Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 34
É como andar de Bicicleta


Notas iniciais do capítulo

Hello! ;)

"Eles continuam sua missão atrás da Teselecta... Não imaginavam que ela lhes daria tanto trabalho"



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O Doutor, o cão e as duas garotas atravessaram mais uma vez as nuvens fofas do túnel do tempo. A porta desta vez foi dar na Idade Média. A idade em que todos temiam o demônio, em que havia muita ignorância, além de precariedade e onde pessoas acusadas de serem feiticeiras eram queimadas na fogueira. Encontram lá a pobre Joana D’Ark, que se passara por homem para poder prestar serviços ao exercito. Encontraram-na já presa as madeiras que seriam acesas para queimá-la. Ela discutia com o guarda que estava tomando conta dela, antes que outro voltasse com a tocha que incendiaria se corpo.

—Não vai adiantar queimar meu corpo! Fui capaz de chegar onde nenhuma outra mulher conseguiu! Acham mesmo que meu espírito queimará no fogo do inferno apenas por ter defendido meus direitos?

Cale a boca mulher devassa!—o homem lhe deu um soco no rosto que fez seu nariz sangrar, mas ela riu de teimosia.

—Se alguém deve ser amaldiçoado, esse alguém não será eu. E o pior é que você sabe disso... –disse ela com satisfação. –Serei queimada injustamente...

O Doutor observou aquela cena à longa distância. Pareceu sentir pena dela, mas não havia o que fazer. Esse era seu destino. Não havia como mudá-lo.

—O que fazemos agora? –perguntou Luisa tocando-o no ombro. –Nem sinal da Teselecta... Acho que erramos o caminho...

—É bem possível –disse Nik. –Considerando o fato dela ter copiado seu DNA, chefe, eu posso ter confundido sem querer o seu cheiro com o dela, já que vocês são exatamente iguais, até para o meu faro.

—É! A Teselecta está se aperfeiçoando cada vez mais nessa história de se passar pelos outros... Já não conseguimos distinguir vocês dois! E acredite, se o faro apurado de Nik não consegue, ninguém mais consegue! –alertou Melissa.

—O que faremos então? –insistiu Luisa. –Vamos deixá-la sair por aí se passando por você e fazendo um monte de loucuras, sujando seu nome? Roubar seu rosto é como roubar sua identidade! Se ela se parecer com você, pode incriminá-lo de muitas formas, sem nem ao menos ter o nome na ficha criminal de alguma delegacia espacial! É quase como se ela tivesse feito um documento falso e o estivesse usando deliberadamente, as custas do verdadeiro dono. Mas nós sabemos muito bem para quem virá depois o prejuízo no final... 

—Eu sei –disse o rapaz pensativo. –Precisamos detê-la! Mas como? –fez uma pausa. –Bem... Se analisarmos com cuidado, podemos perceber claramente que quem a está controlando, seja lá quem for, só aprendeu a fazer essa mudança total de identidade agora. Antes ele o fazia, mas havia muitos erros no processo, tanto que a copia não ficava perfeita. Agora, se ele já aprendeu a copiar também DNA...

—Precisamos agir rápido, antes que a Teselecta  aprenda a executar todas as suas funções com perfeição –completou Luisa. –Vai saber... Ela pode não ter todo o controle das armas, por exemplo; talvez ainda consigamos alguma vantagem no atraso de seu processo de aprendizagem... Quanto antes começarmos, mais rápido descobriremos como detê-la.

Nesse instante, gritos cortaram a noite: Joana D’ark tentava se debater quando o guarda com a tocha se aproximou. Era uma Joana muito diferente dá de antes –falando sem medo, com uma certeza distinta na voz. Agora parecia exasperada, como se o fogo tivesse tirado toda a sua coragem. Como se todos os seus dizeres anteriores fossem um mero delírio, um blefe seu:

—Não! Vocês não entendem! Pegaram a pessoa errada! Eu não sou Joana D’Ark! Eu juro! NÃO SOU JOANA D’ARK! –gritava Joana, agora entrando em desespero. O fogo se espalhou rapidamente e começou a queimar seu corpo sem dó e ela gritou, agonizante.

Seu grito cortou a noite e o Doutor fechou os olhos, lamentando sua morte em silencio. Pouco depois abriu-os novamente, parecia muito desgostoso e extremamente furioso. Seus olhos brilhavam de raiva. Ele ficou muito sério por alguns segundos, vislumbrando uma ultima vez a figura morta da mulher, depois deu-lhe as costas e voltou-se para seu grupo, dizendo, extremamente contrariado:

Vamos encontrar essa Teselecta de uma vez por todas e acabar com isso ainda hoje!—proferiu, nervoso. –Ela já está conseguindo me tirar do sério... E isso, podem ter certeza, não é nada saudável!—ele trincou os dentes e adentrou no túnel do tempo, seguido pelos demais, sem fazer objeções.

*   *   *

Foram parar em um lugar que ele não pensou que veria tão cedo. O sol se recolhia atrás das montanhas e começava a iluminar de vermelho o gigantesco vulcão de Pompéia. Em algum lugar lá em baixo, no momento da explosão do Vulcão, ele e sua antiga companheira, Donna Noble, estariam decidindo entre salvar a cidade e destruir o mundo, ou salvar o planeta e destruir a cidade... Uma decisão que coube apenas à eles resolverem e que não poderia ser mudada. Ele, por mais que não fosse culpado diretamente, carregava em suas costas todas as almas que não pôde salvar. E em sua cabeça, dentro de sua mente: milhões de vozes sussurrando. Sussurrando as lembranças do que ele não pode evitar, de todos que perdeu, de todos que não salvou. Esse era o Doutor. Qualquer um que tentasse viver no seu lugar, certamente não agüentaria aquela pressão. No máximo enlouqueceria. Mas isso já não importava mais... Estava lá por outro motivo agora. Não pensaria em nenhum momento em mudar o passado. Simplesmente não podia. Agora, em algum lugar na cidade, ele e Donna estariam caminhando, conversando, fazendo teorias sobre a história magnífica que carregava a fantástica cidade de Pompéia. Mas atualmente ele estava ali, com seu novo grupo de amigos. As pessoas com quem podia contar naquele momento, e Donna não estava lá. Não estava ao seu lado já há muito tempo... E isso não era hora para recordar o passado! Respirou profundamente o ar do fim de tarde, e sentiu nele o perigo que aquela noite reservava: a grande erupção irreversível. O perigo inevitável se aproximava: eles teriam que ser breves na sua nova estadia em Pompéia.

Quase que de imediato, avistaram um Doutor igual ao verdadeiro: a Teselecta já não os enganava mais. Eles correram atrás do rapaz até que ele subiu em uma árvore, bem próxima da base do vulcão (Tudo ocorreu ao som de *Pompeii –Bastille).

—Como é que você consegue usar essas costeletas? Se fosse trabalhar em O Alienista, seria datado como louco portando essas coisas... –cutucou o robô.

—Não acha que já brincou bastante? Nós não podemos mais adiar essa conversa... Precisamos resolver isso agora mesmo! –gritou o Doutor. -Desça já daí!

—Não. Não estou a fim... –provocou o outro. –Que tal você dar meia volta e ir chamar a mamãe? Choramingue pra ela dizendo que o seu coleginha aqui não está querendo cooperar com você... Quem sabe ela não te dá uma surra por ficar bancando o mimado?

