriu a porta
E para sua surpresa
Não havia ninguém lá
Parou e pensou
Aonde?
Ah, sim. Na biblioteca, é claro
Ele sempre estava lá mesmo
Ele foi
Correndo? Não, só foi com passos rápidos e certeiros
Chegou lá, abriu a porta e o viu
Sentado, montando um castelo de cartas
— Saiam. – Falou Mello, para as pessoas que estavam ali
E todos o obedeceram
A sala logo se esvaziou
Mello, andando em direção a Near,
Ia percebendo os detalhes da sala
Tipo, alguns livros no chão e nas mesas
As janelas abertas soprando uma brisa leve
Parou na frente do Near
Ele estava sentado em sua posição
Como se o loiro nem estivesse aí
— Será que dá pra você olhar pelo menos para mim? – Falou Mello, com raiva – Eu vim te dar o que você me pediu
Parece que essas palavras atingiram Near
Nesse momento ele levantou e ficou cara a cara como Mello
— O que tem para me dizer Mello? – Falou Near, com a voz calma, mas por dentro estava nervoso
— A resposta para a sua pergunta – Disse Mello, virando o rosto. Com toda sua força reprimindo seu orgulho falou – Não importa qual é sua resposta, nem se ela combina com a minha mas eu sei qual é a minha resposta e é... – Ele respirou fundo e disse – É não.
Nesse momento uma brisa forte entrou pelas janelas
Derrubando o castelo de cartas do Near
Levando ele junto
Ele esperava por isso?
Estava pronto para isso?
Quem sabe...
CONTINUA...
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