O Doutor semi-serrou os dentes: sua paciência estava por um fio.

Desça já daí!!!

—E se eu não quiser...?

—Então eu vou aí te buscar... –disse ele já começando a escalar a árvore.

—Doutor, não! –Luisa seguro-o pelos suspensórios. –Nem pense nisso!

—Eu preciso fazer isso Luisa... Ou então ninguém fará! –lamentou ele, o rosto cansado. O chão tremeu. Tremeu tanto que eles até pensaram se tratar de um terremoto, mas não havia outra causa: era o vulcão, começando a despertar de seu sono extenso. –Solte-me! Deixe-me ir... –disse ele sério. –Rápido, senão será tarde!

Ela olhou-o bem nos olhos. Por um momento teve vontade chorar, então segurou as lágrimas e, bem devagar, foi soltando seus suspensórios, até libertá-los de vez. O rapaz sorriu amigavelmente pra ela e continuou a subir. O chão voltou a tremer e algumas pedras começaram a desabar na direção do solo e as garotas e Nik foram obrigados a se abrigarem atrás de uma grande rocha, tentando encontrar um canto com uma boa visão para a árvore para acompanharem o que estava acontecendo. A árvore era muito alta, o que preocupava ainda mais as garotas. Quando ele se aproximou do lugar onde a Teselecta estava, a copa da árvore balançou e ele quase se desequilibrou, fazendo-as gritarem desesperadas para que ele não caísse. Conseguiu se equilibrar e continuou, por alivio mútuo dos três lá em baixo, porém, quando chegou ao refugio da Teselecta, descobriu o pior: ela havia desaparecido novamente. Do alto da árvore ele deu um soco no ar e fez um sinal de “abortar missão” para o grupo lá em baixo. Contudo, quando Luisa tentou enxergar o que ele estava fazendo, arregalou os olhos com a visão que teve:

DOUTOR!—ela saltou de trás da pedra. –Sai daí! O vulcão começou a entrar em erupção!!!

Ele olhou para trás e viu a lava escorrendo, desatou a descer da árvore rapidamente, aranhou-se todo no ato, mas pelo menos era por uma boa causa: salvaria sua vida no fim das contas. Chegou ao chão mais rápido do que imaginou que conseguiria, e correu para junto das garotas. Infelizmente, a lava também tocou o solo. Logo conseguiria alcançá-los...

—Luisa... –disse Melissa nervosa, apanhando o cão no colo. –Eu não quero ser chata mais... Se você não se apressar, nós quatro vamos virar churrasco...

—Eu sei –ela começou a traçar o primeiro ângulo da porta, mordendo a língua de tão concentrada. –Só mais uns segundos...

Luisa... –o Doutor começou a recuar. A lava já estava a meio metro deles. –LUISA, TRATE DE CORRER COM ISSO POR FAVOR! O DESENHO NÃO PRECISA SER UMA OBRA PRIMA DE PABLO PICASSO! PODE SER UM RABISCO QUALQUER MESMO...

—Terminei! –disse ela para o alivio de todos. Eles dispararam de uma só vez para dentro do túnel do tempo. O Doutor foi o ultimo a entrar. Quando aproximou-se da porta, Luisa parou na frente desta com uma das mãos na cintura e a outra na maçaneta delicada. Ergueu as sobrancelhas, ao mesmo tempo que sorriu pretensiosa: -Não é por nada não, sabe? Nada contra Picasso, mas eu prefiro Vincent Van Gogh. –disse a indireta, deixando-o confuso por um só instante, então liberou a passagem para ele entrar e, logo em seguida, revirando os olhos com um sorriso divertido no rosto, fechou a porta, um segundo antes da lava penetrar no desenho. A porta desapareceu, deixando para trás o ultimo vislumbre da cidade mais especial da história, ainda sem danos.

*   *   *

Dom João VI e sua família planejavam fugir às escondidas de Portugal, com medo de Napoleão tomar seu trono, em 1808. A carruagem que os levaria para longe vinha trotando na direção deles, todos á espreita, apenas aguardando o momento certo para embarcarem nesta. Quando Carlota Joaquina, seu marido e seus filhos o fizeram, assustaram-se com o que viram lá dentro. Um homem de terno, duas garotas “semi-nuas” (era um escândalo usar roupas curtas naquela época) e um cão, sorriam forçado para eles.

Mas o que significa isso?—perguntou Carlota.

—Isso? Ah! Não é absolutamente nada. Finja que não estamos aqui, que nós faremos o mesmo com vocês, Okay? –contrapôs Luisa, sem tirar o sorriso do rosto.

—Mas quem foi que deixou que entrassem? –perguntou D. João VI, já olhando feio para o cocheiro.

—Ei! Não culpe o velho Joaquim! –repreendeu o Doutor. –Ele pode ser calado, mas é muito eficiente, e pelo que vi, é o único cocheiro que estivera disposto a ajudá-los a fugir de Portugal às escondidas... Ah! Que vergonha dom João... Vossa majestade deixando Portugal a mercê dos franceses? Dando-a de mão beijada para Napoleão Bonaparte? Estou decepcionado... –disse o rapaz.

Dom João chegou a corar, mas sua esposa, a emperiquitada e também horrorosa Carlota Joaquina lançou-lhe uma cara de poucos amigos e, de nariz empinado, ameaçou expulsá-lo da diligencia.

Fora vocês todos! Bando de ralés imprestáveis!

Também não precisa ofender—retorquiu Melissa, cheia de ênfases, apanhando Nik no colo. –Somos gente de boa índole! Por que não dá só uma chance pra nós, dona Carlota? Só queremos pegar uma carona...

—E quem garante que esse magrelo não irá contar a ninguém sobre nossa tentativa de fugir? –interveio d. João, desconfiado.

—Ah! Podem deixar comigo! Ele não dirá nadinha, não é Doutor? –Melissa deu-lhe um beliscão no braço e o Doutor pulou sentado, massageando o vergão. –A boca dele é um túmulo...

—Oh! Por favor, vossa majestade! Nós precisamos de uma carona... –disse Luisa sem graça. –Espero que não se importem em dividir a estalagem conosco... –os três deram um baita sorriso amarelo, quase que implorando para que eles aceitassem. Carlota Joaquina fez um sinal vazio com as mãos, como quem diz “que se dane então”. Foi quando ouviram um ronco distinto, como o de um motor, então uma lambreta ultrapassou a carruagem, ao que o Doutor montado nela deu uma piscadela provocativa na direção do quarteto que se agitou todo:

—Ta legal pessoal! Desculpe por isso, mas parece que a sua viagem ao Brasil vai ter que esperar mais um pouco... – o Doutor se inclinou na direção do cocheiro e gritou: -Siga aquela magrela, morou?

O cocheiro deu de ombros, mas obedeceu, acelerando a diligencia. Seguiram-na até quase atravessarem a fronteira. Tudo em vão, como sempre: a Teselecta dirigiu a lambreta (que não fora roubada, e sim copiada, assim como o próprio Doutor que ela assimilara e duplicara por conta própria), até uma ponte divisora das terras, onde um rio se encontrava logo abaixo, freou bruscamente e deixou-se cair do alto desta. Ao desacelerarem a carruagem, o quarteto desceu correndo para ver com os próprios olhos o que havia acontecido. Correram e olharam para baixo, esperando ver as águas se agitarem com a queda da Teselecta, mas do contrário do esperado, não ouviram nem viram nada: O Doutor se inclinou ainda mais para baixo, apoiando-se contra a grade de proteção da ponte, para poder ver melhor. Subiu a cabeça rapidamente com um empolgado “Ará!” e mostrou ao resto do grupo um retalho de terno que encontrara: provavelmente do robô que devia tê-lo rasgado quando pulou. Agora eles teriam como scanneá-lo com mais precisão! Luisa redesenhou a porta com o lápis mágico que desenhava no ar e tornava as coisas concretas, e seguiram pelo túnel dimensional feito de nuvens azuis. O Doutor sugeriu que deveriam dar uma olhada nos anos 50, já que as lambretas eram comuns naquela época. A Teselecta não devia estar muito longe disso... Mas o túnel do tempo tinha outros planos: Foram parar pouco depois do desejado, bem nos anos 70.

Luisa estava super atenta a qualquer aproximação estranha, apesar de ser um tanto difícil, já que estavam dentro de uma discoteca, com pessoas vestidas com calças bocas de sino, adornos coloridos de todos os tipos, cabelos blackpower (entre outros penteados malucos), salto-alto, sapatos que deslizavam na pista, camisas e blusas que brilhavam com a luz do globo espelhado no topo do salão que refletia vários holofotes coloridos, e mais um monte de coisas do tipo. Ela perdera os amigos de vista no meio do mundaréu de gente dançando feito John Travolta e Olívia Nilton John, por todos os lados, mas não abandonou seu posto em nenhum segundo sequer. Foi então que o Doutor chegou por detrás de si e segurou-a pela cintura, fazendo-a pular de susto.

—Ah! É você. Pensei que fosse a Teselecta...

—E você acha que a Teselecta te tocaria com tanto cuidado?

—Tem razão. –ela fundou-se nos ombros, sem jeito. -Foi tolice minha...

—Nem tanto –interveio ele. –É bom estar alerta em situações como essa...

—Eu sei –ela pareceu distante; por um momento se perdeu olhando para as pessoas dançando e se divertindo. O Doutor rapidamente apanhou-a para junto de si e arrastou-a consigo para a pista de dança. –O que estamos fazendo? Não deveríamos estar de vigia?

—Não se preocupe, gata! A noite é uma criança... E a Teselecta nem está mais aqui! Acho que já é hora de admitir que eu planejei isso tudo. –confessou ele. -Trouxe você aqui para nos descontrairmos um pouco, ou será que pensa que viemos para os anos 70 apenas para vigiar um robô chato enquanto uma festa de arromba dessas acontece ao nosso redor? Ah! Desencana broto! Vamos arrebentar a boca do balão nessa pista supimpa, que é uma brasa, mora?—brincou ele, já conduzindo-a de longe na pista.

—Caramba! Eu não sabia que você era assim... –disse Luisa impressionada, vendo o amigo dançando ao seu lado, todo solto e cheio de gírias da época. –Sempre achei que se habituasse facilmente nos lugares, mas também nem tanto! –riu ela. –Cuidado com essas manias garotão, ou então vai acabar ultrapassando o nível Roberto Carlos da coisa...

—Comigo é uma surpresa atrás da outra! –disse ele descontraído. Os dois dançaram juntos ao som de *Lets All Chant –The Michael Zagger Band (Disco). Luisa estava pasma com o amigo, nunca o vira daquele jeito. Estavam se divertindo tanto que ela nem notou quando o Senhor do Tempo começou a se aproximar dela (o que a música não pedia já que era da discoteca), quando deu por si, deparou-se com ele cara a cara. O rapaz sorriu torto e ela sentiu um arrepio, mas não do tipo bom. Havia alguma coisa estranha no ar... Entretanto, só foi dar ouvidos para esse pequeno detalhe quando o Doutor segurou seu pulso firme demais, com uma foca inigualável. Ela gritou de dor, mas ele não a soltava de maneira alguma. A garota ficou apavorada com sua ação.

—As aparências enganam, não é querida? Bem... Até que para uma companheira do Doutor, você é bem devagar! Pobre criatura: é tão inocente que chega a dar dó... –sussurrou ele, malicioso, para a garota que tinha lágrimas nos olhos, por causa da dor no pulso. –Você não sabe da missa a metade, pirralha!

Você não é o meu Doutor! Me solta! Ai! Está me machucando...—gritou ela, mas a música estava tão alta que ninguém percebeu seu rebuliço. –Doutor! Doutor! Socorro!!!

Apenas uma pessoa ouviu seu pedido de socorro: a pessoa certa.

—Luisa! Abaixe-se! –gritou o verdadeiro Doutor, surgindo pelas suas costas com a chave sônica em punho. A garota o fez e ele acionou a ferramenta contra a Teselecta que não teve chance alguma de fazer nada, senão ser atingida (ocorreu-lhe uma pequena explosão no ombro direito e seu braço parou de operar, perdendo assim, sua força) e soltar a menina, que gemeu dolorosamente ao sentir o corpo bater contra o chão duro. O humanóide, danificado, trincou os dentes com ódio (mas a expressão não deixava de ser vazia), e, vendo que o braço mecânico direito dera curto, tele-transportou-se rapidamente, com uma jura final de vingança:

Você vai se arrepender de ter feito isso, Doutor! Eu prometo! Vai se arrepender de ter cruzado meu caminho! —guinchou antes de sumir de vez.

Algumas pessoas ao redor aplaudiram quando o robô desapareceu, acreditando estarem contemplando um show de luzes e não um acontecimento real –tudo era possível nos anos 70. O Doutor ignorou-os, correndo para amparar Luisa. Sentou-a, apoiada em si, e analisou seus pulsos, com cuidado.

—Você está bem? Está ferida?

—Não. Eu... Estou bem. –sorriu ela, agora evidentemente mais calma. O Doutor olhou-a por cima com os olhos, procurando ter certeza de que ela falava a verdade. Foi segurar seus pulsos e encarou-a com as sobrancelhas erguidas ao ver as marcas deixadas pela Teselecta.

—Você chama isso de “estar bem”? –disse ele irônico. –Não parece nada bem pra mim... Está com vergões vermelhos em toda a lateral dos pulsos! –ele passou a chave sônica nela. –A quem está tentando enganar? Por sorte seu pulso não está torcido. Acabei de conferir. Mas mesmo assim, não parece algo que não mereça um cuidado específico...

—Eu já disse que estou bem... Quer por favor relaxar!?—ela tomou os pulsos para si, tirando-os do alcance do amigo, sem ser rude. Os olhos do Doutor faiscaram diferente; ela sabia o que viria a seguir: tentaria convencê-la a parar a busca, o que automaticamente tiraria Melissa e Nik também da jogada, já que eles a seguiriam sem reclamar, de volta para casa. Mas ela era Luisa Parkinson: a teimosa e persistente Luisa! Não poderia simplesmente dar-lhe sas costas! E logo agora que estava começando a se acostumar com aquela vida de loucuras absurdas há todo momento? Mais isso nem pensar!!!

O Doutor apenas encarou-a firmemente, depois ergueu uma sobrancelha só, testando-a de novo:

—Tem certeza mesmo de que está bem?

—Tenho –suspirou ela. Ele sorriu mais aliviado, então estendeu o braço pra ela, esperando que ela encaixasse o seu no dele.

—Bom, ainda há um longo caminho pela frente... –ele sorriu. –E podemos colocar gelo nesse machucado...

—Eu gostaria. –afirmou ela, já caminhando junto dele.

—Não importa o que aconteça, você sempre persiste em seguir em frente ao meu lado... Não sei como você ainda me agüenta! Se eu fosse você, já teria voltado correndo pra casa, para o mais longe possível de um cara louco com uma caixa azul, como eu.—brincou. -Deseja trocar essa vida aventureira, cheia de perigos e ousadias, e voltar ao padrão comum de antes: escola, trabalho, Fest Food, cama e Tv?—ele comentou divertido, como se já soubesse a resposta.  

Nunca!—sorriu ela, animada, apoiando a cabeça em seu ombro.

Caíram nas margens do Rio Ipiranga. Não. Literalmente caíram... Uma hora estavam os quatro atravessando o túnel do tempo, e na seguinte estavam despencando do alto do céu, diretamente na areia poeirenta. Todos, a não ser Melissa, que caiu diretamente no rio. Aterrissaram em 1822, no dia 7 de setembro: o dia da Independência. Correram, escondendo-se rapidamente, quando a cavalaria do Imperador dom Pedro I foi se aproximando das margens do rio, com apenas uma diferença dos descritos históricos: na verdade a “cavalaria” era composta por uma seqüência de burricos, montados por guardas imperiais.

—Eu pensei que eles usassem cavalos! –analisou Melissa, confusa. –Como no quadro do museu do Ipiranga...

—Não. Na verdade, retratar o acontecimento daquela forma foi apenas um capricho do pintor –explicou o Doutor. –Mas não se chateie com isso: a realidade é muito mais empolgante que contemplar uma imagem numa moldura. Aqui nós vemos as coisas acontecerem...

—Então quer dizer que nunca houve cavalos? Foi tudo ilusão?

—Não tudo. Bem, você foi apenas mais uma das pessoas que se deixou levar pela idéia representada pelo pintor. Isso é mais comum do que se imagina, julgando especialmente pelo fato de que ninguém consegue voltar no tempo para verificar se tudo ocorreu daquele jeito mesmo... –falou o Doutor, ajeitando a gravata- borboleta. –É claro que o pintor retratou tudo á sua forma, mudando uma coisinha aqui e ai e, claro, com a intuição de deixar a cena mais majestosa e convidativa para as pessoas apreciarem. Veja só a diferença: você imaginando o Imperador do Brasil proclamando a Independência nas margens do rio Ipiranga, rodiado por seus guardas montados em majestosos garanhões, com pelos perfeitamente escovados. Tudo nas mil maravilhas... É claro que colocar burricos na pintura ia desvalorizar um pouco a importância do acontecimento, pelo menos aos olhos do pintor...

—Você está adorando isso, não está? –perguntou Luisa, abaixada ao seu lado, também tentando espiar a chegada do Imperador. –Toda essa oportunidade de exibir seus conhecimentos... Você podia se aposentar e virar curador de um museu, não acha? Poderia contar às pessoas os pormenores da vida de todos os caracteres históricos retratados nos quadros...

—Talvez eu faça isso –ele sorriu pretensioso. –Mas eu com certeza seria muito detalhista quanto à vida de alguns caras... Henrique VIII e Casanova que me aguardem...

Luisa riu. O amigo às vezes era tão impossível.

—Chefe, aquele homem com uma coroa tem um cheiro estranho... –alertou Nik. –Preciso verificar mais de perto... –e, com um puxão inesperado na coleira, Nik escapou dos cuidados de Melissa (que caiu para trás, perdendo o equilíbrio) e saiu correndo, abrindo caminho entre os guardas, latindo feito louco, na direção do Imperador. Foi só quando o Doutor e Luisa recorriam para ajudar Melissa a se levantar, que ela proferiu:

—Ué... Você não acabou de dizer que eles usavam só burricos?

—Sim –concordou o Doutor, sem entender o que aquilo tinha a ver. –Nessa época eles ainda não usavam cavalos para se locomover...

—Então me explica uma coisa “capitão enciclopédia”: Porque o Imperador está chegando em cima de um pangaré branco?

O Doutor e Luisa imediatamente olharam para trás ao mesmo tempo, ainda em tempo de contemplar Nik saltando ao lado do cavalo, deixando-o agitado: no mesmo momento, o animal deu uma empinada para trás, derrubando o Imperador no chão.

—Basta! De quem é esse incontrolável animal? –indignou-se dom Pedro, tentando se erguer.

—Mil desculpas seu dom Pedro... Senhor Imperador, senhor!—Melissa correr e apanhou o cão no colo. O outros dois vieram correndo logo atrás. Quando o Imperador identificou seus rostos (lembrou-se do Dia do Fico), pareceu ficar muito zangado.

O que se passas por aqui? Vocês de novo!? Por que sempre que nos encontramos vocês quatro me causam prejuízos? O que foi que eu fiz pra vocês? Por que simplesmente não deixam que eu cumpra meus deveres de Imperador, como a lei diz que deve ser feito? Por que cismam em me atormentar? Estão aqui a mando de meu pai, em Portugal, não estão?—seu olho direito começou a pulsar com um estranho tique nervoso. Ele parecia muito irritado. O quarteto foi recuando: dom Pedro estava piradinho! (como diria Melissa) Eles não queriam nem ver quando ele realmente explodisse. –Dom João quer que eu volte para casa... Eu já disse que o farei! Será que não pode me dar um dia para proclamar uma independênciazinha á toa, que já tem que ficar no meu pé de novo? O que será que eu preciso fazer para que as pessoas parem de tentar controlar a minha vida?

Dom Pedro atirou o próprio chapéu no chão e pisou em cima deste, descontrolado. Alguns guardas tentaram ajudá-lo, mas ele simplesmente nocauteou-os enquanto pulava, com cotoveladas, braçadas e pontapés, sem ao menos perceber que o fizera.

—Poxa... –Melissa falou pelo canto da boca para o restante dos amigos. –Isso que é desequilíbrio emocional! Está explicado porque tempos depois tiveram que inventar os psicólogos...

Ao mesmo tempo que todos se distraiam com os rebuliços do Imperador, o cavalo deste foi de aproximando raivoso do quarteto. Luisa o vislumbrou raspando o casco no chão, levantando a poeira, e depois disparando em suas direções, ainda á tempo de avisar o grupo:

—GENTE CUIDADO! –todos mergulharam para o chão poeirento, saindo de seu caminho. O cavalo correu esbaforido, para longe dali.

—Vamos! –gritou o Doutor, recompondo-se rapidamente. –Sei que parece estranho, mas a Teselecta pode tomar qualquer forma, inclusive a de um animal. Acho que já encontrei a nossa fugitiva... Temos que alcançá-la!

O que teria tanta precisão e viajaria tão rápido a ponto de não a perdemos novamente de vista?—perguntou Luisa cansada. –Não sei quanto a vocês, mas o esquema correria, perigo e Lápis Impossível já está me cansando a beleza...

—Tem razão –admitiu o Doutor retirando a chave sônica do bolso e apontando-a para o alto: -Hora da artilharia pesada! –e ativou-a. Num feixe de Luz imediato, a TARDIS foi surgindo aos poucos, até tomar forma ao seu lado. Eles embarcaram de uma vez, já pensando em qual seria a próxima aventura perigosa que teriam que enfrentar.

A TARDIS se materializou em uma pequena sala com tubos de ensaio e muitas quinquilharias cientificas. Saíram da cabine agitados e depararam-se com um senhorzinho de bigode e sobrancelhas e cabelos brancos esvoaçantes, além de algumas rugas na testa e uma roupa completa de cientista maluco. Ele usava óculos de proteção fundo de garrafa (que deixavam seus olhos enormes) e, imediatamente os tirou, quando deparou-se com a aparição inesperada do grupo.

—Ah! Boa tarde Albert! –sorriu o Doutor, batendo nas costas do cientista, amistosamente. –Como vai a vida? Já terminou a teoria da relatividade ou cheguei cedo demais?

—Doutor! Meu velho amigo... –sorriu Albert Einstein. –Sempre surgindo sem aviso prévio!

—Gostaria que eu passasse um telegrama da próxima vez, Einstein? –sugeriu o Doutor xeretando um tubo de ensaio com um líquido amarelo que borbulhava até a borda. Então se ergueu novamente ereto e terminou, com as mãos nos bolsos: –É que realmente isso não faz muito meu tipo, mas se você insiste...

—Como? Esse é o Einstein? –perguntou Luisa pasma. –Caramba! Eu não acredito que estamos no mesmo laboratório que Albert Einstein... –ela apreçou-se em lhe apertar a mão (e ele retribuiu o aperto de bom grado). –Meu Deus! O senhor é brilhante... É simplesmente o meu físico preferido...

—Fico feliz em ter conseguido agradá-la com meus descobrimento, senhorita...

—Pode crer! A descoberta da câmera fotográfica, filmadora, GPS, painéis solares, portas automáticas... Além da própria teoria da relatividade! Não sei dizer qual é a minha preferida, mas acho que a teoria da relatividade chega bem perto disso... –ela olhou de esguelha para o Doutor. –Bem, sei que amei todas! –Disse Luisa empolgada.

—Ora! Muito obrigado, senhorita! Sua consideração em apreciar meus inventos é mesmo admirável...

—Albert –cortou o Doutor, antes que Luisa se empolgasse ainda mais com o agradecimento. –Esses são Luisa, Melissa e Nik. Eles estão me acompanhado em uma busca.

—Estou encantado! –falou o cientista ao trio á pouco apresentado, então voltou-se exclusivamente para o Doutor, ainda segurando a mão de Luisa, e disse: -Doutor, estou apreciando cada vez mais as mulheres que você trás junto de si –elogiou Albert. –Elas certamente têm bom gosto! Será que algum dia poderia encontrar uma companheira fisicamente compromissada com a ciência para mim? –brincou o físico, fazendo todos rirem.

—Tudo há seu tempo Albert! –riu o Doutor. –Tudo há seu tempo...

—Foi você que foi julgado por um professor na época de escola, como “incapaz de dar em alguma coisa boa no futuro?” –perguntou Melissa, resgatando o fato da memória.

—Fui eu sim –riu o homem. –Mas o que ele podia saber sobre o meu futuro? Naquela época, nem eu mesmo diria que aquele garoto magricela e pouco brilhante que eu era, daria nisso aqui! –ele apontou para si próprio, fazendo uma careta (mostrando a língua, como nas fotos). Todos riram do comentário. –Então, em que posso ajudá-los? Acredito que não vieram até aqui só para ficar comprovando fatos sobre meu passado na escola...

—É. Realmente não viemos –afirmou o Doutor. –O negócio é o seguinte: seguimos um humanóide maluco propositalmente até aqui. Os registros afirmam que ele está nessa sala...

—Humanóide? Impossível! Eu estou sozinho aqui... –falou Einstein. –Fiquei trabalhando a tarde toda e acabei nem vendo o tempo passar. Na verdade, é nisso mesmo que estou trabalhando: Estou á acabar de comprovar que a gravidade não é exatamente uma força, mas sim um efeito provocado pela deformação no espaço e tempo. O tempo, por tanto, não existiria como algo abstrato, fazendo parte do espaço e estando, assim, intrinsecamente ligado a ele! –falou o homem animado (ele e o Doutor se pareciam quando se exaltavam, empolgados, ao explicar algo que haviam entendido). -Estou nesse negócio de tentar compreender as leis do universo já há algum tempo: acabei de inventar uma teoria provável de viagem no tempo, em que, apenas em hipótese, poderia se viajar somente para o futuro ou para o futuro e passado. A primeira, que funciona só para frente no tempo, se chama teoria especial da relatividade; enquanto a segunda, que abrange os dois extremos: passado e futuro, chama-se teoria geral da relatividade. Acabei de escolher os nomes, veja só! –falou animado, contagiando todos na sala. –Descobri coisas como “o que seria preciso para desacelerar o tempo no espaço”. Cheguei à conclusão que precisaríamos enviar uma pessoa em uma cápsula ou nave pequena até a órbita de um buraco negro. A aproximação com o buraco desacelera o tempo e permite que o viajante envelheça mais devagar, enquanto tudo ao seu redor passa mais rápido. Assim, após um longo espaço de tempo, essa pessoa se afastaria lentamente do buraco negro, pronta para voltar à Terra e conferir quanto tempo se passou após sua partida. Essa seria a viagem para o futuro. Para o passado seria preciso uma abordagem diferente: teríamos que “dobrar” o espaço e tempo com as chamadas cordas cósmicas... –ele parou de repente, pensativo. -Tive essa idéia em um trem, semana passada... –terminou simplista.

—Isso é incrível Albert! –disse o Doutor animado. –Continue assim que um dia você ainda chega lá...

Mas você já pensou em criar uma nave com uma incrível capacidade de guardar combustível para durar no espaço mais tempo, então fazê-la contornar a Terra pelo lado contrario ao que ela já gira, fazendo com que o viajante consiga retroceder ou avançar no tempo conforme o número de voltas dadas... Ai!—Luisa parou de falar, o Doutor colocou sua mão sobre os lábios da garota, impedindo-a de continuar.

Não, não Luisa. Ele não pode fazer as coisas desse jeito. Essa é a idéia de outro. Não podemos misturar as coisas... –cochichou em seu ouvido. –Desculpe Einstein, mas vai ter que fazer as coisas do seu jeito mesmo...

—Mas é claro que, se você me deixasse dar uma olhadinha na sua nave, eu conseguiria entender muito melhor o funcionamento de uma maquina do tempo... –tentou Albert.

—E acabar com toda a expectativa que as pessoas tem em você, esperando que chegue sozinho em uma conclusão dessas? Lamento Albert, mas isso seria demais pra mim! Não seria capaz de estragar o seu momento de gênio...

Não quer é que eu descubra seus segredos, isso sim!—acusou o cientista, brincalhão. –Ah, Doutor! Você é uma figura, com certeza... Tenho a vaga impressão que nenhum dos segredos do universo que eu desvendar, passarão perto do seu...

—Sempre tem as impressões certas... –sorriu o Doutor, fazendo-lhe um aceno de cabeça. –Algum dia ainda irá conseguir me dobrar...

—Esperarei anos, se for preciso, até a chegada desse dia. –riu Albert. –Mas pode deixar, eu aviso se encontrar algum... Ahn... Como foi que disse?

—Humanóide. Sabe? Uma máquina que parece humana.

—Incrível! –riu o físico impressionado. –Quero viver bastante para poder passear em um mundo em que essas coisas caminham normalmente pelas ruas... –ele suspirou. –Adoraria ver um espécime deste em minha frente...

Um homem entrou distraidamente na sala, segurando uma bandeja de café. Parecia um mordomo ou algo do tipo, mas sua presença atiçou o faro de Nik que agitou-se de imediato.

—Doutor, olha! –Luisa gritou apontando para o homem de smoking. –É ele!

O quarteto começou a correr na direção do homem que sumiu de vista através da porta. Einstein ficou sozinho com a cabine e olhou-a com um sorrisinho maroto no rosto, de quem vai se aproveitar da situação e dar uma vasculhada nas coisas. Entrementes, o Doutor lembrou de sua TARDIS no meio do trajeto e acionou seu alarme de carro que servia para travá-la por dentro. Rapidamente a luz no alto da caixa piscou e o barulho que mostrava que o alarme estava ligado soou. Albert olhou-a confuso, já que as postas entreabertas se fecharam quase que em seus dedos, sem aviso prévio. Ele olhou para trás e contemplou o Doutor de braços cruzados:

—Acha que sou tão descuidado assim? –falou o Senhor do tempo. –Segure as pontas Albert, e fique de olhos bem abertos... Pode haver algum espertinho querendo entrar na minha cabine para descobrir seus segredos! Fique de guarda pra mim, para que isso não aconteça, está bem? –disse ele divertido, em uma indireta. O Doutor voltou a correr e deixou Einstein sozinho, “chupando o dedo” ao lado da cabine trancada.  

A cabine aterrissou, bem mais tarde, (depois de uma canseira que a Teselecta lhes deu no laboratório cientifico de Albert Einstein), agora na Rússia, precisamente em 1917, bem em época da Revolução Russa.

—Pouco antes dessa confusão, vários trabalhadores haviam elaborado um boletim de reivindicações trabalhistas e foram demitidos por isso. Quase que seguinte, muitas pessoas tomaram as dores desses pobres homens desempregados e acabaram se envolvendo em um confronto violento: o Domingo Sangrento se seguiu, com todos os envolvidos sendo metralhados pelos soldados do Czar Russo. É claro que tudo isso se passou pelas conseqüências pagas pelos russos após terem sido derrotados na Guerra Russo-Japonesa. Tudo se tornou ainda pior já que os primeiros partidos políticos, os Mencheviques, que eram a minoria, e os bolcheviques, a maioria, não faziam nada para interferir nas más situações que o povo vinha passando. Isso tudo causou uma revolta geral e desencadeou a primeira ação revolucionária de todas: o dos trabalhadores da usina de Putilov, que achavam que não estavam tendo seus direitos seguidos...

—E por que estamos relembrando disso tudo? –perguntou Melissa ao Doutor.

—Não sei. Estamos no ano da revolução. Bem, deu vontade de comentar... –admitiu ele.

—Então quer dizer que não há fundamento nenhum do nosso próximo plano nesse parágrafo todo?

—Mais é claro que há! –corrigiu ele. –Se ainda não percebeu, a Teselecta está sempre no ultimo lugar em que imaginamos estar, mas ela sempre está onde quer que formos parar. Se a TARDIS nos trouxe até aqui...

—Então talvez devêssemos começar a pensar como ela –sugeriu Luisa. –Em meio á essa confusão toda, em que grupo exatamente vocês acham que o robô se encaixaria? Poderia estar entre os protestantes, para se aproveitar da confusão para armar alguma coisa ou talvez fosse um soldado, para conseguir passar despercebido entre os demais soldados do Czar... Quem sabe não se passou por algum líder maluco que deu a idéia aos outros soldados para começarem a metralhar os envolvidos? Tudo é possível quando se trata da Teselecta... Estou certa?

—Certíssima! –falou o Doutor. –Ou quem sabe esteja pretendendo roubar alguma coisa... Ela está com um braço danificado herdado do episódio dos anos 70, se vocês se recordam. Talvez esteja apenas pretendendo afanar alguma arma...

—CUIDADO! –Nik saltou sobre o trio que caiu de costas, atrás de uma carroça que explodiu em uma seqüência de tiroteios seguidos: alguém tentara metralhá-los.

—CORRAM! –o Doutor puxou-os de volta para a cabine, que era impenetrável até mesmo para uma seqüência de balas letais.

Sumiram dali correndo. Reapareceram no Velho Oeste, um lugar perdido no tempo (ao som de *Hey Brother –Avicci), onde arrumaram briga com um tal de Zé da fornalha: o xerife da cidade chamada Fogaréu. Mais tiroteio se seguiu e o Doutor (que adorava caubóis mais do que ninguém) ficou emocionado por quase levar um tiro. Ele havia arrumado um chapéu de caubói (que encontrara jogado por aí) e colocara-o na cabeça: “Pelo menos morrerei com estilo” –brincou ao ver o brutamontes que teria que encarar. A Teselecta não enganava ninguém, muito menos o Doutor que foi obrigado a empunhar uma arma para lutar contra ela, disfarçada de xerife. Sem querer, abriu o conflito dando-lhe um tiro no pé, descobrindo pouco depois (pelo sangue que escorreu) que não se tratava da Teselecta. A maldita era o barman da cidade e não o xerife. Foi saindo de fininho, mas no fim quase foi apanhada pelo Doutor que já tinha a ira quase á flor da pele. Ninguém sabia o que ele faria quando conseguisse por as mãos nela, até mesmo porque isso não havia acontecido até agora, mas, com o momento se aproximando, tudo era possível. Foi render o homem calvo, bigodudo e de avental quase na saída da cidade, mas no momento em que pretendia atirar, foi detido por Luisa que lembrou-o que ele não agia assim e que Ned ainda podia estar lá dentro e vivo. Ela não poderia permitir que aquilo acontecesse sem antes saber se haveria algum jeito se salvá-lo. Em meio á confusão, a Teselecta sumiu com um sorriso vitorioso no rosto que deu raiva até nas entranhas do Doutor. Ele estremeceu e guardou a arma, voltando-se para a menina ao seu lado, de olhos muito grandes e insistentes. Ele suspirou ruidosamente e proferiu um “vamos embora”. Ela o acompanhou lado a lado, passando a mão em suas costas, como que confortando-o.

Ressurgiram justamente no Palácio de Versalhes (1919) quando estavam estipulando as duras penas que seriam pagas pela Alemanha, após o estrago que causou na Primeira Guerra Mundial. Encontraram a Teselecta induzindo alguns caras a promoverem um massacre na Alemanha: “É isso que eles merecem pelo que fizeram! Tem que pagar muito caro pelos danos que cometeram ao resto do mundo! Sua nação deve pagar caro por seus erros!”. Apesar de saber as idéias catastróficas que aquele tratado de Versalhes provocaria nos alemães algum tempo depois, o Doutor sabia que não poderiam impedir a Segunda Guerra Mundial de acontecer. Ele correu e socou a cara da Teselecta que caiu no chão, massageando o queixo. Nos momentos seguintes, no entanto, ignorou-a e dedicou-se a fazer de tudo para convencer as pessoas ali presentes de que aquela idéia de punir os alemães com a morte já seria demais e que as imposições do tratado já seriam o bastante para castigá-los e deixá-los imponentes por um longo período de tempo... Conseguiu convencê-los, mas quando foi acertar as contas com o humanóide, este já havia desaparecido.

Ás vezes o Doutor pensava em desistir, não sabia quanto tempo mais agüentaria fazer aquele esquema maluco se regras, e nem final previsto. Era nessas horas que agradecia por ter Luisa, Melissa e Nik ao seu lado, pois se não fosse por eles, não saberia se conseguiria reunir força de vontade para seguir. Luisa tinha razão: ele precisava dela e não poderia dispensá-la por um simples capricho seu: o futuro da humanidade dependia disso.

No fim, antes de partir, o Doutor respirou fundo o perfume francês que estava por todos os lugares e lembrou-se de tempos antigos. A imagem de uma linda mulher de cabelos presos delicadamente em um coque, um vestido enorme, cheio de laços e enfeites, expondo bastante o colo; extremamente delicada e simplesmente... Francesa. Madame de Pompadour vivia em sua memória e de lá nunca sairia. Ele sorriu e deu as costas ao impecável Palácio de Versalhes, sempre cheio de vida, festas e banquetes. 

A TARDIS encontrou um novo lugar para se materializar: Pensaram que jamais o veriam tão sedo... Mas lá estava: o Palácio de São Cristóvão ressurgia pela manhã e a figura majestosa da Princesa Isabel (agora com 25 anos) se curvava contra um papel, onde acabava de assinava a Lei Áurea que livraria os escravos de todo o sofrimento que passaram durante a época da escravidão. Enfim estavam livres! Enfim a jornada de sua vida se completara e o trio estava lá para finalmente vê-la realizar seu sonho. Luisa até se emocionou com a comemoração. O Doutor puxou-a para junto de si, abraçando-a, mas apesar de tudo a princesa não os viu. Estavam totalmente á paisana, metidos no meio das pessoas que estavam de testemunha da realização desse feito tão grandioso, enquanto seu pai, dom Pedro II estivera fora. Seu marido, o conde d’ Eu também estava lá, lindo e presente como sempre, mas havia algo de errado naquela paz toda, já que em todos os lugares em que iam, acabavam topando com o robô Teselecta em seu caminho.

—Onde está a Teselecta? –indagou Melissa. –Ela deveria estar aqui, não deveria? Nós sempre encontramos aquela abusada onde quer que nós formos...

O Doutor ergueu a cabeça, distante. Olhava para muito além da multidão, como se seus olhos fizessem a ligação de todos os ocorridos anteriores, na velocidade da luz, procurando entre eles alguma coisa que fizesse realmente sentido, para que pudessem usá-la como explicação para a possível ausência do humanóide ali. Então, como se todos os seus neurônios tivessem dado curto ao mesmo tempo, ele voltou a fitar a garota com espanto, piscou os olhos algumas vezes, a boca escancarada: Parecia ter finalmente se dado conta de alguma coisa.

—Vamos embora –disse ele agitado. –É o melhor que podemos fazer agora... Vamos!

Ele foi escoltando-os para fora do palácio, com agilidade, como se suas vidas dependessem disso. Precisavam sair dali bem rápido: o Doutor finalmente entendera o jogo da Teselecta. Deu-se á dar uma ultima olhada para trás, dentro do palácio, então viu o robô ao longe, usando uma capa negra que cobria todo seu corpo, inclusive a cabeça, disfarçando-o na multidão. Seus olhos, agora vermelhos, encontraram com os olhos castanho-esverdeados do Doutor, e encararam-no com persistência. O Doutor apenas deu-lhe as costas, indiferente, e seguiu seu caminho; tinha uma breve teoria de como aquela perseguição funcionava, e só precisava arrumar um jeito de comprovar suas suspeitas.  

Não demorou muito, já estavam em outro lugar. Desta vez a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi o destino escolhido. A guerra estava em pleno auge, os soldados movimentavam-se lentamente atrás das famosas Trincheiras, logo para a linha de frente. Aviões rondavam os céus, á procura das valas abertas, para poderem atirar bombas no exercito inimigo. Mal haviam chegado, o quarteto já estava passando por poucas e boas: infiltraram-se em um dos exércitos, fizeram amizade com um soldado chamado Brendan, que disponibilizou-lhes capacetes de guerra, um pouco de água e algumas pás, para ajudarem a cavar a vala.

—Ai! Mais que beleza... –resmungou Melissa, metendo o pé na lama. –Esse era o meu melhor tênis...

—Não se sinta mal por seu tênis, senhorita –adiantou-se Brendan. –Estando no meio do conflito, quanto mais camuflada ficar, melhor. Um pouco á mais de lama pode significar a diferença entre você respirando viva e uma bomba caindo bem em cima de sua cabeça...

—Tem toda razão –concordou o Doutor apanhando um pouco de lama na mão. –Brendan, há quanto tempo vocês cavaram essa vala?

—Foi hoje mesmo –disse o soldado. –Mas porque quer saber?

—Por nada, não se preocupe... –então ele mirou e atirou a lama no rosto de Melissa.

Ai! Seu inconseqüente! Porque fez isso?—indignou-se ela afastando a lama dos olhos. –Não sabia que essas trincheiras eram salpicadas de ratos? Pode haver um milhão de doenças nessa lama! Se eu morrer infectada com urina de rato por sua causa, eu juro que volto pra puxar o seu pé à noite, seu desmiolado!!!

O Doutor fazia força para não rir, mas o desespero de Melissa era sempre muito cômico. Por fim, ele revirou os olhos e tocou-a no ombro, para acalmá-la.

—Melissa, aprenda uma coisa: se eu quisesse que você morresse, teria jogado-a no Vórtice Temporal, de onde ninguém jamais voltou... –ele riu. –Por que acha que me dei ao trabalho de perguntar à Brendan há quanto tempo esta vala fora cavada? Se ela foi cavada hoje mesmo, então não haveria nem tempo o bastante para “um milhão de doenças” se espalharem pela lama... Pare de ser tão dramática!

—Ah. –calou-se ela, desconfiada, tirando a mão do rapaz de seu ombro. –Está certo, mas de qualquer jeito, considere-se avisado: se eu morrer por qualquer motivo sequer, enquanto ainda estiver sobre seus cuidados, além de puxar seu pé, vou roubar as chaves de São Pedro para não te deixarem atravessar as portas do céu quando for a sua vez de partir...

—Está bem. Como você quiser... –sorriu ele, revirando mais uma vez os olhos. –De qualquer forma, só tentei ajudar. Eu não quero que você morra, Melissa.

—Oh! Que bonitinho... –disse Luisa juntando-se a eles. –Isso foi uma confissão? É impressão ou vocês dois estão começando a se dar bem?

—É claro que estamos... –Melissa deu um abraço ligeiro e meio sem jeito no rapaz e, com a mão que escondia ás costas, atirou um punhado de lama no rosto dele também. –Está vendo como estamos nos dando bem? Agora estamos quites não é, garotão? –provocou ela.

Argh! Acho que sim... –ele tirou a lama da boca. –Que gosto de terra...

Luisa não deixou os outros se darem o trabalho de sujá-la, ela mesma jogou lama no rosto. Nik também sujava-se ao rolar no chão enlameado. As providencias foram executadas bem á tempo, porque no momento seguinte um avião sondou bem aquela área onde estavam escondidos, mas por sorte passou reto, o piloto nem olhou para trás. Quando o perigo passou, Melissa suspirou:

—Ufa! Vi minhas traquinagens todas passarem bem na frente de meus olhos como num flahsback... Essa sensação não é tão legal quanto mostram nos filmes!

—Dá pra entender porque Santos Dumont ficou desgostoso após ter inventado o avião... –falou Luisa, tristemente. -Olha só o que estão fazendo com o invento dele: transformando-o em uma arma de guerra.

—Infelizmente não há tempo para sofrermos por ele –induziu o Doutor, à Luisa. –Temos mais problemas pela frente...

É! Tipo aquilo ali?—Melissa apontou para frente, freneticamente. Nik começou a latir e a recuar para a outra lateral da trincheira até que a garota o pegasse no colo. Os olhos de Luisa se arregalaram, e o Doutor puxou-a para mais perto, assim fez também com Melissa Nik e Brendan: Um tanque de guerra verde musgo vinha vindo em sua direção. O normal era se esperar que atravessasse o buraco e fosse embora, mas as trincheiras eram largas o bastante para fazer um taque tombar para seu interior, esmagando quem estivesse lá. Eles precisavam fazer alguma coisa, não podiam ficar ali parados vendo a morte se aproximar aos poucos, com passos pesados e esmagadores. O Doutor arriscou dar uma espiada no motorista do tanque para descobrir se ele os vira lá, ou se estava simplesmente passando. Não espantou-se ao constatar:

Teselecta.

—É ela de novo? –indignou-se Luisa. –Mas que obsessão esse robô tem por nós, hein!?

—Pois é, mas eu tenho uma teoria sobre isso... –disse ele, dando uma segunda espiada no tanque que vinha chegando. –Mas deixe pra lá! Precisamos fazê-la parar antes que caia na vala...

—Impedi-la de ver o caminho seria de grande ajuda? –Luisa apanhou um Cup Cake de dentro da Bolsa Que Tudo Tem e mostrou-o ao Doutor, em seguida mirou e jogou-o contra o tanque, atingindo-o em cheio no visor, de modo que o bolinho se espatifou e embaçou o vidro, fazendo o monstro de ferro parar no ultimo segundo, antes de cair na trincheira. No mesmo momento, o quarteto despediu-se de Brendan e saíram da vala, abaixados, seguindo para dentro do tanque: (ao som de *Tataniun –David Guetta) a Teselecta chutou o rapaz quando este abriu a porta, tentando escapulir do Doutor, mas esse segurou-a em uma luta braçal e quase conseguiu dominá-la, porém, quando ele finalmente a tinha nas mãos, a Teselecta copiou a forma do rosto de Melissa e sorriu maliciosa, aproveitando-se da aproximação dos dois para roubar alguma coisa do bolso do Doutor, dizendo na maior cara dura, um: “Eu estava precisando de uma desta, será que pode me emprestar?”, então segurou-o nos braços e eletrocutou-o. O Doutor cambaleou para trás com um berro e o humanóide fugiu para fora do tanque, correndo feito louco pelo campo aberto, onde estava ocorrendo a guerra, procurando alcançar o matagal logo á frente.   

—Doutor! –Luisa foi ampará-lo, mas ele levantou-se de um pulo, massageando o braço direito e fazendo uma careta, ignorando o fato de ter acabado de ter sido eletrocutado. Adentrou novamente no tanque, seguido de perto pelas garotas preocupadas consigo e Nik.

—Que inferno! –gritou ele batendo no banco do passageiro (e depois massageando a mão, aquilo era duro pra caramba!). –Aquela miserável roubou a minha chave sônica!—grunhiu. –Tudo bem... Agora a minha paciência se esgotou de vez! Eu vou pegá-la!!!

—Eu estou tentando não levar essa situação para o lado pessoal –disse Melissa, referindo-se ao fato dele estar xingando sua duplicata.

O rapaz sentou-se no banco do motorista. Já ia alcançar o painel de comando do tanque quando Luisa o impediu no meio do caminho:

—Doutor! –Luisa segurava suas mãos, aturdida. –O que você pensa que vai fazer? Não está, por acaso, pensando em dirigir esse tanque, está?

—Ah, sim! Eu estou! –retorquiu ele. –Aquele monte de sucata roubou a minha melhor ferramenta!

—Quer dizer, a sua única ferramenta... –corrigiu Melissa. –Devo admitir que ela não fará muita falta. Já estávamos em maus lençóis antes dela ter sido roubada...

—Não está ajudando! –falou o Doutor, então voltou-se para Luisa. –Eu vou tomar cuidado, prometo. Agora deixe eu dirigir logo esse negócio antes que á perdemos de vista...

—Certo... –disse ela sentando-se ao seu lado, receosa. –Então... Suponho que você saiba dirigir um tanque de guerra, não é?

—Claro! –ele deu um sorriso imenso pelo canto dos lábios. –“É como andar de bicicleta...” É assim que as pessoas falam hoje em dia, não é?

—É. Bem, e eu suponho que você também saiba andar de bicicleta, certo? –disse ela um pouco mais relaxada. Então o rapaz lhe deu uma olhada de espanto, arregalando muito os olhos e a garota voltou a se desesperar. –Ai meu Deus! Nós vamos morrer!!!

—Calma! Calma! –riu ele segurando sua mão. –Eu estava brincando. Eu sei andar de bicicleta...

—Que bom. –suspirou ela.

Só não sei dirigir um tanque.

Luisa arregalou os olhos de novo e olhou-o lentamente, amedrontada. O rapaz sorriu maníaco, mal cabendo em si de tanta empolgação, e acionou uma alavanca fazendo o tanque contornar a trincheira aos trancos e barrancos. As garotas basicamente se penduraram em seu pescoço; tinham muito medo que o rapaz sem querer acionasse algum botão errado –como de fato ele fez diversas vezes, em uma delas em especial, acabando em atirar uma bomba, sem querer, contra um armazém que pegou fogo instantaneamente. O passeio foi conturbado. Elas mal acabavam de gritar por causa de um susto, já havia um batalhão de sustos esperando-as logo a seguir. Luisa e Melissa só faziam gritar, enquanto o rapaz dirigia o tanque descontraído, como a calma de quem manobra um carrinho de golfe. Acabou por algumas vezes também entrar na onda delas e começar a gritar, quando realmente começava a perder o controle do tanque. Eles não ganhavam pelo susto, Nik foi o único que conseguiu dormir com o Doutor na direção. Essa sim foi uma proeza e tanto da parte dele, talvez a maior de todas! Seguiram até onde puderam por entre o matagal, desceram do tanque e deram muitas voltas na região, mas não encontraram a Teselecta em lugar algum. Era obvio que ela havia fugido de novo. Depois de conseguirem se cansar, prepararam-se para partir. Era uma longa caminhada até onde a TARDIS estava estacionada. Quando passaram uma ultima vez pelo tanque, Luisa apanhou uma florzinha do chão, colocando-a na ponta do canhão deste, e sorriu, dando-lhe as costas e juntando-se saltitante ao resto do grupo.


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Notas finais do capítulo

Sim... O clima tá tenso, mas o circo tá se fechando pra Teselecta... O Doutor já sacou umas coisinhas aí...

Se ele tem um plano?

Semana que vem vamos descobrir!

Beijos e até lá!!!



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